Que “não
se muda já como soía”: hoje a mudança sendo decisivamente mais
aparatosa, dado o maior contraste nos valores em paralelo, a inversão
provocatória das normas mais comuns trazendo repulsa para além do pasmo – não
pelo ridículo mas pelo criminoso - para mais gratuito, não exigente de punição
e, pelo contrário, de subservientes anuências.
A mudança que “Emilia Pérez” não previu
De repente, são numerosos os sinais
de que o “wokismo” entrou em autofagia. Ou de que o mundo parece ter recuperado
um pedacinho do bom senso.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
A história de “Emilia Pérez” dava um filme muito mais interessante
do que o filme que “Emilia Pérez”, de facto, é.
Primeiro, eis uma sinopse do filme (o qual, contra todas as
evidências, não pretende ser uma comédia). Nos intervalos da organização de chacinas, “Manitas”, chefe de um
cartel de droga mexicano, sonha há anos em mudar de sexo. Um dia, o homicida
arranja uma advogada que lhe trata dos procedimentos necessários, e
necessariamente clandestinos. Patrocinada por dinheiro sujíssimo de sangue, que
a personagem e os argumentistas não questionam, a advogada viaja à Tailândia e
a Israel, a debater questões técnicas e filosóficas com cirurgiões. Convém
informar que “Emilia Pérez” é um musical, pelo que os debates acontecem sob a
forma de cantorias. Com o médico tailandês, canta-se o seguinte diálogo:
“[Advogada)
Hello, very nice to meet you. I’d like to
know about sex change operation.
[Médico] I see, I see, I see. Man to woman or woman to man?
[Advogada] Man to woman.
[Médico] From penis to vagina.”
Mantive o inglês para não comprometer
a subtileza lírica. Aliás, o pedaço transcrito constitui cerca de 70% da letra
completa de “La Vaginoplastia”, o nome da cantiga.
Bom, após uns divertimentos do género
(trocadilho intencional), o chefe do cartel simula a própria morte, instala na
Suíça a mulher e os filhos (que o julgam morto) e submete-se à operação para
encontrar o seu eu autêntico, viver a sua verdade, ser ele(a) mesmo(a) enfim. Além dos genitais, uma das coisas que o
assassino deixa para trás é o cadastro. Se bem percebi, o filme
defende que a amputação das partes baixas purifica o carácter e absolve os
homens, desde que estes passem a “identificar-se” como mulheres. Aprendam com a potência poética de “Lady”:
“Changing
the body changes society
Changing
society changes the soul
Changing
the soul changes society
Changing
society changes it all”
Aprenderam? Não sei o quê, porque
nenhuma das frases faz sentido. Mas a ideia é que a transsexualidade é redentora.
Para acabar de resumir “Emilia Pérez”,
Emilia Pérez, ex-“Manitas”, sente saudades dos filhos e regressa incógnito(a) à antiga família, que não o(a) reconhece e o(a)
acolhe como a prima de “Manitas” que diz ser. Entre cantilenas sublimes, o
elenco em peso volta ao México e lá Emilia Pérez dedica-se a trabalho
filantrópico com as vítimas dos cartéis de droga. Sucedem-se umas
trapalhadas excessivamente fascinantes para eu as memorizar, Emilia Pérez morre
talvez num acidente e é passeado(a) em
efígie pelas ruas, a título de santinho(a) dos humildes. Fim.
Na perspectiva de pervertidos,
“Emilia Pérez” é uma obra-prima. Não
falo de perversões sexuais, mas de cinematográficas: quem gosta de fitas
péssimas iria adorar isto de qualquer maneira. Não há nada ali que não seja
gloriosamente ridículo. O enredo. Os diálogos. As interpretações. As músicas.
As coreografias. A “mensagem”, sim senhor(a): a mensagem é um caso à
parte. O que afasta “Emilia Pérez” de outras misérias é o pormenor de “Emilia
Pérez” achar ter uma “mensagem”, uma “mensagem” alinhada com as tontices em
voga nos últimos tempos e pretexto para se cobrir semelhante calamidade com
prémios, palmas, palmitos e palmilhas. Hollywood nomeou “Emilia Pérez” para 13 óscares, o equivalente a
nomear “João Broncas, o Eterno Repetente” para 48. A
diferença é que “João Broncas”, que nunca vi, de certeza não era tão infantil,
não era realizado e escrito por um francês sem talento, não era protagonizado
por uma Karla que há meia dúzia de anos se chamava Carlos e por causa disso
concorre ao boneco de Melhor Actriz, em suma não era a consagração do
destrambelhamento “woke” que “Emilia Pérez” é. Ou se esforçou por ser.
