São de Maria João Lopes os
textos do Público que seguem, o
primeiro acerca das eleições brasileiras e o ponto de vista de alguns
portugueses, com as respectivas razões desses. Naturalmente, os amantes da
esquerda, bem como alguns assim-assim, odeiam Bolsonaro, mas querem mostrar que
estão contra um Lula de esquerda que
destruiu, ao que parece, o sentido da palavra democracia, ao permitir tanta
corrupção, favorecedora dos seus próprios ideais de sobrevivência, por isso
parece que não arriscam informar que votariam rotundamente Fernando Haddad, seu apoiante, mas apenas que não votariam em Bolsonaro, um criminoso em potência. Jaime Nogueira Pinto, corajosamente,
afirma-se a favor de Bolsonaro, o que lhe merecerá muitos doestos de uma
sinistra esquerda, como se esperaria.
Quanto a Cavaco Silva,
apenas informo que o apanhei já em plena entrevista de Clara de Sousa, no Canal 5, sobre o seu segundo livro de memórias
políticas que publicou, e gostei da sua boa aparência física e arrojo mental em
defender os seus pontos de vista, que lhe mereceram sempre os ataques dos da
sujeição aparente aos ideais democráticos. De facto, uma vez mais, ele é
tratado com muito desprezo irónico pelos tais, no artigo de Maria João Lopes. Mas os comentários de
apoio e simpatia, desta vez foram superiores aos negativos. Apenas cito um.
I - Jaime Nogueira Pinto votaria
Bolsonaro. Nobre Guedes também o admite
O politólogo votaria Bolsonaro,
por entender que “se proclama nacionalista e religioso e defende os valores
tradicionais contra a agressão das contra-culturas marginais que se querem
impor como regra”. João César das Neves votaria Haddad.
PÚBLICO, 26 de Outubro de 2018
À pergunta “em quem votaria nestas eleições brasileiras e porquê?”, o
politólogo Jaime Nogueira Pinto
assume sem rodeios: “Em Jair Bolsonaro”.
Não é o único no espectro da direita em Portugal a admitir o voto no
controverso candidato de extrema-direita às eleições presidenciais brasileiras. O ex-dirigente
democrata-cristão Luís Nobre Guedes também admite que escolheria abster-se ou
votar Bolsonaro, sempre “contra o PT”.
Numa resposta enviada por
escrito ao PÚBLICO, Jaime Nogueira Pinto explica as razões pelas quais votaria
em Bolsonaro (pela negativa e pela positiva) e ainda as “reservas”. Que
razões apresenta, então, para votar em Bolsonaro “pela positiva”? “Porque Bolsonaro se proclama nacionalista e
religioso e defende os valores tradicionais contra a agressão das
contra-culturas marginais que se querem impor como regra.
Quanto às “reservas”,
acrescenta: “Dito
isto, acho que por vezes Bolsonaro usa uma linguagem demasiadamente brutal e
violenta na polémica. Mas não serão esses excessos retóricos – e um ‘processo
de intenções’ que a esquerda quer levantar e sobrevalorizar – que devem impedir
alguém de votar contra a continuação do poder petista.”
Já em relação aos motivos que o
levariam a votar “pela negativa” em Bolsonaro, Jaime Nogueira Pinto
escreve que “a alternativa é
Fernando Haddad, um subestabelecido de Inácio Lula da Silva e por isso um
representante de um ‘mecanismo’ de corrupção organizada que governou o Brasil
por mais de uma década”. E acrescenta ainda: “Devo dizer que as histórias do Mensalão, do Petrolão e do Lava-Jato me
chocaram e entristeceram, pois, apesar das diferenças políticas, tinha uma
certa simpatia por Lula, e nunca o teria imaginado cúmplice de tais esquemas. E
também porque o grau de insegurança, com mais de 60.000 assassinatos só em
2016, chumba qualquer governo”.
Quanto a Nobre
Guedes, que sublinha ter vivido cerca de cinco anos no Brasil e continuar
a ter escritório de advogados em São Paulo e no Rio de Janeiro, escolheria um
de dois caminhos: a abstenção ou o voto em Bolsonaro.
