Um artigo que, sob uma aparência brincalhona, que,
naturalmente faz inchar de empáfia os visados, alerta para um grave problema de
“dilapidação” social, pela proposta indecorosa de duas vedetas públicas, quais
harpias sugando as carnes, em jeito de destruição acéfala e vingadora.
Creio que, ao invés de alertar a sociedade para os
males que elas e eles provocam, o artigo de Miguel Pinto Luz faz sorrir de
complacência uma nação onde a corrupção dos hábeis provoca a inveja dos inábeis, em maioria, que, ao
sentir-se lesada, põe no mesmo saco os que enriqueceram fraudulentamente,
ignorando os casos de enriquecimento pelo trabalho e poupança, ou herança, e com isso originando a tal
massificação social torpe e desonesta que as harpias protegem, incansáveis aves
de rapina agoireiras e perniciosas.
O artigo de Miguel Pinto Luz é um alerta, na apatia
geral de uma nação não laboriosa que se deixa bestificar. Vandalizar.
Catarina
e Mariana, a quanto obrigam
MIGUEL PINTO LUZ, Gestor,
vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais
Público, 29/09/2016
Vivemos
hoje numa sociedade de aparências, onde todos querem ser ou parecer aquilo que
não são.
Costa quer parecer de extrema-esquerda quando é socialista. Catarina quer
parecer Primeira-ministra quando é coordenadora de um pequeno partido de
extrema-esquerda. Mariana quer ser Ministra das Finanças quando é simplesmente
deputada. Centeno quer parecer Ministro, mas não consegue.
Imagine o leitor como
seriam os diálogos entre estes personagens. Já estou a ver uma reunião de
despacho da Ministra Mariana com o seu secretário de estado Centeno:
Mariana: - Mário, pedia-te
que elaborasses uma proposta legislativa no sentido de tributar sem excepção
tudo o que se assemelhe a rico, capitalista, empreendedor, empresário ou
betinho da linha.
Centeno: - Mas Sra.
Ministra, em Harvard aprendi que isso pode afastar ainda mais investidores
nacionais e estrangeiros da nossa economia…
Mariana: - Mário, Mário…
quantas vezes tenho de repetir que se queres continuar a governar tens de
perder a vergonha e abrir os teus horizontes às forças progressistas e
anticapitalistas?
É com mágoa que o digo,
mas neste jogo do empurra e faz-de-conta, o Partido Socialista, a troco da
manutenção de um poder efémero e penalizador do futuro do nosso país, entregou
de bandeja e de forma subserviente o Governo da nação ao Bloco de Esquerda.
Sim, de facto hoje somos governados por um governo de extrema-esquerda, e os
sinais estão todos lá. Vivemos naquilo a que eu chamo de um “PREC com Maldade”.
Sim, com maldade pois
assistimos a uma perseguição, sem quartel, sem critério, sem sequer um pingo de
vergonha, aos que ajudaram a construir a nossa economia, aos que empreenderam,
aos que assumiram riscos e conquistaram por mérito o seu lugar. Ao contrário do
que Mariana nos tenta dizer, no seu estilo agressivo e sobranceiro, com as suas
propostas estamos a atacar a nossa classe média e a hipotecar o nosso futuro.
Com maldade porque há 40
anos vínhamos de uma ditadura, de uma guerra e de uma descolonização, onde a
fractura ideológica era genuína e não artificial e preconceituosa como hoje.
Com maldade, porque nos
mentem todos os dias, dizendo que estamos no bom caminho.
Com maldade porque fazem
tudo isto com um sorriso nos lábios.
Com maldade porque
esquecem os nossos filhos, os nossos netos o nosso futuro.
Com maldade porque não
encontro outro argumento racional para em pleno século XXI se adopte uma
dialéctica do século XIX, divisionista e maniqueísta, que só divide a sociedade
portuguesa que há 40 anos se reconciliou e encontrou um modelo de democracia
moderna e livre.
Mas a pergunta que tenho
feito ao longo dos últimos meses, e que verdadeiramente me intriga, é outra: porque
não ouvimos uma contestação clara e inequívoca a estas opções? O que justifica
este silêncio ensurdecedor? A resposta é tão cruel quanto o PREC em curso: as
nossas elites falharam. Da política às empresas, passando pela banca, os media ou
pela academia. Todos tem a sua quota parte de responsabilidades. Remetem-se ao
silêncio porque falharam no plano ético, no plano moral e no plano social. Os seus
telhados de vidro são hoje tão finos e transparentes que das gerações de ouro
de gestores, políticos, banqueiros do fim do século passado, são poucos os que
hoje sobram à frente de grandes empresas, bancos ou partidos.
Para calar o silêncio,
precisamos de novas elites, novos protagonistas. Gente com capital social
suficiente para, sem preconceitos, dogmas ou quaisquer esqueletos no armário,
poder recentrar o debate na pessoa humana, na construção de uma sociedade mais
justa e mais próspera. Hoje falamos de pessoas mais educadas, mais conscientes
do mundo em seu redor, mais autónomas, mais sonhadoras, mais ambiciosas, mais
empreendedoras, mais envolvidas no projecto de felicidade colectivo. Eu
quero viver num país que não aponta o dedo a quem poupou numa vida de trabalho,
a quem se destacou pelo seu mérito e é premiado. Eu quero viver onde o valor da
liberdade de escolha se sobreponha a penalização social, onde as mulheres
tenham, de facto, tantos direitos como os homens, onde as minorias se façam
ouvir e onde possamos garantir aos nossos filhos um futuro. Neste País não
seremos todos mais pobres, neste país podemos ser todos mais ricos.
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