Uma crónica de Helena Matos
que é uma perfeita alegoria bem satírica destes nossos tempos de construção de
palavras e mitos que facilitam a rápida adesão dos povos incultos às correntes
de opinião impostos pela esquerda ainda mais inculta mas vibrátil na busca de
motivos que linchem os cidadãos segundo a sua cartilha ideológica sectária, com
base em slogans de uma falsa bondade e de uma liberdade sem travão, pondo, por
contraste, rótulos da sua agressividade segundo esses dados do seu saber único
de defensores dos oprimidos. Nunca esqueço o meu velho Peugeot, que o meu
marido me enviou de Moçambique, onde ficou ainda alguns meses após a nossa
vinda, precipitada por necessidades de organização das vidas escolares dos
filhos mais velhos, Peugeot que tinha naturalmente o seu volante à direita, e
que bastas vezes foi responsável pelo apodo de “fascista” que me era dirigido
por algum motorista ferrenho, a ultrapassar-me, mandando-me de regresso ao
sítio dessas “raças humildes e pretas” da minha exploração colonialista.
Troquei de carro assim que pude, não tão cedo como o meu pacifismo obscuro mo
pedia, mas o exemplo, embora já bem antigo, serve para corroborar a
argumentação de Helena Matos no seu
texto magnífico, ao qual aporei comentários que são igualmente elucidativos
sobre os novos tempos.
A crónica de João Miguel Tavares, sobre um desses
rótulos, aplicado a um talvez próximo exemplo de fascista a abater, servirá
como complemento enriquecedor:
O fascistómetro da Fascislândia /premium
OBSERVADOR,
6/10/2018
Nas redacções e na cabeça de cada um estão instalados os fascistómetros,
uns preciosos aparelhos que permitem a cada um saber o que tem de dizer para
não ser acusado de fazer parte da Fascislândia
Fascilândia. Terra na qual estamos sempre em risco de nos tornar, caso
não façamos o que a esquerda e a extrema-esquerda determinam.
Fascistómetro. Aparelho essencial para se sobreviver sem se ser
mediaticamente linchado e acusado de fazer parte da Fascilândia. O
fascistómetro detecta não só quais os assuntos que se podem abordar mas também
em que perspectiva. Por exemplo, uma mulher que acuse um homem,
de preferência conservador, branco e cristão de ter tentado violá-la numa festa
universitária há trinta anos é uma heroína. Já se a mesma mulher não aceitar
com muita sociologia ser assaltada e agredida num comboio suburbano estamos a cair
no chamado caso de populismo. Se em cima disso ela identificar o agressor como
proveniente de África ou do Médio Oriente então ela torna-se um exemplar odioso
da Fascislândia.
Em boa parte das redacções estão
instalados sofisticadíssimos e potentes fascistómetros e portanto as notícias
que se entende poderem favorecer a Fascislândia ou não se publicam ou tornam-se
num quebra-cabeças grotesco. Por
exemplo, se lermos as notícias sobre as manifestações de Chemnitz na Alemanha
não percebemos nada: nos títulos invariavelmente referem desfiles
anti-imigração protagonizados pela extrema-direita. No corpo das
notícias constata-se que estas manifestações tiveram origem na agressão levada
a cabo por um afegão e um sírio contra um alemão de origem cubana. Omitiram portanto os jornalistas,
certamente porque os fascistómetros lho indicaram, que o agredido era também
imigrante. Logo definir as manifestações como anti-imigração é um exercício de
má fé ou de absurdo, o que no caso europeu vai dar ao mesmo.
Gerador de sinónimos. Ferramenta
indispensável a qualquer fascistómetro, o gerador de sinónimos de imediato
passa expressões inconvenientes a slogan motivacional. Por exemplo,
“mais impostos” traduz-se por combate às desigualdades; aprovação de legislação
autoritária por protecção a …. (preencher a gosto); dirigismo político da
justiça e da ciência por combate ao preconceito; mau desempenho da escola
pública por escola inclusiva e promotora do sucesso…
O fascista de turno. Existe sempre um fascista de turno. Aliás
boa parte do que se designa como actividade política são apenas declarações
contra o fascista de turno. Agora temos o Bolsonaro que é fascista.