“Votaria convictamente contra o PT. Dizer que votaria a favor, é
mais difícil. Acho o PT a maior tragédia
que o Brasil conheceu. Aquela
corrupção generalizada, a violência, a pobreza. Acho que era minha
obrigação, como democrata, votar contra aquilo que põe em causa a democracia
que é este reino do PT. É como vejo as coisas, se calhar mal, mas é assim”,
diz, recordando as eleições em que o comunista Álvaro Cunhal apelou ao voto no
socialista Mário Soares, porque o adversário era a direita representada por
Freitas do Amaral. “Se for preciso tapem a cara [de Soares no boletim de voto]
com uma mão e votem com a outra”, pediu Álvaro Cunhal.
Nobre Guedes dá uma reviravolta
à história, para falar do presente e das razões que o levam a admitir um voto
em Bolsonaro: “Tenho a certeza que dr. Álvaro Cunhal não concordaria com Mário
Soares e votou”, diz, contrariando que seja o candidato Jair Bolsonaro quem
poderá colocar em causa a democracia no Brasil. “O que eu acho que põe em causa
a democracia do Brasil era uma eventual vitória do PT, que originaria uma
profunda revolta social e popular”, afirma.
“Não concordo com Bolsonaro em inúmeras coisas, com aquilo que tem
dito, estou mesmo nos antípodas, mas concordo muito e bastante na parte
económica”, afirma Nobre Guedes, sem concretizar, no entanto, quais as
propostas ou afirmações
de Bolsonaro que merecem discordância. “Na parte política, quem me conhece sabe
que não subscrevo muitas coisas que tem dito”, declara. Quais, em concreto? As
que se referem aos homossexuais? Às mulheres? Aos negros? “Não ouvi, tem de se
ver o contexto [em que foram ditas as afirmações de Bolsonaro], mas sim, são
coisas unânimes em se discordar. Mas, para mim, a questão é ser
condescendente ou não com o tempo que o PT esteve no poder”, afirma.
César das Neves votaria Haddad
Também há, porém, no espectro
da direita, quem recuse o candidato Jair Bolsonaro. O professor universitário e
economista, João César das Neves,
por exemplo, diz ao PÚBLICO por email que
votaria Fernand Haddad: “Porque temo pela
democracia brasileira na alternativa.”Nesta semana, a líder centrista, Assunção Cristas, disse em entrevista
ao PÚBLICO e à Renascença que não votaria nestas eleições no Brasil. À
pergunta “abstendo-se, não estaria a dar a vitória a Bolsonaro?”, respondeu:
“Não sei. Dependeria de todos os que votassem do outro lado. Eu certamente não
seria capaz de votar num partido que destruiu o sistema democrático brasileiro,
que é responsável pelo outro extremismo que está a crescer. Como também, apesar
de ser do espaço político de centro direita, não me revejo nos extremismos
de Bolsonaro e não seria capaz de votar nele.”
Até agora, porém, têm sido mais
os intelectuais,
políticos e artistas portugueses, da direita à esquerda, a posicionarem-se
contra Bolsonaro. A 17 de Outubro, o PÚBLICO
noticiava que nomes como o de Eduardo
Lourenço, Freitas do Amaral, Francisco Louçã, Francisco Pinto Balsemão, Pepetela,
Ricardo Araújo Pereira, José Pacheco Pereira, Boaventura Sousa Santos, Manuel
Alegre, Sérgio Godinho, entre muitos outros, assinavam um texto, apelando à
derrota do candidato Bolsonaro.
No texto, Solidariedade com a
democracia e com os democratas do Brasil, pode ler-se que o
candidato Jair Bolsonaro “promove o elogio da tortura e da ditadura, que propõe
a discriminação das mulheres e o desprezo pelos pobres, representando uma
cultura de ódio”.
UM COMENTÁRIO:
tp.ocilbup@sepoljmJosé Sousa: Os votantes da marionete de Lula, o Haddad,
envolvido em diversos processos, são efectivamente responsáveis morais e alguns
materiais de todos os crimes do reinado do PT. Passaram pelo governo durante
mais de uma década e o resultado miserável está à vista. Os mais de 60 0000 mil
assassinatos, ligações às piores ditaduras e Farc, assim como a tentativa de
destruição cultural do país, através do seu marxismo cultural, vai ser travada
finalmente a alguém que não é o melhor político do mundo, mas é dos coerentes e
corajoso. Oxalá que os muitos interessados pelo velho sistema não o eliminem.
Comunismo nunca mais. E será mais um prego no caixão do activismo político
transvestido de jornalismo.
II - CAVACO SILVA - PCP:
“Percebe-se que Cavaco queira mostrar que existe.” BE chama-lhe “ressabiado”
Comunistas recordam ainda “a patética
tentativa de manter com vida o Governo PSD-CDS que havia sido política e
socialmente condenado nas eleições de 2015”.
