Mais um texto de Jaime Nogueira Pinto sobre a
nossa História, belas páginas de que se podem tirar conclusões para comparação
contraditória - entre o passado de coragem e sacrifício, embora de argúcia,
também, e o presente de futilidade generalizada. Escolho o comentário de Américo Silva:
«Américo Silva: Saudações ao cronista. Podemos
estabelecer um paralelismo entre o português de Aljubarrota e o homem branco
europeu. Dum lado quatrocentos milhões, do outro mais de mil milhões. Nuno
Álvares não queria castelhanos entre os portugueses, os europeus trazem árabes
e africanos para a Europa. Nuno Álvares exigia disciplina, entre os europeus
ninguém se entende, esquerda, direita, feminismo, marxismo, ecologia, direito,
política, democracia, laicismo, multiculturalismo. Nuno Álvares proibia jogos
de azar entre os seus, nós temos a bolsa, a exploração exacerbada através de
alvarás, concessões, exclusividades, subsídios, vantagens de toda a ordem. Quem
estudar a história em geral, não encontra desígnios morais, bons ou maus
propósitos, o que sobressai entre os vencedores são as qualidades demonstradas
e mantidas: humildade, resiliência, coragem, prudência, valentia, lealdade,
esperança, solidariedade, exigência e outras.»
A batalha /premium
Lembrando Aljubarrota, lembremos
também o que a falta de sensibilidade à História e à memória, a desatenção ao
povo e a aceitação passiva da “legitimidade reinante” podem trazer.
JAIME NOGUEIRA
PINTO, Colunista do Observador
OBSERVADOR,27 ago 2021
Toda a gente sabe que as identidades
nacionais não são graníticas nem estão fechadas a interpretações e a
reinterpretações; mas ninguém parece saber, ou querer saber, que o
processo que está em curso não é a sua “reinterpretação”: é a sua estratégica
desconstrução e diluição num tolerante todo transnacional, mediante o contrito
cancelamento de um “passado de opressão e violência”. Ora, daqui, poderá vir
tudo menos a anunciada “libertação do jugo das pertenças” e a insinuada paz na
Terra entre “a população” de boa vontade.
Num tempo de leviandade e ignorância
em que, em nome de grandes e fluidos princípios humanitários, se faz uma guerra
silenciosa mas impiedosa à História e às identidades nacionais – um
tempo particularmente permeável à ilusão de que as declarações universais das
Nações Unidas ou o crescente rol de direitos da União Europeia são mais
importantes para a defesa das liberdades e dos interesses dos cidadãos do que a
independência das nações – a memória da História, da nossa
História tornou-se num bem essencial.
Conhecer, reconhecer, recordar, os
momentos de nascimento, de risco e de consolidação da nossa independência não
será, por isso, um exercício fútil.
Para
nós, Portugueses, Aljubarrota é
um desses momentos fundacionais, um momento de risco e de consolidação do que
somos, ou do que também somos e também nos determina. Ou do que não quisemos
então ser.
Nos
finais do século XIV, com a independência em risco depois da morte de D.
Fernando, o momento era de crise.
Como
quase todas as crises de poder medievais, a crise de 1383-1385 começava por ser uma crise de legitimidade e de
sucessão dinástica. D. Fernando não tinha herdeiro varão, mas tinha, do seu
casamento com Leonor Teles, uma filha, D. Beatriz, prometida ao rei de Castela, D. João I. O Tratado de Salvaterra de Magos, de 2 de
Abril de 1383, ratificava
a promessa e, numa série de cláusulas conformes com correcção político-jurídica
do tempo, entregava Portugal a Castela.
E
recomeçou a guerra entre Portugal e Castela, embora a guerra quase fosse o
estado natural das coisas entre os Estados medievais e, dentro deles, entre
feudos e clãs. A guerra que então começava era também um episódio da Guerra dos Cem Anos, entre
franceses e ingleses, e nela também pesava a divisão da Igreja, com um Papa em
Roma e outro em Avinhão.
