sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Abaixo o capitalismo?

Um texto chegado por email, de Salles da Fonseca, que me fez procurar a informação necessária à minha parca percepção política e filosófica. De facto, tornou-se um prazer tal pesquisa, naturalmente incompleta e, por isso, laracheira: continuo sem conseguir obter a resposta à questão posta por Salles da Fonseca, por não compreender o conceito de Rosa Luxemburgo, por ele citado: «Pior que ser explorado por um capitalista, é não haver um capitalista que nos queira explorar». É que sempre pensei que as pessoas filosoficamente e enternecedoramente formalizadas com as desigualdades sociais, como são essencialmente os chamados partidos da dita, ou antes, ditosa, Esquerda nossa, filha da outra, da criatividade alheia, pretendessem eliminar da face da terra o tal capitalismo, em função do nivelamento do seu agrado, - muito embora o que se verifica no mundo com cada vez maior arreganho, sejam os desníveis sociais, (apesar desse princípio tão cristão), pela busca desenfreada, pelos buscadores usuais, do “rico bago” da subsistência pessoal, e das sobras, quer para satisfação das extravagâncias auto promocionais, quer para sentir o doce brilho do papel das notas - sobretudo das de maior cotação - como fazia o sr. Grandet extasiado com o ouro – real - daquele seu tempo balzaquiano, quer para o transferir para outras partes do Globo, mais sedutoras em termos de arrecadação.
Que os capitalistas “exploram”, é um dado adquirido, e por isso custa-me a crer que a tal Rosa Luxemburgo, que, além de bem informada, parece ter sido bem formada, não pretendesse ver os capitalistas riscados da face da Terra, para que as tais igualdades do seu apelo (e de tantas outras “rosas” deste mundo de hoje, tão nossas também), sejam realizáveis. A extinção dos capitalismos, sejam ou não exploradores – (as generalizações falseiam sempre as teorias, penso, todavia) conduziria, sem dúvida, mais, às igualdades - e também às amorfias sociais – por falta do desenvolvimento económico que o capitalismo gera, o que pressupõe que a tese da Rosa Luxemburgo, expressa na sua frase, para mim intrigante, pelo motivo apontado de contra-senso ideológico, recai antes sobre a necessidade da existência dos capitalistas, por muito exploradores que sejam: -“ não haver um capitalista que nos queira explorar é pior que ser explorado por um capitalista”.
Daí eu não ter percebido a razão da premissa de Salles da Fonseca sobre a relevância de Rosa do Luxemburgo na fundamentação das teorias do Baader Meinhof, que, por definição, visa destruir o bem-estar social, ao contrário da teoria de Rosa Luxemburgo, que parece defender, com esta sua frase, os capitalistas, ainda que sejam diferentes as suas intenções, segundo os dados colhidos na Internet.
O erro deve ser meu, que não entendi. Mas gostei de conhecer esta Rosa e o resto veiculado no texto de Salles da Fonseca, complementado com o saber colhido na Internet, fonte de tanto conhecimento à mão de semear.

Texto de HENRIQUE SALLES DA FONSECA:
 A BEM DA NAÇÃO, 01.11.18
«Pior que ser explorado por um capitalista, é não haver um capitalista que nos queira explorar».
FOTOGRAFIA DE Rosa Luxemburgo, seguida de dados biográficos: Filósofa marxista polaco-alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia da Polónia, ao Partido Social-Democrata da Alemanha e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha.
Nascimento: 5 de Março de 1871, Zamość, Polónia
Falecimento: Assassinada em 15 de Janeiro de 1919, Berlim, Alemanha
Cônjuge: Gustav Lübeck (desde 1898)
Formação: Universidade de Zurique
Ao fim de muitos anos, ainda hoje me pergunto se não terá sido Rosa Luxemburgo a sugerir os fundamentos do Baader Meinhof.
Que acham os meus leitores?»

