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Mereceu a crónica de Helena Matos, nem todos, é certo, de apoio, instalados que estão no conveniente governo de parasitismo e incompetência, como ela bem descreve, e que esses traduzem através de ironias tolas de gente a quem presta o balofo cínico do processo, que deveria ser convenientemente justificado perante quem nos empresta ou dá a côdea da nossa desvergonha soez.
Casa de Repouso Portugal Socialista /premium
Portugal é hoje uma espécie de Casa de
Repouso. Na propaganda tudo é asséptico e risonho. A realidade é outra, mas na
Casa de Repouso Portugal Socialista o que conta é a ilusão.
HELENA MATOS
OBSERVADOR,29 ago 2021
Durante
quanto tempo mais irão lá estar? À falta de melhor identificação chamo-lhes os
funcionários do álcool gel. Em Lisboa e não só, a sua tarefa é mandar passar as
mãos por álcool gel a quem pensa entrar em vários mercados municipais. Estas
brigadas do álcool gel chegaram em 2020 com a pandemia. Ano e meio depois
por lá são mantidos apesar da evidente inutilidade da função, pois nunca se
provou a transmissão do vírus pela superfície das batatas, pescadas, laranjas
ou alfaces.
Aeroportos,
centros comerciais, lojas… mantêm os recipientes de álcool gel e os avisos para
o utilizarmos mas há muito que deixaram de ter funcionários afectos a essa
tarefa. Já no
organograma das entidades pagas pelo contribuinte português, despesa criada é
para ser mantida e acrescentada. Logo,
os contribuintes portugueses, os tais que noutro país seriam pouco mais que
pobres mas que aos olhos do fisco português são ricos, esses mesmos pagam a uns
funcionários para barrarem a entrada a quem não se dispuser a colocar nas mãos
o dito álcool gel.
Segundo
os últimos números, 731.258 pessoas estão empregadas em Portugal nas
Administrações Públicas. Mas, segundo a experiência de qualquer um que não
tenha aderido ao modo de vida “confinado até ao zero Covid” e que,
consequentemente, tente obter a documentação básica para trabalhar e viajar, as administrações públicas mostram-se cada vez mais
incapazes de prestar os serviços a que se propõem: neste mesmo Verão em que se
conheceu o número crescente de funcionários públicos foi também notícia que
mais de 300 mil pessoas esperam pelo Cartão de Cidadão. E terão de
esperar nada mais nada menos que entre três a seis meses. No caso dos passaportes, que antigamente se obtinham em cinco dias,
agora demoram mais de dois meses a ser emitidos. As licenças para obras
atrasam-se porque sim. Ninguém sabe quando a dra. assinará, muito menos quando
o funcionário estará e se, nesse caso, poderá tratar do assunto.
Mas como se explica que, aumentando o
número de funcionários contratados, a capacidade de resposta da administração
pública seja cada vez pior? A pandemia explica estes atrasos, mas só em parte.
Na verdade, o confinamento serviu para a administração pública se virar ainda
mais para si mesma: à excepção da cobrança de receita, tudo o mais ficou
sem data marcada. (A propósito, quantas das pessoas que ovacionaram
Marta Temido no Congresso do PS tentaram marcar uma consulta num centro de
saúde nos últimos meses? O alegado atendimento telefónico tornou-se uma
barreira para os alegados utentes.)
Mas
o número crescente de funcionários públicos ou a trabalhar no sector público,
encerra outras e não menos incómodas perguntas: que
funcionários estão a ser contratados? Que tarefas vão desempenhar? Notícias
dispersas vão dando conta da dificuldade do Estado em contratar precisamente
aqueles funcionários com que a retórica socialista justifica o crescente número
de funcionários públicos: este ano, ficou por preencher um terço das vagas do
concurso que pretendia contratar 459 médicos de medicina geral e familiar. No
ano passado, no concurso para agentes da PSP só se candidataram 793 pessoas
para um total de mil vagas. Diminuir
a exigência foi a solução encontrada este ano para contornar a falta de
candidatos à PSP. No caso da falta de médicos a solução, por
enquanto, é outra: a interrupção dos serviços.
As administrações públicas
crescem em número de funcionários, mas perdem competências e capacidade
técnica. De certo modo e em diferentes funções
temos a proliferação do que se pode designar como
funcionários do álcool gel: gente que desempenha funções sem utilidade
conhecida, de que não resulta qualquer benefício para o cidadão. Gente que produz instruções que temos de cumprir
escrupulosamente para termos acesso a serviços ditos públicos. Gente cuja
prepotência cresce na exacta proporção da inutilidade do cargo.
A DGS e a sua atrabiliária directora-geral são um bom exemplo desta
degradação de uma administração pública que perdeu competência, ganhou
funcionários e fez da subserviência ao poder (se o poder for socialista,
obviamente) a sua imagem de marca.
O
embevecimento pasmado com o desempenho do vice-almirante Gouveia e Melo à
frente da Task Force para o Plano de Vacinação é bem sintomático de como já foi
interiorizada esta degradação: basta que alguém desempenhe a sua missão
conforme se propôs para que de imediato seja visto como alguém fora do comum,
quiçá presidenciável. Se, como acontece no caso, o protagonista for um militar
a desempenhar uma tarefa que cabe no âmbito do “humanitário” melhor ainda.
