Um Público bastante rico em
informação, o de 20 de Outubro, e vários artigos que gostaria de fixar, desde o
May Way de Teresa de Sousa,
parafraseando Sinatra em trocadilho, na revelação da política conservadora, “mais
nacionalista e menos liberal” de Theresa May do que a dos seus antecessores
Thatcher e Cameron, a frase de Theresa May «A autoridade da legislação da EU
neste país acabou para todo o sempre» encimando o seu texto, em epígrafe,
deixando prever consequências, talvez funestas para todos, do Brexit. Na página
Ciência dois artigos sobre o contributo para a ciência das explorações
de Marte e não só, anterior ao insucesso do módulo Schiaparelli, com
fotografias alusivas. Transcrevo a introdução do segundo – Um planeta mais
aconchegado” de Tiago Hormigo – no que consigo captar do Público:
Um planeta mais aconchegado
TIAGO HORMIGO
19/10/2016 - 22:59
O teste do demonstrador de aterragem Schiaparelli e
a entrada da Trace Gas Orbiter na órbita marciana são de importância
assinalável para a ESA. No primeiro caso, procura-se validar tecnologias de
entrada, descida e aterragem para o rover ExoMars 2020. No segundo, além de a
Europa se ter tornado na feliz proprietária do maior satélite artificial de
Marte, dotou-se também de uma nova infra-estrutura de comunicações e de
observação do planeta, com impacto no médio e longo prazo…..
O Público impede a leitura e
transcrição integral dos seus artigos, mas consegui transpor na íntegra e sem
esforço o de João Miguel Tavares, que segue, sobre o eclipse de Mário
Nogueira das marchas e discursatas arruaceiras, que João Miguel Tavares
justifica como vénia ao partido que lhe comanda e assegura o esforço,
geralmente pouco educado, soltando doestos contra os governos da política
contrária à dos parceiros governativos de hoje, o que o faz encolher-se agora, a mando do chefe, de
boas relações e até mesmo parceiro do actual Prime Minister. João Miguel Tavares explica-o bem:
O
desaparecimento de Mário Nogueira
20/10/2016 –
Isto
demonstra que o sindicalismo português é pura encenação.
TÓPICOS
PCP CGTP Fenprof Mário
Nogueira Professores Sindicatos de professores António
Costa Educação Bloco
de Esquerda
Paulo Baldaia escreveu há dois dias um artigo onde
perguntava pelo abduzido Mário Nogueira, que mais parece ter tirado sabática
neste início de ano lectivo, deixando-nos órfãos do seu bigode e da sua ira.
Cito o director do Diário de Notícias: “O ano escolar começou na
perfeição? Não. Ainda assim, os problemas foram em número reduzido e
rapidamente resolvidos? Não. Então o que se passa para os sindicatos estarem
tão caladinhos?” Esta só não é a pergunta do milhão de dólares porque a resposta
está escarrapachada à frente do nosso nariz. Os sindicatos estão caladinhos
porque a sua primeira fidelidade não é para com os seus sindicalizados, nem
para com as escolas onde os seus professores trabalham. A sua primeira
fidelidade é para com o PCP. Se o dono os manda fechar a boca, eles
fecham. Donde, fechada está e caladinhos estão.
Outros
são obrigados a falar por eles. Aconteceu no Liceu Pedro Nunes, que encerrou
portas na terça-feira, em protesto contra a falta de funcionários. Há duas
pessoas a servir 350 almoços diários, dizem. A Escola de Canelas, Vila Nova de
Gaia, está, segundo o Expresso, a funcionar “a meio gás” pelas mesmas
razões. Idem para o agrupamento Gil Vicente, em Lisboa. O curioso é que quem
visitar o site da Fenprof encontra vários textos a denunciar
“insuficiências” e “pré-rupturas”. O tom do site e dos artigos não
mudou muito. O que mudou radicalmente foi o número de intervenções do
mediático Mário Nogueira – e, por consequência, o peso dos protestos do sector
da Educação no alinhamento dos telejornais.
Esta
situação oferece-nos duas lições preciosas, tenhamos nós olhos para as
ver e boca para as comentar – a primeira sobre os sindicatos, a segunda
sobre a comunicação social. Comecemos pelos sindicatos e pelo grande
mérito da solução de governo inventada por António Costa: trazer para o
arco da governação o Bloco de Esquerda e, sobretudo, o PCP. É certo que
eles insistem em manter um pé dentro e outro fora, mas aí o abraço de Costa
tem-se revelado eficaz – ninguém se pôs ao fresco. Qualquer português reconhece
na actual solução de governo o envolvimento do PCP e respectivas consequências
a nível sindical, com uma diminuição acentuadíssima da conflitualidade social,
que antes era intensamente produzida por sindicatos da CGTP, sobretudo na
educação e nos transportes. Veja-se o Metro de Lisboa: nunca havíamos assistido
a uma queda tão acentuada na qualidade do serviço e não há uma greve para
amostra.
Isto
demonstra que o sindicalismo português é pura encenação. Já
toda a gente sabia que a CGTP era menos uma agremiação de sindicatos do que um
braço político do PCP, mas agora está demonstrado para além de qualquer dúvida
razoável. Quando o governo voltar a ser de direita e os sindicatos voltarem a
sair à rua, iremos todos lembrar-nos da sabática do senhor Mário Nogueira, o
homem que no seu monopólio sindical nunca vai à 5 de Outubro sem passar
primeiro pela Soeiro Pereira Gomes.
A
segunda lição a tirar daqui é para a comunicação social portuguesa e
para o seu estado de dependência das fontes institucionais, sejam elas
gabinetes ministeriais, agências de comunicação ou sindicatos. O
alinhamento do Telejornal não pode estar dependente das iniciativas
da Fenprof: se Mário Nogueira fala as escolas estão mal, se ele está calado
as escolas estão bem. É mais do que tempo de os media começarem a sair para a
rua e definir a sua própria agenda, deixando para o Avante! a agenda
do PCP.
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