sábado, 30 de setembro de 2017

O amor da bola nos salvará

Mais um texto enviado por João Sena, retirado do blog A BIGORNA, de David Martelo – um estudo documentado sobre o Iberismo, na sua evolução e diferentes contextos históricos. Será que algum dia pegará esta praga do iberismo? Esperemos que ao menos o factor clubístico faça recuar a temerosa ideia de união ibérica, já que deixam de ser relevantes os pretextos linguísticos ou literários ou outros, fundados na própria História nacional, enobrecedores do conceito “pátria”, ante as ideologias evolucionistas interesseiras, para uma estabilidade económica e melhor trato social, sob os auspícios de uma nação socialmente mais equilibrada. Será? Afinal, cá por casa, o Hino Nacional já só praticamente se canta nos clubes…

O IBERISMO DEPOIS DE 1820
No curto período que medeia entre a revolução de 1820 e 1822, surge, através da maçonaria dos dois países ibéricos, a ideia de que uma solução federalista se afiguraria preferível a ficar Portugal na condição de colónia do Brasil. Tal tese perderia todo o sentido após o regresso do rei D. João VI e, sobretudo, depois de consumada a independência daquela colónia. Poderá avançar-se, sem grande erro, que, desde a revolução de 1820, o iberismo em Portugal se assume, primordialmente, como o ideário de uma certa elite intelectual, entre a qual se distinguem os nomes proeminentes de Antero de Quental, Oliveira Martins, Latino Coelho, Teófilo Braga, Henriques Nogueira. Outros se lhe opõem vivamente, como é o caso de Fernandes Tomás, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Rebelo da Silva, Anselmo Braamcamp, José Estêvão e tantos mais, travando-se, então, as mais contundentes polémicas. No âmbito da Corte, parece já não se acalentarem mais ilusões a respeito da bondade da solução ibérica. Por essa altura, é muito forte a posição britânica no contexto europeu e mundial e torna-se líquido que a Grã-Bretanha jamais veria com bons olhos o retrocesso à era de Filipe II. A única tentativa com algumas perspectivas de êxito para o retorno à união ibérica, ocorrida desde o final da Guerra Peninsular até aos nossos dias, emerge na sequência da deposição de Isabel II de Espanha, em 1868. Nessa ocasião, algumas figuras ilustres da política espanhola fazem deslocar a Lisboa o enviado Ángel de los Ríos, com a missão de oferecer o trono vago a D. Fernando II, viúvo de D. Maria II e pai do rei de então, D. Luís I. Mas a candidatura de D. Fernando é recusada pelas câmaras portuguesas. De los Ríos não desarma e oferece a coroa de Espanha a D. Luís. O monarca português, no entanto, apercebe-se do desagrado que tal hipótese provoca na opinião pública nacional e declina a oferta. Nalguns meios políticos e intelectuais espanhóis, a recusa dá origem a uma oportuna reflexão. Poucos anos volvidos, escrevia a propósito o catalão Francisco Pi y Margall: España desea unirse a Portugal, pero no Portugal a España. Tiene Portugal, como he dicho, cien veces más asegurados que nosotros la libertad y el orden; y no olvidará nunca que precisamente cuando lo mandaron los Felipes entró en su período de decadencia.
1   Ultrapassado o episódio da oferta do trono espanhol, não escasseiam, no último quartel do século XIX, fenómenos de iberismo e anti-iberismo sob a forma de escritos e de associações. O iberismo revela-se, muitas vezes, uma explosão de desencanto e protesto face à inépcia da classe dirigente. Constitui, também, uma via conspícua de contestação da aliança britânica, contestação essa que encontra o seu fundamento no modo como a Grã-Bretanha defende os seus interesses à custa de Portugal – casos das negociações da Conferência de Berlim, do Mapa cor-de-rosa e do ultimato de Janeiro de 1890. Na sequência da humilhação sofrida às mãos do velho aliado, o iberismo experimenta um novo impulso. Guilherme Moniz Barreto lança para a opinião pública, em 1892, um notável convite à meditação. Depois de recordar o encontro de interesses entre os dois reinos no período abrangido pelos reinados de D. João II, D. Manuel I, D. João III e D. Sebastião, Moniz Barreto sublinha: Durante esse período, que é o da maior prosperidade e grandeza dos povos peninsulares, a consciência da força própria suprime desconfianças e temores, e a identidade de aspirações e sentimentos cimenta as bases de uma aliança em que compartilhamos com a Espanha a hegemonia no Mediterrâneo ocidental e nos dois oceanos. [...] E é um facto que se presta a reflexões que o período da aliança espanhola coincida com a época de maior prosperidade e de plena expansão do génio português.
