No programa de Aurélio Gomes - “Baseado numa História Verídica” - que me encheu as medidas, mau grado a
circunstância penalizadora de ir passando a roupa a ferro, como manda a canção,
não sendo, embora, meu marido o tal “Manel”, visto que é lugar-comum para todos
os maridos qualquer que seja o seu nome – pelo menos os de antigamente – esse
de a mulher passar a roupa a ferro, ainda que, no seguimento de uma velha
teoria que a minha sagaz prima Celeste me ensinou, há carradas de anos, “dá-se-lhe uma e promete-se-lhe outra”,
nessa questão do ferro e da roupa, inimigos comuns das costas e da paciência de
quem lhes pega, em termos de amaciamento ou desenrugamento da dita cuja.
Mas, enfim, sempre se podem ir ouvindo
programas que até às vezes nos espantam, depois de se ter andado na pesquisa de
canais de filmes, onde a violência ou a lamechice imperam, não estando nós com
paciência para penetrar na originalidade de alguns que exigem mais perspicácia atenta.
Já lêramos alguns textos nos jornais do
costume, que gostaríamos de guardar, como peças do nosso orgulho patriótico,
por termos ainda gente atenta a um desmoronar imparável de um país de egoísmos
e traições várias, sobretudo a um honesto saber e a um honesto proceder segundo
padrões cada vez mais démodés.
Fora um desses textos, o de Helena Matos, de 3/8/21, «O novo plano
de operações /premium» de um humor e esperteza interpretativa que nos
apetecia transpor para aqui, mas não deixarei de citar alguns passos, quanto
mais não seja para experimentar se não serão extraviados:
. «A reacção dos dirigentes
socialistas à morte de Otelo Saraiva de Carvalho não tem nada a ver com o
passado de Otelo mas sim com o presente e sobretudo com o futuro do PS: os
socialistas não se concebem fora do poder e para tal precisam do BE e do PCP.
Apresentarem-se como parte de uma enlutada frente antifascista não foi um erro
dos dirigentes do PS foi sim um sinal dos novos tempos. Otelo morto
tornou-se o “controverso” útil dos que levam a cabo um novo plano de operações:
o que instala a hegemonia da esquerda no aparelho de Estado em Portugal. A
unanimidade da esquerda na morte de Otelo permitiu ao PS, PCP e BE encenar uma
concordância que nunca existiu entre eles no passado mas que agora lhes é
indispensável. Afinal para dominar Portugal nos próximos anos já não são
necessárias revoluções, basta controlar os dinheiros que vêm de Bruxelas e
para isso as esquerdas têm de estar senão coordenadas pelo menos focadas no
essencial: o poder. Em 2021, Otelo tornou-se o rosto possível para
preencher o folclore antifascista com que o PS, o BE e o PCP nos distraem da
realidade e vão domesticando a sociedade. Otelo morto tornou-se o “controverso”
útil dos que levam a cabo o plano de operações para a toma do aparelho de
Estado pela esquerda. Por agora, está a ser cumprido com absoluto sucesso.
…Para mais à questão dos
“desfavorecidos” junta-se agora a questão étnico-racial. Ao ler-se o Plano
Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação depara-se com uma sucessão de
declarações paternalistas, anúncios de propaganda e ideologia a rodos
devidamente ministradas em acções ditas de formação. É o activismo devidamente
sustentado pelos contribuintes. Quanto aos desfavorecidos
continuarão a sê-lo….»
Bendita Helena Matos, com a sua
argúcia corajosa e esclarecedora…
Mas, dizia eu, que ouvi a, também
excelente, entrevista de Aurélio
Gomes a Gentil Martins, este, um homem de saber e de frontalidade, um médico
que ainda trabalha, apesar de nonagenário, ele que fora pioneiro na separação
de gémeos siameses, que tão expressivamente defendeu os seus pontos de vista de
seriedade e bom senso, baseados na experiência e na boa formação científica e
moral, como revelou no seu depoimento honesto, naturalmente condenando a
eutanásia e justificando vários dos seus actos a que não faltou a auto
condenação – no caso, por exemplo, de ter sobrecarregado a sua mulher, na
educação dos filhos, ele próprio impossibilitado de o fazer, por sobrecarga de
trabalho e competências.
Não resisti a transpor, da internet, o
seu extraordinário perfil biográfico e dos seus antepassados também ilustres,
mas gostaria, sim, de poder gravar essa entrevista tão excelentemente orientada
por Aurélio Gomes:
António Gentil Martins
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
António Gentil da Silva Martins (Lisboa,
10 de Julho de 1930) é um conceituado cirurgião plástico e cirurgião pediatra
português, celebrizado pelas várias operações de separação de gémeos siameses que
liderou.
É
filho do Tenente Dr. António
Augusto da Silva Martins,
também Médico e ex-campeão de tiro e participante nos Jogos Olímpicos de Verão de 1924,
em Paris, neto materno de Francisco Gentil, fundador
do Instituto
Português de Oncologia, e irmão de Francisco
Gentil da Silva Martins, Grã-Cruz da Ordem do Mérito a título póstumo a 4 de
Fevereiro de 1989.
O seu pai faleceu quando tinha apenas três meses.
Frequentou
o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.
Toca
violino, joga ténis
e participou nos Jogos Olímpicos de Verão de 1960 na modalidade de tiro
com pistola automática a 25
metros. Foi também campeão de Portugal de ténis, pelos juniores, e campeão
de Lisboa de badmington.
Tem
de momento 8 filhos e filhas (6 residentes em Lisboa e os outros na Suécia e
Angola ) e 26 netos e netas.
Carreira
É Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa desde 1953, onde
integrou a Direcção da Associação de Estudantes.
Depois fez o internato dos hospitais civis dois anos e quando estava a meio do
internato de cirurgia pediátrica teve
uma bolsa para ir para Londres onde se especializou em cirurgia plástica e
cirurgia pediátrica.
Foi
Chefe de Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de
Dona Estefânia durante 34
anos, 8.º Bastonário
da Ordem dos
Médicos de 1977 a 1986, e Presidente da Associação Médica Mundial de 1979 a 1983.[4] É
Sócio Honorário do MIL: Movimento Internacional Lusófono.
Separou
sete pares de gémeos. A
primeira operação de separação de siamesas foi em 1978 no bloco operatório do Hospital Dona
Estefânia, em Lisboa.
As meninas, então com quatro meses e meio, nasceram unidas pelo abdómen.
A
30 de Julho de 1984 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e a 8 de
Junho de 2009 foi elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem.
Reformou-se em 2000 embora continue a fazer a
prática clínica de cirurgia pediátrica….
Foi
membro da Comissão de Honra do Prémio Femina de 2011.
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