domingo, 18 de novembro de 2018

ANA, ao ritmo do jazz



Um dia de intensa qualidade intelectual e cultural: li, escrevi e contei - li artigos de jornal, escrevi sobre um deles, e, nas contas, refiz projectos de como me libertar depressa dos dinheiros que vou receber este mês em duplicado, pagando dívidas, no seu bolo maior, o que me faz feliz, na posse de uma liberdade tantas vezes oprimida pelas contagens negativas, caso da maioria da população a que pertenço.
Mas não foi só isso que causou o meu carpe diem deste dia: vi Batanetes, vi snooker, e outros programas do meu zelo civilizacional, e, sobretudo, do desejo de esquecer ou fugir aos danos que nos envolvem, vindos do mundo inteiro, não mais abstractos, porque imediatamente visíveis e efusivamente badalados, nos meios próprios.
Mas a cereja sobre o bolo da minha espiritualidade de hoje, consistiu na audição de um “CONCERTO DE JAZZ”, com ANA LACERDA (Voz), RICARDO ROGAGELS (Guitarra), no Salão nobre ou Sala dos Espelhos, do Palácio Foz, Palácio que merecia, tal como outras coisas belas que temos, “visitas guiadas” e bem esclarecidas em programas televisivos.
Mas é ao concerto da Ana Lacerda e do seu acompanhante Ricardo Rogagels, que me refiro, como proporcionador do meu bem-estar espiritual do dia de ontem, pelas 19 horas. Já o disse aqui, que a Ana Margarida, minha neta, tem não só uma voz bela e trabalhada, como escreve com uma arte de subtileza de traço, espirituoso e crítico, que bem poderá um dia explorar, (quando o tempo lhe não faltar, talvez), além dessa voz que hoje revelou a um público julgo que igualmente seduzido.
Cito o Programa:
Música Tradicional Portuguesa por dois Músicos de Jazz
Ó Minha Amora Madura (Alentejo); Os Olhos Daquela Aquela (Alentejo); Ai ó Ai, meu bem (Faro); Gota de Água (Alentejo); Olhos Negros (Açores); Senhora do Almortão (Beira Baixa); O Ladrão do Negro Melro (Alentejo); José Embala o Menino (Beira Baixa – Castelo Branco); Roubei-te um Beijo (Alentejo); Os Bravos (Açores).
Tal como tenho gravadas no meu computador a imagem e a canção brasileira das abelhinhas que voam pelo jardim e que dão mel, que um dia a Ana cantou ao seu bebé Pedrito, tocando ao piano, com o Pedro inicialmente atento, sentado no seu colo, e para o fim rebelando-se, a querer participar, quadro de uma beleza e ternura encantadores, gostaria que a frase final dessa canção também se aplicasse ao destino da Ana: Venha ver como dão “méu” as abelhas do céu (bis).
Uma figura grácil e senhoril, num domínio de concentração e rigor, nos seus efeitos de voz a que as virtualidades do jazz impõem mestria, na suavidade desses cantares populares, onde os tons mais agudos a cada passo sobressaem, não ruidosos mas de uma espiritualidade a casar-se com a harmonia da sua figura gentil.
Muitos parabéns, Ana. Penso que esta tua primeira audição te abre as portas para muitas mais. Com todo o mérito e do teu acompanhante de guitarra.


Nenhum comentário: