sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A César o que é de César

O mapa era imprescindível, mas não coube no meu blog. Realmente, dantes era só a Jugoslávia e Tito, do nosso conhecimento, e de repente surgiram os variados nomes do divisionismo antigo que se revelou desintegrador, segundo tendências da sua religião e da sua política. Salles da Fonseca conta a história, um tanto enigmática para mim, que, desperta a curiosidade, fui informar-me melhor na sacrossanta Internet.
Mas foi natural tal divisionismo, numa democracia desintegradora de povos, para a qual também nós, portugueses, nos podemos orgulhar de ter contribuído, democratas que somos, de alto gabarito, (embora não de raiz), conquanto os nossos povos estivessem mais espalhados pelo mundo do que lá na Jugoslávia, tão unidos antes, tão sós agora. Como a Catalunha ficará um dia e não se importa com isso, economicamente fiável mas tristemente desprovida de brio pátrio.
Quanto a nós, portugueses, que há muito deixámos esses pecados de divisionismo ibérico, embora haja ainda adeptos da União Ibérica, julgo que para podermos encher melhor a nossa gamela, pois está visto que só a enchemos à custa do esforço alheio, continuamos entretidos com a nossa sobrevivência em débito, e acrescento a crónica demonstrativa, de Pacheco Pereira, sobre o nosso OE, que oferece dúvidas de interpretação e de autoria, segundo PP.
Textos esclarecedores, que gostamos de guardar, os primeiros, de cariz histórico, o último, preferentemente económico, a que aponho um comentário, mais sabiamente e politicamente correcto do que a minha latomia (e lembro aqui a expressão que a minha mãe usava, creio que aprendida lá no seu Carregal obscuro e que provém de litania, que forneceu igualmente ladainha, coisa desprezivelmente repetitiva, confesso, essa minha latomia da gamela).
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 08.11.18
Josip Broz Tito, filho de pai croata e mãe eslovena, Marechal, fundou a República Socialista Federativa da Jugoslávia tendo conseguido, entre 1953 e 1980, manter a unidade territorial dos chamados “seis povos jugoslavos” (bósnios, croatas, eslovenos, macedónios, montenegrinos e sérvios), todos em pé de igualdade num regime federal.
Com mão de ferro, governou em plena Guerra Fria entre os imperialismos americano e soviético. Defensor de um socialismo sui-generis, nunca alinhou com as ideologias marxistas de cariz soviético nem chinês e promoveu o empreendedorismo autogestionário pelas cooperativas de trabalhadores.
A sul da Jugoslávia estava a Albânia, governada em ditadura por Enver Hoxha fervoroso defensor da linha comunista radical de Mao Tse Tung, o que fez com que o país se tornasse no mais pobre da Europa.
Comparativamente, o regime jugoslavo era muito mais benigno do que o albanês e, por isso mesmo, Tito recebeu no sul da Jugoslávia os albaneses em fuga da tirania enver-hoxiana. Mais concretamente, permitiu-lhes que se estabelecessem no Kosovo, região jugoslava de fronteira com a Albânia. Foram centenas de milhares os albaneses que fugiram para o Kosovo onde iam sendo criadas escolas, onde foi assegurado o ensino da língua albanesa e até construídas Mesquitas. Durante 40 anos, manteve-se o fluxo imigratório albanês no Kosovo que está para a Sérvia como Guimarães está para Portugal pois foi lá que nasceu a Nação Sérvia.
Os albaneses são muçulmanos; os sérvios são cristãos ortodoxos. Portanto, os albaneses têm valores, tais como religião, costumes, tradições e hábitos muito diferentes dos sérvios. A chegada de grandes massas albanesas ao Kosovo trouxe problemas de integração das duas culturas a tal ponto que os sérvios foram saindo da sua terra fugindo ao que ali se foi instalando.
Mas em 2008 – já sob a égide de Milosevic e da sua política de edificação da «Grande Sérvia», destruidora do estatuto de igualdade entre os «seis povos jugoslavos» - o Kosovo, dominado pelos muçulmanos, declarou unilateralmente a independência roubando à Sérvia parte do seu território estaminal e expulsando os sérvios que ainda lá habitavam.
Foi nesta circunstância que a maioria dos Governos europeus fechou os olhos ao roubo do berço da Nação Sérvia.
Mas – e há sempre um «mas» - afinal, esta acção de emancipação muçulmana do Kosovo era o ensaio geral da invasão muçulmana da Europa porque, como estava demonstrado, os Governos europeus amochariam.
E a amochar estão.
