sábado, 6 de fevereiro de 2010

“Errare...”

A minha amiga espetou o dedo incisivo sobre a página de escrita onde eu transmitira uma salada de informações descabidas que ainda por cima imputara ao seu saber.
Encolhi-me humildemente pedindo desculpa da leviandade, que isto de notícias têm que ser de acordo com “a clara certidom da verdade” que o nosso Fernão Lopes tanto prezou, superiorizando-se nesse empenhamento, ao próprio cronista francês Froissart, ao que se diz.
De facto, o meu texto “À porta secreta”, de quinta feira passada, expunha uma notícia propagandeada pela minha amiga sobre um cientista americano, com direito a bolsa que eu indicava como proveniente da Gulbenkian e acabava com a referência à Fundação Champalimaud, numa evidente falta de atenção pelo que ela tinha tentado explicar e que eu atabalhoara, sem revisão.
Ora, antes que ela se lembre de me instaurar um processo, não por difamação mas por inexactidão de informação, apresso-me a copiar integralmente a notícia do cabeçalho de ACTUALIDADE do DESTAK de 3ª feira, 2 de Fevereiro, que ela me trouxe acusadoramente, no sagrado intuito de repor a verdade, mesmo sem “certidom”. Ei-la a notícia, sublinhada a vermelho no DESTAK:
“Zachary Mainen, coordenador do Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud, acaba de receber uma bolsa do European Research Council (ERC), de 2,3 milhões de euros, a primeira atribuída a um cientista desta área a trabalhar em Portugal. Objectivo: descobrir como funciona realmente a Serotonina, um “químico misterioso” que influi em quase tudo o que acontece dentro de nós, desde a depressão às tomadas de decisão. Zach não esconde a sua própria curiosidade...” Ao lado da fotografia de Zarch havia ainda uma frase deste entre aspas: “A proposta era irrecusável: coordenar um instituto com visão, dinheiro e tecnologia de ponta, num país da Europa”.
Foram, de facto, estes factos que provocaram as arrebatas informações da minha eufórica amiga naquele dia, sobretudo no que concerne à bolsa que eu, ainda mais feliz do que ela, atribuí ao pecúlio financeiro português, embora estranhasse que cá houvesse.
Afinal, o pecúlio não é, de facto, nosso, é da ERC, mas o cientista, não sendo português, é casado com uma cientista portuguesa e parece que está feliz aqui, a estudar os comportamentos da misteriosa Serotomina.
Acho que a minha amiga pensa que teria bom efeito sobre nós também, esse estudo, e sobretudo sobre mim, não sei se o considerou por irónica vingança pelas confusões que armei. Por enquanto, as pesquisas fazem-se sobre ratos, pacientes por excelência, na medicina pesquisadora, afirmou.
Temos que continuar a decidir – mesmo em depressão - sem reforço médico, que por cá não há tantos ratos assim. É o que eu julgo, mas posso estar enganada.

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