O texto veio por email,
enviado por João Sena. É sobre as políticas sociais de Khadafi,
no seu país. Kadhafi sempre me pareceu, por leveza de conhecimento meu, um homem
assustadoramente mau e feio, que, quando cá veio para uma cimeira política, exigiu
acampar em frente ao forte de S. Julião da Barra com o seu séquito e isso foi
sinal de uma prepotência escandalosa e fútil, aceite por Sócrates. Mas este
texto enviado por João Sena é de tal modo maravilhoso, que me fez
reviver os contos de encantar da minha infância, propícios ao milagre das
transformações imediatas, tão distantes da vida, e por isso maravilhando e
seduzindo as mentes infantis. De facto, eu jamais vi tal profusão de obras e
regras propiciando o bem-estar no seu país, a transformação de uma Líbia
canhestra, num país onde os direitos universais, que nos outros são propostos em
documento, mas geralmente atropelados na prática, pareciam ser efectivos. Ei-los,
segundo o email recebido:
Ele há coisas, bem CONTRADITÓRIAS!!!!!!!!!
Khadafi
A bem conceituada revista suiça "Schweiz Magazin" publicou um artigo enumerando as "crueldades" de Muamar Kadhafi para com o seu povo.
A bem conceituada revista suiça "Schweiz Magazin" publicou um artigo enumerando as "crueldades" de Muamar Kadhafi para com o seu povo.
"So grausam war Gaddafi" - Kadhafi foi assim
tão cruel?
Eis alguns dos "sofrimentos" que o tirano (segundo
os media ocidentais) provocou durante 4 décadas:
01. Não havia conta de luz na Líbia, porque a electricidade era gratuita
para todos.
02. Créditos bancários, dos bancos estatais, eram sem juros (para todos,
por lei expressa).
03. Casa própria era considerada direito humano, universal, e o governo
fornecia uma casa ou apartamento para cada família.
04. Recém-casados recebiam US$ 50.000,00 para comprar casa e iniciar a
vida familiar.
05. Educação e saúde eram gratuitas, da pré-escola à universidade. Antes
de Kadafi: 25% dos líbios eram alfabetizados. Até o ano de 2010, 83% eram
alfabetizados.
06. Agricultores iniciantes recebiam terra, casa, equipamentos, sementes
e gado gratuitamente.
07. Quem não encontrou formação ou tratamento desejados recebia financiamento
para ir ao exterior, adicionalmente US$ 2.300,00 mensais para moradia e carro.
08. Na compra de automóvel, o Estado contribui com subvenção de 50%.
09. O preço de gasolina, o litro: 0,10 Euro = R$ 0,23.
10. Faltando emprego após a formação profissional, o Estado pagava
salário médio da classe até conseguir a vaga desejada.
11. A Líbia não tinha dívida externa - as reservas de U$ 150 bilhões.
Após a ocupação, os valores foram retidos ou desviados pelos bancos
estrangeiros, incluindo investimentos em bancos estrangeiros e reservas em
ouro.
12. Parte de toda venda de petróleo era directamente creditada na conta
de cada cidadão.
13. Mãe que dava à luz, recebia US$ 5.000,00.
14. 25 % da população líbia tem curso superior.
15. Kadhafi construiu o projecto GMMR (O Grande Rio Artificial),
transportando água dos lençóis subterrâneos do Rio Nilo para as cidades e
agricultura, irrigando as principais cidades do país e parte do deserto.
A Líbia sofrerá um atraso de muitas décadas mas,
olá!, os desinteressados governos dos EUA, da França e da
Inglaterra agora vendem muito mais armas e vão passar a sugar o petróleo e o
gás natural da tal Líbia por mais algumas boas décadas.
Tudo boa gente!
Em resultado desta história
maravilhosa, transformada, ao que se afirma, em pesadelo, graças à “generosa”
intervenção do Ocidente, especificamente dos EUA, procurei na Internet textos
antigos sobre a figura de Kadhafi, que me parecera repelente, no
resguardo do seu traje branco oficial, brancura que agora me parece compatível
com as tais leis impostas, de perfeita humanidade. E transcrevo:
I
13:37
20.10.2016(atualizado 13:38 20.10.2016) URL
curta
Faz hoje cinco anos desde que o líder líbio foi morto a sangue frio
perante câmaras de celulares e com o consentimento dos países que participaram
da campanha antilíbia de 2011.
© SPUTNIK / MICHAEL
KLIMENTYEV
O coronel Muammar
Kadhafi liderou o país por 42 anos. A guerra civil que se iniciou
no momento de sua morte continua há já cinco anos. Todas as tentativas de
criar órgãos de governação fracassaram, a economia está arruinada. A crise foi
substituída pelo caos, que ameaça toda a região, e isso se tornou no
resultado da tentativa das potências ocidentais para alterar a organização
política dos países africanos.
