Uma visita aos castelos dispersos no
nosso rincão, criados por motivos bélicos protectores, em histórias que o mito complementa.
Mas que bom seria se o Santo Graal nos surgisse a nós, tornado realidade, bem
atraente na sua virtude mediévica, em torno do Cristo ou do Rei Artur, como a
gente aprendia com as novelas amorosas do ciclo bretão, pois que as do ciclo
carolíngio, em volta da Chanson de Roland, de feminino amoroso só tinham uma Berthe au grand pied, esposa real de um
dos Pepinos e mãe de Carlos Magno, o tal “Carles li reis, nostre emperere magnes” que “set anz tuz pleins ad estet en Espaigne”, como se
inicia a Chanson, em francês arcaico, que chegámos a ler, nos tempos da Coimbra
da saudade de muitos. Não, trata-se agora, no texto que segue, do
OBSERVADOR, de uma exposição a respeito dos Templários, que por cá nos ajudaram
contra a moirama, antes de partirem para o Túmulo de Cristo e foram continuados
pelos cavaleiros da Ordem de Cristo. Mas
outros castelos foram referidos, com o apelo a que os visitemos, e a sugestão
de um Santo Graal, por aqui escondido… Quem nos dera que algum detective arguto
e não batoteiro, o descobrisse, esse Graal da lenda, debaixo de alguma laje bem
portuguesa, pronto a abençoar-nos hoje, povo mole e instalado em ajuda externa,
que já dantes fora ajudado, pelos Templários ou outras Ordens, que “Observador
Lab” nos faz visitar, nos seus castelos roqueiros de muita história lusa, aqui
referida, com muito encanto.
Observador Lab Branded Content
PAÍS Para quê imaginar, se pode visitar?
Os misteriosos cavaleiros da Ordem de Cristo
escolheram o Centro de
Portugal para dar continuidade ao legado dos Templários. Há
mistério, há fascínio, há histórias por contar. Descubra por si.
OBSERVADOR, 18/8/21
Fernando Pessoa escreveu um dia que “o mito é o nada que é tudo” e
possivelmente, se o arquivo central dos Templários, localizado na Ilha
de Chipre, não tivesse sido destruído em 1571 pelos otomanos, hoje
saberíamos mais e hoje também imaginaríamos menos — o mistério e a ausência de
informação adensa o fascínio pelo desconhecido. Mitos, narrativas deliciosas carregadas de simbolismo e de imagens
fantásticas, sobrevivem a séculos de história, incluindo a portuguesa: os mitos
não se desfazem num identidades.
Tornam-se tudo.É
inevitável pensar no início do Condado Portucalense sem revisitar a história da
Ordem dos Templários, que se estabeleceram na Península Ibérica no século XII
para ajudar os primeiros reis na reconquista cristã contra os mouros e deixaram
um grande legado pelo Centro de Portugal.
No início a história, depois as
lendas
Imagine
o seguinte: uma ordem religiosa militar de cavaleiros, fundada
entre a fé cristã e a coragem de homens guerreiros de excelência que assumiram
o compromisso de, inicialmente, prestarem protecção e assistência aos
peregrinos que caminhavam até à Terra Santa em Jerusalém. Este grupo
estendeu o seu poder geograficamente de tal forma que não só chegou a dominar
grande parte dos territórios europeus como se tornou poderoso em várias áreas
como a política, a economia e a guerra. Reza a
lenda que no início da sua formação, os cavaleiros desta
ordem encontraram por baixo do Templo de Salomão, a sede original desta
congregação em Jerusalém, uma série de tesouros e materiais valiosos que
aumentavam ainda mais o poder que já detinham: conta-se
que descobriram o Santo Graal – o
cálice sagrado dos cristãos -, que desapareceu sem explicação aparente, durante
a extinção da Ordem. Julga-se
também que, a par de outros tesouros, terá sido transportado para a Europa e
acabado em Portugal – será que o Santo Graal estará ainda escondido no
nosso território, algures no Centro de Portugal? Será que o triângulo templário
Tomar-Dornes-Fátima
representa mais do que julgamos? Será
que foi escondida uma mensagem nos monumentos templários construídos em
Portugal que desvenda todos os segredos?
São estas e outras perguntas que até
ao dia de hoje continuam sem resposta e nos fazem querer perceber a fundo o
legado da Ordem de Cristo no nosso país.
Monumentos que são pistas da nossa
História
Bem no coração de Portugal, permita-se
ser guiado pelos mistérios da história dos Cavaleiros da Ordem do Templo e
conhecer os tesouros-monumentos que ainda hoje preservam mistérios de outros
tempos e desvendam a nossa História. Apesar de a Ordem ter sido extinta pelo Papa Clemente
V, em Portugal deixou um legado importante que ressurgiu como a Ordem de
Cristo.
Comecemos
pelo Castelo de Soure, na região de Coimbra, concedido à Ordem dos Templários em 1128 por D.
Teresa, e a primeira sede estratégica desta Ordem, que tirou partido da sua
localização para apoiar a reconquista cristã. O passado
da vila de Soure é maior que a sua dimensão: estava localizado na fronteira
entre o território cristão e o território muçulmano, no vale Baixo do Mondego. Em 1162, os
Templários escolheram a cidade de Tomar – cidade Templária na sub-região do Médio Tejo -, para
edificar as suas estruturas principais, e tornaram esta referência geográfica,
a partir desse dia, uma das mais importantes durante a sua presença no nosso
país.
