quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Será assim?


Parece antes, o texto seguinte, pelo menos aos leigos como nós, uma tentativa leviana de desmistificação de uma acção profundamente cobarde de abandono repentino pelos E.U. de um povo que aparentemente defendiam de gente sem categoria social nem moral.

Um segundo olhar/premium

Os que hoje se regozijam com a capitulação militar dos EUA, ignoram que o novo teatro de operações se faz num mundo digital onde os EUA ditam, desde o início, as regras do jogo.

RODRIGO ADÃO DA FONSECA

OBSERVADOR, 24 ago 2021

Numa época onde recorrentemente a ficção nos anuncia o curso da realidade, tenho acompanhado os mais recentes acontecimentos no Afeganistão ao mesmo tempo que devoro na Netflix os diversos episódios da 8.ª temporada de “Homeland. Homeland” (baptizada, em português, de “Segurança Nacional”, com 8.3/10 no IMDb) é uma saga criada pela Showtime, centrada na vida de uma operacional da CIA, Claire Danes, que desde 2011 nos vai contando de uma forma romanceada as diversas vicissitudes do mundo da espionagem. Com passagens pelos distintos teatros de guerra onde os EUA têm marcado presença, há russos e americanos, paquistaneses, Mossad e histórias complexas passadas entre os corredores de Washington DC e vários teatros de operações, na Síria, em Israel, no Iraque, em Moscovo, na Europa e, obviamente, no Afeganistão. Ora, é num Afeganistão à procura da paz entre americanos e talibãs que se desenrola a 8.ª temporada, com detalhes de tal forma deliciosos que nos perguntamos se quem escreveu a saga tem uma bola de cristal ou se, pelo contrário, na Casa Branca e no Pentágono não haverá gente a ver filmes a mais, inspirando nas séries o seu curso de acção. É que as complexidades, contradições, consequências óbvias e clichés da saída dos americanos do Afeganistão que estamos a assistir nos últimos dias estão lá, em “Homeland”, de uma forma tão bem romanceada, que ficamos com a sensação de que hoje podemos ficar mais informados e esclarecidos vendo séries de ficção, do que assistindo à ficção que vários órgãos de comunicação social e as redes sociais nos oferecem no acompanhamento de uma realidade que não se preocupam em conhecer.

Sei bem que ao arrancar um artigo de opinião com referências a séries do mainstream comercial norte-americano, em vez de Lars Von Trier, estou a prescindir voluntariamente das prerrogativas concedidas aos militantes do humanismo caviar, os quais se podem dar ao luxo, até, de enquadrar no pluralismo apologias estéticas do terrorismo islâmico. Foi, aliás, ternurento ler tanta gente com responsabilidades públicas e na comunicação social, civilizada e educadamente, a contestar, numa linguagem cuidada, ao bom estilo do “respeitinho é muito bonito”, um texto da advogada de Otelo, Carmo Afonso, que nos convida a um olhar parolo e romântico sobre os talibãs. Suporta-se em Robert Fisk, mas mais valia citar, também, Hans Christian Andersen: “o rei vai nu”, já que na mesma semana em que o jornal Público cedeu à censura para alimentar os caprichos das redes de indignação geral, os mesmos ogres que exigiram devorar Pedro Girão, apelaram ao “pluralismo” para que pudéssemos constatar que, para os que detêm o monopólio do “bom coração”, a humanidade, afinal, não tem valores fundamentais e a dignidade humana e individual dependem, enfim, não de valores universais, mas da adesão de cada comunidade em concreto, sendo renunciáveis. O pluralismo deve, a meu ver, acomodar todos os inimigos da liberdade, incluindo os que (nos seus textos) defendem o assassínio da universalidade dos direitos fundamentais. Constato, em qualquer caso, com pena, que um jornal com os pergaminhos do Expresso dá guarida a quem, com elevada pretensão e aspiração de intelectualidade, pratica terrorismo no uso do português, pondo a cada frase em causa a dignidade da nossa língua.

