sábado, 17 de novembro de 2018

Leituras de peso



Salles da Fonseca manda-nos ler um livro de uma jornalista e escritora espanhola, nascida em 1953. Fui buscar dados à Internet, para melhor me actualizar, antes de colocar o seu “LIDO COM INTERESSE” e me envergonhar com as minhas próprias leituras das insónias, centradas agora no primeiro volume da “LAGARDE ET MICHARD”, sobre “LE MOYEN ÂGE” francês e me recrear com as espertezas da Raposa e as desventuras do pobre Ysengrin, sua eterna vítima, no “Roman du Renard”, ou as aventuras amorosas da literatura cortês, nimbadas de fantasia e de um amor exigente de tremendas proezas masculinas, que mostram quanto o Homem foi, afinal, um pau mandado sempre, dos caprichos femininos, conquanto tudo isso do amor cortês se passasse nas esferas superiores da educação, ou seja, especificamente, da corte. Com a democratização, alargou-se o domínio feminino, mais responsável e exigente de paridades, e sem tanta fantasia, mas com bastante atropelo, hélas!, como se vai vendo.

I – DADOS DA INTERNET
Diz-me Quem Sou, de Julia Navarro; Tradução: Sérgio Coelho  edição: Bertrand Editora, novembro de 2011 
SINOPSE
Uma apaixonante aventura protagonizada por personagens inesquecíveis, cujas vidas constroem um magnífico retrato da história do século XX. Desde os anos da Segunda República espanhola até à queda do Muro de Berlim, passando pela Segunda grande Guerra e pela Guerra Fria, o novo romance de Julia Navarro transborda de intriga, política, espionagem, amor e traição.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Uma das escritoras espanholas com maior sucesso de vendas.» - El País; «Força narrativa e densidade emocional.» El Mundo
OPINIÃO DOS LEITORES
UM LIVRO QUE SE LÊ COM PRAZER,
Maraujo | 24-06-2018: Uma história que abrange todo o século XX, com a guerra civil espanhola, a segunda guerra mundial e a guerra fria, na pele de uma mulher que se torna espia. Muito fácil de ler, está bem escrito e a história está muito interessante. Vale a pena ler.
IMPERDÍVEL!!
 Ana, Lisboa | 27-03-2017: Leitura obrigatória! Talvez um dos melhores livros que já li, pelo menos nos últimos tempos, e já li muitos!

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO 17.11.18

Título DIZ-ME QUEM SOU
Autora -  Júlia Navarro
Tradutor – Sérgio Coelho
Editora – BERTRAND EDITORA
Edição – 1ª, Novembro de 2011

De uma diva, não se espera que apenas cantarole.
Esta frase pode dar a ideia de que se trata de um livro bem humorado mas, pese embora alguma graça que possamos encontrar aqui ou ali, o tom geral da obra é duma seriedade absoluta raiando mesmo a sisudez histórica. Não chega às profundezas mórbido-fantasiosas de Edgar Alan Poe mas ultrapassa-o durante algumas cenas, em especial as relacionadas com os «mimos» dispensados pelo KGB e pela Gestapo aos respectivos «hóspedes».
São 1070 páginas de texto nesta edição que refiro e por isso mesmo sugiro ao futuro leitor que se equipe de alguma ajuda física para suporte do livro, a menos que queira logo de início ficar com uma dor na mão direita e, a partir da metade, sentir a dor passar para a mão esquerda.
De maneira a não estragar a leitura dos futuros leitores, apenas refiro que se trata da história duma belíssima jovem espanhola loira, magra e alta (o que só por si foge ao padrão por que esperávamos numa espanhola) que começa durante a Segunda República espanhola, passa pela II Guerra Mundial e pela Guerra Fria estendendo-se até à queda do Muro de Berlim.
Nem sei como classificar os personagens pois são vários os de importância central. Trata-se de um bisneto que foi encarregue por uma tia de desvendar a vida duma misteriosa bisavó que durante várias gerações foi tabu na família. Os narradores são vários e todos são importantes pois sem eles nada saberíamos. Sim, é uma tessitura do mais curioso que tenho lido e que, para nosso grande espanto, não conduz ao labirinto. Pelo contrário, tudo é rectilínio na marcha do tempo e a cada página nos sentimos mais interessados pelo que irá decorrer ao longo da História da Humanidade neste período do séc. XX. 
É na página 924 que encontro um enigma pelo que desafio o leitor a descobrir como é que a visita entrou na casa se o visitado, paralisado e agarrado a uma poltrona, estava sozinho e longe da porta. Ou estaria numa cadeira de rodas?
Sim, é um romance mas é tão verosímil que só perderá em cultura histórica quem o não ler.
E não se esqueça, leitor: são 1083 páginas contadas.
Mais: assim como com a diva, de uma espanhola também não se espera que passe pela vida a cantarolar; espera-se que cante a plenos pulmões correndo a pauta por completo.
E foi isso que fez Amélia.
 E quem é Amélia? Leia o livro.
Novembro de 2018


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