Neste mundo variegado, de encontros e desencontros, a opressão existe
sempre, seja a dos mais sobre os menos, ou a dos menos sobre os mais, segundo a
norma conceptual. Dantes, eram os nobres a instituir as leis diferenciadoras,
os capitalistas vieram depois, por enquanto são os que se consideram de bons
princípios altruísticos unilaterais, pois que agressivos contra os da norma tradicional
estabelecida na cartilha… sim, as diferenças existem, sempre existiram e
continuarão, em meio dos comportamentos de maior ou menor indiferença, de maior
ou menor reacção geral ou unilateral, maior ou menor percepção das realidades,
com a respectiva passividade ou hostilidade, segundo as diferenças
comportamentais… Descarreguemos as nossas divergências, leiamos Álvaro de Campos
e os seus entusiasmos vivenciais, leiamos a ODE TRIUNFAL, Hup-lá!
Javier Milei e a batalha cultural
O estatismo não é apenas um desastre económico, mas também social,
destruindo as famílias e a coesão - moral,
porque propaga e legitima a violência, e
cultural, porque é igualitário.
PHILIPP BAGUS Convidado
da Oficina da Liberdade
OBSERVADOR, 31
jan. 2025, 00:1629
Porque é que a batalha cultural é tão
importante? Ora, a
cultura determina a estrutura com que interpretamos o mundo, e agimos com base
nessa interpretação. Se se
puder influenciar a estrutura interpretativa, pode-se influenciar indirectamente
o comportamento das pessoas. Sendo esta estrutura
interpretativa moldada por imagens, modelos, arte, história, narrativas,
símbolos, tradições, ideias, valores e palavras.
Apenas um exemplo. Vê-se o mundo de forma completamente diferente
quando se usa o termo “justiça social”
ou, para uma mesma questão, quando se usa o termo “roubo”. Os
estatistas foram muito bem-sucedidos na batalha cultural. Porque hoje, quando sob ameaça de
violência o Estado rouba dinheiro a uns para o dar a outros, a maioria da
população vê isso como “socialmente
justo”. Instintos primitivos como a inveja, o ódio e o ressentimento tornam-se subitamente virtudes sob o
pretexto da justiça social.
A batalha
cultural não consiste apenas em mostrar que o estatismo ou o socialismo são uma catástrofe económica, mas também em afirmar as narrativas, valores e
instituições em que se baseia o capitalismo. Porque
todo o sistema precisa de uma justificação moral. De facto, quando
a derrota do socialismo na esfera económica se tornou visível para todos após a
queda do Muro de Berlim, a esquerda concentrou-se nas questões
culturais. Daí a expressão “marxismo cultural”. Já não se concentra na exploração de
trabalhadores pelos empregadores. Porque
os trabalhadores não ficaram mais pobres, ao contrário do que Marx tinha
previsto, mas tornaram-se cada vez mais prósperos.
O novo argumento da esquerda era o de
que o capitalismo é eficiente, mas injusto. No sistema
capitalista existem conflitos
e opressão. Os
ricos oprimem os pobres. Na sociedade patriarcal, os homens oprimem as mulheres; os heterossexuais oprimem as minorias sexuais. No
racismo estrutural, os
brancos oprimem os negros e os imigrantes, e na crise
ambiental, os
humanos exploram a natureza. Em todos
estes conflitos, alimentados artificialmente, alguém deve ajudar os fracos e oprimidos, as minorias. Quem? O
Estado. E para poder ajudar eficazmente, o
Estado precisa de mais poder. Bingo! para estatistas.
Além disso, os wokes e os marxistas
culturais estão a tentar destruir as instituições nas quais os valores da
sociedade burguesa, especialmente a família e o cristianismo, são disseminados
e ensinados. Porque aí são transmitidos
valores como a diligência, a poupança, a
disponibilidade para fazer sacrifícios, a responsabilidade, a amizade, a
caridade, o amor à verdade e à justiça, à vida, à liberdade e à propriedade.
Quem reconheceu a
importância da batalha cultural e a trava como ninguém é Javier Milei. Sublinha repetidamente que o estatismo
não é apenas um desastre económico, mas também social, destruindo as famílias e
a coesão; moral, porque propaga e legitima a violência; cultural, porque é
igualitário; e esteticamente, porque produz blocos pré-fabricados. E como se
não bastasse, é responsável por mais de 150 milhões de mortes. De facto, a esquerda empreendeu uma revolução cultural
tão bem-sucedida que, apesar destes resultados, ainda há pessoas que se
autointitulam publicamente de esquerdistas ou socialistas.
Depois de Javier
Milei
ter vencido na Argentina, poderia
ter-se concentrado em consolidar o seu poder no país. Mas não. Porque não está interessado no poder, está
interessado na causa, na liberdade, em todo o mundo. Não perde uma oportunidade
para promover as ideias da liberdade no panorama global. No ano passado em Davos, Hamburgo, na ONU,
no G20, no seu apoio à Declaração da Civilização Ocidental, ou há dias noutro discurso histórico em Davos
e em Zurique.
