Zahi Hawass: Defensor da manutenção – e devolução - dos
primitivos valores egípcios levados por outros povos, para os seus museus.
Entrevista
Zahi Hawass: "Estou muito perto
de descobrir como morreu Tutankhamon. E vou encontrar a múmia de Nefertiti
OBSERVADOR; 10 fev. 2025, 20:06
Antigo
Egipto. Em entrevista, Zahi Hawass reforçou os museus internacionais "têm
de devolver as peças roubadas".
“Sou o
guardião da antiguidade egípcia”, diz-nos Zahi Hawass, com
77 anos, ele que se autointitula desta forma com um zelo quase mitológico. Percebemos porquê. Ao longo de uma
carreira que já leva décadas, ligada à arqueologia e à descoberta dos segredos
do Antigo Egipto, tornou-se um dos principais rostos da sua divulgação e
preservação histórica, um dos primeiros vindo do próprio país. “Antes de mim, só os
estrangeiros falavam”,
diz ao Observador,
assumindo o orgulho patriótico. “Eu cheguei e parei com tudo isso.”
Agora viaja ele pelo mundo, revelando as histórias
perdidas e descobertas no deserto e nas margens do Nilo. Histórias que fascinam o Ocidente
há mais de um século, desde que a equipa do britânico Howard Carter descobriu o
túmulo de Tutankhamon. “É a Egiptomania e é incrível”, afirma, ele que no verão fará
uma longa digressão pela América do Norte, com mais de 30 palestras. Antes disso, esteve em Portugal, na
Universidade NOVA de Lisboa, para uma visita (com dois anos de atraso) ao
abrigo das comemorações do 50.º aniversário do restabelecimento das relações
diplomáticas entre Portugal e o Egipto. Trouxe uma série de novas descobertas que, à boleia de
avanços científicos e tecnológicos, iluminam cada vez mais os 3000 mil anos de
história guardadas junto ao Nilo.
Referência quase popstar da egitologia moderna, Hawass sabe que, apesar da fama (ou
por causa dela), não é consensual: “Quando nos tornamos uma figura pública, vamos sempre fazer inimigos”.
As querelas com pares no meio
arqueológico são conhecidas, tal como as duras críticas que tece sobre a
hipótese, levantada em anos recentes, de que povos de descendência africana
poderão ter tido mais influência no Antigo Egipto do que se pensa. Dentro do país, a proximidade com o
regime de Hosni Mubarak – foi seu ministro durante o
período que antecedeu a Primavera Árabe –
também ajuda a alimentar os seus detractores.
▲"Estamos a
usar ultrassom e infravermelhos na Grande Pirâmide de Khufu. Até ao momento.
descobrimos um corredor por trás da entrada principal e um grande vazio por por
cima da Grande Galeria"
Hawass admite que aqueles que o criticam “terão as
suas razões”, mas garante que toda a sua vida foi passada a trabalhar “em nome”
do Egipto. É precisamente “em nome do país” que luta há anos para a devolução
dos artefactos retirados do território ao longo de séculos de escavações no
auge do colonialismo de África. Neste momento, os seus esforços estão
concentrados em reaver a Pedra da Roseta e o busto de
Nefertiti. “[Os artefactos] têm de voltar”. O plano
passa por recolher assinaturas (já vai em 300 mil) e encetar negociações com os museus que
detêm as peças. Acima de justiça, trata-se sobretudo de uma questão de
identidade nacional. “Ao reaver as peças, estamos a restaurar a imagem do nosso
país.”
Até lá, continua
a trabalhar para mapear essa identidade. O seu foco actual passa por localizar a múmia da rainha Nefertiti e por
descobrir os segredos da pirâmide de Khufu — ou Quéops, a maior das pirâmides de Gizé — e das construções
da Necrópole de Saqqara. E, acrescenta, dentro em breve poderá estar perto de desvendar
um dos maiores mistérios da história egípcia: a causa de morte de Tutankhamon.
“Acredito que 2025 vai ser o melhor ano para a arqueologia”.
