quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (11)


TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
ÉPOCA ROMÂNTICA - O SÉCULO XIX

OS FACTOS

1834: Decreto de Joaquim António de Aguiar – o “Mata-Frades”: Confiscação dos bens da Igreja e extinção das ordens religiosas. Principais beneficiários das transferências de propriedades: os capitalistas.
Consequências:
1ª: À concentração feudal sucede a concentração da propriedade liberal: o “barão” sucede ao “frade” - (Cf. “Viagens na minha Terra” de Garrett).
2ª: A dispersão do património artístico multissecular impõe a criação de museus para promover o seu ajuntamento: (Ex.: “Galeria Nacional de Pintura”, 1868 na Academia Real de Belas Artes; Museu Nacional de Belas-Artes, 1884, no palácio seiscentista das Janelas Verdes, já previsto em portaria de 1835).

1832: D. Pedro IV e o desembarque no Mindelo. O cerco do Porto pelos Miguelistas.

1833:
Derrota dos Miguelistas pelo Duque da Terceira junto ao cabo de S. Vicente.
Ocupação da capital. Saldanha derrota os absolutistas em Almoster.

1834: Convenção de Évora-Monte. D. Miguel embarca para o exílio. Morte de D. Pedro IV.


10- D. Maria II, a “Educadora” (1834/1853)
Os dois primeiros anos: Desentendimento entre o Governo e o Parlamento. Dois partidos liberais: Vintistas e Cartistas.

1836: Revolução de Setembro:
1836/1840: O governo setembrista de Passos Manuel: de oposição às oligarquia dominante, governo de esquerda, do partido da pequena burguesia industrial.
- Restaura a “Constituição” de 1822.
- 1837: A “Revolta dos Marechais” chefiada pelos duques da Terceira e de Saldanha, a favor da “Carta Constitucional”.
1838: As Cortes redigem uma nova Constituição - de compromisso entre a Carta Constitucional. de 1826 e a Constituição de 22

Inovações culturais
- Fundação das Academias de Belas-Artes de Lisboa e Porto.
- Fundação da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
- Fundação da Escola Politécnica de Lisboa.
- Criação de Liceus, de escolas primárias.
- Reforma do Teatro, o Conservatório da Arte Dramática (Acção de Garrett).


LITERATURA

I - O Primeiro romantismo português:

As grandes personalidades públicas:

ALMEIDA GARRETT (1799/1854)
- Vertentes da sua personalidade literária: erudição clássica (de formação arcádica); experiência cultural obtida no exílio; abertura à modernidade, originalidade.
- O activista cultural: Reforma do teatro. Jornalismo. Introdutor do Romantismo.
- O escritor polivalenteAs obras-primas de um repertório lírico, novelístico e dramático, de uma nova sensibilidade e de um novo estilo.

Os Exemplos
:

Folhas Caídas”:
A originalidade e autenticidade de uma poesia de expressão dramática, anti-convencional, exibicionista e teatral, no confessionalismo arrebatado dos seus conflitos passionais (os temas da paixão carnal, do ciúme, do remorso, do repúdio, da evocação dos sítios vividos), no carácter circunstancial das referências pessoais na variedade dos seus ritmos breves, de estilo muitas vezes coloquial, jogando com novos valores semânticos– a sinestesia, o simbolismo ou recuperando estruturas medievais.

Viagens na minha Terra”:
A modernidade ficcional de um “despropositado e inclassificável” livro (Cap. XXXII), na alternância dos seus dois blocos narrativos – da “viagem” e da “ficção” – com sobreposição final dos dois planos – em que a “novela do Vale” funciona como metáfora da “Viagem, no sentido pessimista de uma ideologia de frustração, pela identificação de figuras representativas da antinomia “frade” / ”barão” da narrativa da primeira instância – a Viagem a Santarém – como “Frei Dinis” /” Carlos” (da narrativa de 2ª instância – “Novela”), este mesmo Carlos funcionando como um “alter ego” de Garrett, em complexo jogo semântico raiando o absurdo.

Frei Luís de Sousa”:
A confluência de elementos dramáticos – de acção, lugar e tempo – na formação de uma unidade estrutural envolvendo internamente Exposição, Conflito (com hybris, pathos, anankê), e Desenlace (com a peripécia do Reconhecimento – anagnórise - seguido de Catástrofe) para além de características de nobreza e estatura moral das personagens, gravidade da acção, fatalismo..., conferem a esta peça o estatuto de tragédia ao modo clássico.
Características de drama ao modo romântico encontram-se no discurso em prosa, na “cor local” (representação da época histórica através dos trajes, do mobiliário) na religiosidade, no carácter arrebatado de algumas personagens (Maria, Manuel de Sousa) e ambiguidade de outras (Telmo), nas situações espectaculares (incêndio, morte em cena), na subjectividade da identificação do caso de ilegitimidade - Maria de Noronha / Manuel de Sousa Coutinho - com o caso pessoal de Garrett e sua filha Maria Adelaide.


ARTE

Porto:
1833: Museu Nacional Soares dos Reis (No Palácio das Carrancas)– (O primeiro existente em Portugal: arte sacra, esculturas de Soares dos Reis, pintura de Pousão...
Palácio da Bolsa” (Neoclássico). Arquitecto Joaquim da Costa Lima.
Sala mais importante do Palácio: Salão Árabe, de decoração mourisca.

Sintra:
Palácio da Pena: (De estilos diferenciados – mouro, românico, gótico, oriental, barroco, clássico - de tendência revivalista) Mandado construir por D. Fernando Saxe Coburgo, marido de D. Maria II. Palácio de “conto de fadas”, no cimo da montanha. Arquitecto Barão von Eschwege)

Lisboa:
Teatro Nacional de D. Maria II
: (1843/1854). Arq. Fortunato Lodi. Neoclássico.

Palácio Foz - (Antigo “Palácio Castelo Melhor”, de 1764, arq. Fabri, vendido em 1889 ao 1º marquês da Foz): mansão luxuosa dos marqueses da Foz , pertença actual da Fazenda, a partir de 1945 destinado ao “Secretariado Nacional de Informação e Cultura Popular”. A Escadaria, ao gosto de Luís XIV, em três lanços, a mais bela do país.
As Salas: - “ dos Espelhos”, “Luís XVI”, “dos Painéis”, “de Jantar”, a “Galeria dos Bustos”... de grande riqueza e profusão de ornatos. O recheio do Palácio constitui um património artístico valioso.

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