I - A religião no ocidente europeu
Desde
sempre o Homem, desconhecedor da origem e destino do Universo, e de si próprio,
precisou de se apoiar em entidades supremas para os justificar. Assim nasceram os
mitos dos deuses, e o animismo primeiro, e o politeísmo depois,
foram, nos primeiros tempos, a forma que os povos antigos criaram para
justificar as várias manifestações da vida.
Mas,
no mundo ocidental, o monoteísmo nasceu na Palestina, como crença
num só Criador. Chamou-se Jeová, no Antigo Testamento bíblico,
que foi escrito por hebreus em vários livros, que, entre outras coisas,
preconizaram a vinda de um Salvador da Terra. Mas além do Antigo Testamento,
a Bíblia, um livro extraordinário, (traduzido primeiro para o Grego e
deste para o Latim), contém o Novo Testamento, que narra a vida e
os milagres e doutrina desse Salvador, chamado Jesus Cristo. Este nasceu
em Belém (Palestina) e morreu crucificado, precisamente porque se considerou o
representante do Deus na Terra, no tempo do Império Romano, que tinha subjugado
toda a zona mediterrânica e, portanto, a Palestina. Alguns Apóstolos
seguidores de Cristo criaram os Evangelhos – o de São Mateus,
de São Marcos, São Lucas e São João - que, juntamente com
outros textos, formaram o Novo Testamento bíblico, traduzido do grego
para latim, por S. Jerónimo, já no fim do Império Romano (a «Vulgata
Latina» que a Igreja cristã e protestante seguem).
É
do Novo Testamento e da doutrina pregada pelos seguidores de Cristo - como S.
Pedro (o 1º Papa) e S. Paulo e outros doutores da Igreja – Santo Agostinho,
São Tomás de Aquino, este último doutor da Igreja, ou teólogo, tendo vivido
já na baixa Idade Média – que se formou o Cristianismo, como religião
católica, universal.
Por
alturas do Renascimento, surgiu a Reforma da Igreja, e, com a Contra-Reforma
o cristianismo cindiu-se em cultos seguidores de normas um pouco diferentes – O
Protestantismo no Norte europeu e o Catolicismo no Sul. Mas há
ainda a Igreja Ortodoxa, mais rígida, da Europa Oriental –
Rússia, Grécia…
O
chefe da Igreja Católica é o Papa, que vive no Vaticano.
O Catolicismo actua no mundo inteiro, principalmente
na América Latina, e Filipinas, divulgado na época dos Descobrimentos,
pelos Jesuítas Manuel da Nóbrega, no Brasil, S. Francisco Xavier,
na Ásia.
II- Alguns dados sobre Os LUSÍADAS
Epopeia: Narrativa em verso exaltador de feitos heróicos (épicos), guerreiros, de um herói individual: Aquiles
(“Ilíada”), Ulisses (“Odisseia”) – de Homero, poeta
grego; Eneias (“Eneida”) de Virgílio, poeta latino;
ou de um herói colectivo, caso do Povo Português (“o peito ilustre
lusitano”- 3ª estrofe, Canto
I de “Os Lusíadas”).
Estrutura Interna
de “OS LUSÍADAS: Divisão em 4 partes, segundo o modelo clássico
de 3 partes, (pois não continha a Dedicatória): Proposição
(I-III); Invocação (às Tágides, ou ninfas do Tejo) (IV-V); Dedicatória
(a D. Sebastião), (VI-XVIII) e Narração, que começa na estrofe
XIX - no plano da Viagem, e logo na estrofe XX é desviada para o
plano dos Deuses (20-41, “Consílio dos Deuses”), retomando a
seguir (XLII…) o plano da Viagem, “in medias res”, isto é, não a
partir do seu início em Belém, mas quando estas se encontravam já no Oceano Índico,
no Canal de Moçambique, próximas do destino final, a Índia).
Assim,
a interposição do plano dos deuses (Consílio dos Deuses), no plano da
Viagem, logo à partida, foi não só um meio de imitação clássica segundo o
modelo estético renascentista, mas para criar, segundo esse modelo clássico, uma
maior coesão ou unidade de acção, fazendo depender a acção épica mas pesada,
monolítica, dos nautas, dos amores ou desavenças e intrigas dos deuses - favoráveis
(Vénus, Marte, Júpiter, Cupido, Ninfas), ou contrários (Baco,
Neptuno – Adamastor), estabelecendo logo de início tais premissas, como
alerta para uma intriga que irá tornando a narrativa mais romanesca e sedutora.
Deste modo, a Narração, n’Os Lusíadas, divide-se em
quatro planos: O da Viagem, o da História de Portugal, do
conhecimento de Vasco da Gama, narrada ao rei de Melinde por aquele, (Cantos
III e IV - origens, 1ª e 2ª dinastias), além da sua própria viagem desde a
partida em Belém até Melinde, como narrativas de encaixe); através de vaticínios,
nas referências à história posterior ao Gama: pelo Adamastor, Canto V, ou pela Ninfa
(C. X) contando das proezas dos vice-reis futuros da Índia, que Camões,
posterior ao Gama, já conhecia. Além desses três planos – da Viagem, da História
e dos Deuses, a Narração d’Os Lusíadas contém ainda o plano dos Excursos
do poeta, de lamentos ou conceitos pessoais cheios de significado e
beleza.
Estrutura Externa d’ Os Lusíadas: Divisão em 10 Cantos, com
estrofes de oito versos (oitavas), em verso
decassílabo, de rima cruzada e emparelhada, segundo o esquema ABABABCC.
Total de estrofes: 1102. Total de versos:
8816.
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