Acabei de ler o texto e não
resisto a transcrevê-lo, não só por admirar a lucidez e coragem de Helena Matos, acusando – com dados
reais - um partido de menoridade mental, como por reconhecer quão
imprescindível é elevarmos o nosso raciocínio, para contenção de uma catástrofe
certa, caso BE se faça governo. Sereias maviosas apelando para as delícias do
viver junto a elas, que não pretendem mais que destruir Ulisses e os seus marinheiros,
conseguiriam convencer o fraco Ulisses, não estivesse ele atado ao mastro, embora
suplicando aos companheiros surdos que o desatassem, para ele poder ceder às
tentações apregoadas por aquelas. Helena
Matos não é, contudo, Ulisses, severa e realista que se mostra, sem
precisar de mastro nem de cordas envolventes para seguir em frente na viagem da
nossa nau à deriva. Nós outros, que nos deixaremos enlevar, talvez, se
destaparmos os ouvidos da cera, merecemos o apodo asinino do título da sua
crónica, caso nos deixemos seduzir em bloco pelas sereias do Bloco, ansiosas de
conduzir a nau, mesmo que para uma viagem sem retorno. O melhor será mesmo
fazer ouvidos de mercador aos seus apelos, já o dizia Garrett:
Pescador da
barca bela, Onde vás pescar com ela Que é tão bela, Ó pescador!
Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela. Mas cautela, Ó pescador!
Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Ó pescador.
Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge de ela Foge de ela, Ó pescador!
Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela. Mas cautela, Ó pescador!
Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Ó pescador.
Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge de ela Foge de ela, Ó pescador!
Burros de carga /premium
“Os empresários portugueses são burros”, afirmou uma delegada à
convenção do Bloco de Esquerda. Está a senhora cheia de razão: só num país de
burros a subserviência para com o Bloco se tornaria lei
Como é que um grupo de pessoas sem curriculum que as habilite a
desempenhar as mais básicas funções numa empresa e sem qualquer experiência
profissional relevante além da actividade política, pode ser apresentado como
capacitado para governar o país? Obviamente porque, como afirmou a delegada à
convenção do BE, este é um país de empresários burros. Mas não são apenas os
empresários que são burros. Este é mesmo um país de trabalhadores burros, de
desempregados burros, de contribuintes burros… de burros, enfim.
No que aos empresários respeita é óbvio que só criaturas destituídas de
qualquer traço de inteligência escolheriam ser empresários num país em que boa
parte da classe política entende por governar o acto de cobrar mais impostos e
impor medidas de engenharia social às empresas. (Aliás qualquer pessoas com
dois dedos de testa percebeu que só há dois modos de vida sossegados em
Portugal: ser funcionário público ou enveredar pelo estato-empresariado, um
sector de actividade em que os prejuízos correm por conta dos contribuintes e
os lucros por conta dos estato-empresários, essa casta que usa os seus
conhecimentos da máquina estatal para conseguir fazer com assinalável lucro
aquilo que aos demais é proibido.)
Mas voltemos ao nosso espírito asinino. Não fosse esse “todo o burro
come palha, a questão é saber-lha dar” e
o BE seria tratado como aquilo que de facto é: um grupo de gente
esperta, frequentemente mal preparada, que na juventude se profissionalizou na
política e que fora da política não tem curricula para mostrar.
Pegue-se, por exemplo, na lista de
ministeriáveis do BE apresentada pelo Observador e pela demais comunicação social e
verificar-se-á que estamos diante de dirigentes que passaram de estudantes
universitários a deputados, sem no meio terem feito algo de profissionalmente
relevante.
Comecemos por Mariana e Joana Mortágua. Ambas estudaram. Antes dos 30
anos tornaram-se deputadas. Mariana
Mortágua é licenciada em Economia pelo ISCTE e estava a fazer o
doutoramento em economia quando se tornou deputada. Tinha 27 anos. É
apresentada como podendo vir a ocupar a
pasta das Finanças. Que
outra experiência tem Mariana Mortágua? Alguma vez trabalhou numa empresa pública ou privada? Na
administração pública? Em algum gabinete de estudos? Alguma vez desempenhou uma
tarefa que a confrontasse com as consequências práticas na vida das empresas da
legislação que defende?…
O caso de Joana Mortágua
apresentada como possível ministra da
Educação é ainda mais assombroso porque não se lhe conhece conhecimento
relevante sobre nada: Joana
Mortágua é licenciada em Relações Internacionais com especialização em América
Latina. Mas provavelmente porque a América Latina nunca se
interessou por Joana Mortágua esta tornou-se deputada em Portugal. Tinha à data
25 anos. Na sua página do parlamento não consta profissão. As
suas habilitações para ser ministra da Educação resumem-se ao facto de no
parlamento se dedicar a tal assunto. Digamos
que é uma habilitação por frequência: vai-se para o parlamento, frequentam-se
umas comissões e fica-se apto a ser-se ministro da respectiva pasta. Ou de
todas elas.
