É claro que as opiniões
divergem, mas, porque não hão-de os israelitas ter direito a uma pátria? Afinal
eles até são um povo de eleição, que Deus amou, diz-se, mas que condenou
simultaneamente a uma errância, que se traduziu, entre nós, portugueses, em personalidades
da cultura que tanto contribuíram para a nossa valorização cultural como povo,
pese embora perseguições que alguns sofreram, judeus
que eram. O seu sofrimento atroz na segunda guerra, e como consequência a
criação do Estado de Israel, por comiseração, talvez envergonhada pela
hediondez do crime, parece-me das coisas mais justas que se fizeram, e lembro a
garra da ministra Golda Meir, no orgulho e desenvolvimento que deu ao seu país.
Outros movimentos se sucederam, o povo israelita, na sua superioridade
orgulhosa, despreza e mata e esfola e arrasa, o povo palestiniano lesado, que
teve que aceitar a sua redução territorial. Francisco Assis descreve os factos últimos,
a seguir comentados, positivamente pelos da mesma facção política, que se sentiam
defraudados pelas suas anteriores “fugas” de gentleman, ao espírito do partido.
José
Manuel Fernandes explica, em texto antigo, o tal conflito. Outros
dados foram procurados na Internet, a tentar entender, lá das histórias do
passado, também. Mas o mundo dá muita volta, não ficamos por aqui. “Vou
continuar a procurar”, tal como fez António Variações, embora não durante
muito tempo. Infelizmente para nós, pois foi um génio de todo o tamanho. O que
virá a seguir? Que o Deus de Israel nos valha, e sobretudo aos palestinianos
humilhados.
I - A tragédia de Israel
Com a cumplicidade dos
Estados Unidos, Israel leva hoje a cabo uma política que ofende princípios
fundamentais dos Direitos Humanos e contraria tudo o que de melhor o pensamento
Ocidental se pode reclamar.
17 de Maio de 2018
Em 1963, a propósito de
uma viagem ao Líbano, o então Presidente francês, Charles De Gaulle, terá
confidenciado ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Couve de Murville, que
voava “para o complexo Oriente com ideias simples”. Esta frase
tornou-se célebre e foi várias vezes invocada ao longo das últimas décadas. De
Gaulle era não só um génio militar e político como também um homem dotado de
uma prodigiosa imaginação literária, que favorecia o culto do paradoxo.
Com tal afirmação procurava certamente salientar simultaneamente a força e
os limites da razão cartesiana — tipicamente francesa — aplicada à
singularidade de um espaço mental, cultural e político profundamente
diferenciado das referências canónicas ocidentais. De certa forma, esta
afirmação revela uma grande incompreensão da especificidade do mundo oriental.
Na verdade, não é possível compreender esse mundo com base num modelo
interpretativo de natureza estritamente europeia.
Edward Said,
provavelmente o intelectual palestiniano de maior projecção internacional, que
viveu grande parte da sua existência em Nova Iorque, chama precisamente a
atenção para a forma deturpada como o Ocidente percebeu
historicamente o Oriente naquela que será a sua obra mais importante, Orientalism. Tudo isto vem a propósito dos últimos
acontecimentos ocorridos em Israel.
Durante muitos anos
obstinei-me em recusar a pertinência da tese de Said que assenta na ideia de
que a instauração de um Estado judaico na Palestina comporta uma dimensão de
natureza colonialista. Essa recusa mental radicava na adesão a uma certa
apologética israelita associada à utopia da acção pioneira dos Kibutz, da
reparação das injustiças historicamente cometidas sobre o povo judaico e do
reconhecimento da singularidade regional da democracia israelita. Admitamos que
estas razões não são de somenos importância e não devem ser levianamente
espezinhadas.
David Grossman, um dos
grandes escritores israelitas, lembrava recentemente duas coisas
aparentemente contraditórias e, contudo, absolutamente respeitáveis: por um
lado, o milagre que representava a criação de Israel; por outro, a
circunstância de que a ocupação de um território habitado por outro povo conduz
inevitavelmente à interiorização da ideia de que há dois tipos de Humanidade,
uma representada por seres superiores e outra representada por seres inferiores.