2 Fruto dos sentimentos da época, declaram-se iberistas muitos republicanos portugueses. Vêem estes, no regime republicano, a fórmula ideal para um tipo de união federalista. E são-no, também, alguns vultos renomados do republicanismo espanhol. Esse sentimento de inspiração antibritânica vai desvanecer-se com o tempo. Ao chegar ao poder, a República de 1910 tem já, a esse respeito, uma posição de conciliação e entendimento com o governo de Londres. Mas a polémica atravessa mais a elite nacional do que o povo, o qual, no essencial, segue o duvidoso princípio de que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. E como em Espanha o assunto é também motivo de reflexões públicas, nem sempre a contento dos interesses portugueses, alguns iberistas de ontem recuam para posições mais prudentes. Nos meios monárquicos espanhóis, a crise que se segue ao ultimato britânico merece-lhes um cuidado extremo. Têm a noção do desprestígio que se abateu sobre a casa real portuguesa e do crescente poder do Partido Republicano. Um regime republicano em Portugal pode encerrar uma séria ameaça para a sua monarquia. Assim, há que manter uma atitude que em nada possa exacerbar os sentimentos nacionalistas dos republicanos. Após 1910, a situação inflecte. É de Espanha que vêm os apoios às tentativas de restauração da monarquia, logo, os republicanos afastam em definitivo o ideário do iberismo. É, então, a vez de assumirem a aliança preferencial com a Espanha os monárquicos nacionalistas partidários do Integralismo Lusitano, de que é figura de proa António Sardinha. Segundo ele, «a fórmula de amanhã em política exterior há-de ser, sem dúvida, não união ibérica, mas aliança peninsular
3 Do ponto de vista da postura política tradicional, trata-se de um momento verdadeiramente insólito, como o próprio Sardinha haveria de reconhecer ao afirmar: «Pois são em Portugal os que se consideram integrados na dupla tradição católica e monárquica do nosso país quem mais braveja e se insurge contra uma maior aproximação com a Espanha».
4 Na vizinha Espanha, entretanto, considera-se que o que se passa em Portugal tem reflexos directos na sua política interna e Afonso XIII permite-se sonhar com o «passeio militar a Lisboa»
5 Este cenário desvanece-se, a partir de 1923, com a chegada ao poder do general Primo de Rivera, indubitavelmente determinado a respeitar a independência e a identidade próprias de Portugal. Mas não se extingue, então, o sentimento iberista. Entre os espanhóis destacam-se as figuras de Cláudio Sánchez-Albornoz, embaixador em Lisboa do governo republicano espanhol (1936), que, no seu Mi Testamento, registava: Respeito o orgulho nacionalista dos Portugueses e volto a tornar notório o meu enamoramento pela sua pátria, mas mentiria se ocultasse a minha esperança de um futuro regresso de Portugal à matriz da Hispânia de onde saiu.
6 Noutra ocasião, procurando demonstrar a sem-razão de certos argumentos étnicos, acrescentaria: En verdad no separan hoy a portugueses de castellanos diferencias psíquicas y temperamentales ni mayores ni menores que a aragoneses y andaluces, por ejemplo. Nuestro apartamiento será un día superado, aunque ello parezca hoy imposible. Y lo será amistosa y fraternalmente por mutua convicción y por recíproco interés.
7 O regime português saído da revolta militar de 28 de Maio de 1926 encara com sérias reservas a orientação da nova República Espanhola no tocante aos seus objectivos de federalismo ibérico. Segundo Hipólito de la Torre, «foi esse iberismo das esquerdas, e não só os “perigos subversivos” para o Estado Novo, que motivará a aposta de Lisboa nos militares rebeldes, quando, em 1936, se inicia em Espanha uma sangrenta guerra civil».
