terça-feira, 19 de setembro de 2017

«As naus do porto Píreo» no sentido da nossa «grandeza»


Duas “Cartas ao Director“, no Público de 15 de Setembro, que, diferentes no tema e objectivos – uma decididamente crítica relativamente às praxes em Portugal, outra crítica relativamente a um homem de um país culto e rico que finge ignorar que Portugal é um país europeu – afinal se complementam:
A primeira carta, de Augusto Küttner de Magalhães, (Porto), revela que a grosseria criminosa e a perversidade grotesca das praxes estudantis  se mantêm com crescente vigor, apesar das acusações feitas em tempos, pelas vítimas ou pelos seus familiares, como casos pontuais mediáticos, que provocaram escândalo, a pedirem cadeia, sem resultado algum sobre os governantes ou as instituições de Justiça, saindo, pelo contrário, fortalecidas dessas acusações, e com novos truques que viraram a praxe numa instituição sagrada, no seu ghetto de atrasados mentais, mandriões e ditadores de uma moda universitária mais própria de saltimbancos que de futuros doutores.
O segundo texto, de Tomaz Cardoso Albuquerque,( Lisboa), ao revelar o desprezo de um alemão bem sucedido e estrategicamente bem situado no mapa -  Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, que humilha a nação portuguesa, riscando-a do mapa europeu, ao afirmar que a Europa vai de Espanha à Bulgária, mostra, talvez, que conhece destas anomalias e de muitas outras que por cá se passam, indignas de seres humanos, pesem embora as indignidades que as chefias desse alemão fizeram, em tempos, pelo mundo fora, sem travão, nem nenhum parceiro que lhes cortasse o pio, prova também de cobardia política dos naturais desse país, mas é passado, não se vai repetir, talvez, até que nova oportunidade lhes surja.
O nosso caso, de palhaçada sem classe, é pior, porque é estrutural de um país sem educação, esbulhador de dinheiro alheio, e que nunca a terá, a educação, pois é mal de raiz, que as chefias de cá, acobardadas ou indiferentes, se não atrevem a eliminar, proibindo.
Já Camões reconhecia tantos desmandos em que éramos useiros e vezeiros, nas suas “Oitavas ao desconcerto do Mundo”, contando - em exemplificação da sua revolta contra os casos que, merecendo “perpétua pena, imensos vitupérios”, são galardoados pela “Fortuna”, “ao Bem somente avara” - a história de Trasilau demente, que o irmão fez curar, e por isso se queixa, pois o siso recuperado o faz tomar consciência do Mal e dos males da vida, que lhe eram indiferentes no seu estado anterior de loucura, em que «Tinha por teima e cria por verdade,  / Que eram suas as naus que navegavam, / Quantas no Porto Píreo navegavam». Mas creio que já o referi:
«Agora é-me pesada a vida cara; / Sei que cousa é trabalho, e que tristeza. / Torna-me a meu estado, que eu te aviso / Que na doudice só consiste o siso».
Por aqui se vê que os estudantes praxistas sabem da poda, a respeito das competências que devem adquirir, para bem singrarem na vida, futuros incendiários num país de oportunistas.

OPINIÃO
Cartas ao director
15 de setembro de 2017
Praxes
Parece não haver vontade de as praxes, que terão provocado mais mortes do que as “mediatizadas”, serem diferentes, para melhor, claro! Estão de tal forma tão consolidadas que, mesmo desagradando à maioria dos nossos concidadãos, não deixam de acontecer, de forma tão “brutal e tão “desnecessária”. E nada muda, como em tantas outras situações neste nosso país, que tanto melhor poderia e deveria ser, se todos nisso estivéssemos interessados. Mas, não estamos!
As praxes, que já não acontecem só nos inícios dos anos lectivos, nem nas Queimas das Fitas, sucedem-se durante todo o ano. A organização destas de praxes terá por certo uma hierarquia tão bem estruturada, como a dos militares, ou até melhor ainda! E como em tantas outras situações, vamos sempre ciclicamente ouvir/ver “abordar o assunto pela rama”, e tudo esquecer e, depois, a tudo voltar. Como nos incêndios a cada Agosto. 
Ao que parece, as praxes - já não tão claramente pelas ruas, e ainda bem - cá estão em força, tal qual como tem acontecido nos últimos anos. Uns gostam, outros fazem-nas porque “sim”, outros sujeitam-se hoje para se vingarem para o ano, e tudo arrasta os pés, eternamente.
E fala-se em impostos, greves, em livros para “ela e ele” de mais umas minudências. E cada partido político bloqueia-se nas suas politiquices e não dá um mínimo de espaço a entendimentos com os outros, a bem do país.
Pena não nos querermos ajudar, todos, todos e cada um, em mudanças positivas! Será fatalidade? Ou o que será?
Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Juncker
 Jean-Claude Juncker quer fazer desaparecer o nosso país da União Europeia! O presidente da Comissão Europeia esqueceu-se de Portugal e afirmou que "a Europa vai de Espanha à Bulgária". Estas palavras foram proferidas quando defendia uma mais profunda integração na UE. Quando li a notícia, perguntei-me se seria uma brincadeira de Carnaval. É inadmissível este mais que disparate, vindo de quem vem, e o mais caricato é que este sr. assistiu, em Paris, à final do Campeonato Europeu de futebol entre França e Portugal, na qual nos sagrámos campeões europeus!
Tomaz Cardoso Albuquerque, Lisboa


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