Get
up, Europa, como texto e comentários informam, e se previa. Entretanto,
muita gente se aproveitou do “sono” – “sonho?”
europeu. Nós todos, talvez.
Precisamos que a Europa acorde
O contraste entre o frenesim de Donald Trump e a lentidão europeia
teve um exemplar episódio nestes primeiros dias de Fevereiro. Temos de nos
preparar para o pior.
HELENA GARRIDO Colunista
OBSERVADOR, 05 fev. 2025, 00:2246
Donald Trump anunciou a aplicação de
tarifas ao Canadá, México e China no sábado dia 1 de Fevereiro para entrarem em
vigor a 3 de Fevereiro, terça-feira. Na segunda-feira lançou o caos nos
mercados financeiros e uma enorme agitação no Canadá e no México – enquanto a China
se mantinha fria. Na segunda à noite as tarifas já tinham sido suspensas para
os dois países da fronteira dos Estados Unidos e seus aliados, genericamente
com compromissos de policiamento. No meio desta batalha, Donald Trump ainda
ameaçou a União Europeia, dizendo que será a próxima.
Enquanto enfrentávamos tudo isto, em Bruxelas acontecia uma cimeira
informal sobre Defesa com o ritual do costume. A chegada do Presidente do
Conselho Europeu e dos chefes de Estado e do Governo nos seus automóveis com
declarações sobre o que se devia fazer e desmentidos de divisões, com agendas
de almoço e jantar. E, no fim, as conferências de
imprensa habituais, do presidente do Conselho e da presidente da Comissão, para
se dizer o que é preciso fazer. E, claro, o compromisso de apresentar um documento. A
Comissão, pode ler-se no seu comunicado já
de dia 4 de Fevereiro, apresentará um “Livro
Branco sobre o Futuro da Defesa Europeia em Março, que será a base para a
discussão formal entre os líderes da União Europeia durante a reunião do
Conselho Europeu de Junho”. Sim, em Março haverá um papel que será discutido em
Junho.
O contraste entre a velocidade
alucinante – e até alucinada – que nos chega de Whashington e a lentidão de
Bruxelas é assustador, para nós europeus e para todos os que sempre acreditaram
e consideram fundamental a construção europeia.
Com
o grau de incerteza e instabilidade que nos rodeia, desencadeado por Donald
Trump mas também pelo que se vai passando em cada um dos países europeus, o
papel de Março que a Comissão Europeia vai apresentar, para que exista
eventualmente uma decisão em Junho, corre o sério risco de ser ultrapassado
pelos acontecimentos. Até porque ainda não sabemos o que sairá
da cabeça de Donald Trump em matéria de guerra na Ucrânia.
Neste momento somos, nós
europeus, uma espécie de saco de pancada, oscilando até entre o gozo e a
crítica. Até o presidente da Ucrânia, que sempre apoiámos, não se coibiu de
criticar a União Europeia em Davos. Se não formos mais assertivos e mais
rápidos nas decisões estamos perdidos e enfrentaremos uma séria ameaça de
colapso de tudo o que foi sendo construído desde 1958.
Há
quem defenda uma espécie de estratégia de resistência passiva, apostando que
esta agitação liderada por Trump vai durar cerca de dois anos apenas. Quem o
faz não percebeu que
estamos perante mudanças estruturais no pensamento do eleitorado.
A globalização, embora tenha
enriquecido o mundo como um todo e reduzido as desigualdades em termos globais,
criou nos Estados um exército de deserdados, agravando as desigualdades ao
nível de cada Nação. E
é a este nível que se decide o poder, e é a este nível que começam a emergir as
revoltas que dão origem a uma classe de dirigentes que desafia os poderes
instalados de forma agressiva e politicamente incorrecta.
O
Brexit e o crescimento dos partidos populistas, especialmente de direita, nos
Estados Unidos como aqui na Europa, são a consequência do esquecimento a que fomos
votando quem perdeu com a globalização. As elites
afastaram-se e esqueceram-se do povo, e o povo está a fazer-se notar. Se os
líderes dos países da União Europeia não perceberem que o mundo mudou vão cavar
a sua sepultura.
O que se passou nestes primeiros dias
de Fevereiro tem condições para ter gerado danos a vários níveis, que a
suspensão ou mesmo mais tarde o fim dessas tarifas não serão capazes de
reverter. Um dos danos, ou pelo menos um aviso sério
à União Europeia, é seguramente na relação de confiança com aquele que foi sempre o
aliado norte-americano. Donald
Trump
atacou os seus aliados, com especial relevo para o Canadá, mostrando que não é
confiável.
