sábado, 1 de fevereiro de 2025

E afinal


Neste mundo variegado, de encontros e desencontros, a opressão existe sempre, seja a dos mais sobre os menos, ou a dos menos sobre os mais, segundo a norma conceptual. Dantes, eram os nobres a instituir as leis diferenciadoras, os capitalistas vieram depois, por enquanto são os que se consideram de bons princípios altruísticos unilaterais, pois que agressivos contra os da norma tradicional estabelecida na cartilha… sim, as diferenças existem, sempre existiram e continuarão, em meio dos comportamentos de maior ou menor indiferença, de maior ou menor reacção geral ou unilateral, maior ou menor percepção das realidades, com a respectiva passividade ou hostilidade, segundo as diferenças comportamentais… Descarreguemos as nossas divergências, leiamos Álvaro de Campos e os seus entusiasmos vivenciais, leiamos a ODE TRIUNFAL, Hup-lá!

 

Javier Milei e a batalha cultural

O estatismo não é apenas um desastre económico, mas também social, destruindo as famílias e a coesão - moral, porque propaga e legitima a violência, e cultural, porque é igualitário.

PHILIPP BAGUS Convidado da Oficina da Liberdade

OBSERVADOR, 31 jan. 2025, 00:1629

Porque é que a batalha cultural é tão importante? Ora, a cultura determina a estrutura com que interpretamos o mundo, e agimos com base nessa interpretação. Se se puder influenciar a estrutura interpretativa, pode-se influenciar indirectamente o comportamento das pessoas. Sendo esta estrutura interpretativa moldada por imagens, modelos, arte, história, narrativas, símbolos, tradições, ideias, valores e palavras.

Apenas um exemplo. Vê-se o mundo de forma completamente diferente quando se usa o termojustiça social” ou, para uma mesma questão, quando se usa o termo “roubo”. Os estatistas foram muito bem-sucedidos na batalha cultural. Porque hoje, quando sob ameaça de violência o Estado rouba dinheiro a uns para o dar a outros, a maioria da população vê isso como “socialmente justo”. Instintos primitivos como a inveja, o ódio e o ressentimento tornam-se subitamente virtudes sob o pretexto da justiça social.

A batalha cultural não consiste apenas em mostrar que o estatismo ou o socialismo são uma catástrofe económica, mas também em afirmar as narrativas, valores e instituições em que se baseia o capitalismo. Porque todo o sistema precisa de uma justificação moral. De facto, quando a derrota do socialismo na esfera económica se tornou visível para todos após a queda do Muro de Berlim, a esquerda concentrou-se nas questões culturais. Daí a expressão “marxismo cultural”. Já não se concentra na exploração de trabalhadores pelos empregadores. Porque os trabalhadores não ficaram mais pobres, ao contrário do que Marx tinha previsto, mas tornaram-se cada vez mais prósperos.

O novo argumento da esquerda era o de que o capitalismo é eficiente, mas injusto. No sistema capitalista existem conflitos e opressão. Os ricos oprimem os pobres. Na sociedade patriarcal, os homens oprimem as mulheres; os heterossexuais oprimem as minorias sexuais. No racismo estrutural, os brancos oprimem os negros e os imigrantes, e na crise ambiental, os humanos exploram a natureza. Em todos estes conflitos, alimentados artificialmente, alguém deve ajudar os fracos e oprimidos, as minorias. Quem? O Estado. E para poder ajudar eficazmente, o Estado precisa de mais poder. Bingo! para estatistas.

Além disso, os wokes e os marxistas culturais estão a tentar destruir as instituições nas quais os valores da sociedade burguesa, especialmente a família e o cristianismo, são disseminados e ensinados. Porque aí são transmitidos valores como a diligência, a poupança, a disponibilidade para fazer sacrifícios, a responsabilidade, a amizade, a caridade, o amor à verdade e à justiça, à vida, à liberdade e à propriedade.

Quem reconheceu a importância da batalha cultural e a trava como ninguém é Javier Milei. Sublinha repetidamente que o estatismo não é apenas um desastre económico, mas também social, destruindo as famílias e a coesão; moral, porque propaga e legitima a violência; cultural, porque é igualitário; e esteticamente, porque produz blocos pré-fabricados. E como se não bastasse, é responsável por mais de 150 milhões de mortes. De facto, a esquerda empreendeu uma revolução cultural tão bem-sucedida que, apesar destes resultados, ainda há pessoas que se autointitulam publicamente de esquerdistas ou socialistas.

Depois de Javier Milei ter vencido na Argentina, poderia ter-se concentrado em consolidar o seu poder no país. Mas não. Porque não está interessado no poder, está interessado na causa, na liberdade, em todo o mundo. Não perde uma oportunidade para promover as ideias da liberdade no panorama global. No ano passado em Davos, Hamburgo, na ONU, no G20, no seu apoio à Declaração da Civilização Ocidental, ou há dias noutro discurso histórico em Davos e em Zurique.

