domingo, 2 de fevereiro de 2025

Um justo, afinal

 

Sacudindo as águas do capote, semeando para colher, na coragem da sua ousadia de ricaço habituado a cortar rente sem complacências, apenas em busca do lucro. Do espectáculo também.

Trump, oVirtuoso

O melhor de Trump é a capacidade de transtornar criaturas que são bem piores que ele.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 01 fev. 2025, 00:2083

Nos últimos dias não têm faltado imagens de imigrantes ilegais ou com cadastro criminal a ser deportados dos EUA. Os sujeitos em causa estão algemados e acorrentados nos pés, e são enfiados em aviões que os devolvem, suponho, aos países de origem. As imagens mexem com as emoções de indivíduos sugestionáveis, que destacam a crueldade do exercício e concluem que o exercício prova, como se fosse preciso provar, que Trump é mau, que Trump é “fascista”, que Trump é, claro, igual a Hitler.

É engraçado notar que o mesmo se verificava antes de Trump, excepto as indignações e as comparações a Hitler. Com George W. Bush pelo meio, os últimos três presidentes democratas, Clinton, Obama e, digamos, Biden, foram pródigos em deportações, mais pródigos do que Trump no primeiro mandato. E tratou-se de deportações realizadas com protocolos de segurança iguaizinhos: algemas, correntes, etc. À época, a situação não pareceu preocupar nadinha a maioria das almas sensíveis que agora se revoltam com a extrema crueldade de Trump. Porquê?

Porque essa gente não se preocupa nadinha com os deportados e as condições da deportação. Essa gente preocupa-se exclusivamente em coleccionar pretextos para condenar Trump, e para isso qualquer pretexto serve – ainda que atropele a coerência e revele uma espectacular hipocrisia. Se Obama ou Biden diziam “Bom dia!” (e no caso de Biden provavelmente era de noite), essa gente apreciava: este tipo é tão simpático e civilizado! Se Trump diz “Bom dia!”, essa gente percebe nas entrelinhas da expressão o cinismo próprio dos ditadores e deseja-lhe uma morte lenta e dolorosa – de preferência em filmes que fazem para as “redes sociais”, nos quais berram e choram com empenho. Sabem quem também dizia “Bom dia!”? Exacto: Hitler.

É isto o melhor de Trump. O melhor de Trump não são as políticas (que oscilam entre o lúcido e o errático), nem o carácter (que não é recomendável), nem a capacidade de comunicação (assente em boçalidades que às vezes têm graça). O melhor de Trump é a capacidade de transtornar criaturas que são bem piores que ele. Não sei se é uma habilidade adquirida ou inata, se ele treina ou se nasceu assim. Sei que funciona: faça o que fizer, ou não faça nada, Trump possui o dom de levar à apoplexia fanáticos que, se estivessem no lugar dele, seriam muito perigosos para o mundo.

Nos últimos anos, os fanáticos estiveram de facto na presidência, ou próximos o bastante para criar leis, condicionar comportamentos, censurar ideias. O imenso perigo que se esconde sob a compaixão postiça tornou-se consequente, ameaçou tornar-se hegemónico e julgou tornar-se irreversível. O Ocidente desceu ao manicómio de falsos beneméritos, onde a cada dia a loucura empurrava a sensatez da vida “habitual” para o arquivo morto. Não foi bonito. Na verdade, foi medonho, um tempo de subversão e grotesco cuja consagração definitiva estava preparada para 5 de Novembro. Para surpresa dos fanáticos, e sorte nossa, uma quantidade suficiente de eleitores americanos decidiu que bastava de loucura.

Para minha surpresa, e azar dos fanáticos, boa parte do hemisfério concordou. Em apenas três meses, na América e não só na América, temos assistido à queda do edifício “woke”, ou do marxismo recauchutado e infantil que atende por esse nome. É possível que a queda seja provisória e motivada pelo oportunismo. E é curioso, ou talvez não, que seja Trump, ele próprio um bruto excêntrico à “tradição”, o responsável pelo saudável regresso a uma espécie de “normalidade”. Mas é o que há, e uma benesse que devemos agradecer. Ao contrário de 2016, quando a vitória de Trump arregimentou multidões para a “luta”, 2024 deixou um número diminuto de alucinados a gritar sozinhos, e o número desce à medida que a alucinação é exposta.

