É, de facto, um texto sobre Educação. A nossa Educação. Foi-me enviado por email. Não precisa de comentário. Insere-se na linha de “fantasia avaliativa” com que o Governo tem gradualmente destruído a “Educação” e o Professorado em Portugal. Uma Avaliação desonesta, que não incide sobre as competências culturais de professores e alunos, mas que sobretudo favorece as competências galhofeiras dos fabricadores da tal “tralha” inútil. Dentro de um “plano” governativo que me apetece apodar de esquizofrénico, tão convulso e descoordenado parece, nos seus objectivos de dilapidadores sociais, após a dilapidação económica da Nação.
Vale a pena ler o texto:
“A Tralha que atrapalha”
“6.1.10 Publicado por: Ramiro Marques”
«Por que será que a opinião pública tem sido pouco alertada para a tralha que atrapalha? Por que será que o processo negocial, que se arrasta há quase dois meses, não inclui a questão da tralha que atrapalha?
Não há um único professor no país que não saiba qual é a tralha que atrapalha.
Até os inspectores - guardiães da tralha que atrapalha - sabem qual é a tralha que atrapalha.
Até os burocratas que trocaram a sala de aula pelas equipas de "apoio" às escolas sabem qual é a tralha que atrapalha.
E até mesmos os aposentados que integram o CCAP sabem qual é a tralha que atrapalha. Não porque conheçam a realidade das escolas - já que fugiram delas em bom tempo - mas porque ouviram falar da tralha que atrapalha.
Mas, admitindo que haja algumas almas bem intencionadas, embora ignorantes, nas equipas de avaliação externa das escolas, no CCAP, nas equipas de "apoio" às escolas, na DGRHE ou nas DRE, deixo aqui a lista da tralha que atrapalha:
Os projectos curriculares de escola. Não servem para nada: só atrapalham sobretudo porque há quem os altere todos os anos. Já contaram as milhares de horas perdidas pelas equipas e comissões permanentes de revisão dos projectos curriculares de escola e dos projectos educativos de escola?
Os projectos curriculares de turma. Servem para alguma coisa? Sim: para perder tempo.
Os planos de recuperação. Servem para quê? Socializar os prejuízos e privatizar os benefícios. Desculpabilizar e construir sucesso educativo de forma fraudulenta.
Os planos de acompanhamento. Idem.
Os planos de "melhoramento". Idem.
Os relatórios sobre os planos de recuperação e de "melhoramento" (sic). Idem. Monumentos à novilíngua e à trafulhice pedagógica.
Acabem com a tralha que atrapalha. A opinião pública compreenderá que a tralha que atrapalha é nociva ao ensino.
Gostava de ouvir os responsáveis do ME a falar na redução ou eliminação da tralha que atrapalha. Não ouço. A tralha que atrapalha obedece ao plano.»
Fui orientadora de Estágio. Sei o fosso que existe, por vezes, entre o aparato dos dossiers e a execução de uma aula. Mas no meu tempo, havia, de facto, planificações, ao nível da aula, da direcção de turma e da escola. O mais importante centrava-se nos planos das aulas e sua execução.
Agora fazem-se “Projectos”. É tudo projecto, tudo bonitinho, tudo cheio de clichés, de retórica provinda dos dossiers ministeriais, feitos por pessoas que, bem instaladas nos seus cargos de promoção, se esquivaram às realidades escolares, que se limitam a adoptar deslumbradamente dos textos pedagógicos estrangeiros. Fazem um vistão. E impõem os mesmos clichés, geralmente inanes, geralmente risíveis no repetitivo dos chavões, para preencher com cruzes.
Chamam a isso rigor. Parece-me antes folclore. E falta de seriedade. Porque só se pode avaliar com rigor aquilo que foi transmitido com rigor e que foi captado com atenção.
Mas a permissividade da desatenção, da insubordinação, da indisciplina, da falta de comparência e de pontualidade, da falta de educação cada vez mais pronunciada, condenam o ensino.
E ninguém se propõe modificar. Porque a Democracia é o estandarte empunhado por gregos e troianos para impedir a seriedade, no nosso país de opereta. Ou, mais ao nosso jeito, de folclore.