Somos hoje um país envelhecido que olha o futuro como velhos sentados
num lar: o que interessa sermos o terceiro pior país europeu em termos de capital privado
investido nas empresas em função do Produto Interno Bruto, se
temos os dinheiros da bazuca? Os fundos da UE tornaram-se na nossa pensão de sobrevivência: dá para
irmos vivendo.
Portugal tornou-se uma espécie de
Casa de Repouso: na propaganda tudo é asséptico e risonho. A realidade é outra,
mas na Casa de Repouso Portugal Socialista o que conta é a ilusão e que se
possa dizer que está tudo bem. Mesmo e sobretudo quando pressentimos que vai
quase tudo mal.
PS. As negociações para aprovação
do OE tornaram-se um leilão de novas oportunidades de poder para a esquerda
radical. Ficámos a saber: “Governo quer que condenados por ódio possam ser expulsos de várias
profissões. Proposta de alteração do Artigo 240.º do Código Penal está pronta.
Sanção é para ser aplicada em casos muito graves a titulares de cargos e
funcionários públicos, académicos e jornalistas”. Como é
óbvio, todos os casos serão muito graves e ai do juiz que não for dessa
opinião, pois todos os dias o seu nome ecoará pelas redes sociais como símbolo
do mal. Mais óbvio ainda é que esta aberração não pode ser tolerada.
COMENTÁRIOS
Antonio Castro: Excelente artigo!
Ashley Albuquerque:
De intelecto medíocre, mas esperteza rara, Costa
percebeu há muito e demasiado bem o povo português e em vez de usar esse
conhecimento para o procurar elevar, usa-o para o explorar, diminuir e mesmo
humilhar. Um narcisista patológico, um doente mental que recorre a um cinismo
desmesurado com requintes de malvadez para dominar um povo. Não é coisa rara
entre tiranos. Mas como alguém disse: cada um tem o que merece.
filipe mendes homem mendes: Gritam por uma 3ª geringonça, mais uma dose do mesmo
tal como um Toxicodependente pede mais uma dose daquilo em que já se viciou.
A Casa de
repouso, é uma Inércia só movimentada e animada por mão do PS, pelos projectos
que o PS entenda animar, e quantos mais houver, o tal "traz um amigo
também", tudo se subverte na Letra do músico. Porque trazendo em demasia
amigos para uma causa, ela tende a ser a única verdade dos amigos camaradas,
sejam eles PCP ou do Partido Socialista que os comunistas tanto odiavam num
passado recente...até que foram chamados por um amigo seu a formar um pseudo
Regime de Esquerda onde toda a Esquerda estava comprometida no Governo que os
manipulava e contra tal manipulação gritavam contra sempre que se negociava
Orçamentos do Estado e Festas do Avante em Plena Pandemia política com que
todos se infectavam, tendo supostos e antigos anticorpos capazes de os
imunizar. Gritam por uma 3ª geringonça, mais uma dose do mesmo tal como um
Toxicodependente pede mais uma dose daquilo em que já se viciou.
José Barros: Excelente. Helena Matos, lúcida e contundente como todos deveríamos ser,
perante a notória degradação das instituições. Indispensável ler este texto.
Pedro Dimas: E existe
alguma diferença essencial entre o PS e os partidos da "oposição"
para que um dia(?) "o rectângulo" deixe de ser uma "casa de
repouso"? Não existe. Há ainda, na maioria da população portuquesa, uma
cultura estatista e providencialista fortemente enraizada, que vê no Estado uma
grande mercearia que distribui bolinhos e outros géneros de sobrevivência por
contraste com uma cultura de progresso, assente na criação de riqueza e na
responsabilidade e ambição individual de cada um. Os partidos são vistos
como os gestores desta grande mercearia providencial que é o Estado:
invariavelmente, vota-se naqueles que prometem mais "bolos engana
tolos" e não nos que se proponham criar condições para que mais riqueza e
mais autonomia individual aconteçam. É a cultura da preguiça, da
dependência, do conformismo e do menor denominador comum que a maioria dos
partidos, da esquerda à direita, continua a estimular e a incentivar. O PS é apenas e só o campeão da coisa. Veja-se as promessas do Costa no congresso socialista:
mais não sei quantas creches, mais não sei quantos
apoios para filhos, mais subsídios para isto e para aquilo, mais as
"drogas duras" e altamente viciantes dos estímulos a fundo perdido,
PRRs e afins, etc, etc. Nada, mas
nada, sobre o aumento da produtividade do
Estado e das empresas, atracção de investimento externo, tornar o Estado mais
amigo das empresas, um facilitador em vez de um complicador, a Justiça mais
rápida e mais eficiente, etc., etc.... Por este caminho, a "casa de repouso" irá
transformar-se a breve trecho num enorme "lar de terceira idade"; porque, para além da quebra da natalidade
induzida por deficientes condições económicas das famílias, os jovens talentos,
essenciais para que o País pudesse fazer uma ruptura com este marasmo, emigram
para outras paragens, mais compatíveis com as suas ambições e qualificações e
raramente voltam às origens, como antes acontecia...
…………….
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