O 3º Texto – este sobre José Gil
– de Gabriel
Mithá Ribeiro – vem confirmar o título que me mereceu, a propósito
deste autor, o jornal que o publicou, além dos dois primeiros, sobre a “Seita”
e sobre “Eduardo Lourenço”. Trata o 3º texto, de José Gil, um professor universitário, de quem apenas tenho presente
o livro “Portugal hoje – O medo de existir”, que li com bastante interesse,
é certo, pelo talento que revela em nos reduzir a um povo sem grande
personalidade, nem qualidade, a começar pela crítica ao inócuo do comentário “É a vida!” com que nos resignamos
perante os horrores passados na distância, de que a TV Cabo nos dá imediato conhecimento,
mesmo que seja nos antípodas do nosso local de presença. Ao menos, nos tempos
de Eça, o nosso saber a respeito dos rumores do universo limitava-se ao “rumor das saias de Elvira”, o que se
tornava ainda mais humilhante para nós, pelo desinteresse e desconhecimento da
informação global que tal rumor intriguista e local pressupunha. Muitas outras
definições nos são, no livro, adiantadas, sobre o nosso país da “não-inscrição”
no qual, como o próprio António Gedeão, de idêntica envergadura ideológica, também
já dissera, “Tudo é foi. Nada acontece”,
mas, neste último caso, para mostrar a irreparável passagem do tempo, pura poesia, de que
os factos trágicos ou grotescos ou assim-assim a cada passo demonstram a
frivolidade da afirmação. Um livro bem escrito, mas com uma acrimónia que, ao
invés da objectividade que se requer num manual do conhecimento, revela antes
um desejo de anular um país que, acima de tudo, o autor parece desprezar,
consolidada a destruição perpetrada há muito pelos seus parceiros políticos, o
que demonstra o contrário do que afirma sobre a nossa passividade. De resto, o
próprio GMR informa que, numa edição posterior, José Gil acrescenta um panegírico
ao governo de José Sócrates, como governo onde tudo aconteceu que prejudicou o
país, mas provavelmente não a si próprio, José Gil, e tal panegírico parece
desonesto, se não infantil. Mas, para além do artigo de GMR, outros
comentadores dirão melhor o seu parecer, sobre os construtores ideológicos de
uma universidade que esses manietam. O que é grave, num país, cuja
independência de pensamento eles ajudam a destruir.
Lixo
intelectual
15/7/2018
Não ler com sentido crítico grandes
sucessos editoriais como os de Boaventura de Sousa Santos ou José Gil é como
não querer ver, tratar e minimizar o lixo que as sociedades necessariamente
produzem.
Em Portugal, Hoje. O Medo de Existir (2004), José Gil
introduziu uma adenda em 2007 (11.ª edição) que se esgota num panegírico do
governo do momento. O autor transformou a maioria absoluta do Partido
Socialista (2005) liderado por José Sócrates num tónico extra da sua abstração
filosófica assinalando a «(…) extraordinária dinâmica reformista do
Governo (extraordinária, quanto mais não seja, pela velocidade que adquiriu)
(…). O governo não foi capaz de transmitir à população a confiança e a crença
mobilizadora na pertinência das suas políticas. Porque, ao gerar medo,
paralisou os portugueses. A modernização, que deveria abrir os espíritos,
fê-los encolher. (…) Pior: a preocupação pelo défice influencia a própria
elaboração dos vários planos de modernização, concebendo-se estratégias e programas
que sacrificam a racionalidade das medidas em tal sector (por exemplo, na
educação, na saúde) aos imperativos do equilíbrio orçamental. O que é
gravíssimo» (pp.135-137).
O conteúdo original do livro
(2004) não havia desperdiçado oportunidades para evidenciar o inverso, os
efeitos perniciosos para a identidade, sociedade e democracia portuguesas da
ação de políticos de ‘direita’, associando-os a grosserias, leviandades
e «berlusconização» do poder (cf. pp.97-98; e pp.115 e segs.),
além do tiro ao alvo obsessivo ao salazarismo.