É importante que a Europa perceba
isso. O
que passa não apenas por procurar outros aliados – e a
China pode ser o grande beneficiado disso – como por adoptar decisões mais rápidas e sem medos. Caso contrário dará razão a Putin, quando
também neste início de Fevereiro disse que os
líderes europeus acabarão por ficar do lado do “mestre”, leia-se Donald Trump,
“ a abanar a cauda carinhosamente”. Digamos que a cimeira informal de Defesa
não deu um bom exemplo no sentido do desmentido a Putin, nomeadamente quando
percebemos nas entrelinhas que os líderes europeus tinham medo da retaliação do
presidente norte-americano se não optasse por equipamento ‘made in US’.
Um segundo dano – que se pode converter em vantagem se a
Europa o conseguir – atinge directamente as empresas, que não podem também elas
confiar em Donald Trump, e têm de escolher agora os seus investimentos levando
também em conta a imprevisibilidade do novo presidente dos Estados Unidos, que
não lhes dá nem como garantia a estabilidade na relação com os aliados. A
indústria automóvel, devido
às suas complexas e por vezes longas e multinacionais cadeias de produção, foi
uma das mais afectadas, nas bolsas, pelo anúncio das tarifas. E, por isso, vai
ter de levar em conta este novo mundo de Trump. Se a União Europeia souber,
pode retirar vantagens desta incerteza.
Mas
todo este novo mundo, que tem condições de ter vindo para ficar dada a mudança das
preferências do eleitorado, exige que a União Europeia acorde.
Esta cimeira informal não foi o melhor exemplo daquilo que tem de fazer. Os
optimistas dirão que o projeto europeu vai buscar as suas energias às crises. É
melhor preparar-nos para o pior.
DONALD TRUMP ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO UNIÃO EUROPEIA EUROPA
COMENTÁRIOS (de 46)
Américo Silva: Tiroteio em escola para adultos na Suécia
faz 10 mortos, mas
não foi a Suécia um dos mais importantes financiadores de terroristas em África
contra os portugueses?, uma
situação divertida. António
Lamas: A
Europa não está adormecida.. Está morta. Só mesmo o milagre da ressurreição a
salvará. Não é
com estes dirigentes, com o Costa à cabeça, que a "velha gaiteira" se
endireita Manuel
Magalhaes: A
imprevisibilidade de Trump onde é que ela está, Trump sempre disse ao que vinha
e nesse caso é claro como água, o problema está em que a Europa não gosta do
que daí vem então arranja a desculpa da imprevisibilidade, e pelos vistos
continua a assobiar para o lado para ver se milagrosamente as coisas passam,
veja-se o resultado do último conselho europeu, muito falatório e de acção
nada, vejam se os tempos, dois meses para se começar a discutir um assunto
absolutamente urgente e vamos ver se serão só os tais dois meses… até dá vontade
de rir!!! Rui Lima:
Caro Ruço tal como sr., amo muito
esta Europa muito mesmo mas não sou cego, a política europeia devia ser uma
coisa séria não pode ser deixada na mão de incapazes e carreiristas, repare que
mérito teve António Costa que se limitou em Portugal a aproveitar o bar aberto
do BCE nem uma reforma fez, o Trump quando o olhar para ele vai-se rir com
razão, a grande diferença é que Trump teve vida fora da política Costa nunca
fez nada fora da política. Repare nos números, desde o início do Século
estávamos a par dos USA no PIB hoje estamos a 80% os USA já chegaram aos 28 000
milhões, o nosso ainda não chegou aos 16 000 milhões , veja a produtividade, está
estagnada na Europa, os novos habitantes da Europa não ajudam, entra quem quer,
em vez de escolher gente que traga valor como fazem algum países como a
Austrália , Canadá … USA dos que chegam
23% são matemáticos , engenheiros , cientistas , técnicos … com muita tristeza
que escrevo este comentário tal é a incompetência de toda esta gente .(nas
nossas universidades há pouco mais de 15% em áreas que contam na China são mais
de 40%) Tim do A: É confrangedor assistir à Europa paralisada
versus a dinâmica jovial de um presidente americano com quase 80 anos. Vai continuar
assim a Europa. Parada, paradinha. A UE devia acabar e mandar os burocratas da
UE trabalhar. Ricardo Frade > josé
cortes: Não só
o Trumpismo não é passageiro (já tínhamos ouvido isso antes) como me cheira que
irá continuar depois de Trump morrer. josé cortes > Ruço
Cascais: Ai o
Trump é passageiro e a maioria dos americanos não pensa como ele? Espere pelas
próximas sondagens, hehe.