Antes do fascista Bolsonaro era Trump
o fascista de turno. E antes do Trump havia a senhora Merkel, que ocupou durante
algum tempo o lugar deixado vago pelo fascista Bush. Note-se que o Sarkozy
também já foi fascista. O Berlusconi transbordava fascismo! E o austríaco
Haider recordam-se? Quem não se lembra das discussões genesíacas sobre se
Guterres lhe apertava ou não a mão?
A sucessão de fascistas corre a tal velocidade que tem acontecido o
fascista de ontem tornar-se no homem de Estado de hoje, para tal basta-lhe
dizer algo que seja entendido como uma crítica ao seu sucessor no turno do
fascista. Foi deste modo que, por exemplo, o senador McCain passou de candidato
fascista em 2008 a político notável em 2018. Ou seja, em 2008 o senador McCain
era avaliado em função da sua candidatura contra Obama já em 2017 e 2018 o que
contava era o seu posicionamento contra Trump. O que leva a que alguém seja definido como fascista raramente é a sua
relação com o fascismo mas sim com a esquerda e a extrema-esquerda. Esta avaliação em função da perspectiva e
não dos actos leva a situações inexplicáveis para quem não conhece o processo de
produção de fascistas de turno e o funcionamento dos fascistómetros. Por exemplo, o ex-presidente Obama ocupa
o top da bondade nos fascistómetros europeus apesar de durante os seus mandatos
vários líderes europeus terem sido colocados sob escuta por agências
norte-americanas. Contraditório? De modo algum: o fascistómetro não trata da
realidade mas sim da narrativa que sobre ela é produzida.
A luta contra a Fascislândia. Porque,
seja protagonizada por quem for, o que conta é a luta. Não pode haver um dia ou
uma hora sem luta. As sociedades não podem ter o direito à tranquilidade.
Mal uma luta acaba outra tem de começar. As causas mais destrambelhadas,
insanas e contraditórias são aceites (Que saudades de ver e ouvir o nosso
primeiro-ministro Vasco Gonçalves, nascido em berço de ouro e transformado, por
falta de melhor figura, em filho adoptivo do MFA, arengando que os operários
até preferiam dar vivas às comissões de moradores em vez de comprarem um
frigorífico!) Os propósitos
mais injustos tolerados. As
reivindicações mais inacreditáveis satisfeitas (recomendo que se leia sobre o
apoio público das autoridades de Berlim à pornografia feita por mulheres ou que
seja considerada feminista.) Levantar a mínima objecção a este chorrilho de
inanidades leva a ser-se definido como de extrema-direita. Claro que há
quem pense que compra tempo e sossego dando o seu apoio à luta de hoje por mais
grotesca que se apresente. Esta
anomia de quem devia defender os valores fundamentais da sociedade que somos
(ou fomos) face ao ritmo trepidante a que os activistas da luta submetem as
sociedades levou ao desaparecimento do centro.
A etnopolítica. Inicialmente a luta contra a Fascislândia era feita pelo povo
trabalhador, em particular pela classe operária. Pertencer à classe operária
dava automaticamente direito a um estatuto de superioridade moral mesmo quando
os actos pareciam questionáveis: um camponês esfaqueava o patrão? A culpa era do patrão mesmo que morto. Um metalúrgico, mal tinha entrado
numa metalurgia, tornava-se líder político mas ninguém debatia com ele a sério
porque não se podia mostrar como o metalúrgico era ignorante…
Todo este universo da luta
contra a Fascislândia tinha o seu ideolecto: era o ódio de classe, os inimigos de classe, os traidores de classe, os
vícios de classe, os capitalistas, os exploradores, os renegados… No caso das classes marcadas pelo
pecado original de não serem populares, apenas alguns conseguiam escapar a esse
destino-aleijão: Álvaro Cunhal, por
exemplo, tornou-se “filho adoptivo do proletariado português”.