Reflexões de «(…) um dos 25 “grandes pensadores” de todo o mundo,
ao lado de Richard Rorty, Peter Sloterdijk, Toni Negri e Slavoj Žižek», num
livro vencedor do Prémio Literário de Ensaio P.E.N. Clube Português 2004. Indiferente a tais predicados, poucos anos
volvidos Portugal vivia em pré bancarrota e com disfuncionalidades
institucionais em áreas sensíveis, como a justiça ou o ensino, circunstâncias
que determinaram o fim do promissor governo socialista em 2011. E não foi necessário
esperar muito mais para, a 21 de novembro de 2014, o elogiado
ex-primeiro-ministro acabar detido por suspeitas indissociáveis da sua ação
governativa.
O livro vale como arquétipo da
colisão, num curtíssimo intervalo de tempo, entre a reflexão filosófica e a
realidade vivida, case study sintetizável em quatro notas. A primeira, um ensaio dessa natureza partiu necessariamente de pressupostos
analíticos errados, o que invalida as suas pretensões filosóficas, científicas
ou académicas. A segunda, não
é compreensível que uma obra com propósitos de formação universitária aborde
temáticas numa perspetiva ‘light, ‘gira’, ‘criativa’ passando
ao largo de referentes teóricos mais do que clarificados por Sigmund Freud,
Gabriel Almond, Serge Moscovici, Norbert Elias, Jorge Vala, entre outros,
atitude materializada na invenção do conceito absurdo de legitimação dos
ativismos, a ‘não-inscrição’, um retrocesso em relação ao modelo analítico de 1970 de Albert Hirschman para os
mesmos propósitos. A terceira, está
em causa a propagação social de patologias do conhecimento por um caso raro de
sucesso editorial em circulação desde 2004 e que em 2017 contabilizava a décima
quarta edição, após outro estrondoso êxito de 1987 continuar a resistir a críticas que o tornaram impróprio para consumo. O
quarto e último aspeto, o livro de
José Gil é cristalino na sobreposição tóxica entre o conhecimento (pelo
conhecimento) e o poder (pelo poder), tendo sido justamente para proteger a
indissociabilidade entre liberdade, rigor e qualidade do pensamento que as
sociedades contemporâneas atribuíram às universidades o monopólio da produção,
validação e renovação de conhecimentos analíticos ou científicos e, para isso,
garantiram a autonomia das instituições do conhecimento contra as intromissões
do campo religioso (fé) e do campo político (poder) (cf. Max Weber).
O caso em apreço apenas acrescentou um fragmento a provas bastantes
do PREC (tipificação portuguesa de uma tendência internacional) ocorrido no
interior das universidades que subverteu os pressupostos que as instituíram e
que nos faz viver num tempo histórico peculiar. Quanto mais frágeis as
sociedades, mais as universidades passaram a comprometer os seus destinos,
perversão transformada num dos maiores entraves ao
desenvolvimento das regiões periféricas, sendo que Portugal se
localiza num estádio ainda assim intermédio.
Basta recuar a inícios da década
de setenta para compreender a propagação do fenómeno, época em que a semente há
muito presente nos meios universitários ocidentais passou a ser prodigamente
regada pela intromissão abusiva, nas universidades, do alto patrocínio da ONU
que modelou as atitudes dos governos, num ciclo de regressão da autonomia das
ciências sociais e humanas em que quanto mais os países do terceiro-mundo se
tornavam independentes e aderiam à ONU, mais as suas utopias se infiltravam no
coração das sociedades ocidentais por esta via (os estudos e o percurso
de John
Rex são elucidativos).
Foi nesses inícios dos anos
setenta que a tradição intelectual em causa garantiu – em livros, estudos,
artigos e caricaturas na imprensa (internacional) – que as futuras
independências das colónias portuguesas em África, tal como a urgência de pôr
termo às sequelas coloniais europeias através dos regimes de minorias brancas
(África do Sul/Namíbia e Rodésia depois Zimbabwe), lançariam as economias
europeias numa crise de difícil saída. Asseguraram que estas viviam numa
dependência sem cura da exploração dos recursos naturais e humanos de África e,
em sentido inverso, as transições de poder imediatas iriam proporcionar aos
povos autóctones, muito em especial nos territórios então prósperos da África
Austral (que incluíam Angola e Moçambique), níveis elevados de desenvolvimento.