No
reinado de D. Fernando, as guerras com Castela tinham sido sucessivas e a
terceira correra mal para Portugal; daí o
Tratado de Salvaterra – uma
tentativa de reequilíbrio, negociada na mó de baixo. D. Fernando morre em Outubro
de 1383, pouco depois do Tratado, e Leonor Teles, a viúva, fica regente.
O
Conde de Andeiro, principal
conselheiro da Rainha-Regente e pró-castelhano, é então morto por D. João,
Mestre de Aviz, e por outros patriotas. D. João de Castela volta a invadir Portugal em 1384 e Nun’Álvares derrota
os castelhanos nos Atoleiros. E em 1385, nas
segundas Cortes de Coimbra, João das Regras, depois de
demonstrar a ilegitimidade de todos os pretendentes – D. João de Castela, os Infantes D. João e D.
Dinis, filhos de D. Pedro e Dona Inês de Castro, e D. João Mestre de Avis,
filho natural de D. Pedro e de D. Teresa Lourenço –, persuade as Cortes a
aclamar o Mestre, “de Pedro único herdeiro/ Ainda que bastardo, verdadeiro”
(como depois dirá Camões). E fá-lo
em nome de uma nova legitimidade identitária, numa decisão pioneira de
reivindicação proto-nacional que se afasta do direito feudal, favorável ao Rei
de Castela, e da legitimidade reinante, que levava a grande nobreza a apoiar
Castela (aprendi
com Martim de Albuquerque que em 1383-1385 a divisão das elites se dava entre
os chefes das grandes casas e os bastardos e filhos segundos).
Em Coimbra
– com o apoio político e jurídico de João
das Regras – funcionou a
dupla D. João Mestre de Avis/Nuno Álvares Pereira, dupla que vai ser decisiva para a vitória. De
resto, Nun’Álvares terá também sido bastante persuasivo nas Cortes,
apresentando-se em Coimbra com um séquito de homens armados, por via das
dúvidas e dos duvidosos.
Quando
o Rei de Castela vem reivindicar os seus direitos pela força, invadindo
Portugal na Primavera de 1385, esta dupla já está consolidada. A avançada
castelhana pela Beira Alta sofre a derrota de Trancoso, mas é em Aljubarrota
que tudo se joga.
Da
batalha, temos os relatos de dois cronistas da época – Froissart e Lopez de Ayala –,
a Crónica do Condestabre e, algumas
décadas depois, a de Fernão Lopes.
Há também cartas de
D. João de Castela a cidades
de Espanha, a explicar a batalha e a derrota. Modernamente, sobretudo à volta das “covas do lobo” e
das obras de defesa dos Portugueses, que teriam armadilhado a investida
castelhana, há uma polémica – aberta por Afonso do Paço, com os contributos de
Alcide de Oliveira, Gastão de Melo Matos, Salvador Arnault, Nuno Valdez dos
Santos e outros – que, mais tarde, João Gouveia Monteiro veio esclarecer.
Mas o que mais aqui se destaca é a
decisão de Nun’Álvares de dar batalha, e batalha decisiva, e de para isso fazer
as preparações necessárias, que incluíam as tais disposições defensivas no
terreno. Bem pelo contrário, e como conta Ayala, do lado castelhano dominou a
arrogância, o menosprezo, ou mesmo o desprezo, pelos Portugueses, dos
orgulhosos senhores castelhanos e dos muitos nobres portugueses passados para o
lado castelhano.
E
foi a batalha, com os resultados que se conhecem. Como em outras grandes
batalhas antigas (Canas, por exemplo), a decisão foi rápida. Quebrada a
linha da frente castelhana, começou a debandada e o massacre dos vencidos.
A
estratégia seguida em Aljubarrota por Nun’Álvares não era original: tinha sido
inaugurada por Eduardo III e pelos ingleses nas batalhas de Crécy e Poitiers na
Guerra dos Cem Anos e era, fundamentalmente, uma adaptação inteligente e
realista da táctica aos recursos humanos e materiais disponíveis. Os franceses eram mais numerosos e tinham uma
cavalaria superior. Por isso, os ingleses escolheram uma batalha a pé, com os
arqueiros a cobrir a infantaria, em posições vantajosas, e ganharam em Crécy, em 26 de Agosto de 1346. Dez anos depois, foi a vez do Príncipe Negro, filho de Eduardo III, vencer o rei de França, em Poitiers.