Se de Joana Mortágua passarmos para Luís Monteiro então estamos diante do curriculum zero: Luís Monteiro foi eleito com apenas 22 anos. No grupo
parlamentar, e por ser estudante, foi-lhe atribuída a área do ensino superior.
Que o BE dê Luís Monteiro como especialista em ensino superior não admira. O que realmente nem a um jumento lembra é o país
aceitar placidamente que Luís Monteiro possa ser ministro do ensino superior
porque frequenta ou frequentou o ensino superior! (Esta espécie de formação de
ministros na óptica do utilizador abre, como dirão os espanhóis, um “abanico de posibilidades”: usa o multibanco? Está então preparado para ser
senão ministro das Finanças ou pelo menos secretário de Estado do Tesouro! Foi
à urgência hospitalar? Acautele-se que sai de lá ministro da Saúde… e também
sem ser consultado mas esse é outro assunto.)
Mas continuemos. Vamos ao caso de José
Soeiro. Tem um doutoramento em Sociologia. É dado como ministeriável na
área do trabalho. Do mundo do trabalho fora da Assembleia da República, José
Soeiro tem, segundo se lê na sua página do parlamento, a experiência de
animar “oficinas de expressão e de Teatro do Oprimido”. Terá sido aliás nessa
actividade que, segundo o Observador, José Soeiro
se confrontou com a precaridade e as questões dos recibos verdes que no parlamento o transformaram em
especialista em questões de trabalho. Seja como for, enquanto deputado José
Soeiro venceu a precaridade: José Soeiro tornou-se deputado aos 23 anos. Hoje
tem 34. Continua deputado. E que dizer do curriculum do hipotético ministro da Saúde, Moisés Ferreira? Licenciado em
Psicologia tornou-se deputado aos 29 anos. Antes de ser eleito deputado já era
assistente parlamentar nas áreas da Economia e das Finanças. Um profissional
da política, portanto.
Que
esta agremiação de gente que aos vinte e alguns anos saltou dos bancos das
universidades (e dos palcos, pois o factor encenação não é irrelevante no caso)
para as cadeiras de deputados seja apresentada como ministeriável, sem que o
país se interrogue sobre as suas competências e experiências, é a prova – se
alguma faltasse – do jumentismo agudo de que padecemos. Dirão que nos outros
partidos encontramos casos similares. É verdade. Mas em nenhum deles com este
peso e com tanta prosápia.
Longe de me indignar com as afirmações da delegada à convenção do BE
sobre o gosto dos empresários portugueses em serem burros quero agradecer-lhe
por ter colocado a questão em termos tão claros: de facto somos um país de
burros. Isso nada tem de novo. Aquilo que vamos ter de discutir é como os
indiscutivelmente espertos dirigentes do BE estão a transformar, usando a força
bruta da legislação e do fisco, os burros que somos nos seus particulares
burros de carga.
Um
comentário importante:
Joao MA: O bloco de esterco é como o lixo que uma cidade gera, como toxinas
acumuladas que têm de ser evacuadas. É o refugo e entulho da sociedade.
Um bando de neo-burgueses inúteis a brincar aos pobres e ás engenharias
sociais, que causam enorme estrago à economia, à sociedade e ao
país. Têm de ser desmascarados e expostos a nível da sua hipocrisia e
falsidade ideológica e da estratégia subversiva de infiltrar partidos, Conselho
de Estado, banco de Portugal, universidades e redacções de jornais para ,
seguindo a estratégia de Gramsci irem dominando um país. Têm de ser combatidos
ferozmente. Antes que seja tarde demais e Portugal seja uma Venezuela
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