8   Talvez por isso, Salazar, por ocasião do 10.º aniversário da revolução de 28 de Maio – poucos meses antes, portanto, do início da guerra –, julgasse oportuno sublinhar: Não discutimos a Pátria, quer dizer, a Nação na sua integridade territorial e moral, na sua plena independência, na sua vocação histórica. Há-as mais poderosas, mais ricas, porventura mais belas; mas esta é a nossa, e nunca filho algum de coração bem formado teve o desejo de ser filho de outra mãe. Deixemos aos filósofos e aos historiadores o entretenimento de alguns devaneios acerca da possibilidade de diferente aglomeração de povos e até das vantagens materiais de outras combinações que a História não criou ou desfez; no terreno político e social, para nós portugueses que somos de hoje e velhos de oito séculos, já não há processo que possa ser revisto, debate que possa ser aberto, pedaço de soberania ou de terra que nos pese e estejamos dispostos a alijar de cansados ou de cépticos.
9 O movimento franquista, por seu turno, não está isento do pecado do iberismo. A sua ala mais radical patenteia uma clara ideologia iberista-anexionista, embora jamais tenha usufruído de condições políticas internacionais para a sua concretização. O jornal da Falange, Unidad, publicava na primeira página o mapa da península ibérica, como se fosse um único país, com a legenda: España una, grande e libre. Deste modo, a aproximação entre os regimes franquista e salazarista deve ver-se como uma superação desta visão diversa do destino comum, a favor da luta conjunta contra o comunismo internacional. O período que se segue até à queda dos dois regimes ditatoriais mantém em alerta os dois pequenos blocos radicaisanti-iberistas portugueses e pró-anexionistas espanhóis. Do lado português destacam-se os monárquicos, grande parte do clero conservador e algumas figuras salientes do regime deposto. Franco Nogueira, embaixador e ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar e Caetano, é verdadeiramente arrasador na defesa dos seus pontos de vista: Os tempos não são novos, nem são outros: e os fantasmas do passado estão bem vivos no presente – porque não são fantasmas.
10   No país vizinho, como quem faz psicanálise conjunta aos temores e aos abalos emocionais dos dois povos, há quem acompanhe com lúcida serenidade os sintomas mais visíveis deste nacionalismo impenitente... …aunque paradójicamente fuera una construcción radicalmente idéntica a la de ese nacionalismo español, conservador y unitario, que sirve como objeto de repulsa. Sobre todo, en dos puntos esenciales: Ambos utilizan los mismos parámetros de construcción de sus respectivas identidades: catolicidad, misión civilizadora, la nación identificada con la corona en una síntesis conceptual que remite a una sociedad orgánica, temporalmente perturbada por los factores de ruptura introducidos por la sociedad contemporánea. • Los dos sostienen una visión lineal de la historia, en la que la decadencia ibérica se vuelve, hasta la obsesión, elemento central del discurso. Desde esta óptica, la decadencia se introduce por la imposibilidad de eliminar los factores externos de disolución de las identidades portuguesa y española: el renacimiento y sus tendencias laicas y liberadoras del pensamiento; la disidencia religiosa; la competencia económica de ingleses, franceses u holandeses. En síntesis, la Europa del Quinientos y del Seiscientos habría asistido a la ruptura definitiva de la unidad cristiana, de la que Portugal y España, según los respectivos nacionalismos, constituirían los primeros y auténticos protectores. En este terreno, los dos nacionalismos buscarán convencerse hasta una fecha tan tardía como es el final de las dos últimas dictaduras que se asientan en la Península Ibérica, en 1974-1975, de que el resto de Europa había errado en su trayectoria histórica, mientras que sólo ellos habían constituido esa “reserva moral de Occidente” de la que siempre se sintieron los verdaderos depositarios.
11 A situação política internacional criada pela vitória dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial, afastando por completo a possibilidade de uma união ibérica por imposição militar, vem recolocar a questão das uniões políticas de forma inovadora, prenunciando grandes alterações no conceito tradicional de soberania dos Estados. No caso de Portugal, a adesão à EFTA, em 1960, e os acordos comerciais estabelecidos em 1972 com a CEE materializam, no plano económico, a primazia da opção europeia relativamente à opção ultramarina. A breve trecho se constata que o apelo da Geografia – a Europa das Comunidades – é, de longe, mais atraente do que o apelo da História – a África da guerra sem fim. É na Europa que, cada vez mais, se situa a maior parte dos portugueses que um dia saíram da metrópole para ganhar a vida. A presença de emigrantes portugueses nos países da CEE suplanta, em muito, a dos que se encontram radicados nos territórios africanos. No plano comercial, as estatísticas da época são elucidativas: enquanto em 1960 ascendia a 25% o valor das exportações portuguesas para o ultramar, em 1973 já não representa mais do que 15%.
