Humanos. Geológicos. Peguei no
jornal antigo e, adepta de uma figura nacional que sempre apreciei pela sua elegância
moral e intelectual, opinei sobre Francisco Assis, ontem,
indiferente às demasias da sua admiração pelo seu partido, que, logicamente
aceitei, liberal quanto a gostos, mais rendida à postura de nobreza de carácter
que me parece ser a sua. Mas hoje li o artigo de João Miguel Tavares
e ri-me da sua desenvoltura de jovem que, na sua profissão, faz investigação e
transmite os dados, descobrindo sinuosidades e filamentos enredados na nossa
história de humanos em constante trepidação. Achei graça ao artigo de JMT e aí
o transcrevo, sem, contudo, mudar de opinião sobre FA, apoiada apenas nas
exterioridades de uma actuação que sempre apreciei.
Mas encontrei, de passagem, no Público “on line”, a notícia sobre
o sismo de 4,3 na escala de Richter, em Arraiolos, que “abanou” a
capital, e resolvi transcrevê-lo, como lição a fixar, adaptando a alguns sismos
da nossa actuação humana, a mesma magnitude que teve ontem o de Arraiolos, de
intensidade IV na escala de Mercalli, «Moderado», “em que
apenas os objectos suspensos baloiçam”, não há que temer.
I-
OPINIÃO A honra ofendida de
Francisco Assis
José Sócrates
continua a ser o elefante no meio da sala do PS. Sinceramente, esperava de
Assis um pouco mais do que fingir que ele não está lá.
21 de Dezembro
de 2017
A sequência de acontecimentos é esta: Catarina Martins deu uma
entrevista ao Expresso onde afirmava que o PS era “permeável aos
grandes interesses económicos”, uma frase tão original quanto dizer que a chuva
cai do céu. Supersensível, Francisco Assis declarou-se ofendido, e classificou,
num depoimento à Lusa, as afirmações de Catarina Martins como “lamentáveis”,
“inadmissíveis” e um “ataque ao carácter do PS”, partido que no seu entender
(suster o riso) “sempre colocou o interesse público acima de qualquer interesse
particular”. Não satisfeito, na última quinta-feira regressou ao tema para
fundamentar a sua posição num artigo no PÚBLICO, significativamente intitulado
“A
honra do Partido Socialista”.
O pessoal ligeiramente de direita e ligeiramente letrado, como é o meu
caso, gosta de Francisco Assis. Se eu escrevesse no seu estilo gongórico, diria
que Assis é uma personalidade assaz densa e complexa, dotada de sólida formação
política e inteiramente desvinculado de qualquer tipo de culto dogmático. Como
não escrevo, declaro apenas que é um homem ponderado, que dá mostras regulares
de pensar pela própria cabeça, e que tem a vantagem de se opor desde o primeiro
dia à actual solução de governo. Pode parecer pouco, mas dentro do PS é muito.
Contudo, para quem tanto critica os partidos de extrema-esquerda que
apoiam o Governo, Francisco Assis lançou-se no seu texto do PÚBLICO numa
reescrita da História digna dos piores dias estalinistas. Para Assis, a
história gloriosa do PS resume-se à figura fundadora de Mário Soares e à sua
luta para impor uma democracia de tipo ocidental em Portugal. Claro que todos
os elogios que se façam ao Soares dos anos 70 são mais do que justos. Mas
convém que tudo aquilo que aconteceu ao PS nas últimas duas décadas, e
sobretudo entre 2005 e 2011, não seja vergonhosamente eliminado da fotografia.
Convém ainda lembrar que Francisco Assis, se nunca pertenceu ao núcleo
mais próximo de José Sócrates, foi sempre um dos seus mais destacados
defensores, até pela posição que ocupou enquanto líder parlamentar entre 2009 e
2011. Quando Sócrates perdeu as eleições para Passos Coelho, foi em redor da
candidatura de Assis à liderança do PS que se reuniram os socratistas mais
empedernidos, procurando evitar a vitória de António José Seguro. Assis
conheceu o pior PS demasiado de perto para vir agora armar-se em virgem
ofendida, clamando pela pureza de um partido que nas últimas duas décadas
representou, como nenhum outro, o absoluto concubinato entre política e grandes
interesses económicos.
