Há muito que os não ouvia, aos
combatentes do Eixo do Mal. Espreitei hoje, para ver se também “mergulhavam” no
tal tema fracturante que todos os atentos e civilizados têm por obrigação “fracturar”,
com maior ou menor empenho, com maior ou menor empáfia, na suposição da sua
representatividade para alterar estatutos e orientar opiniões, que assim é que
avançamos na civilização, como sempre se viu, dantes segundo a lei do mais
forte, em guerras ou ditaduras, agora mais democraticamente por meio de debates
denunciadores das inteligências opinativas orientadoras das opiniões. Tive ocasião
de verificar que, o que muitas vezes os separava, aos quatro, dentro do seu diferente
posicionamento partidário, deixou de existir nesta questão, onde todos se
mostraram unânimes em confessar-se adeptos da tal eutanásia, desde que, evidentemente,
não se vá bater com os costados nas grades de uma prisão. Que é isso que se
defende, eliminar quem estorva, que a vida acaba por se tornar incómoda, ao que
parece, tanto para os que sofrem como para os que os aturam, apesar das
instituições de recolha, que, de resto, ficam caras e dum modo geral são sítios
degradantes, que devem constranger os velhos que lá vivem ainda com alguns
resquícios de entendimento. Mas não é disso que se trata, neste momento, é
antes a necessidade de os despachar para morrerem com “dignidade”, numa “morte
assistida”, que foi a designação que Pedro Marques Lopes preferiu à de “eutanásia”,
com a aprovação dos outros, que isso de certo modo os ilibava a todos – passando,
“magnanimamente” a pasta do assassínio a outro, o médico assistente - de terem
contribuído para despachar uns quantos que visivelmente estão aqui a mais, com
o pretexto de que estão a sofrer sem dignidade e sem esperança. Aliás, não
tarda a que, aprovada a lei na próxima legislatura, outra proposta dos que agora
sofrem pelo sofrimento alheio - e por isso acham que sim, que eles têm direito
a despachar a sua vida já indigna, pelos desarranjos que causa em seu redor,
embora afirmem que é em nome da liberdade e da dignidade que a morte assistida
lhes é proporcionada – aprovada, pois, essa lei, não tarda a que outra se lhe
siga – a de despachar os reformados que se tornam um peso financeiro enorme,
nas economias da nação, e convém suprimir quanto antes, para facilitar a vida
aos jovens. A própria Clara deu a entender que os velhos cá na nossa terra
estão em excesso, e que o Estado tem que se ocupar mais dos novos, vê-se bem
que é uma pessoa preocupada com o sofrimento geral, dos velhos a mais e dos
novos a menos, conquanto todos eles se mostrassem muito indignados com os
cartazes dos manifestantes em redor da assembleia, no dia da votação, com os
dizeres reaccionários – “Não matem os velhinhos” e quejandos. Notei,
pois, que os quatro comentadores estão mais afins uns dos outros, julgo que também
para não desfeitearem o moderador Aurélio Gomes, que apresenta sempre imagens iniciais
e finais do seu programa plenas de gozo e ironia sobre os conservadorismos de
uma sociedade inferior, mas que aos poucos se irá convertendo em sociedade
evoluída, graças às manipulações das Claras e Daniéis e Aurélios – os outros
vão sendo gradualmente domados, embora finjam alguma independência ainda, lutando,
naturalmente, pela sua vidinha, que convém defender, enquanto não chega a hora.
segunda-feira, 4 de junho de 2018
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