Os
libertários nunca tiveram um megafone como o que têm agora com a presidência de
Javier Milei. E Javier Milei sabe usar essa
amplificação de voz com uma potência, paixão e autenticidade incríveis. Diz o que
pensa e faz o que diz. Os corações voam na sua direcção e a esquerda está em retirada em todo o mundo, está em pânico.
Gostaria de agradecer a Javier Milei por tudo isto e por trazer a batalha
cultural para o espaço de discussão pública. ¡Viva la libertad, carajo!
Nota editorial: Philipp Bagus é professor de Economia na Universidade Rey Juan Carlos, em Madrid. Tem
trabalhos publicados no Journal of Business Ethics, Independent Review,
American Journal of Economics & Sociology e muitos outros. A sua
investigação recebeu prémios como O.P. Alford III Prize in Libertarian
Scholarship, Sir John M. Templeton Fellowship, IREF Essay Prize, Ron Paul
Liberty in Media Award, ou o Ludwig Erhard Prize 2016. Philipp Bagus é membro
do Conselho Científico do Instituto Ludwig von Mises, na Alemanha. É um autor
de múltiplos livros entre os quais “A Tragédia do Euro” (2011), publicado em
Português. Tradução e adaptação pela Oficina da Liberdade de discurso proferido
em Kloten, Zurique (Suíça) em 24/Janeiro/2025 por ocasião da atribuição e
entrega do prémio «Röpke Prize for Civil Society».
Os pontos de vista expressos pelos autores dos artigos publicados
nesta coluna poderão não ser subscritos na íntegra pela totalidade dos membros
da Oficina da Liberdade e não reflectem
necessariamente uma posição da sobre os
temas tratados. Apesar de terem uma maneira comum de ver o Estado, que querem
pequeno, e o mundo, que querem livre, os membros da Oficina da Liberdade e os seus
autores convidados nem sempre concordam, porém, na melhor forma de lá chegar.
COMENTÁRIOS (de 29)
Isabel Amorim: Muito bom! Viva Milei, carajo!! Jose Pires:
A prova de que
as coisas estão a correr bem na Argentina e com Milei é que a Comunicação
Social deixou de falar neles... Não interessa que o resto do Mundo perceba
que afinal o Capitalismo é que defende o povo e não as mentiras da
esquerdalhada woke. Manuel
Lourenço: Em Portugal, os primeiros a
ter que apreender com Milei são os da IL, que não passam de uns capachos do
wokismo (a forma mais brutal de intervenção do estado na liberdade pessoal). Será caso para dizer, oiçam o Milei, Carajo!!! Coxinho: Milei foi antecipado frouxamente
no Brasil por Bolsonaro, que não logrou resistir politicamente a toda a
propaganda destrutiva com que foi bombardeado pela esquerdopatia dominante. E
temos de reconhecer que nisso a esquerda sabe o que faz e como fazer -- desde
falsificar resultados eleitorais até eliminar fisicamente os adversários (os
exemplos são múltiplos). Há só um ponto em que a esquerdopatia
-- exímia na arte de destruir -- falha redondamente e com estrondo: nada
constrói. Porquê? Porque não sabe, mesmo que,
por engano, queira. António
Soares > Jose Pires: E da Meloni em Itália, essa
perigosa fascista. antonio
parada: Viva milei! Paulo
Machado: "Diante de cada uma dessas discussões, o wokismo tenta desacreditar
aqueles que questionam essas coisas, primeiro rotulando-nos e depois nos
censurando. Se é branco deve ser racista; se é um homem, deve ser um misógino
ou membro do patriarcado; se é rico, deve ser um capitalista cruel; se é
heterossexual, deve ser heteronormativo, homofóbico ou transfóbico. Para cada
dúvida ou questão têm um rótulo, que depois tentam censurar de Javier Milei em Davos
João Diogo: Fabuloso , viva Millei , a esquerdalha até treme ao
ouvir o nome. Futari
Gake: O discurso de Milei em Davos, prova que é possível alterar o poder do
Estado e cortar o cancro que o enfraquece. Por cá o Estado
está cada vez maior, veja-se o caso do aumento do número de Freguesias feito
pelo Centrão! Veja-se o aumento persistente
da despesa em percentagem do PIB em Saúde e a cada vez maior despesa no SNS
"per capita", num SNS cada vez pior em assistência e cobertura
"per capita"! Limpar o estado de parasitas
que são muitos milhares será a solução, o Centrão foi a causa.
