Anteontem , foi o programa da
TV5, “Questions pour un Champion” o causador mor do meu prazer
espiritual, e não só pelos motivos habituais dessa minha satisfação, com o
programa cultural que há tantos anos se instalou numa sociedade apta, e não só
na produção desses questionários (a descodificar gradualmente, na primeira fase,
a segunda de apelo imediato ao conhecimento, a terceira retomando o processo analítico,
através de pistas de abertura para a descodificação, eliminando os concorrentes
até ao apuramento de um só, entre os quatro participantes iniciais. E tudo isso
obtido quer por perguntas de abertura em suspense, quer por trechos musicais,
quer por imagens, todo um programa de cerca de meia hora, educado e alegre sem
lamechice, objectivo e rápido em decisão, que há muito é causador, julgo, de interesse
participativo geral, com estabelecimento, não só em França como noutros países
francófonos, de programas desse jaez, estimulantes de interesse reflexivo.
Mas o QPUC de sexta feira, 24,
teve como participantes, elementos de um Centro de apoio à doença do Cancro, e
isso, de facto, maravilhou-me, não só pela descontracção alegre dos
participantes e uma boa prestação cultural de que deram provas, como pelo apelo
que cada um fez ao sentido humanitário do público ouvinte, de ajuda à
Instituição, compartilhada pelos promotores do Concurso, ao cederem os 2000
euros do ganhador, para essa Instituição.
Mas ontem, o ponto alto do meu
dia consistiu na audição de um “Concerto de Advento”, na Igreja Paroquial da Parede, pelo Grupo Coral Vox Maris, que há já dez
anos se constituiu em Associação, grupo acompanhado pelo organista Luís Cerqueira e dirigido actualmente por Victor Paiva, um maestro, ao que leio
no folheto de apresentação, com larga participação nos espectáculos corais do
país, pessoa que me pareceu bem eficiente, como se comprovou na participação
harmoniosamente timbrada do coral, que terminou triunfalmente com J. S.Bach – Jesus bleibet meine Freude.
São muitos, julgo, estes
corais espalhados no nosso país, e isso parece-me maravilhoso, não só pela
participação de vozes espantosas, que deviam ser mais conhecidas, como pelo que
isso implica de vontade de produzir tanto de belo que outros criaram, levando a
uma difusão musical que não obtivemos na escola e que ajuda a preencher os
retalhos das vidas, numa autoformação bem meritória, infelizmente não muito
reconhecida. A Igreja não estava cheia, a harmonia destes cantos clássicos, em
línguas arrevesadas, não constitui motivação ainda, e talvez nunca chegue a
esse estádio formativo de um público pouco disciplinado.
Mas bem-haja a todos os que,
desafiando os seus espaços de trabalho, ou mesmo os seus lazeres de reformados,
satisfazem as suas ambições, cantando.
E encantando, como remate
desse esforço, valorizando culturalmente o nosso país.
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