As reacções de aversão aos talibãs que assistimos nos últimos dias, no seu simplismo e nos seus clichés, são muito o fruto do mimetismo imposto pelas redes sociais que convidam agressivamente à adesão da causa do momento. Sendo epifanias vãs, sem qualquer tipo de consequência ou sequência, elas são, em qualquer caso, expressão do enorme consenso existente em relação à universalidade dos direitos fundamentais e à importância que hoje damos à igualdade entre homens e mulheres, à recusa da violência e consequente valorização da paz. A rejeição dos talibãs e a repulsa em relação à tomada de poder por parte de fundamentalistas islâmicos num canto perdido do planeta é, por isso, uma expressão clara da recusa da violência e da valorização da universalidade de direitos fundamentais, que vale a pena não minimizar ou relativizar. Não deixa de ser sintomático, em qualquer caso, que os mesmos EUA que foram tão censurados aquando do lançamento da sua jihad em favor da democratização do mundo, iniciada após o 11 de Setembro, sejam hoje tão criticados por darem fim a uma guerra longa e dispendiosa antes de estarem consolidados e enraizados valores fundamentais na sociedade afegã.

A saída do Afeganistão não é um momento irrelevante no curso da História, sendo uma derradeira página que se vira e encerra o ciclo que se iniciou após o 11 de Setembro, afirmando definitivamente uma nova era nas relações internacionais. Depois de um conjunto de intervenções falhadas, que oneraram significativamente os cofres da América e, sobretudo, o seu prestígio e reputação no mundo, Biden dá sequência à doutrina Trump e sinaliza o que há muito já podíamos assistir nas séries de ficção: os EUA não vão permanecer indefinidamente num território onde a maioria das questões que engajam no seu interesse nacional estão cumpridas, em concreto, desmantelar a Al-Qaeda e outras redes terroristas internacionais, e capturar Osama Bin Laden.

Desde 2002, altura em que comecei a estudar o tema com algum detalhe, que sou crítico da influência neoconservadora nas diversas administrações norte-americanas e do carácter messiânico que este grupo restrito de pensadores tentou incutir na política externa dos EUA. Organizados desde o final dos anos 50 em redor e a partir de diversos pólos de reflexão e acção, think tanks e centros universitários, atingiram com Clinton e Bush o ponto máximo da sua influência junto dos centros de poder. Embora associados historicamente a uma direita mais radical, importa recordar que uma boa parte deste grupo transitou da extrema-esquerda do espectro político, nunca abandonando os seus métodos e hardware originais. Irving Kristol, considerado o Pai desta corrente, tinha por exemplo raízes trotskistas, que se manifestaram no seu zelo ideológico, na sua capacidade de organização e polémica e na sua visão internacionalista, que marcaram a sua actuação até ao final dos seus dias. A forma como os neoconservadores procuraram diluir no interesse americano a sua agenda maniqueísta, que percepciona o mundo como uma luta permanente entre as forças do Bem e do Mal, entre a Luz e as Trevas (que deu lugar, aliás, à definição de um Eixo do Mal, após o 11 de Setembro, ou à divisão que Bush efectuou na comunidade internacional com a famosa “with us or against us“), numa lógica de guerra permanente, fortemente influenciada numa vanguarda de superioridade moral, é definitivamente derrotada (pelo menos no ciclo que agora se encerra), com o abandono militar do Afeganistão.