Agora o proletariado já não adopta ninguém, a luta deixou as
fábricas (que só poluem) e a terra que seria de quem a trabalhasse está
transformada no local onde os “disneyactivistas” legislam em prol da criminalização
do presunto e da instituição da sua utopia dos porquinhos falantes e dos perús
animais de companhia.
Os teóricos da luta de classes trocaram o materialismo dialéctico
pela técnica do confessionário dos reality shows: o que conta é a vida privada,
o quem dorme com quem, o que se disse ou fez há trinta anos… Já o socialismo científico foi substituído pela
etno-política (tão cientifica agora quanto o socialismo o foi no passado):
temos os negros, os homossexuais, os transgender, as mulheres… que é suposto
cumprirem o seu destino político votando contra quem os fascistómetros locais
indicam, da mesma forma que nos anos 70 do século passado se esperava que os
operários dessem vivas a Marx, Engels e Lenine.
PS. O
presidente da Interpol terá sido preso. Para quem não tenha percebido bem o que
está em causa explico melhor:
Meng Hongwe, presidente da Organização Internacional de Polícia Criminal
começou por desaparecer após ter partido para uma
viagem à China, a 29 de Setembro. Depois surgiram notícias que o dão
preso pelas autoridades chinesas. O desaparecimento de um polícia é grave. O
desaparecimento do director da Interpol, seja porque razão tenha sido, é um
facto gravíssimo. O silêncio sobre o seu desaparecimento vai manter-se até
quando? E é um sinal de quê?
COMENTÁRIOS:
José Pereira: Excelente artigo! As massas são
manipuladas como carneiros, para a re-formatação de uma nova (velha?) ordem
mundial de acesso ao poder (esquerdas a falar em nome do povo). Mas assim era
fácil demais. Essa acção está a ter uma contra-reacção natural e espontânea das
classes médias que já não caem na esparrela de quem montou este circo e não
querem continuar a serem os palhaços que bancam a festa... como toda a
contra-reacção espontânea, será de natureza radicalmente oposta: daí aparecem
os bolsoneros e os trumps. No final, até estes dois opostos se anularem,
perderemos todos. Mas as geringonças não se vão safar. Afinal as massas não são
assim tão estupidas! Será essa a conclusão dos historiadores quando estudarem
as duas primeiras décadas deste século.
Joaquim Moreira: Esta
crónica de Helena Matos revela e confirma a força desta União da Força Bruta,
de que falava também Alberto Gonçalves
na sua crónica de ontem. Na verdade nesta Fascislândia, com ou sem
fascitómetros, a massa bruta de inteligentes e seus descendentes já nem pensa.
Limitam-se a fazer parte desta União de cartilhas de Esquerda e de Extrema
Esquerda, liderada por Pensadores da Escola Comum, dos velhos camaradas
Trotsky, Marx e Mao, em pleno século XXI. Daí que, "para conseguires
pensar por ti próprio tens de correr o risco de ser ofensivo", diz
Jordan B. Peterson nas suas "12 Regras para a vida". E digo eu,
agradecendo a Helena Matos a coragem de dar combate a esta União da Força
Bruta, "correndo o risco de ser ofensiva".
: Excelente análise que
identifica, sem quaisquer dúvidas, um dos motivos do esvaziamento do centro: a
propensão dos políticos do centro (centro-direita e centro-esquerda) "para
comprar tempo e sossego dando o seu apoio à luta de hoje por mais grotesca que
se apresente". Nem mais. A submissão de políticos fracos à tirania dos
activistas (da rua e das redes sociais), sempre a pensar como ganhar a próxima
eleição sem despertar muitos anticorpos, está a afundar o Centro. Até prá
semana HM.
: D.ª Helena Matos: Serei incansável em
lhe dar os parabéns pelos seus artigos. Em primeiro lugar, são destemidos.