12 Não surpreende, portanto, que, após a revolução de 25 de Abril de 1974, com a emancipação das parcelas ultramarinas portuguesas, a grande justificação para a aliança com a potência naval dominante perca a sua principal razão de ser. Quase ao mesmo tempo, caem nos dois países os regimes ditatoriais que os afastavam da convivência europeia. De imediato, as vicissitudes próprias das grandes mudanças impedem os dois povos de viver em comunhão a reconquista da liberdade, mantendo-se, à superfície, sinais iniludíveis de uma acrimónia de tipo familiar, fomentada, ao longo de séculos, pelos detentores do poder político. O historiador espanhol Rafael Valladares resumiu, assim, essa absurda atitude: El balance se tradujo en un distanciamiento emocional entre los pueblos español y portugués que, sin demasiadas razones que lo justificaran, fue impuesto por los respectivos gobiernos para ayudarles a legitimar sus, también, respectivos fracasos. [...] En Portugal, el anti-españolismo cultural derivó en político, mientras que en España la mirada hacia Lisboa se tiñó de la típica arrogancia que todo país débil desarrolla frente a un vecino que aún se lo parece más.
13    Virada a página ultramarina da nossa história, Portugal volve o olhar para leste. Mas não apenas para Castela. Os modernos meios de comunicação permitem aos portugueses, agora, estender os seus horizontes bem para além da cadeia pirenaica. A adesão à CEE (depois União Europeia), em Janeiro de 1986, juntamente com a Espanha, tira todo o sentido à disputa sobre o iberismo – pelo menos na sua forma tradicional. O certo é que um sentimento nacionalista e conservador se mantém vivo em Portugal, numa postura vigilante que sempre dá acordo de si quando as oportunidades surgem. Na tradição do antifrancesismo do início do século XIX e do anticomunismo do Estado Novo, o anti-espanholismo é a prescrição conservadora dos nossos dias. A integração dos dois países ibéricos na Comunidade Económica Europeia/União Europeia, se, de certa forma, afasta a possibilidade da anexação, sem dúvida que favorece uma certa absorção, resultante do maior poderio espanhol. Trata-se, agora – afirmam os mais alarmados –, de dominação económica, mais do que de dominação política sentido restrito. Aproveitando este cenário, os alertas contra o “perigo espanhol” não se fazem esperar. Esta espécie de cruzada – que não corresponde exactamente ao típico anti-espanholismo popular, mas que o alimenta – é, como fora a sua contrária, marcadamente elitista, e tem vindo a ligar-se, nos últimos anos, a sectores importantes do mundo empresarial português. Em Espanha, a patriótica movimentação não passa despercebida: La reciente llegada de la derecha al poder en Portugal ha desatado el resurgimiento del nacionalismo más tradicional y patriotero resucitando los anacrónicos fantasmas de la invasión castellana y un rebrote del antiespañolismo. Dirigentes políticos, empresarios, banqueros y columnistas han lanzado en los últimos días diversos ataques contra empresas e intereses españoles ante la supuesta amenaza de la pérdida de soberanía e independencia de Portugal.
14    Paradoxalmente – ou talvez não –, vamos encontrar entre esses notáveis patriotas quem tenha vendido a empresas e bancos espanhóis as suas posições em instituições congéneres portuguesas. Aspiram, agora, a um favorecimento do governo português nos processos de privatização que se seguem, para, alegadamente, manter em mãos portuguesas o que designam por “centros de decisão económica”. «Ora, se há centros de decisão que seria perigoso passarem para mãos estrangeiras» replica Francisco Sarsfield Cabral, «a solução é nacionalizar, ou manter nacionalizadas, as empresas em causa».