É
há décadas uma referência na área da arqueologia do Antigo Egito. Quais são
algumas das maiores descobertas e desenvolvimentos a que tem assistido nos
últimos anos?
Basta falar só deste ano.
Acredito que 2025 vai ser o melhor ano
para a arqueologia e para a antropologia. Para começar, estamos a
usar ultrassom e infravermelhos para revelar os segredos da Grande Pirâmide de
Khufu. Até ao momento.
descobrimos um corredor por trás da entrada principal da pirâmide e um grande
vazio por cima da Grande Galeria, do tamanho de dois camiões. Estou a
liderar uma equipa em Inglaterra, tenho também o projeto «ScanPyramids.»
Acreditamos que, dentro em breve, vai ser possível revelarmos todos os
segredos da pirâmide de Khufu. Em segundo
lugar, estive à procura da pirâmide perdida em Saqqara, como foi mostrado no documentário da Netflix.
Esta pirâmide foi descoberta e ainda
estamos a escavar neste momento. Temos esperança de que, dentro em breve,
saibamos quem é o dono desta pirâmide. Acredito que possa pertencer
ao último rei da Terceira Dinastia (2686-2613 a.C.), Huni. Estou ainda a usar ADN para descobrir como morreu Tutankhamon. Estou
muito perto de conseguir.
- O que pode adiantar sobre essa investigação?
- Quando analisámos a múmia de Tutankhamon, descobrimos que tinha uma
fractura na perna esquerda, de um acidente que lhe aconteceu dois dias antes de
morrer. Estamos agora a trabalhar para perceber se ele teve alguma infecção;
se sim, vou poder anunciar que Tutankhamon morreu como resultado de um
acidente. Também
com ADN, estou à procura da múmia da
rainha Nefertiti e da sua filha. Em Luxor,
na “cidade dourada” de Aten, que descobri, encontrámos há uns meses uma grande
área no leste da cidade, o que a torna na maior do Egito. Dentro da cidade, encontrámos o nome
“Semenchkare”, que acredito
que seria o nome de trono de Nefertiti. Descobrimos ainda um grande
cemitério a norte, datado de 500 a.C., para as mulheres e homens que cantavam o
deus Ámon, bem como o templo do vale da rainha-faraó Hatshepsut. Lá dentro
encontrámos o nome de Tutemés III, o seu sucessor, o que pode provar que ele
não matou Hatshepsut, como está escrito em todos os livros de história, e
manteve o culto da rainha dentro do templo. Encontrámos lá também 1.500 belíssimas gravuras decoradas da
rainha e de Tutankhamon III. E
descobrimos o túmulo do director do palácio da rainha Tetisheri, a avó de
Ahmose I, que foi quem expulsou o povo Hicso.
- Com tantas descobertas recentes, o
que é que ainda nos falta saber sobre aquela época? Estes achados podem de
algum modo mudar a nossa percepção do Antigo Egipto?
-Completamente,
todas as descobertas iluminam mais a História. Por exemplo, o que estava a dizer sobre
Hatshepsut ter sido assassinada por Tutemés III, agora sabemos que não é
verdade; o vazio da pirâmide de Khufu, acredito, indica que a câmara
fúnebre ainda está escondida dentro da pirâmide; a cidade dourada mostra-nos
que o deus Aten não foi criado por Akhenaten, mas sim pelo seu pai, Amenhotep
III, que se autointitulava “Deslumbrante Aten”. Outra das minhas
grandes descobertas foram os túmulos dos construtores das pirâmides, que nos dizem que estes eram egípcios.
E não nos podemos esquecer do papiro de Wadi al-Jarf, que descobrimos
há três anos, e que nos fala pela primeira vez da construção da pirâmide de
Khufu.
- À medida
que se vai sabendo mais, visões opostas sobre a História acabam por surgir. Tem
sido um grande crítico do Afrocentrismo no que toca ao Antigo Egipto. Porque é
que não subscreve esta corrente de pensamento?
