Sacudindo as águas do capote, semeando para colher, na coragem da sua
ousadia de ricaço habituado a cortar rente sem complacências, apenas em busca
do lucro. Do espectáculo também.
Trump, oVirtuoso
O melhor de Trump é a capacidade de
transtornar criaturas que são bem piores que ele.
ALBERTO GONÇALVES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 01
fev. 2025, 00:2083
Nos últimos dias não têm faltado imagens
de imigrantes ilegais ou com cadastro criminal a ser deportados dos EUA. Os
sujeitos em causa estão algemados e acorrentados nos pés, e são enfiados em
aviões que os devolvem, suponho, aos países de origem. As imagens mexem com as
emoções de indivíduos sugestionáveis, que destacam a crueldade do exercício e concluem
que o exercício prova, como se fosse preciso provar, que Trump é mau, que Trump
é “fascista”, que Trump é, claro, igual a Hitler.
É
engraçado notar que o mesmo se verificava antes de Trump, excepto as
indignações e as comparações a Hitler. Com George W. Bush pelo meio, os
últimos três presidentes democratas, Clinton, Obama e, digamos, Biden, foram
pródigos em deportações, mais pródigos do que Trump no primeiro mandato. E tratou-se de deportações realizadas com
protocolos de segurança iguaizinhos: algemas, correntes, etc. À época, a
situação não pareceu preocupar nadinha a maioria das almas sensíveis que agora
se revoltam com a extrema crueldade de Trump. Porquê?
Porque essa gente não se preocupa
nadinha com os deportados e as condições da deportação. Essa gente preocupa-se
exclusivamente em coleccionar pretextos para condenar Trump, e para
isso qualquer pretexto serve – ainda que atropele a coerência e revele
uma espectacular hipocrisia. Se Obama ou
Biden diziam “Bom dia!” (e no caso de Biden provavelmente era de noite), essa
gente apreciava: este tipo é tão simpático e civilizado! Se Trump diz “Bom
dia!”, essa gente percebe nas entrelinhas da expressão o cinismo próprio dos
ditadores e deseja-lhe uma morte lenta e dolorosa – de preferência em filmes
que fazem para as “redes sociais”, nos quais berram e choram com empenho. Sabem
quem também dizia “Bom dia!”? Exacto: Hitler.
É isto o melhor de Trump. O
melhor de Trump não são as políticas (que oscilam entre o lúcido e o errático),
nem o carácter (que não é recomendável), nem a capacidade de comunicação
(assente em boçalidades que às vezes têm graça). O melhor de Trump é a capacidade
de transtornar criaturas que são bem piores que ele. Não sei se é uma
habilidade adquirida ou inata, se ele treina ou se nasceu assim. Sei que
funciona: faça o que fizer, ou não faça nada, Trump possui o dom de levar à
apoplexia fanáticos que, se estivessem no lugar dele, seriam muito perigosos
para o mundo.
Nos últimos anos, os fanáticos estiveram
de facto na presidência, ou próximos o bastante para criar leis, condicionar
comportamentos, censurar ideias. O imenso perigo que se esconde sob a compaixão
postiça tornou-se consequente, ameaçou tornar-se hegemónico e julgou tornar-se
irreversível. O Ocidente desceu ao
manicómio de falsos beneméritos, onde a cada dia a loucura empurrava a sensatez
da vida “habitual” para o arquivo morto. Não foi bonito. Na verdade, foi
medonho, um tempo de subversão e grotesco cuja consagração definitiva estava
preparada para 5 de Novembro. Para surpresa dos fanáticos, e sorte nossa, uma
quantidade suficiente de eleitores americanos decidiu que bastava de loucura.
Para minha surpresa, e azar dos fanáticos, boa parte do hemisfério
concordou. Em apenas três meses,
na América e não só na América, temos assistido à queda do edifício “woke”, ou
do marxismo recauchutado e infantil que atende por esse nome. É possível que a
queda seja provisória e motivada pelo oportunismo. E é curioso, ou talvez não,
que seja Trump, ele próprio um bruto excêntrico à “tradição”, o responsável
pelo saudável regresso a uma espécie de “normalidade”. Mas é o que há, e uma
benesse que devemos agradecer. Ao contrário
de 2016, quando a vitória de Trump arregimentou multidões para a “luta”, 2024
deixou um número diminuto de alucinados a gritar sozinhos, e o número desce à
medida que a alucinação é exposta.