Nun’Álvares
tinha, com certeza, conhecimento destes sucessos. Havia também uma colaboração
próxima com os ingleses: as cidades marítimas de Lisboa e Porto eram ligadas
comercialmente a Inglaterra e tinham tomado partido pelo Mestre. De
Inglaterra tinham também vindo umas centenas de arqueiros, que alinharam em
Aljubarrota e que foram decisivos.
Quando,
ainda na instrução primária da “longa noite fascista”, estudei História de
Portugal, os castelhanos eram 32 mil e os portugueses 7 mil.
Depois li no Oliveira Martins que alguns desses castelhanos eram
não-combatentes – parte do imenso trem logístico que seguia o exército e que,
com a pilhagem, o abastecia –, o que baixava o número de inimigos no terreno
para uns 20 mil, enquanto o dos portugueses subia ligeiramente para cerca dos
10 mil. Entretanto, João Gouveia Monteiro fez o estudo crítico da “Batalha
Real” e a Fundação de Aljubarrota, instituída graças a um significativo legado
de António Champalimaud, continua a estudar e a divulgar Aljubarrota às novas
gerações.
Independentemente
dos números e do ineditismo da estratégia, o
mais importante, desde o início da crise, é a vontade de liberdade e de
independência dos Portugueses (estimulada pelo tratamento que os castelhanos
tinham dado ao povo nas invasões do reinado de D. Fernando); ou o facto de essa
vontade colectiva de resistência ter sido bem interpretada, assumida,
enquadrada e guiada por uma dupla de líderes – D. João, Mestre de Avis, e Nuno
Álvares Pereira – com a assistência jurídica e institucional de João das
Regras.
Aljubarrota foi o choque da
determinação portuguesa com a ambição castelhana de unificar a Península.
Ambição que, 200 anos depois, com Filipe II, triunfaria – mas que seria outra
vez vencida em 1640 e nas campanhas da Guerra da Restauração. Até hoje.
E no entanto, há uns anos, em nome de
considerações economicistas, cancelou-se o feriado que lembra esse 1º de
Dezembro de 1640, o feriado em que se celebra ou devia celebrar a nossa secular
vontade de independência. E não foi um governo de esquerda que o cancelou.
Lembrando hoje Aljubarrota,
lembremos também que a falta de sensibilidade à memória e à História, a falta
de coragem e de liderança e a aceitação passiva e acrítica da dependência, da
“legitimidade reinante” e da “modernidade transnacional” costumam anteceder
tudo o que é invasão, saque, ocupação, cancelamento.
A SEXTA
COLUNA CRÓNICA OBSERVADOR HISTÓRIA CULTURA ESTADO POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
José Luis Salema: Grande artigo mais uma vez! Um resumo formidável da nossa luta pela
independência. No último parágrafo fica um aviso muito sério! Muito Obrigado
Jaime Nogueira Pinto. Meio
Vazio: Creio que há uma
pequena imprecisão no texto - comum, de resto, e talvez justificada por um
favor histórico de cariz nacionalista: o tratado de Salvaterra só muito
remotamente permitia que a coroa portuguesa viesse a pousar na cabeça de Juan
de Castela; este não era herdeiro, ao contrário do que aconteceria em 1580 com
Felipe. Juan de Castela defendia apenas a legitimidade de sua mulher (Beatriz)
e de um eventual filho desta. Na verdade, só por má-fé se poderia sustentar
(como o fez João das Regras) que com a morte de D Fernando o trono estava vago,