Jorge Tavares: EM DEFESA DO CAPITALISMO: O capitalismo é o que resulta naturalmente numa
sociedade, quando a propriedade privada é protegida e as pessoas são livres de
usar o seu dinheiro como bem entendem. É falso, o
argumento de que as empresas privadas são "más", porque funcionam a
pensar no lucro. Pelo menos desde 1776 (quando Adam Smith publicou o
seu livro sobre a riqueza das nações) que é sabido que essa questão tem uma
solução fácil de entender: submeter as empresas à concorrência, sempre e sem
excepções. É falsa, a visão marxista de
que o capitalismo é baseado na exploração do trabalho. Há muitos outros factores que contribuem para a
produtividade, incluindo o empreendedorismo, a poupança, a inovação e o
progresso tecnológico. Além disso, muitas empresas esforçam-se por manter os seus
trabalhadores satisfeitos - até porque isso é do seu interesse. Quando uma empresa recebe favores do estado (e.g.,
TAP, CP, Efacec, CGD), isso não é capitalismo. É compadrio (crony capitalism), que se caracteriza por alguém
enriquecer ou obter favores, não por mérito próprio (comercial ou empresarial),
mas graças à proximidade com alguém de poder - por ser amigo, compadre, parente
ou aliado de alguém poderoso: ou seja, por ser um crony. A principal condição para não haver compadrio é que
todas as empresas estejam sempre em pé de igualdade e sujeitas à concorrência. Verifica-se uma superioridade moral do capitalismo
sobre todos os outros modelos económicos e de sociedade, incluindo o socialismo
- pois é apenas sob as suas condições, que as pessoas se tornam ricas sem serem
criminosos. É falsa, a ideia de que o capitalismo
gera desigualdade. O capitalismo permite desigualdades nos rendimentos, mas
na prática é muitíssimo mais igualitário que o socialismo. O capitalismo é
o único modelo económico em que os mais pobres prosperam ao longo das décadas
(como aconteceu na Europa do Norte no período 1870-1920). Todas
as alternativas socialistas são assistencialistas e geram dependência. Com o verdadeiro capitalismo, todos os consumidores e
produtores estão em pé de igualdade e nenhuma empresa é favorecida em relação
às outras. Sucede que os consumidores pobres ou remediados são muito mais
numerosos do que os ricos e no agregado controlam muito mais riqueza. O socialismo
permite desigualdades que são impossíveis no verdadeiro capitalismo. Um exemplo do Portugal
socialista, é os cidadãos serem obrigados a dar uma quantidade colossal do seu
dinheiro a empresas sem mérito como a TAP e a Efacec. O capitalismo não
consiste apenas na livre criação de empresas, mas também em deixá-las fechar
sem nos obrigarem a dar-lhes o nosso dinheiro, pois caso contrário geram-se
injustiças e ineficiências. No
Mundo real, tem de haver desigualdade. Se pensarem um pouco no que implica uma igualdade
total, entre todos, repararão que é algo utópico e indesejável. Cada um
de nós tem opções distintas. Cada um de nós tem talentos e apetências
diferentes. Alguns escolhem ter dois empregos enquanto que outros preferem
praticar desporto. Mesmo que total igualdade fosse possível (não é), uma
sociedade assim seria um pesadelo totalitário, onde não haveria lugar para o
mérito - e não respeitaria o direito à diferença e a dignidade humana. Atacar os
salários altos é na realidade atacar o mérito. Passa por cima do facto de
que salários altos são perfeitamente legais e legítimos. Quem os ganhou não
roubou. É a muitas das actividades desses profissionais que devemos mais e
melhores empregos. É precisamente essa hostilidade ao mérito que está a fazer
os nossos melhores jovens emigrar. É essencial perceber que o
capitalismo NÃO é um jogo de soma zero. Num negócio, para uma parte ganhar a
outra não tem de perder. Quando duas partes chegam a acordo, é porque ambas
acham que têm a ganhar com o negócio. É com os negócios que se gera riqueza.
Numa sociedade moderna, este fenómeno aplicado a milhões de entidades todos os
dias gera desenvolvimento económico. Oscar gomes:
E viva Milei! depois de décadas de corrupção, escândalos políticos e pobreza crescente de
um país como a Argentina Milei mudou a agulha política e social em que é o
cidadão e a sociedade civil que trazem a liberdade e a prosperidade O Estado só
dá esmolas e promessas e os argentinos embora tarde viram a razão e a verdade Lourenço
de Almeida: A Liberdade é a essencia da civilização baseada na cultura e religiões
judaico/cristã que o melhor que a humanidade conseguiu em milhares de anos de
evolução! E é "aberta"a progredir, também por influência do
cristianismo que ao contrario do Islão, todos os dias recebe novas revelações -
divinas também, para quem é crente - vindas do Espirito Santo que actua através
dos homens! Viva a liberdade, c...... (não estamos no norte por isso há que ter
tento na língua, ou falar em espanhol! ) Alfredo Vieira: Tudo dito, límpido! Isabel Almeida: Mais outro artigo político na
secção do desporto??
Marco Rodrigues > Coxinho: O problema de Bolsonaro reside
no facto de não ter a dimensão intelectual nem política de Milei. Basta ler e
reflectir no discurso de Milei em Davos. O Bolsonaro tinha de nascer várias
vezes para conseguir dizer 1/10.
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