Desenganem-se, porém, os que vêem nesta retirada um reforço do isolacionismo norte-americano. Ao longo da História todas as grandes potências tiveram, em permanência, tentações hegemónicas. E os EUA não vão deixar de procurar condicionar todos os centros de poder que sejam nevrálgicos para seus interesses. Nos últimos anos, e com a revolução digital, o eixo mudou, porém, para outros espaços de actuação. A guerra passou a usar, primeiro, muito mais veículos não tripulados e menos soluções tradicionais e o exercício do poder faz-se, cada vez mais, na limitação de acesso a contas bancárias e aos benefícios do mundo civilizado, no combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, no controlo da informação e nas plataformas de comunicação. Os que hoje se regozijam com a capitulação militar dos EUA, ignoram que o novo teatro de operações se faz num ambiente onde a supremacia norte-americana é evidente, num mundo digital onde os EUA ditam, desde o início, as regras do jogo. Basta ter presente que, no sábado passado, enquanto os talibãs se divertiam a tomar posições em Cabul, e por cá assistíamos ao abandono atabalhoado das tropas americanas do terreno, o The Washington Post reportava-nos que cinco websites dos talibãs, essenciais até à data na propaganda do grupo terrorista, dentro e fora do Afeganistão, haviam ficado na véspera, repentinamente, offline, o mesmo tendo ocorrido, segundo o SITE Intelligence Group (que monitora a actividade extremista online), a numerosos grupos de WhatsApp utilizados pelos insurgentes. Não estando ainda claro quem suportou tal acção, fica no ar a ideia de que tal terá resultado de uma iniciativa (por acção ou omissão) da empresa californiana CloudFlare, que assegurava a protecção dos mesmos, e da própria Facebook, que detém a plataforma WhatsApp. A este título, vale a pena recordar a entrevista exclusiva que Alejandro Mayorkas, líder do Departamento de Segurança Interna dos EUA, deu ao Observador, no passado dia 21 de Junho de 2021, quando se deslocou a Lisboa para pressionar o nosso Governo e reunir com Eduardo Cabrita, na sequência da decisão da CNPD de ordenar a suspensão do serviço da Cloudfare ao Instituto Nacional de Estatística, para suporte do Censos 2021, onde temas como partilha de dados em função dos interesses dos Estados, atividade dos portos, emigração, cibersegurança e ciberterrorismo, foram colocados no topo da agenda numa nova narrativa que, simbolicamente, ganha definitivamente o palco do protagonismo, abrindo um livro que já está a ser escrito há alguns anos, mas que só agora substitui o guião usado no pós-11 de Setembro, que foi difícil de enterrar.

AFEGANISTÃO  MUNDO  ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA  TECNOLOGIA  TERRORISMO  DIREITOS HUMANOS  SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