15    Embora se não possa estabelecer uma regra, os portugueses anti-iberistas são, hoje-por-hoje, maioritariamente atlantistas. Os iberistas – se é que ainda os há, no sentido idealista do final do século XIX – são, sobretudo, os partidários mais ardentes da integração europeia, onde tendem a ver a Espanha como uma aliada do grupo dos países do sul. É, a nosso ver, inelutável que uma certa forma de integração ibérica, menos formal e mais económica do que política, seja o preço natural da integração europeia. E importa recordar, uma vez mais, que uma política de cooperação com Espanha foi praticável no passado (séculos XV e XVI), correspondendo a períodos de grandeza e prosperidade. Nessa óptica, há que saudar as posições oficiais do Estado espanhol relativamente às relações com Portugal, de que relevamos a seguinte passagem do discurso do Rei Juan Carlos, na ocorrência da sua visita a Portugal, em Maio de 1989: Nuestros dos países se encuentran situados en la periferia geográfica de Europa y por ello obligados a aprovechar las oportunidades que ambos tenemos “cerca de casa”, si se me permite la expresión. Tenemos, pues, necesidad el uno del otro. España desea un Portugal próspero y fuerte, de la misma manera que a Portugal debe convenirle la existencia de una España vecina, dinámica y desarrollada económicamente. Por incoherencias de nuestra historia pasada, las regiones españolas y portuguesas situadas a ambos lados de la frontera se han contado durante mucho tiempo entre las más atrasadas de Europa. El responder a las aspiraciones seculares de las regiones fronterizas, es quizás el desafío mayor a que deben hacer frente ambos países en esta nueva etapa: aspiraciones legítimas a una vida mejor, a una participación mayor en la riqueza nacional, y de manera inmediata a mejores y más rápidas comunicaciones.
16   De realçar, comovidamente, o simbolismo de que se revestiu a homenagem que o Rei Juan Carlos fez questão de prestar, na mesma solene ocasião, ao Soldado Desconhecido, deslocando-se, para o efeito, ao Mosteiro da Batalha. Nesse retorno de um monarca espanhol ao local onde se travou a emblemática batalha de Aljubarrota, brilhou, sobremaneira, um inspirado gesto de reconciliação e um hábil contributo para o exorcizar dos fantasmas de antanho. Os vínculos afectivos e culturais que ligam o soberano à nossa terra foram, seguramente, os dinamizadores de tão prudente atitude. Rei carismático, com o coração genuinamente dividido entre as duas pátrias, seria a figura ideal para corporizar uma desejável mentalidade renovadora, onde a palavra cooperação possa superar todos os chavões geradores de medos e ressentimentos.

1 FRANCISCO PI Y MARGALL, Las nacionalidades, p. 74.
2 GUILHERME MONIZ BARRETO, A Situação Geral da Europa, In Revista de Portugal, Vol. IV, p. 95.
3 ANTÓNIO SARDINHA, A Aliança Peninsular, p. XLV.
4 Ibidem, p. XXXI. 5 HIPÓLITO DE LA TORRE GÓMEZ, Do “Perigo Espanhol” à Amizade Peninsular, p. 11.
6  Citado por JOÃO MEDINA, História de Portugal, vol. XII, p. 330.
7 CLAUDIO SÁNCHEZ-ALBORNOZ, España, Un enigma histórico, p. 1143. 3
8 HIPÓLITO DE LA TORRE GÓMEZ, Do “Perigo Espanhol” à Amizade Peninsular, p. 12.
9 OLIVEIRA SALAZAR, Discursos e Notas Políticas, Vol. II, pp. 131-132. Sublinhado nosso.
10 FRANCO NOGUEIRA, Juízo final, p. 157. 4
11 JUAN CARLOS JIMÉNEZ – MANUEL LOFF, Problemas históricos de la relación luso-española, In HIPÓLITO DE LA TORRE GÓMEZ, España y Portugal – Siglos IX-XX – Vivencias históricas, p. 369.
 12 SILVA LOPES, A Economia Portuguesa desde 1960, p. 20.
13 RAFAEL VALLADARES, Ibidem, p. 59
14 El País, 26-05-2002.
15 Diário de Notícias, 29-10-2002.
16 Proferido, no Palácio da Ajuda, em 15 de Maio de 1989.

Texto gentilmente cedido pela Embaixada de Espanha.

David Martelo – 2003

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