Se Francisco Assis não quer escutar Catarina Martins, então que escute a
sua camarada Ana Gomes,
que ainda há dias declarou ao Observador: “O PS tem de fazer uma
introspecção sobre como se deixou instrumentalizar por Sócrates”, em nome de
“um projecto pessoal de poder e de enriquecimento”. Este óbvio ululante não
pode ser afirmado apenas por Ana Gomes. Tem de ser assimilado, admitido e
expiado pelo Partido Socialista como um todo, evitando as proclamações
patéticas do grande campeão da democracia portuguesa, como se estivéssemos não
em 2017 mas em 1977.
Sim, é verdade que Assis admite no seu artigo que “alguns cometeram
erros e praticaram actos condenáveis em nome do PS”. Só que esta contrição é de
tal forma comedida que chega a ser ofensiva. José Sócrates continua a ser o
elefante no meio da sala do PS. Sinceramente, esperava de Francisco Assis um
pouco mais do que fingir que ele não está lá.
II- Sismos: a diferença
entre magnitude e intensidade
A escala de Richter serve
para medir a magnitude e a escala de Mercalli mede a intensidade.
Magnitude de um sismo (Escala de Richter)
A magnitude é uma
tentativa de comparar sismos em termos da sua energia e poder totais. A duração
do sismo não entra em linha de conta no conceito de magnitude.
A magnitude
avalia-se medindo a máxima deslocação ou amplitude dos traços dos sismógrafos,
sendo determinada depois de feita a correcção devida à distância entre o
epicentro e o sismógrafo.
Teoricamente, os cálculos
de magnitude de várias estações sísmicas deveriam dar o mesmo valor para o
mesmo sismo mas, por vezes, registam-se discrepâncias nas magnitudes registadas
de um dado sismo, devido aos diferentes caminhos das várias ondas de um mesmo
sismo captadas pelo sismógrafo.
A magnitude é um
conceito inicialmente desenvolvido pelo físico e sismólogo americano Charles
Francis Richter (1900-1985) e pelo seu colega Beno Gutenberg, com base no
estudo dos sismos ocorridos na Califórnia.
Na escala desenvolvida em
1935 por Gutenberg e Richter - e que ficaria conhecida pelo nome de escala
de Richter - um sismo de grau 2 é o mínimo que uma pessoa pode sentir (um
ligeiro tremor). Os danos em prédios acontecem acima dos 6.
Para cobrir o enorme leque
de magnitudes dos sismos, a escala de Richter é logarítmica - cada unidade
representa um aumento de dez vezes da amplitude das ondas medidas, e aproximadamente
um aumento de 30 vezes da energia.
Intensidade de um sismo (Escala de Mercalli)
A escala de Mercalli
(Modified Mercalli Intensity Scale) mede a intensidade dos sismos. A
intensidade classifica o grau do tremor. É calculada a posteriori, através da inspecção
dos estragos e outros efeitos dum sismo, que normalmente são maiores junto do
epicentro, diminuindo com a distância.
Durante muitos anos, a
escala mais usada para medir a intensidade de um sismo foi uma escala de dez
pontos desenvolvida por Michele Stefano de Rossi e François-Açlphonse Forel em
1878.
Apesar de tudo, a escala de
Mercalli está hoje quase fora de uso, sendo usualmente substituída pela escala
de Richter, que mede a magnitude dos sismos.
A intensidade da escala
de Mercalli é expressa em numerais romanos - I a XII - e é puramente
descritiva. Para determinar a intensidade, recolhe-se
informação através da resposta a questionários e de relatórios de especialistas
em danos sismicos. A partir dessas informações, é então possível fazer um mapa
isosismal, formado por linhas que limitam as áreas com a mesma intensidade, à
volta do epicentro. Com o mapa dos valores de intensidade é possível estimar a
magnitude e profundidade do epicentro, pelo intervalo dos contornos das linhas
de intensidade e o valor máximo da magnitude.