- «Porque sou
o guardião da antiguidade egípcia. Se alguém disser algo de errado
sobre o Antigo Egipto, estou aqui para corrigir. Quando a Jada Pinkett Smith fez aquele filme sobre Cleópatra em
que esta era negra [documentário disponível na
Netflix], tive de dizer que não é verdade. O Reino de Kush, o
“reino negro”, reinou sobre o Egipto no final da história egípcia, e se
olharmos para as representações dos reis, são diferentes dos rostos de um
núbio, de um africano ou de um asiático. Todas estas ideias que chegam ao
público, devemos corrigi-las. E sou eu quem realmente levanta estas questões
nos media, sobretudo internacionais.
-Recusa então
as críticas que alguns lhe têm feito de que desvaloriza o papel de certos
grupos étnicos, como os núbios?
- Claro. Quando nos tornamos figuras públicas, vamos sempre fazer
inimigos. Nunca achei que toda a gente iria ver-me como um grande homem, nada
disso. As pessoas sempre me criticaram. Mas nunca liguei às críticas, o meu
objectivo sempre foi trabalhar. Sou como um comboio, só vou num sentido.
Quando as pessoas me criticam, terão as suas razões. Mas sinto que estou a
trabalhar em nome do meu país. Tem de perceber que os rostos do Antigo Egipto
eram todos estrangeiros. Antes de mim, só os estrangeiros falavam, faziam
filmes, escreviam livros sobre o Egipto. Eu cheguei e parei com tudo isso.
Agora sou eu quem dá a cara pelo Egito. Por isso é que haverá sempre aqueles
que me odeiam e os que me adoram. Mas acredito que são mais aqueles que
me adoram.
▲ O túmulo de Tutankhamon e o
busto de Nefertiti: o primeiro está no Cairo e vai poder ser vIsto no Grande
Museu do Egipto. O segundo está no Museu Neues, em Berlim
Getty Images
- É então uma
questão de identidade nacional, para si?
Sim. No estrangeiro sou respeitado pelos
egiptólogos. Aqui em Portugal, por exemplo, já recebi dois doutoramentos
honorários e tenho muito orgulho em ter boas relações cá.
-Há pouco
falávamos de como as descobertas dos últimos anos nos têm ajudado a melhor
compreender a História. Enquanto voz mais visível da egiptologia, que desafios
antecipa para a área no futuro?
- O grande desafio é a conservação. O turismo agora
é exponencial e é o inimigo da arqueologia. As pessoas a entrar nos túmulos…
é por isso que digo que alguns túmulos no Vale dos Reis podem estar
completamente destruídos dentro de 100 anos. O túmulo de Tutankhamon, o de Seti
I, o de Nefertari. É por isso que apelei à criação de um vale-réplica, e fiz
uma réplica de Tutankhamon e de Seti. Acredito que pode salvar os túmulos
originais. As alterações climáticas podem também afectar muito a arqueologia.
Por isso é que quero que se as escavações se concentrem mais no delta do Nilo e
no deserto, e que se faça mais conservação e levantamentos no Alto Egipto.
- Que mitos
ou percepções erradas existem na forma como o Antigo Egipto é falado nos media?
- O mito mais popular tem a ver com a ideia de que as
pirâmides foram construídas por extraterrestres, ou por uma civilização
perdida. Vou dar 33 palestras na América, em maio,
junho e julho deste ano, uma digressão grande, e é para explicar às pessoas, ao
público, que estas ideias estão erradas. E não vão poder dormir nas minhas
palestras. É um espectáculo feito para as pessoas gostarem daquilo que vêem.
- Acha que
esses mitos se devem em parte ao facto de, como disse, durante décadas a
história do Egipto ter sido contada da perspectiva de quem chegava vindo de
fora?