Na passada segunda-feira, uma
celebridade que desconheço, Selena Gomez, convocou a equipa de relações
públicas à sua mansão californiana, sentou-se em frente a uma câmara, aguardou
que ajustassem o ângulo e a luz, ouviu o sinal para gravar e desatou num pranto
por causa da deportação de mexicanos sem documentos, ou, nas palavras dela, “o
meu povo”. De seguida, Selena, que a Wikipedia diz ter
sido nascida e criada no Texas pela mãe italiana e com um bisavô ou trisavô
mexicano, publicou a proeza no Instagram, de que é a mulher no mundo com mais
“seguidores”. Horas depois, perante a fuga de centenas de milhares desses
“seguidores” e galhofa geral, a celebridade, que não fala espanhol, mandou
apagar o vídeo.
O episódio com a senhorita
Gomez é uma versão mitigada do que acontece nas estações televisivas, que teimam
em equiparar as corriqueiras deportações ao – adivinhem – Holocausto enquanto
sofrem uma sangria de audiências sem precedentes e sem parança desde a noite
eleitoral. Não é que a humanidade em peso tenha decidido venerar
Trump de repente. Apenas sucede que as pessoas estão cansadas, cansadas do
circo, cansadas do vazio argumentativo, cansadas do viés ideológico, cansadas
da irracionalidade, cansadas da intolerância, cansadas dos esforços para
transformar a realidade num espelho de sentimentos e devaneios íntimos. Sobretudo as pessoas estão cansadas de que as acções e
as omissões de Trump não sejam avaliadas pelos respectivos méritos ou deméritos
e sim por uma fúria permanente e cega. Trump, um notório poço de defeitos, teve
a imperdoável virtude de ridicularizar a fúria. Sabem quem também era furioso e
ridículo?
CASA BRANCA ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO COMENTÁRIOS COMENTÁRIOS (de 83)
Maria Paula
Silva: Muito bem! Não há pachorra, de facto. O
incompreensível é como é que tanta ignorância e mediocridade obtiveram tanto
poder e tempo d'antena. Esperemos que isto não seja uma "baixa
passageira", mas sim uma queda a sério. Mas não deixa de
ser engraçado vê-los todos a recuar: aqui pelos tugas, depois de PNS,
recentemente até o Tony Caril, agora em Bruxelas besuntado com Yves
Saint-Laurent, já veio dizer que a UE tem que controlar e regular muito bem o
excesso de imigração ilegal! só visto. Ricardo Ribeiro: Sublime, mais uma vez! Não
gosto da personagem, mas os forniquoques que causa na escumalha progressista
woke que tenta subjugar a sociedade ocidental ao seu diabólico programa, dá-me
um incomensurável prazer...Livrem-nos dessa praga! Luis
Santos: Penso que a SIC não deve medir as audiências, ou se mede não se preocupa
com os resultados, pois tudo o que aqui foi dito encontramos diariamente nesta especulação
imobiliária. Vêm a Portugal tratar se vih, diabetes e outra doença de que lá
pagam fortunas e os tugas que são ricos oferecem, sem nunca terem descontado um
cêntimo!! Até quando? As gémeas é a ponta do icebergue... Jose
Pires: Por agora é o Trump que a esquerdalhada woke, apoiada na Comunicação Social
há muito a eles vendida, gosta de atacar seja lá pelo que for. Logo lhes passa,
quando os resultados começarem a aparecer. Foi também assim com o actual
Presidente da Argentina o "louco
perigoso Milei" que ia acabar com o país e aumentar os pobres e
matá-los todos à fome. Entretanto, o país recupera, as pessoas começaram a
viver bem melhor, a economia deu um salto exponencial e... acabaram-se as
referências da CS ao louco argentino...Hipócritas d'um raio! Tim do A: E Alberto Gonçalves tem a
capacidade de dizer grandes verdades em artigos salpicados de humor. Américo Silva: A nossa transportadora dá-lhe
boas vindas, cultivamos valores de diversidade, equidade e inclusão, o
