terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Nem admira

 

A maldade humana dos Putins e C.ia, se a própria Terra também revela o seu lado tortuoso. Mas contra a maldade da Terra talvez os homens possam lutar. E convencer.

Crateras ameaçam centenas de casas em região amazónica do Brasil. Moradores já começaram a ser retirados

Habitantes de Buriticupu enfrentam força da natureza que ameaça centenas de casas junto a erosões do solo. Autoridades já retiraram pessoas da zona, mas olham com impotência para o fenómeno.

MARINA FERREIRA: Texto

OBSERVADOR, 25 fev. 2025, 13:33  

Solos arenosos da região são vulneráveis à chuva e outros factores externos e por isso acabam corroídos lentamente

@chikistrakiz

As autoridades do estado do Maranhão, na região amazónica do Brasil, declararam estado de emergência depois de enormes crateras se formarem, ameaçando centenas de casas cujas construções estão em risco devido à proximidade de buracos de grande profundidade que crescem de dia para dia.

Estas erosões no solo, conhecidas no Brasil como “voçorocas” — palavra de origem indígena que significa “rasgar a terra” — são o resultado de um problema que não é novo e que os 55 mil habitantes da cidade de Buriticupu observam há várias décadas.

Os solos arenosos da região são vulneráveis à chuva e outros factores externos que os corroem lentamente. Também a desflorestação, que afecta a Amazónia em larga escala, e as construções com fundações mal planeadas, fazem com que o terreno daquela zona seja altamente instável.

Nos dois últimos meses, as dimensões [das crateras] aumentaram exponencialmente, aproximando-se substancialmente das residências”, lê-se no decreto de emergência emitido pelo governo municipal no início deste mês, citado pela Reuters, que esteve em reportagem no local.

Em declarações àquela agência de notícias, Marcelino Farias, geógrafo e professor da Universidade Federal do Maranhão, justifica o aumento preocupante de dimensão das crateras com o período de chuva intensa.

“Tem esse perigo bem na nossa frente, e ninguém sabe onde esse buraco se está a abrir por baixo”, afirmou ao mesmo órgão de comunicação social Antónia dos Anjos, que mora em Buriticupu há 22 anos.

Neste momento, 1.200 pessoas correm o risco de perder a sua casa. Aquelas que vivem mais perto das formações de crateras ou já foram entretanto retiradas das casas ou estão prestes a ser, já que correm risco de vida se permanecerem no local.

Nas redes sociais, a prefeitura de de Buriticupu apela à mobilização e à “busca de medidas concretas para conter o avanço da degradação do solo, garantindo protecção para as famílias afectadas e promovendo o desenvolvimento sustentável da cidade”.

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