Mais até que a lengalenga
“identitária”, a pobreza criativa, o humanismo postiço e a moralidade tenebrosa
preparavam-se para tornar “Emilia Pérez”, com aspas, numa santinha idêntica a
Emilia Pérez sem aspas, um objecto de veneração cega por parte da ortodoxia, a
cereja da “coragem” no topo do bolo “inclusivo”. Só que, de
repente…
De repente, pessoas que não
integram júris de festivais de cinema espreitaram “Emilia Pérez” e converteram
a radical indigência daquilo em galhofa na internet. De repente, mexicanos
desataram a protestar a profunda ignorância que “Emilia Pérez” revela acerca do
país, principalmente acerca do sofrimento que a cultura da droga suscitou e
suscita. De repente, auto-designados “membros” da
“comunidade LGBT” começaram a queixar-se da “representação” da transsexualidade
propagada no filme, que pelos vistos viola as apertadas regras da Federação
Internacional do ramo. De
repente, descobriram-se publicações de Carlos/Karla no Twitter a criticar a
“asquerosa” misoginia da religião muçulmana, uma opinião polémica, inesperada
e, depois de tudo o que o Islão fez pela liberdade sexual, ingrata. De repente, Carlos/Karla desceu de Primeiro(a) Actor
Transsexual Nomeado aos Óscares para Primeiro(a) Actor Pressionado a Desistir
da Nomeação. De repente, a Netflix hesita entre promover “Emilia Pérez” ou
enterrá-lo de vez.
De repente, não apenas por isto, são
numerosos os sinais de que o “wokismo” cedeu às contradições internas e entrou
em autofagia. Ou de
que o mundo parece ter recuperado um pedacinho do bom senso que se receou
perdido para sempre. E não foi preciso mudar o corpo, a alma, a sociedade: se
calhar bastou mudar o inquilino da Casa Branca.
COMPORTAMENTO SOCIEDADE…..PESSOAS HOLLYWOOD CINEMA CULTURA DROGAS MÉXICO AMÉRICA MUNDO EXTREMISMO
COMENTÁRIOS (de 72)
Pedro Correia: Já vimos homens a ganhar competições desportivas
femininas, inclusive nos jogos olímpicos, já vimos homens a ganhar concursos de
beleza feminina, o "nosso" miss Portugal. Será que ainda vamos ver um
homem a ganhar o Óscar de melhor actriz?! Isto é doidice, e só acontece porque
as mulheres deixam. No dia em que as mulheres se revoltarem contra estas
situações, nem que seja por ausência, elas levam a melhor. Se as mulheres, que
lutaram box com o fulano que se achava mulher, se retirassem da competição, a
medalha, que pouco valeu, não valeria nada. As candidatas a miss, se se
tivessem retirado do concurso, o título não lhes servia de nada. Se na
cerimónia dos óscares, as outras nomeadas retirarem a sua nomeação, alguém acha
que a cerimónia vai em frente? Estas "politiquices doidas" estão nas
mãos das mulheres. REVOLTEM-SE!!! Certamente terão o apoio da grande maioria da
sociedade. F. Mendes: Quando li este artigo, no início, julguei que o AG
estivesse a gozar. Foi a primeira vez que ouvi falar desta fita. Depois, fui ver
no Google, e é mesmo verdade. Nunca pensei que chegássemos a isto. Pior, e mais
inacreditável, só o facto de termos o Costa na "presidência" do
"Concelho" (erro, propositado!) da Hóropa. Valha-nos Deus. Vai ser
difícil livrarmo-nos do fosso moral provocado pelo buraco negro (oops!) do Wokismo;
que suga o bom senso, apaga proporções, arrasa leis da natureza, provoca
vómitos a estômagos de aço, e deixa paralisado de espanto quem cresceu e foi
educado fora desta cultura tóxica de perversidades diversas. Como isto vai
acabar, não sei. Mas, penso que não estamos ainda no princípio do fim, pelo
menos por cá. A D: Está
enganado, o wokismo afectou gente neste país, sim senhor. Como é que um
grunho como Mamadou tem acesso aos jornais? Como é que ainda continuam a pagar
à sua organização criminosa? Não há dinheiro para saúde, educação,
justiça ou segurança, mas há para estas tretas? O dinheiro não cai do céu
mas dos nossos bolsos e o que gasta nessas misérias falta no essencial! José B
Dias: ... se calhar bastou mudar o inquilino da Casa
Branca. E não é que bastou mesmo só! Fico extremamente feliz de poder viver, ao