comandante do avião é um anão transsexual nepalês, e o copiloto uma zambiana
surda com déficit cognitivo, desejamos-lhe uma excelente viagem. Carlos L: Muito bem ! "woke"!" Quando será que cá em Portugal
também vai cair? Há em Portugal talvez um milhão de pessoas a rezarem para que
esse pestilento e terrorista edifício caia definitivamente! Alcides Longras > Luis Santos: Infelizmente, o nosso tuga médio não procura outra
informação e come a que lhe dão de cebolada. F. Mendes: Concordo com tudo o que o AG aqui escreve. Belo
artigo. Ainda assim, julgo lamentável que tenha sido um personagem execrável
como Trump (um criminoso condenado, é bom lembrar) a protagonizar e despoletar
o que se espera vir a ser a queda progressiva do wokismo, do politicamente
correcto, do disparate do multiculturalismo, da lama deitada sobre os valores
ocidentais, dos absurdos da ideologia de género, e de outras enormidades
diversas. Por outras palavras, os partidos democráticos tradicionais perderam
um (hor)ror de tempo a empunhar a bandeira do bom senso, da tolerância e da
promoção do mérito; possivelmente, não irão a tempo de recuperar o tempo
perdido. Hoje, temos esta situação curiosíssima: foi preciso que um personagem
bizarro viesse expor o absurdo de falsas convicções criadas por privilegiados
da sociedade Americana; e, bem entendido, que tenham sido muitos dos menos
favorecidos a ajudar no pontapé dado aos democratas americanos e nos
esquerdistas que por lá moram. Irónico, mas verdadeiro; e, até certo ponto,
previsível. Maria
Tubucci: Muito bom,
Sôr AG. O DT não só é virtuoso a rebentar wokes e alucinados afins, como também
o será a proteger o seu povo. As tarifas que quer impor não são tarifas
económicas são tarifas políticas, que podem ser negociadas. Apenas visam
defender a economia e a sociedade dos USA, por exemplo, impedir a entrada de
droga, o fentanil que está a causar uma epidemia em muitas cidades. As tarifas
evitam que o dinheiro americano saia para outros países e crie riqueza no país.
E mais, como DT não está a trabalhar para eleições, faz o que é certo do ponto
de vista dos americanos. Um verdadeiro líder coloca o seu povo sempre em 1º
lugar. Quando é que os líderes políticos europeus dizem Europeus 1º? A Europa
foi construída pelos europeus, não foi construída nem pelos islâmicos, nem
pelos indianos, nem pelos chineses. Mas, actualmente o dinheiro europeu está a
entrar para estas zonas, empobrecendo os nativos europeus, os imbecis dos
políticos europeus cheiinhos de virtude querem curar todos os males do mundo e
destruir a Europa. Dementes. Nos dias que correm a Europa está a precisar não
de 1 Trump mas quiçá de 5 ou 6 ... Carlos
Chaves: Furiosos e
ridículos tivemos vários, Alberto: Mário Soares, José Sócrates e António
Costa... Todos socialistas a desgraçarem-nos as vidas! “O melhor de Trump é a
capacidade de transtornar criaturas que são bem piores que ele.” Simplesmente
genial Alberto, patenteie esta frase é a melhor frase que já li para definir os
dois lados!
carlos coelho: Espectacular,
obrigado Fernando
Prata: Estou
totalmente de acordo com o autor. Só alguém como Trump pode parar a loucura que
se instalou.
António Soares > Ruço Cascais: Correcto. Mas nem por isso precisa ser um mundo
estúpido. Evolução sim, com muito bom senso e boas regras. Nem tudo do presente
ou passado tem de ser descartado, pelo menos porque sim. Sou também conservador
qb e trabalho e vivo 200% tecnologia. Nem por isso aceito saltar de cabeça da
ponte, na manada. A humanidade fatalmente seguirá o seu caminho de progresso a
todos os níveis. A viagem não precisa ser vertiginosa de arranques e travagens.
No fim das contas chegará o dia que não haverá vivalma. Não precisamos é de
acelerar o processo.