PÚBLICO, 26 de
Outubro de 2018
O PCP já reagiu às declarações do
antigo presidente da República Cavaco Silva, que revelou estar surpreendido com a facilidade com que bloquistas
e comunistas “se curvaram” perante as imposições ditadas pelo ministro das Finanças. “Percebe-se
que Cavaco Silva queira mostrar que existe”, começam por escrever os
comunistas, acrescentando ainda que “o que
Cavaco Silva não tolera nem se conforma é com o facto de o PCP não se curvar”
perante os objectivos que perseguiu enquanto primeiro-ministro e Presidente.
Já para os bloquistas, Cavaco ataca o BE porque o partido tem agora
mais força: “Esta menção explícita ao BE não é apenas por ser um homem
ressabiado, com esse traço ácido perante a realidade que muda. Acho que é uma
referência que Cavaco tenta fazer, porque hoje o BE tem mais poder. É um ataque
político, porque hoje BE tem capacidade de influenciar as decisões”, diz o
deputado José Manuel Pureza.
Na nota enviada pelo gabinete de imprensa do PCP, os comunistas
escrevem ainda: “Percebe-se que Cavaco Silva queira mostrar que existe. O PCP afirma e afirmará o direito do país a
um desenvolvimento soberano inseparável da libertação da submissão às
imposições da União Europeia e ao euro.”
Os comunistas acrescentam também que “o que Cavaco Silva não tolera
nem se conforma é com o facto de o PCP não se curvar aos seus objectivos, à sua
obsessão de querer manter o país, os trabalhadores e o povo amarrados à marcha
de exploração, empobrecimento e saque de recursos nacionais que, enquanto
primeiro-ministro antes, e Presidente da República depois, sempre procurou
garantir, como o revela a patética tentativa de manter com vida o Governo
PSD-CDS que havia sido política e socialmente condenado nas eleições de 2015”,
recordam ainda.
Em causa estão as declarações que Cavaco Silva fez na manhã desta
sexta-feira à TSF. A propósito do lançamento do volume mais recente das suas
memórias, «Quinta-Feira
e Outros Dias: Da Coligação à Geringonça»,
compara a atitude destes partidos de esquerda face à austeridade decretada
nos tempos do Governo de Pedro Passos Coelho com aquela que manifestam agora
com o Governo socialista: “Agora aceitam com toda a facilidade a imposição do
ministro das Finanças – correctamente – para respeitar aquilo que ele
próprio procura impor no Eurogrupo aos outros países, nos mais variados
domínios fiscais ou de despesas públicas.”
O “homem ressabiado”
A reacção do BE às palavras de Cavaco também não tardou: “Sempre que
no plano económico e no plano social Cavaco quis recuar e sempre que o PS
hesitou no caminho, o BE esteve do lado do avanço, ou seja, Cavaco recua, PS
hesita e BE avança”, diz José Manuel Pureza, dando de seguida exemplos. “O PS queria
congelar as pensões. Cavaco apoiaria certamente o programa do PSD, que era não
de congelamento, mas de diminuição de pensões. E o BE conseguiu um aumento de
pensões. O PS queria o despedimento conciliatório, Cavaco estaria certamente de
acordo, deu vários sinais de que era precisar flexibilizar as relações
laborais, o BE conseguiu vitórias para estabilidade das relações laborais”,
enumera o deputado.
“Esta menção explícita ao BE não é apenas por ser um homem ressabiado,
com esse traço ácido perante a realidade que muda. É uma referência que Cavaco
tenta fazer, porque hoje o BE tem mais poder. É um ataque político, porque hoje
o BE tem capacidade de influenciar as decisões.”
Em suma, diz o bloquista: “Não tem sido um caminho fácil, mas nesse
caminho Cavaco tem estado de um lado e o BE do outro. O país tem estado melhor
graças ao empenho do BE e Cavaco não gosta desse país melhor. Não gosta disso,
é inimigo disso. O país avançou com o contributo do BE e o Cavaco está onde
sempre esteve, contra esses avanços.”
UM COMENTÁRIO
Gabriel
Moreira, Lisboa 26.10.2018
: Oh ti Jerónimo. O Cavaco Silva
existe mesmo. Foi o único português que venceu quatro eleições com maioria absoluta.
Não precisa para isso de fazer qualquer esforço. Mas eu sei, o PCP precisa
sempre de demonstrar mesmo, que apesar dos seus 10% de votantes também existe.
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