3Filipe Costa: "WASHINGTON — U.S. taxpayers footed the bill for a $43 million natural-gas filling station in Afghanistan, a boondoggle that should have cost$ 500,000 and has virtually no value to average Afghans, the government watchdog for reconstruction in Afghanistan announced Monday." Aquilo era comer em grande, 43 milhões por uma bomba de gasolina.            isabel marquez: Grande artigo! Fico à espera do livro!        Jose Afonso: Ser taliban é o sonho de qualquer esquerdalho. Aqui no ocidente temos a esquerda a dar vivas á vitória da repressão sobre as mulheres e à intolerância e violência dos mais básicos inimigos da liberdade. E no Afeganistão quem se posiciona a favor dos talibans? os comunistas da China e os oligarcas comunistas do Putin. BatteringRam EU: Até a cibertecnologia e ou tecnologia digital precisam de uma fonte de energia, não são omnipotentes, aliás, são tão frágeis como os seus "criadores"...            Ahmed Gany: Sem dúvida. A Ciberguerra, os robôs e os drones tornaram obsoletas as guerras convencionais.          Bruno Costa: A China está mais forte que os EUA no que toca a arcaboiço cracker e hacker militar e paramilitar. A China está a ficar uma autêntica besta destruidora digital. Já têm feito das suas, mas são operações pouco mediatizadas. Não acho de forma alguma que os EUA estejam hoje em dia na meca do desenvolvimento tecnológico e estão também longe de terem os milhões de militares e paramilitares com imensas competências digitais dispostos a destruir sob voz de comando e sem razões sequer aparentemente comerciais, como acontece tipicamente com os EUA     J. Saraiva: E aqui vai a principal razão, por que na minha opinião o UK quis sair da UE (serem obrigados pela Merkel a aceitar refugiados) No sábado passado, no Canal da Mancha (UK): "Pelo menos 828 migrantes atravessaram o canal da Mancha para chegar ao Reino Unido no sábado, número que é um novo recorde diário de travessias, declarou o Governo britânico na noite de segunda-feira."          J. SaraivaJ. Saraiva: Notícia hoje, no Independent "Afghanistan: Six people posing ‘direct threat’ to UK detected among would-be Kabul evacuees Four people on Britain’s ‘no-fly list’ were prevented from boarding planes, while one made it to Frankfurt before being intercepted, and one reached Birmingham" 4 foram detectados, 1 chegou ao UK e outro à Alemanha (dentro em breve, deve estar a passar o Canal da Mancha)           J. SaraivaJ. Saraiva: A ver se o Bloco de Esquerda vai ser tão solidário com as futuras vítimas Europeias, quanto é com os Talibãs.           J. Saraiva: Entretanto hoje, na França: "Refugiado afegão que trabalhou para talibãs é preso na França Cinco cidadãos retirados do Afeganistão e que chegaram à França recentemente são suspeitos de ter ligação com os talibãs. Eles são monitorados pelo Ministério do Interior e um deles, identificado como Nangialay S., 26 anos, foi detido nesta terça-feira (24). Segundo o ministro do Interior, Gérald Darmanin, a detenção ocorreu depois de o afegão "deixar o local onde era obrigado a permanecer", de acordo com o protocolo estabelecido pelas autoridades."            J. SaraivaJ. Saraiva: "Uma fonte da área de segurança afirma que pessoas "com más intenções" podem estar infiltradas entre os refugiados. O temor é que a Europa volte a enfrentar uma nova chegada de extremistas islâmicos, como aconteceu em 2015, quando o grupo Estado Islâmico se aproveitou da onda migratória deflagrada pela guerra na Síria para o envio de terroristas ao solo europeu."          josé maria: Quando não há nenhuma resistência interna aos talibãs, feita pelos próprios afegãos, quando toda essa resistência capitulou, não há liberdade, nem direitos humanos que subsistam, nem nenhuma potência mundial que os consiga salvaguardar. O regime afegão teve 20 anos para instituir um regime democrático e para derrotar os talibãs. Porque não o fez? Essa é certamente uma história que falta contar. Outro aspecto essencial é este: qual é o país ou os países que apoiam economicamente os talibãs? Quais os que lhe fornecem armas? Quais os interesses associados ? Consegue responder a esta questão fundamental, Rodrigo?            Filipe Costa > josé maria: O Rodrigo não é Poliban, logo, a pergunta cai em saco roto.            Maria Correia: Muito bem relembrado o detalhe de que ninguém fala: os neocons derivam dos trotskistas emigrados para a América. É o eterno internacionalismo com as duas faces da mesma moeda- uma proleta, outra elitista. Não são de Direita porque, como o Jaime Nogueira Pinto bem tenta explicar, a Direita não é isso- é católica, conservadora, não revolucionária nem utópica e pela Pátria mais que pela internacionalização do capital transformado em política.