- Sim, foi, no passado. Mas agora a história
é contada através de mim. E devo dizer que o Antigo Egipto continua a
fascinar as pessoas como nenhum outro país. Por causa da Grande Pirâmide
de Khufu, da Esfinge, do túmulo dourado de Tutankhamon… o foco vem daí, e
o público, que não está treinado, pode ter todas estas teorias sobre como as
pirâmides foram construídas e porquê. Mas não conhecem a crença na vida depois
da morte entre os antigos egípcios. Essa crença fê-los construir pirâmides e
túmulos e templos em todo o lado. É por isso que a antiga civilização egípcia captura
os corações de pessoas em todo o mundo, que depois sonham em visitar o país. "A
Egiptomania existe desde a descoberta do túmulo de Tutankhamon, quando a ideia
da 'maldição' foi criada pelo Howard Carter para dar o exclusivo ao London
Times. Mas não há maldição nenhuma: o que há é uma sala-túmulo fechada com uma
múmia que produz germes que não conseguimos ver."
- E como se pode combater esse romantismo em
relação ao Antigo Egipto, que diz não estar em linha com a realidade?
- Não é uma questão de combater, é uma questão de esclarecer quando surge o
momento e a oportunidade, por gente capaz e entendida. Agora, isto é a “Egiptomania”
e é incrível. Tem o seu lado mau quando há pessoas a dizer disparates, coisas
que não são verdade. Mas é incrível que as pessoas ainda se fascinem pelo
Antigo Egipto, não tenho nada contra isso. E quando ficam a saber a verdade,
mudam, e isso é bom. É uma máquina imparável.
- Estamos a atravessar uma nova era de
entusiasmo sobre o Egipto, talvez semelhante à onda que se viu no séc. XIX e
início do séc. XX?
- Não. A “Egiptomania” existe desde a descoberta do túmulo de Tutankhamon,
quando a ideia da “maldição” foi criada pelo Howard Carter para dar o
exclusivo ao London Times. Depois outros repórteres criaram outras histórias. Até para mim,
enquanto arqueólogo, sempre que algum acidente me acontece, as pessoas voltam à
maldição dos faraós. Mas não
há maldição nenhuma: o que há é uma sala-túmulo fechada com uma múmia que
produz germes que não conseguimos ver. Os arqueólogos no passado tinham pressa,
entravam e eram dizimados por micróbios. Hoje, em Saqqara, nas minhas escavações, abrimos quase todas as
semanas um sarcófago 20 metros abaixo do solo; e o que faço é, ao abrir a
sepultura, deixamo-la aberta durante uma hora para o ar poder circular.
Depois disso, não há nada, nenhuma
maldição. Mas todas estas coisas são úteis para interessar as pessoas na egiptologia.
São histórias que acabam por ter um efeito de contágio.
-Há pouco falava sobre a forma como tem usado
técnicas de recolha de ADN nas investigações que faz…
- Estou a usar pela primeira vez, sim. Para explicar algumas coisas. "Acredito que devemos continuar a depender da
mente humana. Esta "inteligência" [artificial]... não acredito nela.
Quando lhes pedimos algo, cometem erros, e eu não gosto de erros"
- Mas a sua opinião sobre o uso de técnicas de
ADN foi evoluindo com os anos…
- No princípio era contra.
Mas depois as pessoas disseram-me “deixe-nos usar o método científico com
técnicas de ADN”. Construíram-se dois laboratórios, longe um do outro, com
equipas diferentes para analisar amostras da família de Tutankhamon. Coleccionei
as amostras e dei-as ao “laboratório 1”, que fez uma descoberta com ADN.
Depois, levei as amostras ao “laboratório 2”, que confirmaram o que o
“laboratório 1” tinha encontrado. Membros da JAMA, uma revista de medicina
norte-americana, vieram e ficaram comigo durante nove meses, a avaliar o meu
trabalho, e acabaram por confirmar que fui bem-sucedido. Por isso agora uso ADN, estou
a usá-lo para descobrir a múmia de Nefertiti e da filha, para descobrir como Tutankhamon
morreu. O
ADN e a TAC tornaram-se ferramentas muito importantes para revelar os segredos
das múmias. De certo modo, ressuscitámos as múmias.
- Olhando para os avanços na área da ciência
e da tecnologia, que ferramentas vê que possam vir a ter uso nos próximos anos?
Há algum lugar para a inteligência artificial, por exemplo?