Depois, são profundos: lógica, coerência e contundentes. Não se trata de mera
filosofia aérea, sem objetivo. O seu raciocínio límpido atinge o inimigo. Direi
melhor o Inimigo com letra maiúscula, pois não se trata de um inimigo pequeno,
mas o Inimigo do género humano. Pensará alguém que estou a exagerar?
A senhora usou como jornalista um termo para designar o comportamento
de certo jornalismo atual: anomia. Fui ver ao dicionário Houaiss: "estado
da sociedade em que desaparecem os padrões normativos de conduta e de crença, e
o indivíduo, em conflito íntimo, encontra dificuldade para conformar-se às
contraditórias exigências das normas sociais".
Vamos analisar: é um estado da sociedade. Não só da lusa, mas da
brasileira, da inglesa, da alemã, da norte-americana et al. A senhora mostra
essa premissa com exemplo mundiais, nacionais etc.
Padrões normativos de conduta e de crença desaparecem. Desaparecem de
tal modo que o que ontem era um comportamento admitido como razoável num
sentido. Meses ou anos depois, é assumido como o contrário. Um sujeito
era bem visto, um herói. Torna-se, pouco depois, um bandido a ser abatido.
Qual o motivo? O sujeito passou de um comportamento bem visto
pela mass media ou midia para um comportamento mal visto por ela,
pela midia. Ou vice versa. Essa metodologia se aplica a um indivíduo, a um
grupo pequeno, a uma região, a uma nação. É uma metodologia cujo método é
louvar quem está sempre de acordo com a mídia. Certo jornalismo induz ou é
induzido por políticos, artistas, comentaristas, enfim, é uma cabala que aponta
as normas do bullying , do mal visto para quem quer no momento
denegrir, atingir, maltratar ou até derrubar de vez. E ai de quem fugir da moda
da norma: é pior do que fugir de um dogma da religião católica. Não tem
remissão, não tem perdão. Está condenado ou condenada.
Há um marco histórico, no qual a senhora poderá encontrar a fonte mais
próxima de essa mudança de regras contraditórias: a Revolução da Sorbonne. Com
os seus mais de 68 slogans, há 40 anos (leia-as aqui http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL463636-15530,00-CONHECA+DAS+FRASES+MAIS+MARCANTES+DE+MAIO+DE.html) , pôs o mundo de pernas para o ar. Era apenas
uma revolução estudantil disseram os inocentes úteis que fazem parte do colectivo
idiota, que apenas que viver a vidinha miúda de todos os dias. Foi a mudança de
paradigmas que, hoje, o mundo inteiro carneirosamente assume porque, pela goela
abaixo, a mídia, as políticos afinados com as ideologias da Escola de
Frankfurt: gramsciana, na sua quase totalidade. Em Frankfurt nasceu, em Paris foi
posta em prática, depois que o comunismo caminhava para o seu fim.
Na Igreja Católica, o Concílio Vaticano II foi, por seu lado, o
desfazedor das normas milenares do Magistério, instituídas pelo próprio Cristo,
quando se encarnou e nos veio redimir, colaborou para essa anomia dentro dos
arraiais sacrossantos da verdadeira civilização já torpedeada pelo
protestantismo, Revolução francesa e Comunismo. E hoje há quem goela abaixo
queira que os católicos bons sejam mais vistos, porque não aceitam o modernismo
das normas mudadas (o homossexualismo, a pedofilia, o gaysismo deve ser
pacificamente aceito).
Hoje, o Poder, com "P", está em organizações pagas por
aqueles que querem estabelecer a Nova Ordem Mundial preconizada pela escola de
Frankfurt.
Gosto imenso de ser seus artigos, porque a senhora consegue esculpir o
Inimigo com conceitos precisos saídos do seu raciocínio claro, pouco poluído e
nada subserviente a esse jornalismo de esquerda tão operoso, medroso e escravo
de seus patrões da Mídia Mundial. Parabéns. Continue a escrever. Deus a
abençoará sempre. Creia-me.