Afinal, é mesmo verdade que quem cospe para o ar na cara lhe cai.
Novembro de 2018
II - Desintegração da Iugoslávia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Este artigo é sobre os eventos que implicaram na destruição do Estado iugoslavo. Para os conflitos militares resultantes da dissolução da Iugoslávia, veja Guerras iugoslavas.
Desintegração ou Dissolução da Iugoslávia (português brasileiro) ou Jugoslávia (português europeu) foi uma série de conflitos e irregularidades políticas que resultaram na desintegração da Iugoslávia (República Socialista Federativa da Iugoslávia, RSF da Iugoslávia, ou simplesmente RFSI). A RSF da Iugoslávia foi um país que ocupou uma porção de terras que atualmente vai desde a Europa Central até os Bálcãs, uma região com um conflito étnico histórico. O país era um conjunto de seis repúblicas regionais e duas províncias autónomas, que estava dividida segundo as etnias e que na década de 1990 se separou em vários países independentes. Estas oito unidades federais passaram a ser seis repúblicas: Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Macedónia, Montenegro, Sérvia, e as duas províncias autónomas ficaram com a Sérvia: Kosovo e Vojvodina. A Bósnia e Herzegovina não havia existido como um estado mesclado etnicamente desde 1465, e além disso não tinha uma maioria étnica clara, com 44% de bósnios muçulmanos, 33% de sérvios bósnios, 18% de bósnios croatas e outras minorias. A distribuição geográfica dos grupos étnicos que compunham a Iugoslávia representava o feito de que cada nação tinha uma população em cada uma das seis repúblicas. a Iugoslávia passou a ser um país com sete fronteiras, seis repúblicas, cinco nacionalidades, quatro idiomas, três religiões, dois alfabetos e um líder.
Já que a estrutura demográfica da Bósnia compreendia uma população de sérvios e croatas em cerca de 50% e com ideias de independência baseadas mais nas etnias do que na nação, o controle do território, a abrir-se a diferentes interpretações, e grandes zonas da Bósnia, Croácia e Sérvia foram consideradas zonas em disputa. Os elementos mais importantes que fomentaram a discórdia foram a formação do Reino da Iugoslávia, a guerra civil e o genocídio praticado pelo Estado Independente da Croácia durante a Segunda Guerra Mundial, a ideia da "Grande Sérvia", e as adaptações balcânicas do Pan-eslavismo.
A guerra civil que seguiu a secessão terminou com grande parte da antiga Iugoslávia reduzida à pobreza, enormes perturbações económicas e persistente instabilidade em todo o território onde ocorreram os piores combates. Hoje existem seis frágeis repúblicas, a maioria delas empobrecida pelas perdas materiais e pela fuga da população, quando não entregues ao crime organizado, sem contar com um permanente clima de frustração, misturado ao ódio étnico sempre pronto para dar seu sinal de retorno. As guerras foram os conflitos mais sangrentos em solo europeu desde o final da Segunda Guerra Mundial. Foram também os primeiros conflitos desde a Segunda Guerra Mundial onde foram formalmente julgados genocídios de carácter fundamental e muitos participantes individuais foram posteriormente acusados de crimes. O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIJ) foi criado pela ONU para julgar esses crimes.
III - OPINIÃO         O Orçamento da burocracia de Bruxelas
A discussão enganadora sobre o Orçamento e as migalhas de decisão que o Governo e o Parlamento ainda têm retiram conteúdo à política em democracia, ou seja, tornam-na menos democrática.
JOSÉ PACHECO PEREIRA, Colunista               PÚBLICO, 13 de Outubro de 2018
Ele é preciso estar sempre a repetir as mesmas coisas, porque há uma intencional dureza de ouvido, que ao menos vale a pena incomodar. Repito: o Orçamento de 2019 que vai ser apresentado ao Parlamento português não é nem português, nem é decidido pela Assembleia da República, nem é o que vai ser aplicado, nem é o resultado das “regras europeias”, não é nenhuma coisa daquelas com que vai ser designado. Voltando a Orwell, é um exemplo primoroso do doubletalk parecido com a designação da defunta República Democrática Alemã, que não era nem república, nem democrática, nem alemã.
Voltamos às repetições: o Orçamento não é português, é estrangeiro, subordinado aos interesses dos nossos credores e às políticas que eles impõem, que não são “portuguesas” num aspecto fundamental — é que não servem o interesse nacional, nem as necessidades de desenvolvimento do país, mas apenas a submissão às políticas alemãs e à vulgata política da troika disfarçada de inevitabilidade económica. O Orçamento serve o pagamento da dívida transformado no alfa e no ómega de toda a política de défice zero. Há outras coisas sob o mesmo céu, mas aqui o sol não nasce para todos.