podendo recorrer-se a aclamação: Beatriz não era bastarda, muito menos filha de
mãe adúltera, e o seu casamento com um estrangeiro nunca beliscaria a
legitimidade da sua coroação. Era só mulher (o que na época era
pouco...). Foi de facto uma vitória portuguesa, mas os vencidos foram o
direito e a tradição de fidelidade, estruturante na Idade Média. João Alves > Meio Vazio:
Embora fosse discutível que D Beatriz
fosse filha ilegítima, João das Regras usou esse argumento por D. Leonor já
ter sido casada. De resto, a sua estratégia jurídico-política nas Cortes de
Coimbra foi demonstrar que todos os pretendentes ao trono português eram,
falando bem e depressa, filhos da puta, e que cabia aos portugueses aclamar o
filho da puta que mais lhes conviesse. Assim nasceu a dinastia de Aviz. filipe mendes homem mendes:
Crítica aos Socialistas
entrevistados. De nada serve dizer que o passado, o Presente e o futuro são como Líderes
do PS, capazes das mesmas coisas, e que sobre os quais nenhuma opção se
consegue tomar, nenhuma escolha é passível de ser tomada. Nenhum Juízo
prevalece por uma questão de Pluralidade que a delicadeza do presente cala, e
que as múltiplas morais e éticas comportamentais perdem no Tempo qualquer
sentido de serem julgadas a tempo...pela muita pluralidade de éticas que o
Partido admite, pela Moral que no Passado, no presente e num futuro devir
sempre servirão de argumento para desculpar alguma falta. Sempre haverá um
Precedente que sirva de desculpa, espécie de estado De emergência que importa
continuar, para que não se perca "a construção" da Obra socialista.
Até que ponto, não havendo
crispação entre grandes Grupos familiares/partidários, o Poder central não é
colocado em Causa. O antigo Provedor da «Justiça era candidato a Grão Mestre da
Maçonaria, mas o Grau de Provedor no Estado é diferente do grau que
necessitaria para ser Grão Mestre de um Mundo diferente na sua concepção
hierárquica. Só me faz lembrar o escritor Luís Sepúlveda que esteve gravemente
infectado em Portugal durante uma semana, antes de ser declarado o 1ª caso
oficial que nunca o elegeu para 1º ou 3º no Podium. Ora embora as Grandes Casas
familiares estejam na génese dos Partidos, sempre o rei via a crispação entre
elas uma forma de dividir para reinar, realidade que não ocorre quando o Rei
admite que façam Geringonças capazes de alterar o modo como ele Rei é eleito,
se directamente ou se por colégio dos 3 mais votados Candidatos a Presidente.
Parece que o Rei ao admitir Geringonças admite que sobre a sua eleição se possa
determinar por outra maioria de votos secundária...se tem apoio suficiente para
presidir...já que nem todos votaram nele e havendo dois outros candidatos cujos
votos excedam os votos das sua aparente vitória, seria legítimo à luz da
representação com que os Presidentes devem representar a Maioria do
Povo...haver um colégio que o elegesse como se elegem os Papas no Vaticano por
colégio de inter-pares e não por eleição directa de gente muito crente que
depois faz do eleito um Santinho e Santo Presidente, esquecendo que durante o
antes eram claras as suas opções pela excelência de tipo espírito santo onde
naquelas águas se movia antes de ser eleito o mais pobrezinho de todos, o
primeiro a usar máscara e permitir Chamions league em pleno Agosto passado.