Essa é a tragédia genésica do Estado israelita. Ao aceder à condição
de Estado-Nação, um povo que, como nenhum outro, foi objecto das mais ignóbeis
perseguições históricas, metamorfoseou-se numa entidade política de natureza
opressiva e mesmo, contra a sua vontade original, tendencialmente colonialista.
Como se não bastasse, já pouco resta da fase inicial do Estado israelita.
O actual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, descende ideológica e
politicamente das correntes mais reaccionárias do movimento sionista, que
tiveram na sinistra figura de Vladimir Jabotinsky a sua expressão mais
conhecida. Infelizmente, Israel evoluiu historicamente num sentido
profundamente negativo. Essa transformação, curiosamente, não obedece a um
modelo facilmente inteligível. A extrema-direita israelita chegou ao
poder - primeiro com Menachem Begin e mais tarde com o muito mais radical
Netanyahu - devido ao apoio dos judeus da comunidade sefardita, que se
considerava legitimamente vítima da discriminação imposta pela comunidade
asquenaze, que teve grande preponderância na formação do Estado judaico. Os
asquenazes são os judeus de origem centro-europeia, enquanto os sefarditas,
provenientes, em épocas mais recentes, do mundo árabe, descendem das
comunidades judaicas da Península Ibérica. A direita e a
extrema-direita israelitas perceberam inteligentemente que os sefarditas
estavam condenados a um estatuto de subalternidade na sociedade israelita e
valorizaram a especificidade das suas práticas religiosas de modo a suscitar a
respectiva adesão eleitoral. De certa maneira, a esquerda trabalhista
representava uma elite incapaz de compreender os anseios de sectores
religiosamente mais integristas, mas social e economicamente muito mais
frágeis.
O resultado de tudo isto
foi absolutamente deplorável. Israel, um Estado que é a vários
títulos admirável, transporta consigo uma mancha verdadeiramente criminosa.
Não tenhamos medo das palavras, por mais duras que elas sejam e por mais
difíceis que se revelem de proferir em relação a um povo que suportou
ignomínias históricas sem paralelo. Com a cumplicidade dos Estados
Unidos, Israel leva hoje a cabo uma política que ofende princípios
fundamentais dos Direitos Humanos e contraria tudo o que de melhor o pensamento
Ocidental se pode reclamar. O primeiro-ministro israelita
comporta-se como um serôdio líder colonialista. Nada justifica a sua
acção, o seu estilo e o seu discurso. É um fanático que tem concorrido
fortemente para a degradação política em todo o Médio-Oriente. É natural que
encontre no narcisismo infantil do actual Presidente norte-americano um aliado
para a sua tenebrosa causa. Lamentavelmente, esta associação de extremistas não
augura nada de bom para o futuro do Estado israelita.
A União Europeia tem a
obrigação histórica de prestar mais apoio às legítimas aspirações dos
palestinianos. Por muito irónico que isso possa parecer, são essas
aspirações que melhor correspondem ao espírito de uma Europa inspirada nos
valores iluministas. Tal ocorre por uma simples razão: os palestinianos são
vítimas de uma acção colonialista que ofende o que de melhor existe na cultura
europeia.
Eurodeputado do PS
II - 5 COMENTÁRIOS
José Carvalho,
21.05.2018: Finalmente e sem reservas lhe dou os parabéns. Este
artigo é exemplar.
Indalécio
Avelino Nascimento, Mem Martins, 17.05.2018:
Israel e o Sr. Netanyahu, só com sanções internacionais é que podem conter o
seu ódio para com o Povo Palestiniano. Foram expulsos do seu território.
Assassinados pelo exército e serviços secretos israelitas. Não contentes, ainda
hoje, a sua aviação voltou a alvejar posições do Hamas, sem que se perceba a
razão. Estou convencido que só terão algum juízo quando os seus aviões e drones
começarem a ser abatidos. Espero que não venham depois com a tese de que estão
a ser vítimas de ataque, deixando para trás todos os seus actos provocatórios.
Haja alguém que forneça alguns mísseis terra-ar aos Palestinianos para se
defenderem da impunidade que Israel goza, ou pensa gozar. Há momentos que os
povos têm de resistir ao seu extermínio. Hitler foi-se, agora temos o Netanyahu.