II - OPINIÃO
Bolsonaro: um fascista é um fascista
Entre um fascista impoluto e um
democrata corrupto, eu escolho o democrata corrupto.
JOÃO MIGUEL TAVARES
PÚBLICO, 6 de Outubro de 2018
Jair Bolsonaro tem uma grande
vantagem para as pessoas que, como eu, já não aguentam ouvir tanta má
utilização da palavra fascista. A esquerda diz: “Marine Le Pen é fascista.” E a
gente esforça-se por explicar que Le Pen é deplorável e infrequentável, mas não
é fascista. A esquerda diz: “Donald Trump é fascista.” E a gente lá tem de
explicar que Trump é uma vergonha ambulante com claros tiques autocráticos, mas
que não, não é fascista. A esquerda diz: “Jair Bolsonaro é fascista.” E aí,
finalmente, temos o privilégio de poder concordar: Bolsonaro é efectivamente fascista. Era bom que a direita admitisse
isso, também para ter a autoridade moral para clarificar aqueles que não o são.
Jair Bolsonaro é tão fascista quanto um fascista consegue ser fascista num país
democrático. E como é possível que venha a ganhar a presidência do Brasil,
convém ter isso bem claro na cabeça.
A dificuldade que alguma
direita tem em admitir esta evidência preocupa-me. A razão da cegueira
voluntária é simples, e partilhada por muitos brasileiros: como a esquerda PT é
a mais clara encarnação de um sistema profundamente corrupto e a eleição de
Fernando Haddad pode significar o indulto para Lula, prefere dar-se a Bolsonaro
o tratamento trumpiano, ou seja, aplicar um desconto generoso às barbaridades
que o homem diz, à espera que sejam apenas figuras de estilo. Só que o Brasil
não é os Estados Unidos da América – no Brasil, convém não arriscar. Bolsonaro pode perfeitamente ter a tentação
de levar a sério o seu amor pela ditadura militar, esse tempo saudoso em que,
nas suas palavras, havia “respeito, segurança, ordem pública” e as autoridades
“não enriqueciam” à custa do povo.
Outra razão para afirmar que Bolsonaro não é fascista: o seu programa
económico. Paulo Guedes, que é apontado como o futuro
líder das Finanças de um governo seu, tem um discurso de privatização radical
da economia brasileira, de forma a conseguir uma diminuição significativa do
peso da dívida, associado a uma simplificação tributária drástica, de
preferência com um único imposto federal. Isto,
de facto, não é fascismo, mas neoliberalismo – só que os Chicago Boys já
mostraram a compatibilidade entre uma coisa e outra no Chile de Pinochet, nos
anos 70 e 80.
É sempre possível adoptar a
distinção que o colunista brasileiro Rogério Maestri estabelece entre “comportamento fascista” (que Bolsonaro
terá) e “ideologia fascista” (que ele não tem). Mas, para o caso, parece-me
pouco relevante. Tal como Maestri, prefiro apelidar Bolsonaro de burro
esperto. Esperto, porque percebeu que o seu discurso sobre a moral e a
segurança tinha tudo para entrar como faca em manteiga no actual eleitorado
brasileiro. Burro, porque fora dessa conversa dos valores tradicionais da
família, da necessidade de ordem e do combate à corrupção, Bolsonaro não tem a
menor ideia sobre coisa nenhuma.
Votar num burro esperto (e
perigoso), que quer aumentar o número de juízes no Supremo de 11 para 21 para
poder nomear a maioria, não é uma opção aceitável. Bolsonaro parece fascista, cheira a fascista e fala
como um fascista. Defende a violência do Estado, a pena de morte e a tortura;
maltrata grupos sociais vulneráveis (homossexuais, negros, índios); e tem um
discurso de coesão nacional racista e paranóico. Olhar para isto e dizer, com
os dedos cruzados, “é só pose”, parece-me uma jogada estupidamente arriscada. Entre um fascista impoluto e
um democrata corrupto, eu escolho o democrata corrupto.
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