Os libertários nunca tiveram um megafone como o que têm agora com a presidência de Javier Milei. E Javier Milei sabe usar essa amplificação de voz com uma potência, paixão e autenticidade incríveis. Diz o que pensa e faz o que diz. Os corações voam na sua direcção e a esquerda está em retirada em todo o mundo, está em pânico. Gostaria de agradecer a Javier Milei por tudo isto e por trazer a batalha cultural para o espaço de discussão pública. ¡Viva la libertad, carajo!

Nota editorial: Philipp Bagus é professor de Economia na Universidade Rey Juan Carlos, em Madrid. Tem trabalhos publicados no Journal of Business Ethics, Independent Review, American Journal of Economics & Sociology e muitos outros. A sua investigação recebeu prémios como O.P. Alford III Prize in Libertarian Scholarship, Sir John M. Templeton Fellowship, IREF Essay Prize, Ron Paul Liberty in Media Award, ou o Ludwig Erhard Prize 2016. Philipp Bagus é membro do Conselho Científico do Instituto Ludwig von Mises, na Alemanha. É um autor de múltiplos livros entre os quais “A Tragédia do Euro” (2011), publicado em Português. Tradução e adaptação pela Oficina da Liberdade de discurso proferido em Kloten, Zurique (Suíça) em 24/Janeiro/2025 por ocasião da atribuição e entrega do prémio «Röpke Prize for Civil Society».

Os pontos de vista expressos pelos autores dos artigos publicados nesta coluna poderão não ser subscritos na íntegra pela totalidade dos membros da Oficina da Liberdade e não reflectem necessariamente uma posição da  sobre os temas tratados. Apesar de terem uma maneira comum de ver o Estado, que querem pequeno, e o mundo, que querem livre, os membros da Oficina da Liberdade e os seus autores convidados nem sempre concordam, porém, na melhor forma de lá chegar.

OFICINA DA LIBERDADE      POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 29)