"A experiência
líbia, que continuou por 42 anos sob o governo de Muammar Kadhafi, permanecerá
como parte incomparável da história do país. O país passou de forma regular por
reformas, porque de vez em quando surgiam problemas na educação, saúde ou infraestrutura.
Entretanto, a razão da crise de hoje foi provocada por o país ter começado
realizando mudanças (depois dos acontecimentos de 2011), mas não pelas mãos
líbias, impostas do exterior com o consentimento internacional. O que aconteceu no país pode ser descrito como a
realização dos objetivos individuais das grandes potências", disse.
© AFP 2018 / MAHMUD TURKIA
Segundo ele, em 2011 todos falavam sobre a proteção
dos civis. Foi aprovada uma resolução que permitiu a 43 países usarem seus
arsenais contra infraestruturas para derrotar o regime de Kadhafi.
"O facto de a
operação em grande escala contra a Líbia não ter visado resolver a crise é
evidente, pois os líbios são mortos em Sirte e Benghazi como vacas. Além disso,
depois dessa operação militar o povo líbio foi privado de bilhões de
dólares."
O jornalista afirmou que Kadhafi foi o único homem que propôs unir a
África e criar um exército africano único. Ninguém queria prestar atenção ao facto
de que no país havia jovens que se manifestaram de forma pacífica nas ruas da
Líbia. Foram usados nos interesses dos países ocidentais para desencadear o
conflito. Hillary Clinton, a atual presidenciável norte-americana, esteve
envolvida no mecanismo que visava derrotar Kadhafi.
"O que aconteceu
não foi uma revolução, mas uma catástrofe para os líbios por causa da qual eles
continuam sendo mortos. A Líbia se tornou o Estado mais fracassado em todas as
áreas", afirmou o
favorito de Kadhafi.
© REUTERS / STRINGER
Entretanto, o
ex-embaixador soviético na Líbia, Oleg Peresypkin, destacou que a morte de
Kadhafi não foi uma execução por decisão do tribunal, mas um crime, e é
pouco provável que ele seja investigado no futuro.
"Muammar Kadhafi foi capturado em resultado de
uma operação especial da OTAN, depois foi revendido de um grupo de bandidos a
outro, competindo eles pelo direito de matá-lo. Não saberemos a verdade durante
muito tempo, mas mais cedo ou mais tarde ela será apresentada ao mundo",
disse Sergei Baburin, presidente do Comitê russo de solidariedade com os povos
da Líbia e Síria.
Peresypkin afirmou
que a razão para a intervenção na Líbia teve caráter económico. Segundo fontes
diversas, disse ele, cerca de $ 180 bilhões de Kadhafi estavam investidos em acções
na Europa Ocidental e nos EUA.
"É claro que
agora todo o dinheiro foi confiscado, bem como numerosos bens imóveis",
disse o diplomata.
© REUTERS / STRINGER
Uma das razões para a eliminação de Kadhafi foi o medo
perante uma alternativa social de jamahiriya pouco compreensível para o
Ocidente. Ela não correspondia ao modelo de democracia ocidental porque se
baseava em tradições populares árabes com muitos anos.
"Kadhafi
conhecia aspetos específicos do seu país, conhecia a estrutura de relações
entre as tribos. Não tínhamos divergências na comunidade, entre
as tribos e os blocos políticos", disse Abdel Baset bin Hamel,
acrescentando que o líder líbio foi capaz de encontrar compromissos, tinha
qualidades de líder, era um "fenômeno".
O especialista em
estudos árabes afirmou que o país precisa de um governo forte para se salvar da
desintegração completa. Talvez o melhor governo para a Líbia seja um governo
militar.
II
O caso de Kadhafi: O implacável coronel carrasco dos americanos
PorTéla Nón
Publicado no dia 3 de Março de 2011
Khadafi o jovem coronel
que aos 27 anos assumiu a presidência da Líbia, por via de um golpe militar
idealizado e realizado pelo “clube dos coronéis líbios”, não demorou muito para
se tornar no maior carrasco dos americanos em África.
O mesmo Khadafi que hoje
enfrenta a pior insurreição popular já vista na Líbia, ontem, já foi amado,
aclamado e venerado pela população de seu país. Definitivamente a política
está cheia de factos e caminhos imprevisíveis. Se resistir às manifestações
populares, Khadafi, de 68 anos de idade, no poder há mais de 41 anos,
continuará sendo o presidente africano e do mundo árabe há mais tempo no poder.
Será que Khadafi resistirá às manifestações do seu povo e as pressões externas
vindas da comunidade internacional?