Podem trazer 600 mortes
estereis em dois meses, certamente. E basta lembrar o quanto uma pessoa de 70
anos que morre agora sobre a frieza dos números do Covid, poderia acrescentar
escrevendo suas memórias, um Poema que a sua Vida fosse...para memória futura. Liberal Assinante do Local: A única coisa com interesse
hoje é a história do século XIV e da vitória de Aljubarrota. As significações
actuais que Jaime Nogueira Pinto nelas encontra são ridículas, exceptuando no
que respeita ao "querer" combater pela independência nacional. Se
esta vier a estar em causa nos próximos tempos, receio bem que ninguém arrisque
algo para a defender. filipe
mendes homem mendes > Liberal Assinante do Local: A única coisa com interesse
hoje, somos nós mesmos, desde que o hoje nos interesse mais que o passado ou o
futuro, ambos fantasias e vaidades de verdade sem consequência nos dias que
correm perante os nossos olhos e mãos. De nada serve ao Poder que cada Media
tem em mãos e no filtro que faz das inteligências que publicita...não usar esse
poder para alterar o dia de amanhã, a cabeça com que amanhã mesmo qualquer um
pode acordar pensando diferente porque leu algo num Media, que lhe tocou a
maneira com que pensava o seu lugar no Mundo, naquele Tempo que sempre se
dividiu em Passado, Presente e Futuro e onde todos devemos encontrar a coisa e
vida comum num Presente que mais une que qualquer passado ou futuro que todos
tenhamos. de nada serve dizer que o passado, o Presente e o futuro são como
Líderes do PS capazes das mesmas coisas e sobre os quais nenhuma opção se
consegue tomar, nenhuma escolha é passível de ser tomada. Nenhum Juízo
prevalece. José Luis
Salema > Liberal
Assinante do Local: Quanto ao ninguém estar disposto a lutar pela Pátria, o liberal fala por
si. Faça o favor de
não generalizar. Francisco
Tavares de Almeida: Mais um excelente e oportuno artigo. De facto a divisão das grande
Casas foi assim. O chefe da então importante família de Vasconcellos, seguiu o
direito de D. João de Castela e dois irmãos Vasconcellos comandaram em
Aljubarrota a Ala dos Namorados. Na táctica da batalha, repetindo Crécy e Poitiers,
aponto a falta (esquecimento?) de Azincourt, que precedeu a primeira de mais de
30 anos. Ping
PongYang > Francisco
Tavares de Almeida: Pela qualidade de alguns comentários como o seu, fico quase tentado a subscrever o Obs só para poder ler este artigo. Elvis WaynePing PongYang: Ah então o Pong admite de uma vez por todos que têm
andado sempre a comentar artigos, como os do JNP, sem nunca ir além do título.
Saúdo a sua
franqueza.
Jaime Pinto > Francisco Tavares de Almeida: Azincourt foi depois em 1415 Francisco Tavares de Almeida > Jaime Pinto: Pois, errei um século. Partidas da memória que me
inquietariam se a comparação com pessoas da minha idade não me tranquilizasse.
Obrigado pela
chamada de atenção e fico surpreendido que tenha tempo para ler a caixa de
comentários e dar-se ao trabalho de corrigir um disparate. Bem haja. Joaquim Almeida > Francisco Tavares de Almeida: 30 anos apenas
Ping PongYangElvis Wayne: Receio
que seja um pouco mais complexo que isso: A partir do perfil do articulista, do
título, da sinopse e dos comentários, faço o exercício mental de reconstrução
do artigo. No fundo é como resolver um "puzzle" em que falta a
maioria das peças: podem escapar alguns detalhes, mas o essencial está lá. Jose Afonso: A batalha está perdida ,porque,
simplesmente este povo estéril, nem sequer quer batalhar....já
desistiu...apenas quer reforma e preguiça. Francisco Garcia: Diga-se a verdade, a
"assistência jurídica e institucional de João das Regras" .... não
passava de uma grande aldrabice. josé maria: Aqueles que aqui defendem um
lusitanismo integralista são exactamente os mesmos que negam à Catalunha o
direito à autodeterminação e à independência... L. Perry: Se Portugal não tivesse
recuperado a sua independência em 1640, hoje não se falaria português no Brasil
e em Africa, e o Português não seria uma das 10 línguas mais faladas em todo o
mundo, com 232 milhões de falantes. Outras línguas de países que foram incorporados em
Espanha não tiveram tanta sorte: o Catalão tem 4 milhões de falantes, o Galego
tem 2 milhões de falantes, o Basco 720.000, e o Aragonês 12.000. Portugal consegue ser um país
grande quando se dá ao respeito. Se Portugal tivesse sido irreversivelmente assimilado
em Espanha em 1580, hoje teríamos no máximo 5 milhões de falantes de Português
em todo o mundo. A diferença entre 5 milhões e 232 milhões foi um dia, o 1° de Dezembro de
1640. bento guerra:
Talvez as novas
portagens ecológicas em Espanha ,sejam o nosso garrote final e a tomada pelos
espanhóis ,des ta"varanda sobre o Atlântico" que tanto desejam klaus muller: Se pudéssemos escolher hoje,
não sei se não preferiríamos bandearmo-nos para os lados de Castela.