Na passada segunda-feira, uma celebridade que desconheço, Selena Gomez, convocou a equipa de relações públicas à sua mansão californiana, sentou-se em frente a uma câmara, aguardou que ajustassem o ângulo e a luz, ouviu o sinal para gravar e desatou num pranto por causa da deportação de mexicanos sem documentos, ou, nas palavras dela, “o meu povo”. De seguida, Selena, que a Wikipedia diz ter sido nascida e criada no Texas pela mãe italiana e com um bisavô ou trisavô mexicano, publicou a proeza no Instagram, de que é a mulher no mundo com mais “seguidores”. Horas depois, perante a fuga de centenas de milhares desses “seguidores” e galhofa geral, a celebridade, que não fala espanhol, mandou apagar o vídeo.

O episódio com a senhorita Gomez é uma versão mitigada do que acontece nas estações televisivas, que teimam em equiparar as corriqueiras deportações ao – adivinhem – Holocausto enquanto sofrem uma sangria de audiências sem precedentes e sem parança desde a noite eleitoral. Não é que a humanidade em peso tenha decidido venerar Trump de repente. Apenas sucede que as pessoas estão cansadas, cansadas do circo, cansadas do vazio argumentativo, cansadas do viés ideológico, cansadas da irracionalidade, cansadas da intolerância, cansadas dos esforços para transformar a realidade num espelho de sentimentos e devaneios íntimos. Sobretudo as pessoas estão cansadas de que as acções e as omissões de Trump não sejam avaliadas pelos respectivos méritos ou deméritos e sim por uma fúria permanente e cega. Trump, um notório poço de defeitos, teve a imperdoável virtude de ridicularizar a fúria. Sabem quem também era furioso e ridículo?