PortugueseMan ...The Washington Post reportava-nos que cinco websites dos talibãs, essenciais até à data na propaganda do grupo terrorista, dentro e fora do Afeganistão, haviam ficado na véspera, repentinamente, offline... Patético....Os que hoje se regozijam com a capitulação militar dos EUA, ignoram que o novo teatro de operações se faz num ambiente onde a supremacia norte-americana é evidente, num mundo digital onde os EUA ditam, desde o início, as regras do jogo....Absolutamente patético. Um artigo premium, para se ler um indivíduo que consome séries e pensa que a realidade se resolve em episódios de 45 minutos. O Observador deveria impor limite em que os autores de artigos premiuns sejam apenas escritos por adultos. Os talibans devem estar desesperados por lhes terem sido cortados sites de internet e contas de whataspp. Já devem estar a negociar a capitulação e a ceder a todas as exigências americanas. Os americanos dominam tão bem o ambiente digital que nem foram capazes de proteger o país de ataques como aquele escandaloso, em que um pipeline que só abastecia metade do país, ficou parado. Bombas? para que vai um terrorista fazer tanto esforço em meter uma bomba no país, quando consegue no conforto da sua caverna, numa montanha remota, aceder á net fornecida por Musk e provocar o caos? Longe vão os tempos que os EUA se vangloriavam de atacar centrais nucleares com vírus informáticos. Agora vemos os EUA a pedir a outras potências para não atacarem certas infra-estruturas. ...A guerra passou a usar, primeiro, muito mais veículos não tripulados e menos soluções tradicionais e o exercício do poder faz-se, cada vez mais, na limitação de acesso a contas bancárias e aos benefícios do mundo civilizado... Ah, fantástico. Está a fazer um sucesso onde? no Afeganistão? Na Síria? No Iraque? No Irão? Na Venezuela? na Bielorrússia? no Yemen? Não, nas minhas séries favoritas na netflix. ...os mesmos EUA que foram tão censurados aquando do lançamento da sua jihad em favor da democratização do mundo, iniciada após o 11 de Setembro, sejam hoje tão criticados por darem fim a uma guerra longa e dispendiosa antes de estarem consolidados e enraizados valores fundamentais na sociedade afegã... Os EUA não estão a ser censurados por não terem condições para continuar no Afeganistão e efectivamente perderem. Os EUA estão a ser censurados pela vergonhosa de saída, coisa mais mal amanhada que já se viu. A quantidade de material deixado para os talibans é de tal ordem, que se metade daquilo que se anda a dizer, é verdade, a bronca ainda vai ser maior. muito maior. Depois pergunta-se como é que certas armas chegam aos terroristas. Mas, se não gosta, é muito simples. Fique-se pelas séries da netflix. Aí, os americanos ganham sempre e em episódios de 45 minutos.          Anarquista Coroado > PortugueseMan Excelente!              Ping PongYang > PortugueseMan Não está à espera que os EUA tivessem equipado o "exército Afegão" (ou lá o que isso seja) com alfanjes e Lee Enfields, pois não ? Nota - Se eu fosse Talibã, pensaria pelo menos 2 vezes ANTES de utilizar, armazenar ou tocar nos "armamentos" mais tentadores que ficaram "espalhados" por lá. É que há "coisas" do Diabo...          PortugueseMan > Ping PongYang Vai ser o Diabo é se os taliban formam efectivamente um governo e os americanos não lhes derem acesso aos perto de 9.5 mil milhões que estão guardados nos EUA. Porque os taliban vão dizer que vão ter que fazer pela vida, que têm que pagar aos funcionários públicos e podem ser obrigados até a vender a mobília...          Ping PongYang > PortugueseMan Exactamente. Esse é "apenas" mais um "pequeno pormenor" do qual quase ninguém fala. Como não é mediático nem glamoroso nem dá dividendos políticos...                      advoga diabo Tudo certo nesta reflexão não fora chamar capitulação a uma escolha programada há anos e só agora posta em prática. Parabéns!         Carlitos Sousa O Bloco de Esquerda tem a posição mais hipócrita que se conhece sobre o que acontece no Afeganistão. Nem uma palavra sobre a forma como os talibãs tratam a população principalmente as mulheres. A única coisa que manifestam é o regozijo pela saída dos americanos, como se se tratasse de uma vitória dos seus aliados naturais - os talibãs. Para o BE, quem é contra o ocidente ou contra os americanos, é seu aliado.           César Neves:  Mas alguém quer saber de direitos humanos, igualdade das mulheres, ou outras "tretas" quejandas? O que a propaganda colaboracionista faz, de que este artigo é exemplo, é apenas diabolizar os Talibans, simplesmente porque o povo afegão preferiu ser governado por eles do que pelos EU. Alguém quis saber das mulheres e dos direitos, quando os Taliban eram os aliados dos EU na guerra contra a Rússia? Alguém quis saber dos mais de 500000 meninos e meninas chacinadas em consequência das invasões do Iraque e Afeganistão? Deviam pensar: é melhor morrerem agora que mais tarde virem a sofrer ás mãos dos Taliban. Alguém quis saber da corrupção e no terror reinante durante a ocupação dos EU e da NATO? Alguém quer saber dos direitos e da vida, dos homens e mulheres afegãos, que colaboraram com os EU nesse terror, e que agora foram abandonados tipo adesivo pegajoso? Pois é: agora nesta hipocrisia colaboracionista só dá malandros dos Taliban, direitos humanos e mulheres: "os EU, são tão só vitimas do seu altruísmo; estão mais limpinhos do que lavados com OMO". Sem palavras.            