Pelo menos seríamos melhor governados do que por este
bando que nos controla. O único problema é que os espanhóis não deveriam
aceitar semelhante tormento. Assim, como está, fica-lhes mais barato. Maria Nunes > klaus muller: Se me permite, o governo de Sanchéz ainda é pior que o
nosso. Elvis
Wayne > Maria Nunes: No meu modesto entender, tanto a raposa de Goa como o
Sanches são muito ruins. Pena que esta infeliz Península se tenha tornado no
último reduto da extrema-esquerda na Europa (não estão em mais nenhum governo a
não ser aqui e em Espanha). José
Leandro: Prezado boa
tarde. Alfarrabista militante fez-me chegar "Portugal os anos do
fim". Dá imenso jeito para ajudar a compreender o presente. Obrigado.
advoga diabo: "a falta de sensibilidade
à História e à memória, a desatenção ao povo e a aceitação passiva da
“legitimidade reinante” podem trazer." Para quê recuar até Aljubarrota, até pelo enorme
distanciamento temporal que em muito prejudica o raciocínio, quando esta
reflexão de JNP se adequa na perfeição ao efeito nefasto do Estado Novo? Mario Silva > advoga diabo: Também se adequa na perfeição ao actual Estado, que a
sustenta Simplesmente Maria: Às vezes, apesar das evidências, a história repete-se.
Obrigada Hipo
Tanso: É triste que os actuais autoproclamados
detentores da verdade tenham enxovalhado o sentimento de patriotismo ao ponto
de tornar perigosa a sua manifestação desassombrada. Não ficaria surpreendido
se num futuro próximo o sentimento patriótico fosse incluído numa lista de
"crimes de ódio" sujeitos a penalização legal.
Por todos os motivos e mais esse, o nosso obrigado,
JNP! bento guerra:
A rapaziada de
agora não vai além do último episódio. Não é que não tenham capacidade para
conhecer mais do que os antigos, mas porque as prioridades são muitas e
diversas. E depois, basta ir ao dr. Google Carlos Quartel: A fugir um pouco para o
patrioteiro, penso. O povo estava ausente, do que se tratava essencialmente,
eram lutas pelo poder dos senhores da guerra, ao tempo designados reis. Ao povo
competia ser arrebanhado, darem-lhe um chuço e mandarem-no para a batalha, com
desprezo total pela sua segurança. Cada conde trazia as suas tropas e a noção
de estado não existia. A lealdade era para o senhor feudal e a noção de pertença
era bem mais de tribo local. Em 1640 quem queria a independência eram os
nobres, afastados da corte e postos à margem. Ontem como hoje, a proximidade do
poder é fundamental para as classes ociosas, que vivem de favores e de
prebendas. As invasões francesas fizeram mais pela unidade nacional do que o
episódios referidos. O ódio ao invasor juntou-nos Nuno
AS > Carlos Quartel: As invasões francesas
"juntou-nos"? Sim, mas foi aos ingleses às ordens de quem andámos. Carlos Quartel > Nuno AS:
Já em Aljubarrota sem os
arqueiros do Lencaster a coisa complicar-se-ia.... voando
sobre um ninho de cucos > Carlos Quartel: Em termos de planeamento e
execução a batalha de Aljubarrota é uma obra prima. Mas claro que tivemos
também uma dose de sorte. Uma das estratégias fundamentais foram as tais covas
dos lobos. A batalha de Aljubarrota foi extremamente rápida em termos
medievais. Ping
PongYang > voando sobre um ninho de cucos: Hummmm... É uma pena a Dra.Voando
ainda não ter conhecido um ilustre membro aqui desta nossa tertúlia chamado Dr. Cipião Numantino. Tenho quase a certeza que o grau de detalhe
e erudição das análises históricas evidenciadas pelo caro Cipião, mereceriam o seu apreço. voando sobre um ninho
de cucosPing PongYang: Olá Ping Pong Eu chamo ao Cipião o cometa
Haley: aparece só de vez em quando mas quando tal acontece o rasto é magnífico.