Antonio C.: A
Europa está nas mãos de xuxalistas a começar pela Von Der Leyen e múltiplos
governos e presidentes na sua proximidade. A agenda globalistsa e woke molda e
dita as duas decisões. Enquanto assim for, o panorama será sombrio. Carlos F.
Marques: A UE
precisa de uma limpeza de cima abaixo se quiser ter futuro. Exemplares como o
aldrabão de Goa não têm lugar numa Europa à altura dos desafios que tem pela
frente. Francisco Almeida: Estava a reconciliar-me com os últimos artigos
de Helena Garrido mas hoje o afastamento é total. Na Europa, a CEE foi uma boa ideia,
a UE não. Em Davos a única coisa de positivo foi o discurso de Javier Milei. As
tarifas de Trump causaram um impacto negativo na indústria automóvel.
Depreendo, pelos anteriores silêncios da jornalista que as exigência da UE nas
emissões de CO2, a imposição dos eléctricos na sequência da "batota"
da Volkswagen é que beneficiaram a indústria automóvel europeia (e não a
chinesa). E pergunto se as tarifas de Trump virão afectar mais a classe média
do que o simples facto de os automóveis eléctricos serem 40% mais caros do que
os de combustão interna.
josé cortes: Esta crónica tem demasiados enviezamentos para este espaço de comentário. A
começar pela própria autora. Um show de bola, do lado de lá, Panamá já revogou
com a China, México já recuou e pôs tropas, Colômbia afinal já aceita a malta O
Maduro já entregou quase todos os presos, USA que lá tinha e tb já aceita a
maltosa de volta. O Canadá vai-se ferrar Já começaram a fechar departamentos
estatais e deram a todos os funcionários federais uma semana para decidirem -
ou voltam em full ou saem mantendo regalias até ao fim de Set (o ed. Federal da
Agricultura tinha 98% do pessoal em teletrabalho em full) O Musk (o GOBE já
pertence ao executive branch) já "fechou" a USAID, está-se a preparar
para o mesmo com o Departamento da Educação (uma autêntica madrassa woke há
décadas, desde a visita dos franceses na década de 60) E por cá a SIC e a TSF
fazem peças de notícia em que referem várias vezes os emigrantes deportados e
se esquecem de adicionar 'ilegais"; aliás, a CNN começa a ir pelo mesmo
caminho (as algemas e correntes são do mesmo fabricantes das usadas pelo Obama
e pelo Clinton..) . Uma tristeza, toda esta situação. O velho desabafo, se
fosse mais novo, emigrava... Ed 7: E mudar toda a liderança europeia e
urgentemente. Eleições directas a nível europeu. GateKeeper: A "Europa já não consegue" acordar*
do seu estado comatoso alcoólico. Carlos
Real: A UE só
funcionou num mundo previsível e enquanto houve dinheiro para distribuir. Uma
casa com tanta gente a querer mandar nunca poderá dar bom resultado. É como
termos avós, pais e tios a quererem todos tomar decisões. A Europa nem sequer
empresas do século 21 consegue ter com dimensão mundial. É cada vez mais um
barco cheio de remendos e com um casco muito velho a precisar de reforma total.
Na prática é como Portugal, para pior. Nós ainda temos um PM que finge tomar medidas
e se tivesse alguma visão poderia conseguir algo. A UE nem isso. São cada vez
mais o PCP das ilusões. De alargamento a alargamento até à derrota final. A Ucrânia
poderá ser o prego no caixão.
Coxinho > Ruço
Cascais: Conhece
as razões que levaram Musk a encerrar a USAID? Será bom informar-se. Bom dia! unknown
unknown: A
União Europeia não é uma união política, portanto ou temos uma Alemanha e
França alinhadas e sem os complexos wokistas actuais, ou os EUA, China e Rússia
tomam conta disto!
José Martins de Carvalho: Estou
de acordo com o artigo quanto às observações sobre a lentidão europeia. Mas os parágrafos que começam por "A
globalização" e por "O Brexit" estão a mais. Não há nenhum
"exército de deserdados" pela globalização, nem uns dirigentes
populistas e politicamente incorrectos que nele se apoiem. O que há é uma opção por um estado social
impossível de financiar, que leva à asfixia fiscal, de aqui à impossibilidade
de crescimento económico, e de aqui à pobreza, pois a população global ainda
não parou de aumentar. O facto de, na Europa e nos EU, tal aumento ser
"importado" dos países pobres com sobrepopulação, acrescenta os
dramas dos choques culturais. É neste mundo difícil que precisávamos de
dirigentes à altura, que não vislumbro de onde possam emergir. joaquim duarte: Os americanos têm um ditado que reza o
seguinte: O Japão é um lar de idosos, a China é
uma prisão e a Europa é um museu, eu acrescento para além de museu é um
jardim para passeio de incompetentes asilados em palácios à custa dos nossos
impostos. Se forem ver todos os organismos, entidades várias e indivíduos que
vivem na teta da EU, ficaríamos estarrecidos com tanto desperdício. Alexandre
Barreira: Pois. Caríssima Helena, Com mil
perdões. E com o devido respeito. No fundo o que nos quer dizer...é que: "Iste
tá mesme tude fedide"....!!!