Escala de Mercalli: graus de intensidade e
respectiva descrição
I - Impercetível: Não sentido. Efeitos
marginais e de longo período no caso de grandes sismos.
II - Muito fraco: Sentido pelas pessoas em
repouso nos andares elevados de edifícios ou favoravelmente colocadas.
III – Fraco: Sentido dentro de casa. Os
objectos pendentes baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem
de veículos pesados. É possível estimar a duração mas não pode ser reconhecido
com um sismo.
IV – Moderado: Os objectos suspensos
baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados
ou à sensação de pancada duma bola pesada nas paredes. Carros estacionados
balançam. Janelas, portas e loiças tremem. Os vidros e loiças chocam ou
tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira
rangem.
V – Forte: Sentido fora de casa; pode ser
avaliada a direcção do movimento; as pessoas são acordadas; os líquidos oscilam
e alguns extravasam; pequenos objectos em equilíbrio instável deslocam-se ou
são derrubados. As portas oscilam, fecham-se ou abrem-se. Os estores e os
quadros movem-se. Os pêndulos dos relógios param ou iniciam ou alteram o seu
estado de oscilação.
VI - Bastante forte: Sentido por todos.
Muitos assustam-se e correm para a rua. As pessoas sentem a falta de segurança.
Os pratos, as louças, os vidros das janelas, os copos, partem-se. Objectos
ornamentais, livros, etc., caem das prateleiras. Os quadros caem das paredes.
As mobílias movem-se ou tombam. Os estuques fracos e alvenarias do tipo D
fendem. Pequenos sinos tocam (igrejas e escolas). As árvores e arbustos são
visivelmente agitados ou ouve-se o respetivo ruído.
VII - Muito forte: É difícil permanecer de
pé. É notado pelos condutores de automóveis. Os objectos pendurados tremem. As
mobílias partem. Verificam-se danos nas alvenarias tipo D, incluindo fracturas.
As chaminés fracas partem ao nível das coberturas. Queda de reboco, tijolos
soltos, pedras, telhas, cornijas, parapeitos soltos e ornamentos
arquitetónicos. Algumas fracturas nas alvenarias C. Ondas nos tanques. Água
turva com lodo. Pequenos desmoronamentos e abatimentos ao longo das margens de
areia e de cascalho. Os grandes sinos tocam. Os diques de betão armado para
irrigação são danificados.
VIII – Ruinoso: Afecta a condução dos
automóveis. Danos nas alvenarias C com colapso parcial. Alguns danos na
alvenaria B e nenhuns na A. Quedas de estuque e de algumas paredes de
alvenaria. Torção e queda de chaminés, monumentos, torres e reservatórios
elevados. As estruturas movem-se sobre as fundações, se não estão ligadas
inferiormente. Os painéis soltos no enchimento das paredes são projectados. As
estacarias enfraquecidas partem. Mudanças nos fluxos ou nas temperaturas das
fontes e dos poços. Fracturas no chão húmido e nas vertentes escarpadas.
IX – Desastroso: Pânico geral. Alvenaria D
destruída; alvenaria C grandemente danificada, às vezes com completo colapso;
as alvenarias B seriamente danificadas. Danos gerais nas fundações. As
estruturas, quando não ligadas, deslocam-se das fundações. As estruturas são
fortemente abanadas. Fracturas importantes no solo. Nos terrenos de aluvião
dão-se ejecções de areia e lama; formam-se nascentes e crateras arenosas.
X – Destruidor: A maioria das alvenarias e
das estruturas são destruídas com as suas fundações. Algumas estruturas de
madeira bem construídas e pontes são destruídas. Danos sérios em barragens,
diques e aterros. Grandes desmoronamentos de terrenos. As águas são
arremessadas contra as muralhas que marginam os canais, rios, lagos, etc.;
lodos são dispostos horizontalmente ao longo de praias e margens pouco
inclinadas. Vias-férreas levemente deformadas.
XI – Catastrófico: Vias-férreas grandemente
deformadas. Canalizações subterrâneas completamente avariadas.
XII - Danos quase totais: Grandes massas
rochosas deslocadas. Conformação topográfica distorcida. Objectos atirados ao
ar.
Fonte:
IPMA
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