Isabel Amorim: Muito bom! Viva Milei, carajo!!                Jose Pires: A prova de que as coisas estão a correr bem na Argentina e com Milei é que a Comunicação Social deixou de falar neles... Não interessa que o resto do Mundo perceba que afinal o Capitalismo é que defende o povo e não as mentiras da esquerdalhada woke.                 Manuel Lourenço: Em Portugal, os primeiros a ter que apreender com Milei são os da IL, que não passam de uns capachos do wokismo (a forma mais brutal de intervenção do estado na liberdade pessoal). Será caso para dizer, oiçam o Milei, Carajo!!!               Coxinho: Milei foi antecipado frouxamente no Brasil por Bolsonaro, que não logrou resistir politicamente a toda a propaganda destrutiva com que foi bombardeado pela esquerdopatia dominante. E temos de reconhecer que nisso a esquerda sabe o que faz e como fazer -- desde falsificar resultados eleitorais até eliminar fisicamente os adversários (os exemplos são múltiplos). Há só um ponto em que a esquerdopatia -- exímia na arte de destruir -- falha redondamente e com estrondo: nada constrói. Porquê? Porque não sabe, mesmo que, por engano, queira.                António Soares > Jose Pires: E da Meloni em Itália, essa perigosa fascista.                  antonio parada: Viva milei!                 Paulo Machado: "Diante de cada uma dessas discussões, o wokismo tenta desacreditar aqueles que questionam essas coisas, primeiro rotulando-nos e depois nos censurando. Se é branco deve ser racista; se é um homem, deve ser um misógino ou membro do patriarcado; se é rico, deve ser um capitalista cruel; se é heterossexual, deve ser heteronormativo, homofóbico ou transfóbico. Para cada dúvida ou questão têm um rótulo, que depois tentam censurar  de Javier Milei em Davos                       João Diogo: Fabuloso , viva Millei , a esquerdalha até treme ao ouvir o nome.                   Futari Gake: O discurso de Milei em Davos, prova que é possível alterar o poder do Estado e cortar o cancro que o enfraquece. Por cá o Estado está cada vez maior, veja-se o caso do aumento do número de Freguesias feito pelo Centrão! Veja-se o aumento persistente da despesa em percentagem do PIB em Saúde e a cada vez maior despesa no SNS "per capita", num SNS cada vez pior em assistência e cobertura "per capita"! Limpar o estado de parasitas que são muitos milhares será a solução, o Centrão foi a causa.                 Jorge Tavares: EM DEFESA DO CAPITALISMO: O capitalismo é o que resulta naturalmente numa sociedade, quando a propriedade privada é protegida e as pessoas são livres de usar o seu dinheiro como bem entendem. É falso, o argumento de que as empresas privadas são "más", porque funcionam a pensar no lucro. Pelo menos desde 1776 (quando Adam Smith publicou o seu livro sobre a riqueza das nações) que é sabido que essa questão tem uma solução fácil de entender: submeter as empresas à concorrência, sempre e sem excepções. É falsa, a visão marxista de que o capitalismo é baseado na exploração do trabalho. Há muitos outros factores que contribuem para a produtividade, incluindo o empreendedorismo, a poupança, a inovação e o progresso tecnológico. Além disso, muitas empresas esforçam-se por manter os seus trabalhadores satisfeitos - até porque isso é do seu interesse. Quando uma empresa recebe favores do estado (e.g., TAP, CP, Efacec, CGD), isso não é capitalismo. É compadrio (crony capitalism), que se caracteriza por alguém enriquecer ou obter favores, não por mérito próprio (comercial ou empresarial), mas graças à proximidade com alguém de poder - por ser amigo, compadre, parente ou aliado de alguém poderoso: ou seja, por ser um crony. A principal condição para não haver compadrio é que todas as empresas estejam sempre em pé de igualdade e sujeitas à concorrência. Verifica-se uma superioridade moral do capitalismo sobre todos os outros modelos económicos e de sociedade, incluindo o socialismo - pois é apenas sob as suas condições, que as pessoas se tornam ricas sem serem criminosos. É falsa, a ideia de que o capitalismo gera desigualdade. O capitalismo permite desigualdades nos rendimentos, mas na prática é muitíssimo mais igualitário que o socialismo. O capitalismo é o único modelo económico em que os mais pobres prosperam ao longo das décadas (como aconteceu na Europa do Norte no período 1870-1920). Todas as alternativas socialistas são assistencialistas e geram dependência. Com o verdadeiro capitalismo, todos os consumidores e produtores estão em pé de igualdade e nenhuma empresa é favorecida em relação às outras. Sucede que os consumidores pobres ou remediados são muito mais numerosos do que os ricos e no agregado controlam muito mais riqueza. O socialismo permite desigualdades que são impossíveis no verdadeiro capitalismo. Um exemplo do Portugal socialista, é os cidadãos serem obrigados a dar uma quantidade colossal do seu dinheiro a empresas sem mérito como a TAP e a Efacec. O capitalismo não consiste apenas na livre criação de empresas, mas também em deixá-las fechar sem nos obrigarem a dar-lhes o nosso dinheiro, pois caso contrário geram-se injustiças e ineficiências. No Mundo real, tem de haver desigualdade. Se pensarem um pouco no que implica uma igualdade total, entre todos, repararão que é algo utópico e indesejável. Cada um de nós tem opções distintas. Cada um de nós tem talentos e apetências diferentes. Alguns escolhem ter dois empregos enquanto que outros preferem praticar desporto. Mesmo que total igualdade fosse possível (não é), uma sociedade assim seria um pesadelo totalitário, onde não haveria lugar para o mérito - e não respeitaria o direito à diferença e a dignidade humana. Atacar os salários altos é na realidade atacar o mérito. Passa por cima do facto de que salários altos são perfeitamente legais e legítimos. Quem os ganhou não roubou. É a muitas das actividades desses profissionais que devemos mais e melhores empregos. É precisamente essa hostilidade ao mérito que está a fazer os nossos melhores jovens emigrar. É essencial perceber que o capitalismo NÃO é um jogo de soma zero. Num negócio, para uma parte ganhar a outra não tem de perder. Quando duas partes chegam a acordo, é porque ambas acham que têm a ganhar com o negócio. É com os negócios que se gera riqueza. Numa sociedade moderna, este fenómeno aplicado a milhões de entidades todos os dias gera desenvolvimento económico.                Oscar gomes: E viva Milei! depois de décadas de corrupção, escândalos políticos e pobreza crescente de um país como a Argentina Milei mudou a agulha política e social em que é o cidadão e a sociedade civil que trazem a liberdade e a prosperidade O Estado só dá esmolas e promessas e os argentinos embora tarde viram a razão e a verdade                    Lourenço de Almeida: A Liberdade é a essencia da civilização baseada na cultura e religiões judaico/cristã que o melhor que a humanidade conseguiu em milhares de anos de evolução! E é "aberta"a progredir, também por influência do cristianismo que ao contrario do Islão, todos os dias recebe novas revelações - divinas também, para quem é crente - vindas do Espirito Santo que actua através dos homens! Viva a liberdade, c...... (não estamos no norte por isso há que ter tento na língua, ou falar em espanhol! )            Alfredo Vieira: Tudo dito, límpido!      Isabel Almeida: Mais outro artigo político na secção do desporto??                 Marco Rodrigues > Coxinho: O problema de Bolsonaro reside no facto de não ter a dimensão intelectual nem política de Milei. Basta ler e reflectir no discurso de Milei em Davos. O Bolsonaro tinha de nascer várias vezes para conseguir dizer 1/10.

 

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