III
Leia o perfil do ditador líbio Muammar El
Khadafi escrito pela jornalista Carllile Alegre.
O coronel Khadafi de
ontem, definitivamente não é mais o mesmo. Enfrentando uma grave crise de
impopularidade encarnada na “revolução verde” que levou milhares de jovens
líbios às ruas pedindo em uníssono a destituição de Khadafi, transformou o
ditador no principal inimigo do povo líbio. Quase inacreditável! Ontem Khadafi
era o principal guardião de seu povo, que nele enxergavam o ideólogo e líder
incontestável.
Consta oficialmente que
Muammar Khadafi nasceu no dia 7 de Junho de 1942. Há quem especule que Khadafi
tenha nascido em 1941, dúvida nunca esclarecida pelo próprio. Ele mantém a sua
idade em segredo e detesta quem pergunta sobre o assunto. O coronel
tem um gosto peculiar em se instalar em tendas luxuosas, cercado de mulheres.
Toda sua guarda presidencial é formada por mulheres. O que pouca
gente sabe é que Khadafi nasceu numa tenda no meio do deserto nas adjacências
da cidade de Sirt, situada ao norte da Líbia. Sirt, o berço natal de
Khadafi, também aderiu às manifestações populares para impugnar o poder do
ditador.
Khadafi veio de uma família
com boa condição familiar. Estudou num dos melhores colégios Líbios. Ao
contrário de outros estadistas africanos que se formaram no exterior, ele
fez toda sua formação acadêmica em seu país. No ensino secundário foi excelente
aluno nas disciplinas de matemática, literatura e geografia. Aos 17 anos entrou
para a universidade. Ingressou no curso superior da Academia Militar de
Benghazi, vinculada a Universidade da Líbia. Teve uma curta passagem pela Real
Academia Militar do país de sua majestade Elizabeth II, Inglaterra.
Admirador fanático de Gamal Abdel Nasser, estadista Egípcio que também
chegara à presidência do Egipto por meio de um golpe militar. Há quem diz que
Gamal é o principal mentor de Khadafi. Não por acaso, durante muito tempo
Khadafi foi chamado de “filho espiritual de Gamal” quando este esteve em
vida, e, o órfão inconformado quando Gamal morreu, vítima de ataque cardíaco.
As semelhanças entre
Gamal Nasser e Khadafi, não são meras coincidências. Ambos estão associados
a trajetórias de vida comum. Gamal também era militar. Formou-se na
Academia Real Militar. Gamal para chegar ao poder no Egipto, ostentando a
patente de capitão, liderou o movimento dos oficiais que derrubou o Rei Faruk
I. Por sua vez, Khadafi para chegar ao poder, integrou o grupo dos
coronéis líbios que marcharam até Tripoli para atropelar o Rei da Líbia Idris I.
Kadafi e Gamal, ambos eram a mesma imagem e semelhança de um
ideal anti-americano.
A longa discórdia com os EUA
Khadafi sempre foi
inimigo de estimação dos EUA. Quando o Rei Idris I governava a líbia, os
americanos controlavam parte do principal recurso natural da Líbia, o petróleo,
também chamado de ouro negro. Os motores da economia americana foram
movidos durante muitos anos com o petróleo líbio explorado e adquirido pelos
americanos a preço de banana. Quando Khadafi chegou ao poder desfez o
pacto que o Rei Idris I fizera com americanos. Os americanos criaram várias
danceterias e casas de prostituição em toda Líbia. O coronel mandou
fechar todas as danceterias e casas de prostituição. Chamou os americanos de
“imorais incuráveis”. Expulsou-os do país, nacionalizou as grandes empresas e
companhias petrolíferas estrangeiras que operavam na Líbia.
Daí em diante, os
americanos sempre guardaram ressalvas e rancores por Khadafi. Um
ano depois de Khadafi chegar ao poder, Gamal seu principal padrinho,
faleceu vítima de ataque do coração, quando concluía uma reunião de Estado.
Khadafi não se conformou. Sempre atribuiu a morte de Gamal aos EUA.
Naquele ano Khadafi ainda sofria emocionalmente a derrota da guerra dos seis
dias onde o Egipto de Gamal, foi esmagado por Israel que contava
com o apoio do todo poderoso EUA. Khadafi prometia em privado que iria vingar-se
da morte de seu mentor político.
Inconformado, Khadafi
começou a fazer alianças com países e grupos que nutriam um sentimento de ódio
em relação aos EUA e Israel. Apoiou e patrocinou grupos terroristas
extremistas, entre eles os Panteras Negras, Fatah, Setembro Negro e alguns
países árabes auto-declarados como inimigos dos EUA. Tudo para se vingar da morte de Gamal Abdel Nasser,
que tanto admirava.