Joao, Portugal 17.05.2018: Bom texto
que resumidamente (e suavemente) relembra a sebentice criminosa dos
colonialistas exterminadores judeus e a cumplicidade criminosa dos seus serviçais
apoiantes… trauliteiros apoiantes incondicionais de todas as guerras e
bombardeamentos e massacres da aliança saudita/USA/israelita pelo mundo fora.
Ontem lembrei-me da semelhança
deste extermínio dos palestinianos com o extermínio dos índios americanos,
enfim, o incumprimento de acordos, o terror, os massacres, o extermínio, e,
claro, o roubo da terra e do sustento, confinando uma "sample" de
indígenas que misericordiosamente foram poupados a um gueto ou jardim
zoológico.
bento guerra,
17.05.2018: Presunção e ignorância da "esquerda". Preferem
o medievalismo da barbárie islâmica
III- O essencial para entender o conflito israelo-palestiniano
OBSERVADOR, 13/6/2014
JOSÉ MANUEL FERNANDES
Como é que tudo começou?
Quase se pode dizer: no princípio era o verbo.
Os territórios
reivindicados por israelitas e palestinianos encontram-se entre os que,
historicamente, mais disputados foram. A isso não é indiferente o facto de no
seu centro se encontrar Jerusalém, cidade-santa para três grandes religiões
monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
É em Jerusalém que está
aquele que é actualmente o lugar mais sagrado para os judeus, o muro das
lamentações, um troço do antigo Templo de Herodes. O muro delimita uma das
faces da elevação a que os judeus chamam Monte do Templo, por aí se ter erguido
o templo original, construído por Salomão e destruído por Nabucodonosor, e
depois o Segundo Templo, erguido por Herodes e destruído durante a ocupação
romana, no ano 70. O pequeno planalto no topo de Monte do Templo é, para os
muçulmanos, a Esplanada das Mesquitas, onde se situa A Cúpula da Rocha, ou Mesquita
de Omar, o santuário que foi erguido no local onde se acredita ter existido o
altar de sacrifícios utilizado por Abraão, o profeta que o cristianismo e o
islão partilham com o judaismo. Ao lado fica a mesquita de al-Aqsa, do século
VIII, mandada construir pelo segundo califa, Omar. Este é o terceiro
lugar sagrado do Islão, depois de Meca e Medina.
A proximidade destes
dois lugares de culto é tão grande que houve alturas em que, do alto do Monte
do Templo, palestinianos atiravam pedras ao judeus que rezavam junto à base do
Muro das Lamentações. E foi quando Ariel Sharon, então
líder da oposição, resolveu visitar a Esplanada das Mesquitas que, em reacção a
um gesto que foi visto como uma provocação, se iniciou a revolta que
viria a ser conhecida como “segunda Intifada”. A impossibilidade de
se entenderem sobre este pedaço de Jerusalém, que não é maior do que um campo
de futebol, foi um dos problemas que levou Ehud Barak, então primeiro-ministro
de Israel, e Yasser Arafat, o histórico líder palestiniano, a falharem em 2000
um acordo de paz que Bill Clinton tinha laboriosamente promovido.
A poucas centenas de metros
destes locais fica, por sua vez, um dos lugares mais sagrados para os cristãos,
a Basílica do Santo Sepulcro, construída no local onde se pensa que
Jesus Cristo foi crucificado e, depois, sepultado, para ressuscitar ao terceiro
dia. Esta concentração de lugares sagrados para várias religiões ajuda a
explicar tensões que não nasceram apenas com o actual conflito, antes
atravessaram os séculos e, a par com as ambições dos mais diferentes impérios,
fizeram com que Jerusalém fosse inúmeras vezes cercada, ocupada, saqueada e
incendiada, uma história trágica que está no centro dos dramas da Terra
Prometida – uma terra que, afinal, foi demasiado prometida.
Mas se este é o pano de
fundo de uma história agitada, o actual conflito tem as suas raízes no século
XIX, altura em que surgiu o
movimento sionista a reivindicar o direito do povo judeu a uma
pátria, e no início do século XX, quando o desmoronar do Império Otomano criou
um vazio de poder que levaria ao redesenhar das fronteiras de todo o Médio
Oriente. Quando, no
final desse processo, emergiu o Estado de Israel, nunca a sua simples
existência foi aceite pelos estados árabes da região. Passou a viver-se num clima
de guerra permanente.