Legenda: “Não aos impostos sem representação” foi uma das palavras de ordem da Revolução Americana contra os ingleses. A ideia de que um Parlamento distante, onde não estavam representados os colonos americanos, podia decidir dos impostos que lhes eram aplicados, foi uma das razões da revolta que deu origem à independência.
O Orçamento não é aprovado pelo Parlamento português, que apenas assina de cruz um texto que é decidido em Bruxelas e no Eurogrupo, que tem um direito efectivo de veto sobre as suas medidas. A perda do poder orçamental do Parlamento português, nunca discutida, nem decidida pelos portugueses, é uma das mais graves entorses da nossa democracia. O Parlamento, cuja função orçamental é crucial na identidade de qualquer parlamento em democracia, está castrado nessa função e uma elite, que fala fininho como os eunucos nas óperas antigas, faz a rábula de uma autoria e de um poder que não tem. Também não é verdade que a perda de soberania do Parlamento seja o resultado da adesão aos tratados europeus, visto que muitas das “regras” que recitamos como um mantra não estão em nenhuns tratados, alguns dos quais, como o de Lisboa, foram “vendidos” com dolo, apresentados como reforçando os poderes dos parlamentos nacionais. Quem conheça a burocracia europeia em acto, com a sua enorme arrogância, ao considerar que governa melhor os países da União do que os políticos eleitos, sabe muito bem como se fez e com quem se fez o caminho para a submissão de países como Portugal. E acresce, repetindo-me, que o Tratado Orçamental e o Eurogrupo não são instituições da União Europeia. E, repetindo-me, de novo, o Orçamento aprovado vai ser tão ficcional como a Branca de Neve. Como já aconteceu aos orçamentos anteriores, o Orçamento real é o Orçamento resultante das cativações dentro do Orçamento de fachada.
Nestas matérias está-se como a “voz clamando no deserto”. O que se ouve de imediato como resposta é uma variante do discurso do ocupado que interioriza o discurso do ocupante, uma soma de argumento ad terrorem, de que quem contesta o oito quer o 80, ou do desabar cataclísmico de tudo, à mais pequena contestação do estado de coisas. É um discurso de quem tem medo de levantar um dedo que seja, e que começa por se apresentar como “realista” e contrariado pela ocupação, para acabar por ser entusiástico com o ocupante.
Na história, é um discurso conhecido e, sem querer ser excessivo, é muito parecido com o discurso dos franceses depois da derrota de 1940, em que começaram por pregar uma atitude de “realismo”, face à ocupação alemã, dizendo que ser patriota era apoiar Pétain, que obteve a “pacificação” da França derrotada. Diziam que a soberania muito limitada que os alemães permitiram durante algum tempo garantia a continuidade da França no fim da guerra, claro, se ela fosse vencida pelos alemães. Terminou tudo como se sabe, com a “colaboração”, com o fim da zona “livre”, com os italianos a ocuparem a Riviera e os alemães a França toda, e a guerra civil com todas as suas violências. A excepção solitária foi De Gaulle e alguns dos seus companheiros que, esses sim, salvaram a França.
A discussão enganadora sobre o Orçamento e as migalhas de decisão que o Governo e o Parlamento ainda têm retiram conteúdo à política em democracia, ou seja, tornam-na menos democrática. O PSD, o CDS e PS são partidos do Tratado Orçamental, o BE e o PCP por razão da “geringonça” não têm qualquer autonomia nesta matéria. À mais pequena crise de fora, vai desabar tudo. E depois queixem-se do populismo.

COMENTÁRIO: Jose 14.10.2018: Não existe um problema de um povo, uma nação, um país, uma Pátria na chamada União Europeia. Existe um problema de toda a Europa em resultado da asfixia da democracia e das soberanias de dezenas de povos e nações por um grupo de lobby's e tecnocratas. Desmontar esse poder é obra para todos os povos. Seria desejável que designadamente o Euro e o BCE contassem com a cooperação do todo ou parte dos órgãos de gestão do BCE para o plano organizado e simultâneo de extinção da falhada moeda única e seu banco emissor. A reação dos povos ao poder que capturou os Estados que traíram as suas nações tem de fazer-se por esses povos nos seus territórios confrontando os Estados traidores, isolando os "Vasconcelos", reconstruindo os Estados e as suas Forças Armadas ao serviço dos povos e nações soberanas.

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