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Maria Paula Silva: Muito bem! Não há pachorra, de facto. O incompreensível é como é que tanta ignorância e mediocridade obtiveram tanto poder e tempo d'antena. Esperemos que isto não seja uma "baixa passageira", mas sim uma queda a sério. Mas não deixa de ser engraçado vê-los todos a recuar: aqui pelos tugas, depois de PNS, recentemente até o Tony Caril, agora em Bruxelas besuntado com Yves Saint-Laurent, já veio dizer que a UE tem que controlar e regular muito bem o excesso de imigração ilegal! só visto.                Ricardo Ribeiro: Sublime, mais uma vez! Não gosto da personagem, mas os forniquoques que causa na escumalha progressista woke que tenta subjugar a sociedade ocidental ao seu diabólico programa, dá-me um incomensurável prazer...Livrem-nos dessa praga!                 Luis Santos: Penso que a SIC não deve medir as audiências, ou se mede não se preocupa com os resultados, pois tudo o que aqui foi dito encontramos diariamente nesta especulação imobiliária. Vêm a Portugal tratar se vih, diabetes e outra doença de que lá pagam fortunas e os tugas que são ricos oferecem, sem nunca terem descontado um cêntimo!! Até quando? As gémeas é a ponta do icebergue...               Jose Pires: Por agora é o Trump que a esquerdalhada woke, apoiada na Comunicação Social há muito a eles vendida, gosta de atacar seja lá pelo que for. Logo lhes passa, quando os resultados começarem a aparecer. Foi também assim com o actual Presidente da Argentina o "louco perigoso Milei" que ia acabar com o país e aumentar os pobres e matá-los todos à fome. Entretanto, o país recupera, as pessoas começaram a viver bem melhor, a economia deu um salto exponencial e... acabaram-se as referências da CS ao louco argentino...Hipócritas d'um raio!                  Tim do A: E Alberto Gonçalves tem a capacidade de dizer grandes verdades em artigos salpicados de humor.                   Américo Silva: A nossa transportadora dá-lhe boas vindas, cultivamos valores de diversidade, equidade e inclusão, o comandante do avião é um anão transsexual nepalês, e o copiloto uma zambiana surda com déficit cognitivo, desejamos-lhe uma excelente viagem.                     Carlos L: Muito bem ! "woke"!" Quando será que cá em Portugal também vai cair? Há em Portugal talvez um milhão de pessoas a rezarem para que esse pestilento e terrorista edifício caia definitivamente!            Alcides Longras > Luis Santos: Infelizmente, o nosso tuga médio não procura outra informação e come a que lhe dão de cebolada.                F. Mendes: Concordo com tudo o que o AG aqui escreve. Belo artigo. Ainda assim, julgo lamentável que tenha sido um personagem execrável como Trump (um criminoso condenado, é bom lembrar) a protagonizar e despoletar o que se espera vir a ser a queda progressiva do wokismo, do politicamente correcto, do disparate do multiculturalismo, da lama deitada sobre os valores ocidentais, dos absurdos da ideologia de género, e de outras enormidades diversas. Por outras palavras, os partidos democráticos tradicionais perderam um (hor)ror de tempo a empunhar a bandeira do bom senso, da tolerância e da promoção do mérito; possivelmente, não irão a tempo de recuperar o tempo perdido. Hoje, temos esta situação curiosíssima: foi preciso que um personagem bizarro viesse expor o absurdo de falsas convicções criadas por privilegiados da sociedade Americana; e, bem entendido, que tenham sido muitos dos menos favorecidos a ajudar no pontapé dado aos democratas americanos e nos esquerdistas que por lá moram. Irónico, mas verdadeiro; e, até certo ponto, previsível.                Maria Tubucci: Muito bom, Sôr AG. O DT não só é virtuoso a rebentar wokes e alucinados afins, como também o será a proteger o seu povo. As tarifas que quer impor não são tarifas económicas são tarifas políticas, que podem ser negociadas. Apenas visam defender a economia e a sociedade dos USA, por exemplo, impedir a entrada de droga, o fentanil que está a causar uma epidemia em muitas cidades. As tarifas evitam que o dinheiro americano saia para outros países e crie riqueza no país. E mais, como DT não está a trabalhar para eleições, faz o que é certo do ponto de vista dos americanos. Um verdadeiro líder coloca o seu povo sempre em 1º lugar. Quando é que os líderes políticos europeus dizem Europeus 1º? A Europa foi construída pelos europeus, não foi construída nem pelos islâmicos, nem pelos indianos, nem pelos chineses. Mas, actualmente o dinheiro europeu está a entrar para estas zonas, empobrecendo os nativos europeus, os imbecis dos políticos europeus cheiinhos de virtude querem curar todos os males do mundo e destruir a Europa. Dementes. Nos dias que correm a Europa está a precisar não de 1 Trump mas quiçá de 5 ou 6 ...                Carlos Chaves: Furiosos e ridículos tivemos vários, Alberto: Mário Soares, José Sócrates e António Costa... Todos socialistas a desgraçarem-nos as vidas! “O melhor de Trump é a capacidade de transtornar criaturas que são bem piores que ele.” Simplesmente genial Alberto, patenteie esta frase é a melhor frase que já li para definir os dois lados!                  