Eduardo Costa: Talvez a Europa precise de ser liderada por um conjunto de cinco países:
Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Polónia. Decidiriam mais depressa. Ruço
Cascais: Cara
Helena Garrido, hoje parece que é moda bater na União Europeia. Toda a
gente, ilustre, especialista, político, governador, presidente, taberneiro,
balconista, cardeal, comentador, jornalista, desportista, imigrante bate na
União Europeia. Até eu, tenho que me conter para não bater na União Europeia,
principalmente no Costa Fugitivo. Acontece, Dona Helena, que a União Europeia
não é uma Federação de Estados / Países como são o caso dos Estados Unidos ou a
Rússia que falam e decidem a uma só voz eleita a bem ou a mal pelo conjunto
desses estados. A União Europeia é um acordo comercial entre países que
partilham a mesma moeda e a mesma região económica. A União Europeia não pode
reagir às tonteiras de Trump com a rapidez com que reage o Canadá ou a China.
Talvez a grande reacção da União Europeia a Trump fosse partir para o federalismo,
mas, os risco que daí podem advir são enormes. O federalismo terá que
continuar a crescer na sombra. As reacções às tarifas de Trump tem que ter o
respaldo e o acordo de todos os países da União Europeia, os 27. Não é nada
fácil. Meloni tem uma boa relação com Trump, já com Pedro Sanchez a relação não
deve ser boa. Portanto, satisfazer num acordo os 27 estados membros não
é fácil nem rápido. Creio que a burocracia e o emperro nas decisões da União
Europeia podem ser uma vantagem, já que reagir a quente a Trump é uma
precipitação que não trará nada de bom. Deixar Trump falar, ameaçar e
quando ele efectivar ou se efectivar as suas políticas agressivas à União
Europeia, reagir com cabeça, cautela e sem demasiada agressividade com o nosso
parceiro histórico... e de acordo com os 27, obviamente. Trump não presta. É
um homem velho, vingativo, carregado de ódio que não carrega um sinal de humor,
de alegria, de riso e de simpatia e respeito pelos seus semelhantes. Daquela
boca só saem insultos desnecessários, ameaças, crispação e moscas. É um rufia
com um semblante pior do que o do Rambo e capaz de esmurrar o primeiro que lhe
aparecer pela frente. Os americanos não são assim. A maioria dos
norte-americanos não se revê em Trump. O Trumpismo é passageiro e não
chegou para ficar, há que saber ter calma. Nota: a União Europeia, se Trump fechar as portas, tem que começar a pensar
mais na China e na criação de parcerias com a Ásia. O terror Putin pode ser o
grande impulso para o federalismo com a criação do exército único. Maria Emília Ranhada Santos: Os líderes da Europa não gostam da política de
Trump, porque este é conservador e os donos da Europa querem-na muito
"modernness!" Trump
e os estadunidenses, querem ordem e disciplina! Querem moral e ética no País ao
contrário dos europeus que ainda não acordaram e por isso querem ideologias de
género, LGBTs, globalismo, destruição, desordem, corrupção, assassinatos,
imigração descontrolada, portugueses sem habitação porque tem de as dar aos
terroristas, e por aí vai! Mas parece que também cá, as coisas vão mudar,
porque os maçons, estão a ser desmascarados de liberdade ou de país para viver Manuel Gonçalves; O grande erro da Europa foi o afastamento da Rússia a mando dos EUA, que
não estão interessados numa Europa com independência energética, militar e
agrícola. Daí, as interferências na Ucrânia e na Geórgia
e mais recentemente na Roménia e na Moldávia, com o objetivo de desestabilizar
a Rússia. O argumento é sempre o mesmo - levar a democracia. Os europeus
acreditam nas boas intenções e vêem o mundo através das narrativas das
televisões até baterem de frente com a realidade. Depois metem a cabeça na
areia à espera de outra narrativa que os mobilize para colocar outra
bandeirinha no perfil das redes sociais.
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