sexta-feira, 15 de junho de 2018

Temas complexos, simplificados para os meninos do 3º ciclo básico


I - A religião no ocidente europeu
Desde sempre o Homem, desconhecedor da origem e destino do Universo, e de si próprio, precisou de se apoiar em entidades supremas para os justificar. Assim nasceram os mitos dos deuses, e o animismo primeiro, e o politeísmo depois, foram, nos primeiros tempos, a forma que os povos antigos criaram para justificar as várias manifestações da vida.
Mas, no mundo ocidental, o monoteísmo nasceu na Palestina, como crença num só Criador. Chamou-se Jeová, no Antigo Testamento bíblico, que foi escrito por hebreus em vários livros, que, entre outras coisas, preconizaram a vinda de um Salvador da Terra. Mas além do Antigo Testamento, a Bíblia, um livro extraordinário, (traduzido primeiro para o Grego e deste para o Latim), contém o Novo Testamento, que narra a vida e os milagres e doutrina desse Salvador, chamado Jesus Cristo. Este nasceu em Belém (Palestina) e morreu crucificado, precisamente porque se considerou o representante do Deus na Terra, no tempo do Império Romano, que tinha subjugado toda a zona mediterrânica e, portanto, a Palestina. Alguns Apóstolos seguidores de Cristo criaram os Evangelhos – o de São Mateus, de São Marcos, São Lucas e São João - que, juntamente com outros textos, formaram o Novo Testamento bíblico, traduzido do grego para latim, por S. Jerónimo, já no fim do Império Romano (a «Vulgata Latina» que a Igreja cristã e protestante seguem).
É do Novo Testamento e da doutrina pregada pelos seguidores de Cristo - como S. Pedro (o 1º Papa) e S. Paulo e outros doutores da Igreja – Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, este último doutor da Igreja, ou teólogo, tendo vivido já na baixa Idade Média – que se formou o Cristianismo, como religião católica, universal.
Por alturas do Renascimento, surgiu a Reforma da Igreja, e, com a Contra-Reforma o cristianismo cindiu-se em cultos seguidores de normas um pouco diferentes – O Protestantismo no Norte europeu e o Catolicismo no Sul. Mas há ainda a Igreja Ortodoxa, mais rígida, da Europa Oriental – Rússia, Grécia…
O chefe da Igreja Católica é o Papa, que vive no Vaticano.
O Catolicismo actua no mundo inteiro, principalmente na América Latina, e Filipinas, divulgado na época dos Descobrimentos, pelos Jesuítas Manuel da Nóbrega, no Brasil, S. Francisco Xavier, na Ásia.

II- Alguns dados sobre Os LUSÍADAS
Epopeia: Narrativa em verso exaltador de feitos heróicos (épicos), guerreiros, de um herói individual: Aquiles (“Ilíada”), Ulisses (“Odisseia”) – de Homero, poeta grego; Eneias (“Eneida”) de Virgílio, poeta latino; ou de um herói colectivo, caso do Povo Português (“o peito ilustre lusitano”- 3ª estrofe,  Canto I de “Os Lusíadas”).

Estrutura Interna de “OS LUSÍADAS: Divisão em 4 partes, segundo o modelo clássico de 3 partes, (pois não continha a Dedicatória): Proposição (I-III); Invocação (às Tágides, ou ninfas do Tejo) (IV-V); Dedicatória (a D. Sebastião), (VI-XVIII) e Narração, que começa na estrofe XIX - no plano da Viagem, e logo na estrofe XX é desviada para o plano dos Deuses (20-41, “Consílio dos Deuses”), retomando a seguir (XLII…) o plano da Viagem, “in medias res”, isto é, não a partir do seu início em Belém, mas quando estas se encontravam já no Oceano Índico, no Canal de Moçambique, próximas do destino final, a Índia).
Assim, a interposição do plano dos deuses (Consílio dos Deuses), no plano da Viagem, logo à partida, foi não só um meio de imitação clássica segundo o modelo estético renascentista, mas para criar, segundo esse modelo clássico, uma maior coesão ou unidade de acção, fazendo depender a acção épica mas pesada, monolítica, dos nautas, dos amores ou desavenças e intrigas dos deuses - favoráveis (Vénus, Marte, Júpiter, Cupido, Ninfas), ou contrários (Baco, Neptuno – Adamastor), estabelecendo logo de início tais premissas, como alerta para uma intriga que irá tornando a narrativa mais romanesca e sedutora.
Deste modo, a Narração, n’Os Lusíadas, divide-se em quatro planos: O da Viagem, o da História de Portugal, do conhecimento de Vasco da Gama, narrada ao rei de Melinde por aquele, (Cantos III e IV - origens, 1ª e 2ª dinastias), além da sua própria viagem desde a partida em Belém até Melinde, como narrativas de encaixe); através de vaticínios, nas referências à história posterior ao Gama:  pelo Adamastor, Canto V, ou pela Ninfa (C. X) contando das proezas dos vice-reis futuros da Índia, que Camões, posterior ao Gama, já conhecia. Além desses três planos – da Viagem, da História e dos Deuses, a Narração d’Os Lusíadas contém ainda o plano dos Excursos do poeta, de lamentos ou conceitos pessoais cheios de significado e beleza.

Estrutura Externa d’ Os Lusíadas: Divisão em 10 Cantos, com estrofes de oito versos (oitavas), em verso decassílabo, de rima cruzada e emparelhada, segundo o esquema ABABABCC. Total de estrofes: 1102. Total de versos: 8816.

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