segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Conjuntura


Falei na conjuntura, antes que a nossa amiga embandeirasse em arco com a novidade da semana acerca da questão do rating declarado positivo por uma das agência de rating de quem se fala com gratidão e apreço, e a nossa amiga, com altivez, pois ultimamente tem discordado das referências negativas a António Costa e C.ia trazidas pelos artigos de Alberto Gonçalves e C.ia, da minha adulação permanente.
 Integrei o turismo na conjuntura favorável à saída da categoria de lixo, ponto de vista inteligente, com o qual a minha irmã concordou, e que, aliás, só nos poderia causar satisfação às três, tal como ao país inteiro, suficientemente orgulhoso para não se sentir ofendido com esse apodo de lixo, em que nos querem queimar, pois nem sempre aquele é reciclável.  
Além disso, quem não se sente não é filho de boa gente, como Jerónimo de Sousa faz questão de demonstrar, retorquindo com rispidez triste que lixo era a avó torta dos anteriores da tal agência, que bem nos lixaram. Pouco incomodado, contudo, o nosso Jerónimo, com a nossa dívida externa, que essa é sempre reciclável por conta do povo trabalhador que ele protege, já na esteira do seu patrono Cunhal, entendendo que numa sociedade justa e tal e tal… (o que eles costumam entoar compungidamente e em peso, os da esquerda generosa).
Mas já eu tinha também gabado, com desportivismo, a eficiência de António Costa como presidente da Câmara de Lisboa, o que ouvi até ao próprio António Costa, mas que Passos Coelho contrariara, nas entrevistas do tempo das eleições, que alcandoraram indevidamente António Costa ao seu actual posto. E ele por aí anda, contente, a lembrar a sua eficiência, como o fez também, esta noite, Ana Gomes, sempre em loas a Costa, embora o seu opositor Nuno Morais Sarmento tenha contestado, informando que a saída do saldo negativo já começara em tempo de Passos Coelho, coisa que Ana Gomes esganiçadamente contrapôs, até me fazendo lembrar os radicalismos dos do Bloco de Esquerda, sintomáticos de um cristianismo banhado em virtude.
A nossa amiga, desportivamente - via-se que estava contente como nós, com o êxito de Costa e de Centeno – ou ironicamente, nestas coisas nunca se sabe, temos de estar sempre de pé atrás - gabou o meu contributo para a riqueza em curso, devido ao título que vou dar a um livro que estou a organizar com as propostas do meu blog – Saco Cheio – mas, modestamente, reduzi o alcance desse título ao valor sardónico da sua mensagem, tendo em conta a diversidade das suas temáticas de tão dispersa e talvez maçuda abrangência.
Concordámos no desejo da continuação do êxito económico do país, com Costa ou com outra casta governativa, para podermos erguer sempre a cabeça como o fazem outros povos mais coesos em trabalho organizado, em função de bem-estar e civilização. O que as três não entendíamos é essa disparidade entre uma dívida externa cada vez mais vultosa e as conclusões sobre a nossa economia de erguidos do nada.
 Mas desistimos de compreender e eu referi a sátira “Cabra, carneiro e cevado», que nos define na nossa idiossincrasia de inércia e indiferença. É de João de Deus, do seu “Campo de Flores” e trata desses três animais que iam numa carroça para ser vendidos no mercado, o porco numa gritaria que contrastava com a pacatez dos companheiros, o que enfureceu o carroceiro, ao qual o cevado expôs as suas sábias reflexões de vítima do cutelo, terminando a fábula com a moral seguinte, que tão bem se aplica aos povos pacíficos, como nós, os da conjuntura:
«Falava como um homem! Muita gente / Não discorre com tanta discrição. / Infelizmente, / Quando o mal / É fatal, / A lamúria que vale! / Que vale a prevenção! / Antes ser insensato que prudente. / Um insensato, ao menos, menos sente: / Não vê um palmo adiante do nariz! / Vê o presente / E está contente… / É mais feliz!»

Também por isso teremos sempre o Reino dos Céus à nossa espera. Vem na Bíblia.

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