vivo e a cores" a verdadeira estória daquele que ousou dizer que já não
era só o rei que ia nu! Ana
Crespo de Carvalho: A
conclusão é fabulosa: o mundo parece ter recuperado um pedaço de bom senso
porque bastou mudar o inquilino da Casa Branca 😅😅😅🤣🤣🤣🤣🤣🤣 Maria
Baldinho: Nunca
ouvi falar de Jacques Audiard, não pretendo ser cinéfila e não verei Emilia
Pérez, a não ser quando passar num qualquer canal de tv lá mais para o fim do
ano. Mas o homem está de parabéns: pela descrição serviu uma magnífica obra de
m**** aos comedores da dita. Para cada público um fornecedor. Jorge Tavares: Pelo que se verifica que a reeleição de Trump
para a Casa Branca tem aspectos positivos. J L: Excelente, Alberto Gonçalves! Um absurdo
"Emilia Pérez" (que já vi) ter 13 (!) nomeações para Oscares e tantos
outros prémios. Hollywood tem andado demasiado "woke" e já se
esqueceu de valorizar ou premiar (essencialmente) pela qualidade
cinematográfica. Tantas nomeações só podem ser pelo extremo "wokismo"
do filme. Porque - como cinema e como filme dramático-musical - "Emilia
Pérez" é tão, mas tão medíocre! José
Carvalho: O que
se está a passar com este filme é a prova de que Hollywood já não atribui os
óscares por méritos artísticos mas sim pela agenda promovida pelo filme.
Senão vejamos. No início atribuíram globos de ouro e nomearam para 13 óscares.,
deduzindo disto que o filme artisticamente era excelente. Entretanto descobrem
afirmações da actriz contrárias à agenda e eis que afinal o filme a a actriz já
não são bons. Se dúvidas houvesse… Maria
Cordes: Verdade,
ainda há esperança, mas não para os adolescentes que o wokismo, empurrou para o
abismo das castrações, tratamentos hormonais e ideias suicidárias. Tim do A: Finalmente o mundo acordou contra esse flagelo.
Bem haja Trump. Manuel
MagalhaesPedra
Nussapato: Ainda
há quem não perceba nada de nada, infelizmente!!! m s God save Donald Trump! António
Lamas: Bem lá terei que gramar a Emília. Não sei se
vou rir tanto, como ri com a crónica. E para quando uma grande produção
portuguesa também em estilo ópera bufa com o pomposo nome "Manas
Mortágua"? Jose
Costa: Nao vi o filme e até é dificil de
acreditar em tal enredo. Enfim, coisas do wokismo que se espera em fase de
extinção Glorioso
SLB: Trump
é mau, mto mau, mas é o único na actualidade para travar a sério o wokismo. Paul C.
Rosado. O
wokismo devia ser considerado uma doença mental. Maria Emília
Ranhada Santos. Graças
a Deus que as coisas estão a mudar! Carlos
Chaves. Caro
Alberto, um grande bem-haja pela estrondosa gargalhada que me arrancou ao ler o
seu último parágrafo, simplesmente genial e verdadeiro! Luis
Silva: Wokismo
também é aceitar no país gente do terceiro mundo, que nada tem a ver com a
civilização ocidental e estão cultural e intelectualmente vários furos abaixo Manuel
Magalhaes: Hollywood
anda completamente upside down… Maria TavaresPedro
Correia: Subscrevo rMaria
Paula Silva: nem
nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Pelos vistos, é, sem dúvida, um filme
a... perder! E o
dinheiro que se gasta nestas tretas. Bom fim-de semana, AG. p.s. - tinha
acabado de ver um programa interessantíssimo que aconselho a todos: Primeira
Pessoa, ep. 18, 5/2/2025, com Rui Costa, investigador e Neurocientista
português, é CEO e director do maior centro de pesquisa sobre o cérebro do
mundo, o Zuckerman Mind Brain Behavior Institute, nos EUA. A NÃO PERDER, na
RTPPlay. Luis
Silva > A
D: Exactamente, wokismo não tem apenas a ver com esse conceito de
identidade de género, mas inclui toda uma adulteração cultural e de valores que
visa a transformaçáo social para fins políticos. Maria
Paula Silva > António
Lamas: eu não faço tenções de perder
tempo a ver uma coisa que, pelo texto do AG, já percebi a porcaria que é. Mas a
sua sugestão é boa, permita-me que acrescente ao título "Manas e
Mamadu", fica mais inclusivo ahaha Maria
Paula Silva > José
B Dias: Penso
que este ano será repleto de surpresas! José B
Dias > Pedro
Correia: Efectivamente! Joana
Quintela: Muito