- Não creio. Na minha profissão não a uso de todo. Acredito que devemos
continuar a depender da mente humana. Esta “inteligência”… não acredito nela. Quando lhes pedimos algo, cometem erros, e
eu não gosto de erros. Acredito na tecnologia para revelar segredos, mas ao
mesmo tempo o arqueólogo deve depois olhar para eles e confirmar se estão correctos
ou não.
- Outra das suas conhecidas causas, que tem
defendido ao longo dos anos, prende-se com a devolução de artefactos históricos
por parte dos museus internacionais. Sente que tem havido mais abertura para
discutir a questão com o passar dos anos?
- Já consegui recuperar 6 mil
artefactos. Acordei o país para o facto de que a nossa herança não pode ficar
com os europeus e os americanos. Foi por isso que a revista TIME me nomeou em
2006 uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Agora, vejo que a Europa começa a falar
abertamente sobre como destruíram os monumentos de África, como mataram pessoas
para lá chegar. É tempo de reavermos estas obras. Por isso escrevi
duas petições, uma para pedir o regresso da Pedra da Roseta que está no British
Museum, e o outro para a devolução do busto de Nefertiri, hoje na Alemanha.
Até ao momento, foram assinadas por 300 mil pessoas, estrangeiras e egípcia.
Estou à espera que atinjam os milhões, e parece-me que não faltam muitos meses
para isso. O nosso Presidente apoia esta minha campanha e acredito que com a
minha força e poder mediático podemos reaver estes artefactos e trazê-los
para o Grand Egyptian Museum.
"Digo-o: se os museus não acederem, vamos
impedi-los de escavar no Egipto, cortaremos relações culturais. Ao reaver as
peças, estamos a restaurar a imagem do nosso país. Como podem mostrar peças
retiradas ilegalmente do Egipto com a consciência limpa? Não, elas têm de voltar."
- Um objectivo tão ambicioso pode ser
alcançado num tão curto espaço de tempo?
- Não estou a pedir que devolvam
tudo. Quero apenas estas peças
específicas, e quero que os museus na Europa e na América parem com o
imperialismo. Porque é que falo em imperialismo? Porque, nos sécs. XVII e XVIII, os nossos artefactos
foram-nos retirados à força pelos franceses e pelos ingleses, no período em que
controlaram o Egipto. E agora
os museus continuam a comprar esses artefactos roubados. O Metropolitan Museum,
o Louvre… quando um museu está envolvido na compra de artefactos
roubados, estão a encorajar ladrões a entrar nos túmulos e a roubar. Isto tem
de parar.
- O contra-argumento aqui, de acordo
com os museus, é que a presença no estrangeiro desses artefactos aumenta a
visibilidade e divulgação do Antigo Egipto. Como é que olha para esta ideia?
- São tretas. Tretas. Em 2007, escrevi ao British Museum, ao Louvre
e ao Museu Estatal de Berlim a pedir-lhes um empréstimo, durante três meses,
para a abertura do Grand Museum. Todos recusaram. Como podem fazê-lo? Com a
quantidade de exibições gratuitas que já lhes dei, depois de terem escavado no
meu país? Eles têm milhões de peças. Digo-o: se os museus não acederem, vamos
impedi-los de escavar no Egipto, cortaremos relações culturais. Ao reaver
as peças, estamos a restaurar a imagem do nosso país. Como podem mostrar peças
retiradas ilegalmente do Egipto com a consciência limpa? Não, elas têm de
voltar.
- Se conseguissem reaver as peças,
imagino que o plano passaria seria exibi-las no Grand Egyptian Museum, há muito
adiado. Acha que este grande museu pode ter importância, para contrariar a
ideia de que os artefactos têm de permanecer lá fora para ser apreciados?
-O
Grand Museum é algo que vai poder dizer aos outros países “agora temos museus
melhores que os vossos”. Antes podiam argumentar “como é que podemos devolver
as peças? Não têm onde as mostrar”. Mas já construí 22 museus no Egipto e o
Grand Museum vai ser o melhor do mundo. Vai ser a casa dessas peças. Não vai
ser Berlim, nem Paris, nem Londres.
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