Duas “Cartas ao Director“, no
Público de 15 de Setembro, que, diferentes no tema e objectivos – uma
decididamente crítica relativamente às praxes em Portugal, outra crítica
relativamente a um homem de um país culto e rico que finge ignorar que Portugal
é um país europeu – afinal se complementam:
A primeira carta, de Augusto Küttner de Magalhães, (Porto), revela
que a grosseria criminosa e a perversidade grotesca das praxes estudantis se mantêm com crescente vigor, apesar das
acusações feitas em tempos, pelas vítimas ou pelos seus familiares, como casos
pontuais mediáticos, que provocaram escândalo, a pedirem cadeia, sem resultado algum sobre os governantes ou
as instituições de Justiça, saindo, pelo contrário, fortalecidas dessas
acusações, e com novos truques que viraram a praxe numa instituição sagrada, no
seu ghetto de atrasados mentais, mandriões e ditadores de uma moda
universitária mais própria de saltimbancos que de futuros doutores.
O segundo texto, de Tomaz Cardoso Albuquerque,( Lisboa), ao
revelar o desprezo de um alemão bem sucedido e estrategicamente bem situado no
mapa - Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão
Europeia, – que humilha a nação portuguesa, riscando-a do mapa
europeu, ao afirmar que a Europa vai de Espanha à Bulgária, mostra,
talvez, que conhece destas anomalias e de muitas outras que por cá se passam,
indignas de seres humanos, pesem embora as indignidades que as chefias desse
alemão fizeram, em tempos, pelo mundo fora, sem travão, nem nenhum parceiro que
lhes cortasse o pio, prova também de cobardia política dos naturais desse país,
mas é passado, não se vai repetir, talvez, até que nova oportunidade lhes surja.
O nosso caso, de palhaçada sem
classe, é pior, porque é estrutural de um país sem educação, esbulhador de
dinheiro alheio, e que nunca a terá, a educação, pois é mal de raiz, que as
chefias de cá, acobardadas ou indiferentes, se não atrevem a eliminar, proibindo.
Já Camões reconhecia tantos
desmandos em que éramos useiros e vezeiros, nas suas “Oitavas ao desconcerto
do Mundo”, contando - em exemplificação da sua revolta contra os casos que,
merecendo “perpétua pena, imensos vitupérios”, são galardoados pela “Fortuna”,
“ao Bem somente avara” - a história de Trasilau demente, que o
irmão fez curar, e por isso se queixa, pois o siso recuperado o faz tomar consciência
do Mal e dos males da vida, que lhe eram indiferentes no seu estado anterior de
loucura, em que «Tinha por teima e cria por verdade, / Que eram suas as naus que navegavam, /
Quantas no Porto Píreo navegavam». Mas creio que já o referi:
«Agora é-me pesada a vida
cara; / Sei que cousa é trabalho, e que tristeza. / Torna-me a meu estado, que
eu te aviso / Que na doudice só consiste o siso».
Por aqui se vê que os
estudantes praxistas sabem da poda, a respeito das competências que devem
adquirir, para bem singrarem na vida, futuros incendiários num país de oportunistas.
OPINIÃO
Cartas ao director
15 de setembro de 2017
Praxes
Parece não haver vontade
de as praxes, que terão provocado mais mortes do que as “mediatizadas”, serem
diferentes, para melhor, claro! Estão de tal forma tão consolidadas que,
mesmo desagradando à maioria dos nossos concidadãos, não deixam de
acontecer, de forma tão “brutal e tão “desnecessária”. E nada muda, como em
tantas outras situações neste nosso país, que tanto melhor poderia e deveria
ser, se todos nisso estivéssemos interessados. Mas, não estamos!
As praxes, que já não
acontecem só nos inícios dos anos lectivos, nem nas Queimas das Fitas,
sucedem-se durante todo o ano. A organização destas de praxes terá por
certo uma hierarquia tão bem estruturada, como a dos militares, ou até melhor
ainda! E como em tantas outras situações, vamos sempre ciclicamente ouvir/ver “abordar
o assunto pela rama”, e tudo esquecer e, depois, a tudo voltar. Como nos
incêndios a cada Agosto.
Ao que parece, as praxes
- já não tão claramente pelas ruas, e ainda bem - cá estão em força, tal qual
como tem acontecido nos últimos anos. Uns gostam, outros fazem-nas porque
“sim”, outros sujeitam-se hoje para se vingarem para o ano, e tudo arrasta os
pés, eternamente.
E fala-se em impostos,
greves, em livros para “ela e ele” de mais umas minudências. E cada partido
político bloqueia-se nas suas politiquices e não dá um mínimo de espaço a
entendimentos com os outros, a bem do país.
Pena não nos querermos
ajudar, todos, todos e cada um, em mudanças positivas! Será fatalidade? Ou o
que será?
Augusto Küttner de Magalhães, Porto
Juncker
Jean-Claude
Juncker quer fazer desaparecer o nosso país da União Europeia! O
presidente da Comissão Europeia esqueceu-se de Portugal e afirmou que "a
Europa vai de Espanha à Bulgária". Estas palavras foram proferidas
quando defendia uma mais profunda integração na UE. Quando li a notícia,
perguntei-me se seria uma brincadeira de Carnaval. É inadmissível este
mais que disparate, vindo de quem vem, e o mais caricato é que este sr.
assistiu, em Paris, à final do Campeonato Europeu de futebol entre França e
Portugal, na qual nos sagrámos campeões europeus!
Tomaz Cardoso Albuquerque, Lisboa
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