bento guerra Alguém está a regozijar-se com a derrota americana, ou antes ,com a sua traição ao povo afegão e ao Ocidente, em geral? Carlitos Sousa Desenganem-se, porém, os que vêem nesta retirada um reforço do isolacionismo norte-americano. Nada mais errado. Os States deixaram de ser o "polícia" do mundo e viraram-se para os seus assuntos internos. Desde Barak Obama. Deixaram assim lugar vago para a Rússia e China tomarem esse lugar. E vão tomar. Não nos admiremos de uma escalada na Ucrânia e Taiwan, com a passividade dos States e da Europa. Pensar que o mundo deixou de ser liderado pela força das armas, para ter uma liderança digital, é anedótico e ingénuo. ... nós que sempre fomos de esquerda... O que Adão parece ignorar é como a China e a Rússia fazem gato sapato dessas regras ao nível do conflito digital...             voando sobre um ninho de cucos: De acordo mas essa supremacia a nível digital, também não é trunfo exclusivo dos americanos. Regularmente ouvimos relatos de interferências chinesas na área digital americana. Sobre o carácter profético de Homeland (nunca gostei da série) basta talvez a um olho mais atento ver o que se passou no Vietnam. Podemos por exemplo profetizar/especular sobre o que vai acontecer na Europa daqui a uns tempos. Aposto que os ingleses serão os primeiros.          Antes pelo contrário Ignoram é que a barbárie e os conflitos pelas armas estão a ser importados juntamente com os migrantes... E que tal como os americanos e a democracia ocidental não tinham lugar no Afeganistão, mas sim os costumes e os problemas dos afegãos, que eles nunca conseguiram, nem provavelmente conseguirão resolver - mas se e quando os resolverem os terão de resolver à sua maneira e pela sua própria iniciativa - esta gente não tem lugar no Ocidente!!!          Antes pelo contrárioAntes pelo contrário: Quanto à internet, e sobretudo os telemóveis e as redes sociais - vão ser a causa do fim da Civilização. Porque são a caixa de Pandora, a abertura a tudo quanto é prejudicial, para nós e para toda a gente, o instrumento de todos os abusos, da mentira, da manipulação, e da destruição da cultura e da diversidade que deve existir no planeta. Avanço tecnológico não é sinal de civilização!!! É apenas outra forma de barbárie. Lembrem-se o III Reich e do Zyklon-B...              J. Saraiva > Antes pelo contrário No outro dia 1 adolescente de 21 anos pediu a um conhecido meu, que instalasse o Tik Tok pois assim o adolescente ganhava 18 euros. O meu conhecido instalou e a seguir, desinstalou o Tik Tok. Em ciber segurança dizem que se não pagamos para utilizar uma app/rede/serviço, é porque os utilizadores é que são o serviço. O Tik Tok é chinês (penso) e entre o instalar/desinstalar, deve ter copiado os dados do telemóvel. Se não porque andava a pagar 18 euros? FME: Também sou da opinião que os talibãs tapam as suas mulheres mas gostam, ou gostariam, de ir à internet ver a nudez das mulheres dos outros. Fazer um like num post do “chefe” que fez um novo penteado na barba pode, ou poderia, dar uma promoção ou uma metralhadora melhor. Os novos talibãs, como todos os radicais (e todos nós, na verdade) também devem ser fanáticos por telemóveis “smarts”, redes sociais, transferências e compras online, mas, obviamente que sabem que é uma forma de serem espiados. Provavelmente usam linguagem codificada. Quando precisam de se reunir dizem; hoje é dia de juntarmos as fotocópias. Já se for para atacarem escrevem; vamos fazer aquilo de que mais gostamos. Ser talibã não deve ser nada fácil no chamado mundo digital. Além disso, o medo de levar com uma bomba em cima de um drone americano telecomandado deve ser constante. As tecnologias digitais são como GPS para as agências norte-americanas. Todos os talibãs mais importantes devem ser um pontinho vermelho em movimento nos mapas digitais americanos. Creio, caro articulista, que para os talibãs terem conseguido este “sucesso”, não devem andar muito virados para as redes digitais, e as transacções comerciais, designadamente as do ópio, devem ser em dinheiro vivo, porque senão, os americanos já lhes tinham estragado a festa.       voando sobre um ninho de cucos > FME: Não tenho dúvida que os chefes talibãs têm os filhos em universidades europeias e americanas e que devem babar-se com montes de pornografia...... de todos os géneros.

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