bom! MCMCA A: Excelente artigo. Ruço
Cascais: Hoje
estava na esperança que alguém falasse do TPI. Soube pela televisão das sanções
de Trump ao TPI. No Observador ninguém agarrou no assunto. Fiquei num misto de
alegria e tristeza. Se por um lado condenava o TPI pelas acusações a Netanyahu
por outro aplaudia a condenação a Putin. Trump ditou as mesmas sanções aos juízes
e colaboradores do TPI que estes ditaram na acusação a Netanyahu. Fundos
congelados nos bancos americanos e proibição de entrarem nos Estados Unidos. Creio,
que a ideia de Trump é que levantem e anulem as sanções à Netanyahu. Na minha
opinião, acredito, que mais tarde ou mais cedo o vão fazer porque o risco do
TPI se
transformar numa nulidade sem fundos é muito grande. Trump também terá a sua luta com Hollywood,
que sempre que pode provoca-o. A nomeação deste filme é uma provocação a Trump
e uma afronta aos seus apoiantes, como é o caso do Alberto Gonçalves. Mas Trump
também precisa de Hollywood que faz parte do seu mundo de fantasia. Hollywood
será sem dúvida o seu maior adversário político. Trump não pode censurar a
exibição de filmes. Para atacar hollywood, Trump terá que o fazer pelo lado dos
impostos. Magoá-los mexendo-lhes na carteira. Hollywood continuará a provocar
Trump com mais LGBTQ+ e ideologia de género. Aguarda-se um grande combate entre
Hollywood e Trump durante estes próximos anos. GateKeeper: Top 10. klaus muller > A
D: Subscrevo
totalmente. Maria Paula
Silva > Pedro Correia: Subscrevo! GateKeeper > F.
Mendes: Não.
Estamos mesmo na parte final do fim do princípio. Agora é só activar as
"automáticas" e carregar no acelerador. Claro que para este regime
caduco e decadente "já arrancámos atrasados" e isso não vai chegar. Manuel
Gonçalves: Isto
era tudo tãããooo previsível
GateKeeper >J
L: Meu
caro J L, não seria de esperar outra coisa da demo-bollywood. Mas
"temos" lá mais alguns tesourinhos deprimentó-wokes-liberalecos, que,
certamente, à semelhança desta "cházada" esquerdalhó-woke-liberalrca,
irão "receber" muitos mais "óscares de plástico reciclado". Oscar
gomes: Querem-nos
convencer que o que é diferente é igual ao que é igual... Infelizmente os 8
anos do "Costismo" com o apoio da maioria da c social que é frustrada
por serem uns grandes servidores da sociedade mas mal pagos, dão corpo e voz ao
esquerdismo e ao Wokismo. Interrogo-me como é possível partidos de 3 e 4% que
em nada contam para o país a não ser protestar e contestar têm tanto poder na C
Social. José
Ramos > Pedra
Nussapato: Não
percebeu, por exemplo, que está metido, estamos metidos, numa distopia
totalitária (passe o eufemismo) onde esta gente manda, ou tem mandado. Se não
percebeu, temo que a lavagem cerebral a que foi sujeito, talvez participante ou
até "activista", está completa. Não há centrifugação que lhe valha. klaus
muller > Manuel
Magalhaes: Eu
então acho que Hollywood só anda down. Já não há filmes policiais em que os
bandidos sejam negros. Têm de ser sempre brancos. Já não há filmes em que o cowboy
branco (que é o herói) mata o índio que nos é odioso. Se tal sucede, o cowboy
branco tem de ser-nos apresentado como odioso e o índio, coitadinho, só tem
qualidades. Depois queixam-se que se vai menos ao cinema. Luís
Rodrigues > Glorioso
SLB: A conclusão da sua frase
desmente a asserção inicial.
Maria Paula Silva > F.
Mendes: Bom
dia F., tal e
qual como eu, não estava a perceber nada e antes do fim do 1º parágrafo tive
que ir ao google para ver o que era aquilo. Por acaso, acho que estamos no
princípio do fim, é um movimento naturalmente auto-condenado pela pouca
substância cultural que tem. Durou e teve força porque a CS avençada colaborou
a 500% (o que está muito errado, é urgente que a CS recupere a sua isenção, mas
duvido que isso vá acontecer, mas como tudo são modas, pode ser que façam surf
com a onda). Alexandre Barreira: Pois. Caro AG,
Por acaso já tinha visto a "coisa". É daqueles filmes para fazer. Chorar as "pedras-da-calçada"....!!!
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