segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Uma página importante de vida


Dizia a minha mãe, na brincadeira, nos tempos da minha adolescência alegre, por vezes de jeitos de picardia, quando, por graça, eu destacava qualquer êxito meu, real ou imaginário, em termos de esfuziante gabarolice, dizia a minha mãe, pois, ela própria acreditando nisso, mas, impondo os parâmetros da modéstia, naturalmente, como é de bom tom preservar pelas mães cuidosas em não ultrapassar esses parâmetros ancestrais: “Gaba-te, cesta rota”.
Foi esse, afinal, sempre, o meu sentir, a respeito do que fiz na vida – um gosto que por vezes atraiu comentários de empatia e apreço, a que eu aderia, com convicção, mas que logo se transformava em metafórica cesta de desconjuntadas vergas a desfazer-se no abandono e insignificância. E assim foi com cada[AS1] [AS2]  livro que escrevi – um momento de ambiciosa expectativa de êxito, pela crença no seu valor, logo seguido da decepção, ante o olhar apiedado ou irónico de quem atribui a esse gosto de publicar livros – hoje toda a gente publica livros – pura mania para saliência pessoal, quando a publicação não resulta em termos económicos – caso dos livros que publiquei.
Mas não me arrependo de os ter publicado, crente nessa semente de análise ou reflexão lançada no tempo, na simplicidade de uma graça ou mesmo de uma seriedade não assim tão comuns para que merecessem o desdém eterno.
Vou, pois, publicar mais um – um livro que considero… “fabuloso” (já livre, infelizmente, do comentário trocista da minha mãe, embora consciente da infracção à regra da modéstia segundo o tónus convencional) – “fabuloso” não só por conter a tradução de fábulas dos fabulistas da nossa universalidade clássica, mas porque ao fazê-lo, enveredei pelo paralelismo do figurino moderno da nossa eterna semelhança, mau grado a evolução sofrida no escoar do tempo. Daí, o ter-lhe chamado “Permanência em Fabulário de Mudança”.
Contactei com a Chiado Editora que me deu dez dias para apreciar a obra e ao fim de dois respondeu com o convicto apreço e entusiasmo sobre o valor desta.
Eis a razão da publicação. A minha filha Paula, que sempre achara graça às fábulas do meu blog e me incitara a publicá-las, até como elementos didácticos, dispôs-se a apresentar a obra. Mas quando da Chiado marcaram o lançamento do livro para o dia 17 de fevereiro, às 14h30, na Livraria da Chiado Editora (em Alcântara), senti que “só nós duas” - e, certamente, que a apresentadora da Chiado Editora - comporíamos uma mesa parca em presença. Daí o ter contactado com a minha ex-colega Isabel Teixeira, a quem nos meus tempos de “formadora” acompanhei na área de Francês, e que fora para mim a surpresa de uma impecabilidade de actuação e participação, criadoras de mútua empatia. Daí, o ter-lhe pedido a sua colaboração como participante da “mesa” de apresentação do livro. Como calculava, a Isabel não se escusou e respondeu mesmo com gentil alegria.
Enviei-lhe, pois, as páginas do livro, com os seguintes dizeres:

Aí o mando, Isabel, talvez não precise de ler tudo, mas creio que gostará. Um beijinho. Berta
Recebi a seguinte resposta:

Obrigada, Berta. 
Já li algumas coisas e fiquei tão impressionada pela qualidade do texto e pela perspicácia, inteligência e talento da autora... Não há palavras para descrever o que senti. Este livro merece algo de grandioso!
Beijinho,

Isabel T. 
Eis a razão desta página de um dia feliz para mim, que serve também, naturalmente, de publicidade para o lançamento do livro, a quem outra não tem, mais eficaz.







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