O tempo fez cumprir a componente
formal das profecias com a rapidez de um castelo de cartas que se desmorona, a
conquista da dignidade das independências. Porém, na componente substantiva, e
ao contrário do ciclo anterior de colonização efetiva, a época pós-colonial
jamais parou de agravar o fosso entre os países europeus ocidentais e
respetivas ex-colónias africanas, isto é, cresceram sempre as incongruências
entre as análises projetivas e a realidade vivida numa região do mundo onde
quase tudo saiu ao contrário. Constituindo a passagem do tempo o aferidor por
excelência da qualidade do conhecimento, trata-se da mesma patologia
identificada no livro de José Gil.
E deve insistir-se no exercício. Suportada em estudos, análises,
muitos livros, comentários na comunicação social a mesma tradição académica e
intelectual, inabalável como sempre, garante-nos hoje – cito dois casos – que a
governação de Rodrigo Duterte, nas
Filipinas, e sobretudo a de Donald
Trump, nos EUA, desembocarão em desastres que afetarão os equilíbrios do
sistema internacional, os direitos humanos, a proteção ambiental, entre outras
hecatombes e retrocessos. Porém, ao fim de um longo histórico de erros
analíticos parece germinar alguma consciência cívica capaz de afrontar a
autoconfiança desses discursos antecipando que as suas pretensas racionalidades
projetivas irão colidir, a prazo, com realidades vividas diversas das
anunciadas, talvez até de sinal contrário.
A razão de fundo de filósofos,
historiadores, sociólogos, economistas, juristas, politólogos, entre outros
insistirem em pensamentos viciados, e que o tempo transformou em dolosos (os
venezuelanos contam-se entre as vítimas recentes), resulta de as sociedades e,
pior, os pares académicos não terem o hábito de se confrontarem mutuamente com
o sentido e consequências das suas próprias análises anteriores. Se existem sinais de as sociedades
ocidentais estarem (finalmente) a começar a naturalizar as representações da
escrita e do livro, os significados destes resistem envoltos em névoas de
sublimação herdadas de crenças animistas ancestrais sobre certos objetos
mágico-religiosos, depois reinventadas no milenar culto da Bíblia e demais
livros sagrados. Continua, por isso, difícil que a escrita e o livro sejam
tomados por aquilo que passaram a significar, manifestações comuns da condição
humana que tanto favorecem a racionalidade analítica, quanto funcionam como
agentes tóxicos dessa mesma racionalidade
O facto é que as sociedades são
hoje vítimas da confiança que (ainda) depositam nos meios académicos enquanto
compensadores de desconfianças sempre latentes em relação aos poderes
políticos. Ao permitirem que o poder tutelar dos estados sacrificasse a sua
autonomia, as universidades demitiram-se do dever elementar de demarcar
fronteiras objetivas entre conhecimentos analíticos e ideológico-especulativos;
conhecimentos científicos e de senso comum; conhecimentos válidos e inválidos.
Como todas as crises são crises do conhecimento, a atualidade
justifica duas atitudes. A primeira,
a de se assumir que a crise existe e não é superficial ou acidental, antes
profunda, estrutural, pressupostos para poder ser enfrentada. A segunda,
compete às universidades redefinirem e explicitarem com clareza os princípios
epistemológicos que justificam o monopólio que exercem sobre a produção,
validação e renovação de conhecimentos, uma carta de princípios que renove a
sua legitimidade institucional no contexto das sociedades em que se inserem.
Admito ser fundamental detalhar os conteúdos dessa renovação epistemológica. Mas, pelo menos para já, essencial é que
os indivíduos comuns e os que preservam abertura de espírito nos meios
universitários – entre docentes, investigadores e estudantes – reforcem a
consciência de serem parte integrante de ambientes intelectuais tóxicos.
Estes são tão nefastos para o
conhecimento quanto são, para o meio ambiente, o lixo que se acumula nos oceanos,
a poluição atmosférica e a contaminação dos solos nas grandes metrópoles
africanas ou chinesas, a destruição da camada de ozono, a aceleração das
alterações climáticas, entre outras ameaças. Tudo heranças tóxicas do século XX
de uma mesma matriz: produz-se, produz-se, produz-se e que se lixem as
consequências a prazo.
