segunda-feira, 30 de agosto de 2021

165 Comentários

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Mereceu a crónica de Helena Matos, nem todos, é certo, de apoio, instalados que estão no conveniente governo de parasitismo e incompetência, como ela bem descreve, e que esses traduzem através de ironias tolas de gente a quem presta o balofo cínico do processo, que deveria ser convenientemente justificado perante quem nos empresta ou dá a côdea da nossa desvergonha soez.

Casa de Repouso Portugal Socialista /premium

Portugal é hoje uma espécie de Casa de Repouso. Na propaganda tudo é asséptico e risonho. A realidade é outra, mas na Casa de Repouso Portugal Socialista o que conta é a ilusão.

HELENA MATOS

OBSERVADOR,29 ago 2021

Durante quanto tempo mais irão lá estar? À falta de melhor identificação chamo-lhes os funcionários do álcool gel. Em Lisboa e não só, a sua tarefa é mandar passar as mãos por álcool gel a quem pensa entrar em vários mercados municipais. Estas brigadas do álcool gel chegaram em 2020 com a pandemia. Ano e meio depois por lá são mantidos apesar da evidente inutilidade da função, pois nunca se provou a transmissão do vírus pela superfície das batatas, pescadas, laranjas ou alfaces.

Aeroportos, centros comerciais, lojas… mantêm os recipientes de álcool gel e os avisos para o utilizarmos mas há muito que deixaram de ter funcionários afectos a essa tarefa. Já no organograma das entidades pagas pelo contribuinte português, despesa criada é para ser mantida e acrescentada. Logo, os contribuintes portugueses, os tais que noutro país seriam pouco mais que pobres mas que aos olhos do fisco português são ricos, esses mesmos pagam a uns funcionários para barrarem a entrada a quem não se dispuser a colocar nas mãos o dito álcool gel.

Segundo os últimos números, 731.258 pessoas estão empregadas em Portugal nas Administrações Públicas. Mas, segundo a experiência de qualquer um que não tenha aderido ao modo de vida “confinado até ao zero Covid” e que, consequentemente, tente obter a documentação básica para trabalhar e viajar, as administrações públicas mostram-se cada vez mais incapazes de prestar os serviços a que se propõem: neste mesmo Verão em que se conheceu o número crescente de funcionários públicos foi também notícia que mais de 300 mil pessoas esperam pelo Cartão de Cidadão. E terão de esperar nada mais nada menos que entre três a seis meses. No caso dos passaportes, que antigamente se obtinham em cinco dias, agora demoram mais de dois meses a ser emitidos. As licenças para obras atrasam-se porque sim. Ninguém sabe quando a dra. assinará, muito menos quando o funcionário estará e se, nesse caso, poderá tratar do assunto.

Mas como se explica que, aumentando o número de funcionários contratados, a capacidade de resposta da administração pública seja cada vez pior? A pandemia explica estes atrasos, mas só em parte. Na verdade, o confinamento serviu para a administração pública se virar ainda mais para si mesma: à excepção da cobrança de receita, tudo o mais ficou sem data marcada. (A propósito, quantas das pessoas que ovacionaram Marta Temido no Congresso do PS tentaram marcar uma consulta num centro de saúde nos últimos meses? O alegado atendimento telefónico tornou-se uma barreira para os alegados utentes.)

Mas o número crescente de funcionários públicos ou a trabalhar no sector público, encerra outras e não menos incómodas perguntas: que funcionários estão a ser contratados? Que tarefas vão desempenhar? Notícias dispersas vão dando conta da dificuldade do Estado em contratar precisamente aqueles funcionários com que a retórica socialista justifica o crescente número de funcionários públicos: este ano, ficou por preencher um terço das vagas do concurso que pretendia contratar 459 médicos de medicina geral e familiar. No ano passado, no concurso para agentes da PSP só se candidataram 793 pessoas para um total de mil vagas. Diminuir a exigência foi a solução encontrada este ano para contornar a falta de candidatos à PSP. No caso da falta de médicos a solução, por enquanto, é outra: a interrupção dos serviços.

As administrações públicas crescem em número de funcionários, mas perdem competências e capacidade técnica. De certo modo e em diferentes funções temos a proliferação do que se pode designar como funcionários do álcool gel: gente que desempenha funções sem utilidade conhecida, de que não resulta qualquer benefício para o cidadão. Gente que produz instruções que temos de cumprir escrupulosamente para termos acesso a serviços ditos públicos. Gente cuja prepotência cresce na exacta proporção da inutilidade do cargo.

A DGS e a sua atrabiliária directora-geral são um bom exemplo desta degradação de uma administração pública que perdeu competência, ganhou funcionários e fez da subserviência ao poder (se o poder for socialista, obviamente) a sua imagem de marca.

O embevecimento pasmado com o desempenho do vice-almirante Gouveia e Melo à frente da Task Force para o Plano de Vacinação é bem sintomático de como já foi interiorizada esta degradação: basta que alguém desempenhe a sua missão conforme se propôs para que de imediato seja visto como alguém fora do comum, quiçá presidenciável. Se, como acontece no caso, o protagonista for um militar a desempenhar uma tarefa que cabe no âmbito do “humanitário” melhor ainda.