Artur Santos: O
exemplo da Selena Gomez é perfeito de como a futilidade do mundo através de uma
minoria quer dominar. E como querem que os agentes ao cumprir a lei da
imigração com 100 indivíduos num avião tenham segurança, sem saber o
comportamento deles, basta provavelmente 2 a 3 indivíduos conseguirem criar o
caos num avião, aliás gostava que num voo da TAP me dissessem que numa tal fila
do mesmo estava 2 a 3 indivíduos que com suspeita de crime estavam sem algemas. Eduardo
Cunha: Excelente
crónica. Lily Lx: Muito bem. Manuel
Magalhaes: Trump poderá
ser um boçal irritante, mas tem uma coisa que os outros governantes esqueceram
ou que atiram para «baixo do tapete» normalmente por cobardia, Trump tem a
noção da realidade e actua em conformidade, não está cá com paninhos quentes e
o público farto de falsidades (onde se inclui também a comunicação social),
começa a apreciar o estilo… digamos que é obra! Maria
Paula Silva > Carlos Chaves: Bom dia, Carlos, é mesmo, essa frase é genial. Porque
Trump é maluco e instável whatever... mas sabe que é maluco e como, acima de
tudo, é um homem de negócios, no meio da sua maluquice sabe bem como
abanar a concorrência. António
Soares > Ruço Cascais: E isso está errado? Ruço Cascais: Trump está a endireitar a rota do mundo. O wokismo
estava a desviar o mundo da rota que nos direcionava ao paraíso onde Adão e Eva
foram construídos com os seus respectivos sexos afim de fazerem filhinhos para
depois viverem nas suas respectivas árvores. Daí a expressão primordial de cada
macaco no seu galho. Aconteceu que nesse paraíso de pintos e pachachas também
fabricaram uma serpente para dar emoção à coisa, e foi essa serpente que estava
a desviar o caminho. Conseguiu esse animal sem pernas que a macacada começasse
a saltar para os galhos dos outros e que a parelha de sexos se desvirtuasse. Trump
veio corrigir a rota moral do mundo para que cada macaco ficasse no seu galho e
acertar os sexos para que a cada pachacha corresponda um pinto e a cada pinto
uma pachacha. Com a nova rota acertada, o mundo, dentro de 50 anos estará
novamente nos eixos. Os suecos brancos e loiros farão filhos ainda mais brancos
e loiros, os mexicanos farão as suas sestas depois do almoço com os seus
grandes sombreiros debaixo das árvores, os americanos Will’s Thomas voltarão a
gostar de pachachas e a nadar com os homens e os portugueses voltarão a saltar
fronteiras à socapa para chegar a França. Os Teslas ganharão motores com 4.500
de cilindrada, 8 cilindros e 600 cv a queimar petróleo e a derreter borracha no
alcatrão com os potentes arranques. Dentro de 50 anos tudo estará normalizado
como era dantes, e a velhada como o Alberto Gonçalves que agora aplaude o
retorno à normalidade fará um esforço para viver até aos 130 para poder
apreciar este mundo tão arrumadinho e ter a certeza que as forças do mal foram
para sempre vencidas, e, que as mulheres, essas belas criaturas, continuarão a
ser apreciadas pela virtude das formas e não pela actividade dos neurónios. Nota: Donald fez ontem uma Ordem Executiva a permitir que a
contratação de secretárias possa ser feita pelas qualidades formais do rabo
independentemente de estas saberem enviar Fax’s ou Telegramas. klaus
muller > Antonio Almeida: Tem um bom remédio para isso. Rosa
Graça: Como sempre.
Excelente. Margarida
Rosa: Eu gosto dele Manuel Magalhães: Hitler, furioso e ridículo , o bigode do Trump é
igual, nunca repararam?
Joao Cadete: Se
precisar de malas para a sua próxima viagem aos states já sabe que o Chega pode
ajudar. José B
Dias > F. Mendes: Convém relembrar quais as condenações e em que termos
e onde foram conseguidas... não acredito que algum "portista"
deixasse de ser condenado no que fosse se levado ao "tribunal da
Luz"!
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