Não ler com sentido crítico
grandes sucessos editoriais como os de Boaventura de Sousa Santos ou José
Gil, entreoutros,
é como não querer ver, tratar e minimizar o lixo que as sociedades
necessariamente produzem.
ALGUNS COMENTÁRIOS
Jorge Espinha: Está muito bem visto. É também muito cansativo. Se pensarmos na
esquerda que domina a intelectualidade, a história tem sido a mesma desde 1945.
Anti-americana, Anti ocidental, sempre muito tímida a criticar o marxismo e
seus crimes. Agora reciclam o mesmo lixo intelectual dos anos 60-70 para
defenderem os crimes cometidos em nome do Islão. É patético ver como vivem
confortavelmente, tirando partido de todas as comodidades oferecidas pelo
capitalismo.
Jay Pi: Muito pertinente e relevante
artigo. De facto, é de extrema necessidade que o lixo pseudo intelectual e
pseudo académico com que a actual oligarquia marxista procura subverter a razão
verdadeira e a verdadeira intelectualidade seja identificado, criticado e
suprimido. Artigos desta natureza têm uma missão meritória ao expor e censurar
o ridículo pérfido e mal intencionado, eivado e infecto de ignomínia,
maquiavelismo e iconoclastia que caracteriza as correntes académicas marxistas
que contaminam a nossa sociedade.
Evangelista Miranda Miranda: O
dramático disto tudo, está sempre com origem no mesmo ponto, que é/são umas
ditas elites que gravitam em Lisboa à volta do Poder, e que para viver bem sem
trabalhar, ditam regras aos ministros e aos governos, que por seu turno são
originários da AR, onde só entram aqueles que na província, em obediência aos
da Capital, rezam todos pela mesma cartilha e, por um antigo
"Testamento" que já no século XIX, sobretudo, os magos da escrita e
do jornalismo denunciavam: falamos de R. Ortigão, Antero de Quental, Oliveira
Martins, Guerra Junqueiro, Eça de Queiroz e muitos outros. É que esses de que
fala: Vilaverde Cabral e José Gil, são apóstolos da mesma seita e, dificilmente
se podem dissociar do mundo da preguiça e da intriga. Foi essa seita que
gravita em Lisboa à volta do Poder, que mandou o Veiga Simão encerrar o antigo
ensino Técnico (Industrial e Comercial), onde se aprendia muito, em especial,
quando se pretende fazer e criar riqueza, através dos sectores produtivos, onde
a Industria é estruturante e mobilizadora de todos os outros sectores.
Portanto: sem um ensino Secundário forte com Escolas equipadas e Oficinas a
trabalhar, jamais se poderá falar em universidades produtivas. Sobre os
governos de 2005 a 2011 e, dos seu mentores/autores: eu nem lhe vou falar,
pois é pobreza a mais para a "minha camioneta". O senhor José Gil que
se continue a entreter.
L M: Interessante apelo. Mas na minha opinião o
Castelo já está tomado há muito e é necessario intervenção da policia para
desalojar as milicias que lá se instalaram. Veja-se o que aconteceu com Jaime
Nogueira Pinto por cá. A produção de lixo intelectual é uma estratégia de poder.
Readbeat Algorithms: E aqui chegamos, tocados pelos ventos do
discurso, a este problema de Universidade, tão actual no mundo português e nos
outros países; entre nós, porque se discute de que maneira se há-de reformar;
entre os outros porque se pensa se, mesmo reformada, poderá ela servir para
alguma coisa. Quanto ao que se passa connosco, bom seria que se reflectisse
sobre o facto de que já várias reformas se tentaram, mobilizaram homens e
recursos, vários nascimentos houve de novo, e o resultado foi sempre o
mesmo: a Universidade serviu apenas para criar um falso escol, e os que se
comportaram de outro modo o conseguiram apesar da Universidade, não por ela.
E se o comportamento português
foi, no Brasil, o que devia ser, a razão é ter sido o Brasil feito pelo povo e
não pelos dirigentes, e saber muito bem o povo que a Universidade nunca lhe
serviu para nada e ter o instinto de que, muito ao contrário, até lhe tem sido
prejudicial; prejudicial não quando forma médicos ou engenheiros ou qualquer
outro técnico, mesmo aí com o atraso que tanto lhe tem sido reprovado; já,
porém, discutível quando forma professores, que então começa ela a deixar de
ser simplesmente escola técnica de terceiro grau, para principiar a não ser,
como devia, o organismo que pensa a comunidade e seu lugar no mundo, e
caminhando para resultados mais graves com os juristas e filósofos.