IV -Acessórios culturais (Via Internet):
Pergunta: "O que é Sião? O que é o Monte Sião?
Qual o significado Bíblico de Sião?"
Resposta: Salmo 87:2-3 diz: "o
SENHOR ama as portas de Sião mais do que as habitações todas de Jacó.
Gloriosas coisas se têm dito de ti, ó cidade de Deus!" Sendo
citada mais de 150 vezes na Bíblia, a palavra “Sião” essencialmente significa “fortificação”.
Na Bíblia, Sião é a cidade de Davi e a cidade de Deus. À medida que a
Bíblia progride, a palavra Sião deixa de se referir à cidade física e passa a
assumir um contexto espiritual.
A palavra “Sião” é
mencionada pela primeira vez na Bíblia em 2 Samuel 5:7: "Porém
Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi." Sião,
portanto, era originalmente o nome da fortaleza jebusita na cidade de
Jerusalém. Sião passou a significar não só a fortaleza, mas também a
cidade onde a fortaleza se encontrava. Depois que Davi capturou "a
fortaleza de Sião", Sião passou a ser chamada de "a Cidade de
Davi" (1 Reis 8:1; 1 Crônicas 11:5; 2 Crônicas 5:2).
Quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém, a palavra Sião expandiu o seu significado para incluir também o Templo e a área ao seu redor (Salmo 2:6; 48:2,11-12; 132:13). Sião foi eventualmente usado como um nome para a cidade de Jerusalém, a terra de Judá e o povo de Israel como um todo (Isaías 40:9; Jeremias 31:12; Zacarias 9:13).
Quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém, a palavra Sião expandiu o seu significado para incluir também o Templo e a área ao seu redor (Salmo 2:6; 48:2,11-12; 132:13). Sião foi eventualmente usado como um nome para a cidade de Jerusalém, a terra de Judá e o povo de Israel como um todo (Isaías 40:9; Jeremias 31:12; Zacarias 9:13).
O uso mais importante da palavra Sião é em seu sentido
teológico. Sião é usada figurativamente de Israel
como o povo de Deus (Isaías 60:14). O significado
espiritual de Sião continua pelo Novo Testamento, onde recebe o significado
Cristão do reino espiritual de Deus, a Jerusalém celestial (Hebreus
12:22; Apocalipse 14:1). Primeiro Pedro 2:6: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado."
Outras definições: Monte Sião é
o nome de uma das colinas de Jerusalém e
que por extensão se tornou sinónimo da Terra de
Israel[1] e
que pela definição bíblica é a Cidade de
David. Após a morte do rei David, o termo Sião passou a se referir
ao monte em Jerusalém, o Monte Sião, onde se encontrava o Templo de Salomão. Mais tarde, Sião passou a se
referir ao próprio templo e aos terrenos do templo. Depois disso, Sião foi
usado para simbolizar Jerusalém e a Terra
Prometida. Sião seria uma adequação geofónica, do idioma hebraico
para o Português, referente ao nome de um acidente geográfico mencionado na
Bíblia que ficava no centro de Jerusalém.Sião, para algumas denominações
cristãs, será a última cidade possível de viver depois do Armagedom.
V - Como aconteceu?
Na época, a Palestina era concessão britânica e, portanto, os ingleses
tentaram de muitas formas barrar o desembarque dos refugiados que precisavam de
ajuda, o que sensibilizou a opinião pública mundial. A terra passou a ser
chamada, para os judeus, como a Terra Prometida, para onde levaram todo seu
potencial financeiro e tecnológico e passaram a construir seu país.
A terra, no entanto, já era habitada, e a partir disso, foi então
revigorada a criação de um Estado judeu na Palestina e, durante uma assembleia
da ONU, no ano de 1947, foi decretado que a Palestina seria dividida em dois
estados, sendo que um seria Judeu e outro Árabe. Em 1948, foi, finalmente,
fundado o Estado de Israel de forma oficial. O Estado árabe, também determinado
pela ONU nesta reunião, no entanto, não foi criado até os dias atuais, o que
torna essa luta presente até os dias atuais.
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