carlos coelho: Espectacular, obrigado                       Fernando Prata: Estou totalmente de acordo com o autor. Só alguém como Trump pode parar a loucura que se instalou.                              António Soares > Ruço Cascais: Correcto. Mas nem por isso precisa ser um mundo estúpido. Evolução sim, com muito bom senso e boas regras. Nem tudo do presente ou passado tem de ser descartado, pelo menos porque sim. Sou também conservador qb e trabalho e vivo 200% tecnologia. Nem por isso aceito saltar de cabeça da ponte, na manada. A humanidade fatalmente seguirá o seu caminho de progresso a todos os níveis. A viagem não precisa ser vertiginosa de arranques e travagens. No fim das contas chegará o dia que não haverá vivalma. Não precisamos é de acelerar o processo.                      Artur Santos: O exemplo da Selena Gomez é perfeito de como a futilidade do mundo através de uma minoria quer dominar. E como querem que os agentes ao cumprir a lei da imigração com 100 indivíduos num avião tenham segurança, sem saber o comportamento deles, basta provavelmente 2 a 3 indivíduos conseguirem criar o caos num avião, aliás gostava que num voo da TAP me dissessem que numa tal fila do mesmo estava 2 a 3 indivíduos que com suspeita de crime estavam sem algemas.                    Eduardo Cunha: Excelente crónica.                  Lily Lx: Muito bem.                 Manuel Magalhaes: Trump poderá ser um boçal irritante, mas tem uma coisa que os outros governantes esqueceram ou que atiram para «baixo do tapete» normalmente por cobardia, Trump tem a noção da realidade e actua em conformidade, não está cá com paninhos quentes e o público farto de falsidades (onde se inclui também a comunicação social), começa a apreciar o estilo… digamos que é obra!               Maria Paula Silva > Carlos Chaves: Bom dia, Carlos, é mesmo, essa frase é genial. Porque Trump é maluco e instável whatever... mas sabe que é maluco e como, acima de tudo, é um homem de negócios, no meio da sua maluquice sabe bem como abanar a concorrência.                 António Soares > Ruço Cascais: E isso está errado?        Ruço Cascais: Trump está a endireitar a rota do mundo. O wokismo estava a desviar o mundo da rota que nos direcionava ao paraíso onde Adão e Eva foram construídos com os seus respectivos sexos afim de fazerem filhinhos para depois viverem nas suas respectivas árvores. Daí a expressão primordial de cada macaco no seu galho. Aconteceu que nesse paraíso de pintos e pachachas também fabricaram uma serpente para dar emoção à coisa, e foi essa serpente que estava a desviar o caminho. Conseguiu esse animal sem pernas que a macacada começasse a saltar para os galhos dos outros e que a parelha de sexos se desvirtuasse. Trump veio corrigir a rota moral do mundo para que cada macaco ficasse no seu galho e acertar os sexos para que a cada pachacha corresponda um pinto e a cada pinto uma pachacha. Com a nova rota acertada, o mundo, dentro de 50 anos estará novamente nos eixos. Os suecos brancos e loiros farão filhos ainda mais brancos e loiros, os mexicanos farão as suas sestas depois do almoço com os seus grandes sombreiros debaixo das árvores, os americanos Will’s Thomas voltarão a gostar de pachachas e a nadar com os homens e os portugueses voltarão a saltar fronteiras à socapa para chegar a França. Os Teslas ganharão motores com 4.500 de cilindrada, 8 cilindros e 600 cv a queimar petróleo e a derreter borracha no alcatrão com os potentes arranques. Dentro de 50 anos tudo estará normalizado como era dantes, e a velhada como o Alberto Gonçalves que agora aplaude o retorno à normalidade fará um esforço para viver até aos 130 para poder apreciar este mundo tão arrumadinho e ter a certeza que as forças do mal foram para sempre vencidas, e, que as mulheres, essas belas criaturas, continuarão a ser apreciadas pela virtude das formas e não pela actividade dos neurónios. Nota: Donald fez ontem uma Ordem Executiva a permitir que a contratação de secretárias possa ser feita pelas qualidades formais do rabo independentemente de estas saberem enviar Fax’s ou Telegramas.                     klaus muller > Antonio Almeida: Tem um bom remédio para isso.                        Rosa Graça: Como sempre. Excelente.                    Margarida Rosa: Eu gosto dele                  Manuel Magalhães: Hitler, furioso e ridículo , o bigode do Trump é igual, nunca repararam?                      Joao Cadete: Se precisar de malas para a sua próxima viagem aos states já sabe que o Chega pode ajudar.                  José B Dias > F. Mendes: Convém relembrar quais as condenações e em que termos e onde foram conseguidas... não acredito que algum "portista" deixasse de ser condenado no que fosse se levado ao "tribunal da Luz"!

 

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