quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Eu ouvi-o, hoje


No programa de Aurélio Gomes - “Baseado numa História Verídica” - que me encheu as medidas, mau grado a circunstância penalizadora de ir passando a roupa a ferro, como manda a canção, não sendo, embora, meu marido o tal “Manel”, visto que é lugar-comum para todos os maridos qualquer que seja o seu nome – pelo menos os de antigamente – esse de a mulher passar a roupa a ferro, ainda que, no seguimento de uma velha teoria que a minha sagaz prima Celeste me ensinou, há carradas de anos, “dá-se-lhe uma e promete-se-lhe outra”, nessa questão do ferro e da roupa, inimigos comuns das costas e da paciência de quem lhes pega, em termos de amaciamento ou desenrugamento da dita cuja.

Mas, enfim, sempre se podem ir ouvindo programas que até às vezes nos espantam, depois de se ter andado na pesquisa de canais de filmes, onde a violência ou a lamechice imperam, não estando nós com paciência para penetrar na originalidade de alguns que exigem mais perspicácia atenta.

Já lêramos alguns textos nos jornais do costume, que gostaríamos de guardar, como peças do nosso orgulho patriótico, por termos ainda gente atenta a um desmoronar imparável de um país de egoísmos e traições várias, sobretudo a um honesto saber e a um honesto proceder segundo padrões cada vez mais démodés.

Fora um desses textos, o de Helena Matos, de 3/8/21, «O novo plano de operações /premium» de um humor e esperteza interpretativa que nos apetecia transpor para aqui, mas não deixarei de citar alguns passos, quanto mais não seja para experimentar se não serão extraviados:

 

. «A reacção dos dirigentes socialistas à morte de Otelo Saraiva de Carvalho não tem nada a ver com o passado de Otelo mas sim com o presente e sobretudo com o futuro do PS: os socialistas não se concebem fora do poder e para tal precisam do BE e do PCP. Apresentarem-se como parte de uma enlutada frente antifascista não foi um erro dos dirigentes do PS foi sim um sinal dos novos tempos. Otelo morto tornou-se o “controverso” útil dos que levam a cabo um novo plano de operações: o que instala a hegemonia da esquerda no aparelho de Estado em Portugal. A unanimidade da esquerda na morte de Otelo permitiu ao PS, PCP e BE encenar uma concordância que nunca existiu entre eles no passado mas que agora lhes é indispensável. Afinal para dominar Portugal nos próximos anos já não são necessárias revoluções, basta controlar os dinheiros que vêm de Bruxelas e para isso as esquerdas têm de estar senão coordenadas pelo menos focadas no essencial: o poder. Em 2021, Otelo tornou-se o rosto possível para preencher o folclore antifascista com que o PS, o BE e o PCP nos distraem da realidade e vão domesticando a sociedade. Otelo morto tornou-se o “controverso” útil dos que levam a cabo o plano de operações para a toma do aparelho de Estado pela esquerda. Por agora, está a ser cumprido com absoluto sucesso.

…Para mais à questão dos “desfavorecidos” junta-se agora a questão étnico-racial. Ao ler-se o Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação depara-se com uma sucessão de declarações paternalistas, anúncios de propaganda e ideologia a rodos devidamente ministradas em acções ditas de formação. É o activismo devidamente sustentado pelos contribuintes. Quanto aos desfavorecidos continuarão a sê-lo….»

 

Bendita Helena Matos, com a sua argúcia corajosa e esclarecedora…

Mas, dizia eu, que ouvi a, também excelente, entrevista de Aurélio Gomes a Gentil Martins, este, um homem de saber e de frontalidade, um médico que ainda trabalha, apesar de nonagenário, ele que fora pioneiro na separação de gémeos siameses, que tão expressivamente defendeu os seus pontos de vista de seriedade e bom senso, baseados na experiência e na boa formação científica e moral, como revelou no seu depoimento honesto, naturalmente condenando a eutanásia e justificando vários dos seus actos a que não faltou a auto condenação – no caso, por exemplo, de ter sobrecarregado a sua mulher, na educação dos filhos, ele próprio impossibilitado de o fazer, por sobrecarga de trabalho e competências.

Não resisti a transpor, da internet, o seu extraordinário perfil biográfico e dos seus antepassados também ilustres, mas gostaria, sim, de poder gravar essa entrevista tão excelentemente orientada por Aurélio Gomes:

 

António Gentil Martins

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

António Gentil da Silva Martins (Lisboa, 10 de Julho de 1930) é um conceituado cirurgião plástico e cirurgião pediatra português, celebrizado pelas várias operações de separação de gémeos siameses que liderou.

É filho do Tenente Dr. António Augusto da Silva Martins, também Médico e ex-campeão de tiro e participante nos Jogos Olímpicos de Verão de 1924, em Paris, neto materno de Francisco Gentil, fundador do Instituto Português de Oncologia, e irmão de Francisco Gentil da Silva Martins, Grã-Cruz da Ordem do Mérito a título póstumo a 4 de Fevereiro de 1989. O seu pai faleceu quando tinha apenas três meses.

Frequentou o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.

Toca violino, joga ténis e participou nos Jogos Olímpicos de Verão de 1960 na modalidade de tiro com pistola automática a 25 metros. Foi também campeão de Portugal de ténis, pelos juniores, e campeão de Lisboa de badmington.

Tem de momento 8 filhos e filhas (6 residentes em Lisboa e os outros na Suécia e Angola ) e 26 netos e netas.

Carreira

É Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa desde 1953, onde integrou a Direcção da Associação de Estudantes. Depois fez o internato dos hospitais civis dois anos e quando estava a meio do internato de cirurgia pediátrica teve uma bolsa para ir para Londres onde se especializou em cirurgia plástica e cirurgia pediátrica.

Foi Chefe de Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia durante 34 anos, 8.º Bastonário da Ordem dos Médicos de 1977 a 1986, e Presidente da Associação Médica Mundial de 1979 a 1983.[4] É Sócio Honorário do MIL: Movimento Internacional Lusófono.

Separou sete pares de gémeos. A primeira operação de separação de siamesas foi em 1978 no bloco operatório do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. As meninas, então com quatro meses e meio, nasceram unidas pelo abdómen.

A 30 de Julho de 1984 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e a 8 de Junho de 2009 foi elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem.

 Reformou-se em 2000 embora continue a fazer a prática clínica de cirurgia pediátrica….

Foi membro da Comissão de Honra do Prémio Femina de 2011.

 

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