FRIEDRICH
MERZ.
Merz quer "independência da Europa
dos Estados Unidos" e prevê fim da NATO como a conhecemos
Trump é "largamente indiferente
ao destino da Europa" e, por isso, uma das prioridades do novo chanceler
alemão será fortalecê-la para a tornar independente dos EUA. E pensar numa
outra NATO.
OBSERVADOR; 24 fev. 2025, 01:32 2
ANDREAS GORA / POOL/EPA
Donald Trump foi o primeiro líder mundial a dar os
parabéns a FRIEDRICH MERZ — embora não o nomeasse, nem ao seu partido — ainda antes de o futuro
chanceler alemão defender a “a independência da Europa dos EUA”. O Presidente norte-americano apressou-se a escrever
na sua rede social que a vitória dos conservadores era “um grande dia para a
Alemanha e para os Estados Unidos da Europa” tendo ainda, de uma forma
inexplicável reivindicado parte dos louros. Se tivesse esperado um pouco
mais e escutado o que o líder da CDU disse durante um debate com todos os
candidatos às eleições legislativas alemãs que decorreram este domingo,
organizado pela emissora Deutsche Welle, talvez o teor da sua mensagem na Truth
Social fosse diferente
Não sabemos se
Friedrich Merz já tinha lido ou não a mensagem de Trump, mas não podia ter sido
mais claro: “A
minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rapidamente possível,
para que, progressivamente, possamos mesmo alcançar a independência dos EUA”,
referiu o chanceler alemão.
Ainda não havia resultados
oficiais, apenas sondagens à boca das urnas que davam a vitória à CDU/CSU com
cerca de 29% dos votos, colocando a AfD de Alice Weidel, partido de
extrema-direita, no segundo lugar com quase 20%. Mas Merz já falava como
chanceler que o final da noite veio a confirmar, com 28,5% dos votos contra
20,8% da Alternativa para a Alemanha:
Nunca pensei que teria de dizer algo assim num
programa de televisão. Mas depois das declarações de Donald Trump na semana
passada, é claro que esta administração é largamente indiferente ao destino da
Europa”.
Merz, um atlantista convicto, não está nada optimista
quanto ao futuro da NATO e previu mesmo o fim da Aliança Atlântica. “Estou
muito curioso para ver como nos vamos preparar para a cimeira da NATO no final
de junho”, disse. “Se vamos continuar a falar da NATO na sua forma atual ou se
vamos ter de criar uma capacidade de defesa europeia independente muito mais
rapidamente.”
Criticando os comentários de
Elon Musk, que foi declarando o seu apoio a Alice Weidel, Merz comparou-os
mesmo à tentativa de interferência eleitoral da Rússia:
“Não tenho quaisquer ilusões sobre o que está a acontecer na América. Basta
olhar para as recentes intervenções de
Elon Musk na campanha eleitoral alemã — trata-se de um acontecimento único. As
intervenções de Washington não foram menos dramáticas e drásticas e, em última
análise, ultrajantes do que as intervenções que vimos de Moscovo. Estamos sob uma pressão tão grande de
ambos os lados que a minha prioridade absoluta agora é criar unidade na Europa”, sublinhou.
No entanto,
demonstrou alguma esperança “residual” de que o Congresso dos EUA e a Casa
Branca não excluam completamente a Ucrânia de quaisquer negociações de paz,
embora não tenha sido optimista. “Não tenho a certeza de qual será a
posição do governo americano sobre esta guerra nas próximas semanas e meses. A
minha impressão, nos últimos dias, é que a Rússia e a América estão a unir-se à
revelia da Ucrânia e, portanto, também à revelia da Europa”,
lamentou.
A posição da
AfD em relação à Ucrânia, é aliás uma das razões que levou o líder dos
conservadores alemães a recusar categoricamente qualquer cooperação com a AfD,
que se mostrou durante a noite eleitoral e no debate televisivo, disponível
para integrar um futuro governo da CDU.
“Temos opiniões diferentes sobre a política externa, a política de
segurança e a NATO. Podem governo da CDU.estender-nos a mão o quanto quiserem,
mas não vamos cair numa política errada, querem o oposto do que nós queremos”,
respondeu com muita firmeza Merz. Não vai “pôr em causa o legado de 75 anos da
União Democrata-Cristã (CDU) só por causa de uma autointitulada Alternativa
para a Alemanha”, concluiu.
Em resposta, Alice Weidel não só criticou Merz por pretender coligar-se antes
com os socialistas do SPD, — e eventualmente com os Verdes —, em vez de se
aliar ao seu partido, defendendo que “os alemães querem uma mudança de
política”.
“A CDU tem de
explicar aos seus eleitores como tenciona cumprir as suas promessas se formar
um governo com a esquerda”, afirmou. Até
porque, argumentou, os conservadores não teriam praticamente de ceder em
qualquer ponto pois “o programa dos conservadores é copiado” do manifesto da
AdD.
“Vou formar um
governo que represente toda a população e vou esforçar-me por formar um governo
que resolva os problemas deste país. Como é que esse governo pode ser formado,
não sabemos. Não é segredo que gostaríamos de ter um parceiro e não dois, mas o
povo decidiu e temos de o aceitar”, replicou Friedrich Merz.
O líder da CDU admitiu que as negociações para a formação do novo governo
“não serão fáceis”, mas espera ter um o Executivo pronto para trabalhar até à
Páscoa. Ou seja, abril.
COMENTÁRIOS:
Cisca Impllit: Parabéns e
êxitos, F Merz. Gosta de ser europeu e disso não tem vergonha
Também eu gosto muito.
António Abreu: Finalmente
alguém de valor na Europa?
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