E
tínhamos de incluir esta referência: Rota dos Castelos e Muralhas do Mondego: é aqui que recuamos no tempo e conseguimos entrar um
pouco mais na História de Portugal — numa história que mostra a importância da
linha defensiva do Mondego durante o período da reconquista cristã, mais
concretamente após a reconquista de Coimbra, em 1064. Este sistema de defesa
foi essencial ao longo de 80 anos, e foi mantido por D. Afonso Henriques e D.
Gualdim Pais. Venha daí a descubra mais um pedaço de Portugal.
É a
Mata Nacional dos Sete Montes,
localizada no centro de Tomar, que faz a ligação entre os principais símbolos
associados ao legado desta Ordem. Ao longo de 39 hectares, encontramos o Convento de Cristo – Património
Mundial da UNESCO, um dos maiores complexos monásticos da Europa e uma
obra-prima do Renascimento -, que na época era entendido como a estrutura
militar mais moderna do reino, inspirado nas fortificações da Terra Santa em
Jerusalém, onde nasceram os Templários. Em tempos antigos, aqui caminhavam cavaleiros
de hábito branco e cruz vermelha ao pescoço, que rezavam na Charola do
Convento, o oratório privado dos Cavaleiros localizado no interior da
fortaleza; que admiravam a conhecida e enorme Janela do
Capítulo, ornamentada com figuras simbólicas que
destacam as insígnias da Ordem (procure a cruz heráldica, a esfera armilar e
o brasão do Reino) e motivos relacionados com a arte da marinhagem.
Quando escrevemos “procure”, é a sério: poderá ser desafiante distinguir os
símbolos nesta janela emblemática. Existem outros pormenores interessantes que
permitem algo semelhante a uma viagem no tempo, como o Claustro
Principal e a Cerca Conventual.
Outro
local de passagem obrigatória é o Castelo
de Pombal, na
Região de Leiria. Foi o Mestre da Ordem dos Templários, Gualdim Pais, quem mandou edificar este monumento e trata-se da
memória mais antiga de Pombal. É
um local onde se viaja no tempo automaticamente e que nos proporciona uma vista
única sobre a cidade de Pombal. Este local faz parte da Rota
Templária no Centro de Portugal.
Ora,
e porque não se pode escrever sobre a história dos Templários e a sua enorme
influência no nosso país sem nos referirmos a um símbolo específico, falemos
sobre a Torre da aldeia de Dornes, nas margens do Rio Zêzere. É nesta
aldeia pacata, abraçada pela albufeira de Castelo de Bode, que
reencontramos o nosso passado glorioso: apesar de pouco conhecida, esta torre
pentagonal, com uma forma invulgar, foi construída pelos Templários para vigiar
o território que envolve a aldeia, durante a Reconquista cristã. Este posto de vigilância e de defesa construído em
xisto e calcário, a partir de uma ainda mais antiga torre romana, é o
testemunho claro de um legado que ultrapassou a própria história, tornou-se
parte do nosso imaginário.
Por
fim, a viagem na rota dos Templários prossegue para perto do Rio Tejo, em
Vila Nova da Barquinha, onde encontramos o enigmático Castelo
de Almourol,
que juntamente com os castelos de Tomar, do Zêzere e da Cardiga, criava a linha defensiva do Rio Tejo. É lá
também que encontramos o Centro de Interpretação Templário que recorda a história da reconquista deste território
pelos cristãos e que mais tarde foi entregue à guarda dos Templários, pelos
quais deveria ser protegido.
Venha com tempo porque dentro do museu encontrará uma exposição
permanente sobre a Ordem do Templo, filmes sobre este período histórico, assim
como uma biblioteca e um arquivo com variadíssimas obras.
Não
podemos acabar esta viagem ao passado, sem sugerir que que participe numa
experiência imersiva: melhor do que ler sobre o passado, é
vivê-lo no presente. Nisso,
estamos de acordo? Pois bem, fique a saber que todos os anos a vila de
Almeida, no distrito da Guarda, recebe o evento “Cerco
de Almeida”, uma
recriação histórica e imersiva do ano 1810, que transporta os visitantes, a
cada agosto, para o cenário da 2ª Invasão Francesa a Portugal. Não
existem pessoas com calças de ganga nem malas a tiracolo do futuro, existem
homens e mulheres vestidos a rigor que representam o passado que só nos livros
se conta.
Aproveite
o seu interesse em conhecer a história de Portugal e visite Proença-a-Nova, na Beira
Baixa, um território com um património
natural de encantar e com vestígios de estruturas militares que foram
extremamente importantes para a defesa estratégica do nosso território
português.
Os misteriosos templários
escolheram o Centro
de Portugal para
fazer História e com eles fundaram histórias que se tornaram lendas que se
tornaram mitos, e que nos fazem acreditar que ainda mais fascinante do que
saber tudo, é saber apenas o suficiente para conseguirmos imaginar melhor. O
caminho está traçado e a História não vai a lado nenhum: parte de si querer
descobri-la. Saiba mais sobre este projecto em https://observador.pt/seccao/centro-de-portugal/ PAÍS SOCIEDADE CULTURA PATRIMÓNIO
CULTURAL VIAGENS ESCAPADINHAS LIFESTYLE OBSERVADOR
Nenhum comentário:
Postar um comentário