Eu gosto imenso do Cipião. Só que ele aparece muito pouco. Se o Ping Pong conhecer
o Cipião transmita-lhe a minha admiração e o gosto com que leio tudo aquilo que
ele escreve. Ping
PongYang > voando sobre um ninho de cucos: Não tenho o prazer de conhecer
pessoalmente Cipião, mas caso
ele decida orbitar novamente
estas paragens, fique a Sra certa que farei escrupulosamente o que me pede. Dr. Feelgood > Ping PongYang: Apres......!! Vade de Retro, Mefistófeles ! Então
andei eu anos e anos a fio desde o DN a mandá-lo pastar e agora vêm-me aqui os
súbditos ajuramentados em odes e preces de retorno...!??! O tempora o mores ! O
passado está nas prateleiras dos museus ou, em versão contemporânea, à
distância dum click.! Clickem, pô ! E livrai-nos do mal, Insh Allah. vitor gonçalves > Carlos Quartel: O Mestre era apoiado pelo Povo,
nomeadamente pelo de Lisboa, segundo Fernão Lopes, estes queriam " alçá-lo
como Rei" e o Mestre " filhava-se a sorrir" .Penso que
deveria existir algum apoio popular á figura do pretendente. Ping PongYang > Dr. Feelgood: Não sei como ficaste com tal alergia ao Cipião:
Não me digas que é por ele ser Lagarto...
Até já me recomendou um livro sobre o Giraldo e tudo.
Maria Nunes: Ao ler esta crónica senti orgulho dos nossos antepassados e de ser
portuguesa. Obrigada JNP, pois no presente só tenho vergonha de quem nos
governa. Jorge
Carvalho: Mais uma lição
sublime baseada em factos que nos inquietam neste triste e amargo presente.
Estamos prontos!! Obrigado JNP
Américo Silva: Saudações ao cronista. Podemos
estabelecer um paralelismo entre o português de Aljubarrota e o homem branco
europeu. Dum lado quatrocentos milhões, do outro mais de mil milhões. Nuno
Álvares não queria castelhanos entre os portugueses, os europeus trazem árabes
e africanos para a Europa. Nuno Álvares exigia disciplina, entre os europeus
ninguém se entende, esquerda, direita, feminismo, marxismo, ecologia, direito,
política, democracia, laicismo, multiculturalismo. Nuno Álvares proibia jogos
de azar entre os seus, nós temos a bolsa, a exploração exacerbada através de
alvarás, concessões, exclusividades, subsídios, vantagens de toda a ordem. Quem
estudar a história em geral, não encontra desígnios morais, bons ou maus
propósitos, o que sobressai entre os vencedores são as qualidades demonstradas
e mantidas: humildade, resiliência, coragem, prudência, valentia, lealdade,
esperança, solidariedade, exigência e outras.
Artur
Dias: belíssimo artigo.
Um verdadeiro prazer ler a nossa história. A única coisa que desejo é que as
novas gerações tenham o mesmo sentido de identidade e orgulho que eu tenho.
Honestamente, penso que sim. Pela Europa fora, sempre me disseram que se há
povo orgulhoso da sua identidade, é o português. Fernando
Fernandes > Artur Dias: Infelizmente as nossas novas gerações de substituição
nada terão a ver com a nossa identidade nem sequer quererão saber nada das
nossas origens. Maria
Cordes > Artur Dias: Andava hoje pelos ares de Benfica, bem cosmopolitas,
por acaso, mercado, feira, nacionalidades e etnias diferentes, e na pausa do
café, longa e concentrada, li com imenso prazer o artigo de JNP, um abraço
aconchegador de outras épocas. Quando retomei a caminhada, cruzei-me com gente
variada, e interroguei-me, se alguém conheceria a batalha de Aljubarrota, para
concluir da alta probabilidade de que ninguém soubesse. É nestas águas que
assenta a vitória socialista. O Observador, há dias, censurou o meu comentário,
sobre o ensino. Ficaram incomodados.
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