Somos hoje um país envelhecido que olha o futuro como velhos sentados num lar: o que interessa sermos o terceiro pior país europeu em termos de capital privado investido nas empresas em função do Produto Interno Bruto, se temos os dinheiros da bazuca? Os fundos da UE tornaram-se  na nossa pensão de sobrevivência: dá para irmos vivendo.

Portugal tornou-se uma espécie de Casa de Repouso: na propaganda tudo é asséptico e risonho. A realidade é outra, mas na Casa de Repouso Portugal Socialista o que conta é a ilusão e que se possa dizer que está tudo bem. Mesmo e sobretudo quando pressentimos que vai quase tudo mal.

PS. As negociações para aprovação do OE tornaram-se um leilão de novas oportunidades de poder para a esquerda radical. Ficámos a saber: “Governo quer que condenados por ódio possam ser expulsos de várias profissões. Proposta de alteração do Artigo 240.º do Código Penal está pronta. Sanção é para ser aplicada em casos muito graves a titulares de cargos e funcionários públicos, académicos e jornalistas”. Como é óbvio, todos os casos serão muito graves e ai do juiz que não for dessa opinião, pois todos os dias o seu nome ecoará pelas redes sociais como símbolo do mal. Mais óbvio ainda é que esta aberração não pode ser tolerada.

PS  POLÍTICA

COMENTÁRIOS

Antonio Castro: Excelente artigo!

Ashley Albuquerque: De intelecto medíocre, mas esperteza rara, Costa percebeu há muito e demasiado bem o povo português e em vez de usar esse conhecimento para o procurar elevar, usa-o para o explorar, diminuir e mesmo humilhar. Um narcisista patológico, um doente mental que recorre a um cinismo desmesurado com requintes de malvadez para dominar um povo. Não é coisa rara entre tiranos. Mas como alguém disse: cada um tem o que merece.

filipe mendes homem mendes: Gritam por uma 3ª geringonça, mais uma dose do mesmo tal como um Toxicodependente pede mais uma dose daquilo em que já se viciou. A Casa de repouso, é uma Inércia só movimentada e animada por mão do PS, pelos projectos que o PS entenda animar, e quantos mais houver, o tal "traz um amigo também", tudo se subverte na Letra do músico. Porque trazendo em demasia amigos para uma causa, ela tende a ser a única verdade dos amigos camaradas, sejam eles PCP ou do Partido Socialista que os comunistas tanto odiavam num passado recente...até que foram chamados por um amigo seu a formar um pseudo Regime de Esquerda onde toda a Esquerda estava comprometida no Governo que os manipulava e contra tal manipulação gritavam contra sempre que se negociava Orçamentos do Estado e Festas do Avante em Plena Pandemia política com que todos se infectavam, tendo supostos e antigos anticorpos capazes de os imunizar. Gritam por uma 3ª geringonça, mais uma dose do mesmo tal como um Toxicodependente pede mais uma dose daquilo em que já se viciou.

José Barros: Excelente. Helena Matos, lúcida e contundente como todos deveríamos ser, perante a notória degradação das instituições. Indispensável ler este texto.

Pedro Dimas: E existe alguma diferença essencial entre o PS e os partidos da "oposição" para que um dia(?) "o rectângulo" deixe de ser uma "casa de repouso"? Não existe. Há ainda, na maioria da população portuquesa, uma cultura estatista e providencialista fortemente enraizada, que vê no Estado uma grande mercearia que distribui bolinhos e outros géneros de sobrevivência por contraste com uma cultura de progresso, assente na criação de riqueza e na responsabilidade e ambição individual de cada um. Os partidos são vistos como os gestores desta grande mercearia providencial que é o Estado: invariavelmente, vota-se naqueles que prometem mais "bolos engana tolos" e não nos que se proponham criar condições para que mais riqueza e mais autonomia individual aconteçam. É a cultura da preguiça, da dependência, do conformismo e do menor denominador comum que a maioria dos partidos, da esquerda à direita, continua a estimular e a incentivar. O PS é apenas e só o campeão da coisa. Veja-se as promessas do Costa no congresso socialista: mais não sei quantas creches, mais não sei quantos apoios para filhos, mais subsídios para isto e para aquilo, mais as "drogas duras" e altamente viciantes dos estímulos a fundo perdido, PRRs e afins, etc, etc. Nada, mas nada, sobre o aumento da produtividade do Estado e das empresas, atracção de investimento externo, tornar o Estado mais amigo das empresas, um facilitador em vez de um complicador, a Justiça mais rápida e mais eficiente, etc., etc.... Por este caminho, a "casa de repouso" irá transformar-se a breve trecho num enorme "lar de terceira idade"; porque, para além da quebra da natalidade induzida por deficientes condições económicas das famílias, os jovens talentos, essenciais para que o País pudesse fazer uma ruptura com este marasmo, emigram para outras paragens, mais compatíveis com as suas ambições e qualificações e raramente voltam às origens, como antes acontecia...

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