Em 1986, os EUA bombardearam
a cidade de Trípoli, capital da Líbia, em resposta a uma explosão orquestrada
por Khadafi que mandou para os ares uma discoteca na Alemanha freqüentada por
soldados americanos. O foco dos bombardeios dos EUA era a região onde se
situava o palácio presidencial, a residência oficial do presidente Líbio.
Khadafi saiu ileso dos ataques, mas perdeu a esposa e uma filha (adotiva), que
era o xodó dele. O líder Líbio entrou em depressão profunda, chorava
amargamente pela perda da indefesa esposa e da inocente filha.
A resposta de Khadafi
aos EUA não se fez esperar. Em 21 de dezembro de 1988, ele mandou
explodir, em pleno ar, o vôo 103 da Pan Air, do tipo Boeing 747-121 que fazia a
ponte aérea Londres-Nova York. Momentos depois de decolar, o avião explodiu
na cidade inglesa de Lockerbie. O saldo de 270 mortos chocou o mundo. Dos
mortos, 189 eram cidadãos americanos. Os restantes 81 eram nacionais de outros
21 países. Aquele atentado deixou os americanos de rastos. Khadafi estufou o
peito de orgulho por desafiar a maior potência do mundo.
Analistas reconhecem que
Khadafi sempre teve um serviço de inteligência atuante. Lockerbie não foi o
único palco fora da líbia onde o ditador fez derramar sangue de civis
inocentes. Financiou golpes de estados na Libéria e Uganda. Paga milícias
para desestabilizarem a região de Darfu no Sudão. Eliminou fisicamente
opositores, dentro e fora de seu país. Em Setembro de 1972, Khadafi esteve
associado ao massacre de atletas de Israel em Munique, que iriam participar nos
jogos olímpicos daquela cidade alemã. O massacre de Munique foi inclusive,
eternizado no cinema com o filme “Munique”, dirigido pelo cineasta Steven
Spielberg, em 2005.
Khadafi é caracterizado
pelos aliados e inimigos como um homem de pulso firme, determinado, teimoso,
inteligente e hábil. Resta saber se estes atributos serão suficientes para
Khadafi hipnotizar os manifestantes e convencer a comunidade internacional para
continuar se mantendo no poder.
Por enquanto, o coronel
mais famoso do mundo enfrenta um verdadeiro teste de fogo. O desfecho não
exige estimativas, é pragmático – Em causa está a queda ou a manutenção do
poder do clã Khadafi. Se o ditador conseguir a manutenção do poder sairá
ainda mais fortalecido, caso contrário será o fim de uma era iniciada há 41
anos atrás. E não seria surpresa, se no fim do seu consulado, ao invés de um
exílio dourado na terra de seus amigos xeiques e aiatolás, Khadafi fosse
directo para o banco dos réus do Tribunal Internacional de Haia (corte penal
transnacional que julga crimes contra a humanidade) para explicar-se sobre as
motivações de seu instinto sanguinário.
IV
Alguns comentários
Daniel
MM Deus Afonso
3 de Março de 2011
‘O homem que tem medo de tudo e de tudo foge, não enfrentando nada,
torna-se
um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e
enfrenta todos os perigos, torna-se temerário.’ ass: MM DEUS AFONSO
um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e
enfrenta todos os perigos, torna-se temerário.’ ass: MM DEUS AFONSO
Estados Unidos está atrás do petróleo, Guiné Bissau assim como outros
países da África, com conflitos políticos e militares graves que merecia uma intervenção
da famosa comunidade internacional (USA), como nesses países não tem petróleo
eles nem falam!
4 de Março
Deus Afonso
Concordo exactamente com as suas palavras, a Líbia há coisa de 48 anos
atrás era um desastre, um dos mais pobres do mundo, com mais de metade da
população analfabeta e, que vivia uma situação idêntica da Guiné-Bissau (o
tribalismo). O Khadafi, após assumir o poder, tudo isso tornou-se numa utopia,
ou seja, eliminou esses fantasmas da pobreza extrema e do tribalismo, hoje a
Líbia é um dos que países espelho de África, quase todos sabem ler e escrever,
é um dos únicos países Árabes em que as mulheres têm oportunidades de
trabalhar, estudar e as populações líbias têm um nível de vida estável. E agora
eu pergunto: o Zimbabwe e Sudão vivem situações de penúria, de escravidão,
feitas pelos regimes do senhor Robert Mugabe e do Omar Al-bashir , os E.U.A,
N.A.T.O, E.U, alguns deles interessaram de lá ir tirar do poder esses
ditadores? Não. Porquê? Porque certamente não há recursos naturais que lhes
interessem. Cuidado com os americanos e europeus, são espertos, não dão nenhum
ponto sem nó.
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