Vale a pena ler o texto:
“A Tralha que atrapalha”
“6.1.10 Publicado por: Ramiro Marques”
«Por que será que a opinião pública tem sido pouco alertada para a tralha que atrapalha? Por que será que o processo negocial, que se arrasta há quase dois meses, não inclui a questão da tralha que atrapalha?
Não há um único professor no país que não saiba qual é a tralha que atrapalha.
Até os inspectores - guardiães da tralha que atrapalha - sabem qual é a tralha que atrapalha.
Até os burocratas que trocaram a sala de aula pelas equipas de "apoio" às escolas sabem qual é a tralha que atrapalha.
E até mesmos os aposentados que integram o CCAP sabem qual é a tralha que atrapalha. Não porque conheçam a realidade das escolas - já que fugiram delas em bom tempo - mas porque ouviram falar da tralha que atrapalha.
Mas, admitindo que haja algumas almas bem intencionadas, embora ignorantes, nas equipas de avaliação externa das escolas, no CCAP, nas equipas de "apoio" às escolas, na DGRHE ou nas DRE, deixo aqui a lista da tralha que atrapalha:
Os projectos curriculares de escola. Não servem para nada: só atrapalham sobretudo porque há quem os altere todos os anos. Já contaram as milhares de horas perdidas pelas equipas e comissões permanentes de revisão dos projectos curriculares de escola e dos projectos educativos de escola?
Os projectos curriculares de turma. Servem para alguma coisa? Sim: para perder tempo.
Os planos de recuperação. Servem para quê? Socializar os prejuízos e privatizar os benefícios. Desculpabilizar e construir sucesso educativo de forma fraudulenta.
Os planos de acompanhamento. Idem.
Os planos de "melhoramento". Idem.
Os relatórios sobre os planos de recuperação e de "melhoramento" (sic). Idem. Monumentos à novilíngua e à trafulhice pedagógica.
Acabem com a tralha que atrapalha. A opinião pública compreenderá que a tralha que atrapalha é nociva ao ensino.
Gostava de ouvir os responsáveis do ME a falar na redução ou eliminação da tralha que atrapalha. Não ouço. A tralha que atrapalha obedece ao plano.»
Fui orientadora de Estágio. Sei o fosso que existe, por vezes, entre o aparato dos dossiers e a execução de uma aula. Mas no meu tempo, havia, de facto, planificações, ao nível da aula, da direcção de turma e da escola. O mais importante centrava-se nos planos das aulas e sua execução.
Agora fazem-se “Projectos”. É tudo projecto, tudo bonitinho, tudo cheio de clichés, de retórica provinda dos dossiers ministeriais, feitos por pessoas que, bem instaladas nos seus cargos de promoção, se esquivaram às realidades escolares, que se limitam a adoptar deslumbradamente dos textos pedagógicos estrangeiros. Fazem um vistão. E impõem os mesmos clichés, geralmente inanes, geralmente risíveis no repetitivo dos chavões, para preencher com cruzes.
Chamam a isso rigor. Parece-me antes folclore. E falta de seriedade. Porque só se pode avaliar com rigor aquilo que foi transmitido com rigor e que foi captado com atenção.
Mas a permissividade da desatenção, da insubordinação, da indisciplina, da falta de comparência e de pontualidade, da falta de educação cada vez mais pronunciada, condenam o ensino.
E ninguém se propõe modificar. Porque a Democracia é o estandarte empunhado por gregos e troianos para impedir a seriedade, no nosso país de opereta. Ou, mais ao nosso jeito, de folclore.
2 comentários:
E já nem há «Bailemos nós já todas três, ai amigas», que as «avelaneiras frolidas» já eram...
Tal como o ensino da literatura... e um país que não preza os seus autores, não é país que se preze.
Será que um blog é literatura?
Acho que sim, senhora!
É pena que não se identifique. Em todo o caso, agradeço as palavras gentis, que são sempre um estímulo. Fico pensando, pela referência literária, que foi meu aluno. Um abraço. B. Brás
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