Mas a Universidade pôde, pelo
menos nos seus primórdios, ser basilarmente uma associação de homens
interessados em estudar, sabendo alguns mais e outros menos, estudando uns a
vida inteira, os professores, nome que uma etimologia de sentidos nos deveria
fazer derivar de professar, e outros apenas uma parte da vida, os alunos, que
esses, por filologia científica, são realmente particípio passado do
verbo alimentar: na Universidade recebiam o alimento da vida inteira, o que tão
pouco sucede hoje; alimento que lhes vinha não de ir a um dispensário de saber,
mas a uma associação, a uma corporação de estudo; de encontrar homens de
caridade que, por não haver livros para todos, liam os seus e lhes
acrescentavam comentários, que também liam, de tudo isto se chamando lentes; de
poder intervir nos concursos de professor, ajudando a barrar os incompetentes
que sempre ascendem a cátedras por serem primos dos primos; podendo igualmente
eleger reitores, que hoje se elegem com tanta restrição que, sendo já tão
poucos os chamados, ainda muito menos são os escolhidos.
Joaquim Moreira: No meu comentário à crónica
de Helena Matos sobre o “Processo de domesticação em curso”, tive oportunidade
de dizer que, mais do que de domesticação se tratava mesmo de lavagens ao
cérebro. O que não disse e aproveito para o dizer agora é que é este “lixo intelectual”
o grande responsável por este “processo”. Estes são os que em Portugal
representam a Intelectualidade de Esquerda, que insiste em combater a direita,
usufruindo das suas políticas liberais de defesa da iniciativa privada e da
domesticação do seu (deles) capitalismo selvagem que sempre apoiou e protegeu
muita da roubalheira socialista e deste “Lixo Intelectual”.
Luís Abranches Barroso: Parabéns
pelo artigo, e pela escolha do tema, que também muito me preocupa.
Academicamente incompetente para o abordar, não deixo de intuir a sua
existência real, na qual me considerava (passe a imodéstia) um pensamento
isolado. Menos importantes, mas também necessárias e precisas, as referências
aos produtores de lixo intelectual (nos quais incluo Eduardo Lourenço).
0Responder
William Smith: Quando estava a ler a parte correspondente aos elogios
do "filósofo" Gil ao Sócrates, lembrei-me duma coisa que um escritor,
S Maugham (que poucos devem conhecer) e que não era filósofo, dizia: a
filosofia é mais uma questão de índole do que de lógica, pois o mau filósofo
não crê conforme a evidência, mas segundo o seu próprio temperamento; e o seu
pensamento apenas serve para tornar racional o que o seu instinto aceita como
verdadeiro.
William Smith: Eu
reconheço que não tenho qualquer competência para analisar textos de filosofia,
excepto os do Boaventura pois aquilo até eu vejo que não tem por onde se lhe
pegue.
Mas acho que estas frases de S.M. se adaptam
bem ao Gil.
Dr. Feelgood: Como
escreve o autor, o fosso entre África e Europa não cessa de aumentar. Só este
facto seria suficiente para uma revisão à corrente política que se
consubstanciou em decisões tidas há décadas e que destruíram, e continuam a
destruir, milhões de vidas. O marxismo continua a fazer vítimas.
Só não partilho a boa-fé e a
ingenuidade do autor quando ele questiona a falta de análise crítica perante a
realidade histórica que se revelou diametralmente oposta às previsões e
certezas teóricas sustentadas pelos universitários Boaventuras, isto porque o
objectivo primário do marxismo cultural é o de dinamitar as fundações da
civilização ocidental. Estes Gil, Boaventura e C.ª não se limitam a ser
intelectualmente desonestos, acresce que não têm relutância nenhuma em
prestar-se a desempenhar o papel odioso do lacaio ao serviço de interesses
externos (ex-URSS e actualmente ao ditador seu herdeiro)
………
Nenhum comentário:
Postar um comentário