Textos e notas que extraí da Internet (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
I - Fracção do Exército Vermelho:
Fracção do Exército Vermelho  alemão: Rote Armee Fraktion ou RAF), também conhecida como Grupo Baader-Meinhof, (alemão: Baader-Meinhof-Gruppe) foi uma organização guerrilheira alemã de extrema-esquerda, fundada em 1970, na antiga Alemanha Ocidental, e dissolvida em 1998. Um dos mais proeminentes grupos extremistas da Europa pós-Segunda Guerra Mundial, seus integrantes se autodescreviam como um movimento de guerrilha urbana comunista e anti-imperialista,  engajado numa luta armada contra o que definiam como um "Estado fascista".
A RAF foi formada no início dos anos 70 por Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof e Horst Mahler. Durante os seus 28 anos de existência, nos quais contou com três gerações diferentes de integrantes, o popularmente assim chamado Grupo Baader-Meinhof foi responsável por inúmeras operações de guerrilha e atentados na Alemanha, especialmente os cometidos no segundo semestre de 1977, já por sua segunda geração de militantes, que levou a uma crise institucional no país conhecida como Outono Alemão. Durante três décadas de operações, o grupo foi responsabilizado por 34 mortes, incluindo alvos secundários como motoristas e guarda-costas, e centenas de ferimentos em civis e militares, nacionais e estrangeiros em território alemão, além de milhões de marcos em danos ao patrimônio público e privado.
A organização sempre se referiu a si própria como Fracção do Exército Vermelho. Os termos Grupo Baader-Meinhof ou Bando Baader-Meinhof, pelos quais ficaram popularmente conhecidos e temidos, vem da designação dada a eles pela mídia alemã, como maneira de evitar a legitimização do movimento como organização política verdadeira, tratando-os apenas como uma associação criminosa comum. Apesar de Ulrike Meinhof, uma de suas fundadoras, não ter tido verdadeiramente uma posição de liderança intelectual dentro da cúpula da organização, papel este exercido por Gudrum Ensslin, ela passou a ser designada como Baader-Meinhof após o resgate de Andreas Baader da prisão onde se encontrava, em maio de 1970, por um comando liderado por Meinhof, já uma nacionalmente conhecida jornalista, escritora, documentarista e militante radical de esquerda, que a partir dali entrou na clandestinidade e na luta armada. A organização teve três encarnações sucessivas, a primeira consistindo de Andreas Baader e seus associados, quase todos mortos ou presos já na segunda metade dos anos 70; a segunda, que operou a partir da prisão dos principais líderes e fundadores até o fim da década, formada por ex-integrantes de grupos de militância estudantil radical como o SPK (Sozialistisches Patientenkollektiv), nascido na Universidade de Heidelberg em 1970, que se juntaram aos remanescentes do grupo original; e a terceira geração, que operou nos anos 80 e 90.
Em 28 de abril de 1998, uma carta de oito páginas, dactilografada em alemão, foi enviada à agência de notícias Reuters, assinada com o logotipo da RAF - com a metralhadora MP5 sobre a estrela vermelha - comunicando o fim das actividades do grupo, depois de 28 anos de existência como organização. Em 2008, dez anos após sua extinção, o filme alemão Der Baader Meinhof Komplex foi lançado mundialmente - e concorreu ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira - pretendendo jogar luzes sobre o grupo e sua história para as gerações presentes e futuras.
II- Ideias defendidas por Rosa Luxemburgo:
Rosa Luxemburgo defendeu o materialismo dialéctico (1) de Marx e a concepção de história. O que o revisionismo (2) tem a dizer sobre o desenvolvimento objectivo do capitalismo?  Karl Kautsky, o socialista ético, rejeitou os argumentos neokantianos em favor do darwinismo social. O proletariado teve que ser reorganizado em 1893, e antes em 1910-1911, o que era uma pré-condição para poderem agir. Formaram a estrutura substantiva de argumentos com Rosa Luxemburgo em 1911, quando se afastaram seriamente. Mas para Kautsky, o que Luxemburgo entendia ser apropriado para os radicais, Lenine e Parvus na Rússia, não era necessariamente tão verdadeiro na Alemanha. Kautsky era mais velho do que ela, mais cauteloso, considerando greves em massa como aventureirismo. Mas a mudança qualitativa radical para a classe trabalhadora conduziria Luxemburgo em uma época de revolução, que ela pensou que tinha chegado. Estava determinada a levar o capitalismo a seus limites para desenvolver a consciência de classe. A fim de obter organização e essa consciência, os trabalhadores tinham que ir à greve para testar a resistência à exploração; isso não seria exequível através de adesão cega à organização de um partido.
Uma característica peculiar do pensamento de Rosa é o seu posicionamento em relação ao cristianismo. Rosa escreveu um opúsculo denominado "O Socialismo e as Igrejas" (1905), onde, embora fosse ateia, atacou menos a religião enquanto tal e mais a política reaccionária da Igreja. Nessa obra afirmou que os socialistas eram mais fiéis aos preceitos originais do cristianismo do que o clero conservador da época, pois os socialistas lutavam por uma ordem social de igualdade, liberdade e fraternidade, e, portanto, os padres deveriam acolher favoravelmente o socialismo, se quisessem honestamente aplicar o preceito cristão de "amar o próximo, como a si mesmo".
Além disso, denunciava o clero que apoiava os ricos, que exploram e oprimem os pobres, afirmando que ele estaria em contradição explícita com os ensinamentos cristãos, tal clero não serviria a Cristo, mas ao dinheiro. Segundo Rosa, os primeiros cristãos seriam comunistas apaixonados e denunciavam a injustiça social. Entretanto, essa causa seria, em sua época, do movimento socialista que traria aos pobres o Evangelho da fraternidade e da igualdade, chamando o povo para estabelecer na terra o Reino da liberdade e do amor pelo próximo. Em vez de se envolver em uma batalha filosófica, em nome do materialismo, Rosa procurava salvar a dimensão social da tradição cristã para a transmitir ao movimento operário.
II- Notas:
1 -  Materialismo dialéctico: defende que o ambiente, o organismo e os fenómenos físicos tanto modelam animais irracionais e racionais, a sua sociedade e cultura quanto são modelados por eles, ou seja, que a matéria está em uma relação dialéctica com o psicológico e o social. Opõe-se ao idealismo, cujos pensadores acreditam que o ambiente e a sociedade, com base no mundo das ideias, são criações divinas seguindo as vontades das divindades ou por outra força sobrenatural. No século XIX, houve a efectivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial. Da crítica à sociedade capitalista, destacam-se dois pensadores, quais sejam: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialéctico”, e, ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação, a saber: o socialismo científico  (3).
2-  Revisionismo - Revisionismo é o acto de se reanalisar algo (por exemplo, um facto, doutrina, valor, livro etc.), gerando modificações em relação à interpretação original que se tinha do objecto analisado
O termo também pode ter um sentido pejorativo de falseamento e distorção da verdade.
Um dos primeiros e mais importantes revisionismos foi a revisão da doutrina marxista elaborada por Eduard Bernstein e Karl Kautsky no fim do século XIX, revisionismo este frequentemente associado à social-democracia.
Manifestação na Itália em 2007 contra o revisionismo histórico da Segunda Guerra Mundial
Também há uma iniciativa de pesquisadores independentes que tem, por objectivo, incluir e até mesmo ressaltar uma maior participação do mundo oriental na história mundial. Segundo estes pesquisadores, teria havido, durante a Inquisição e após a Primeira e Segunda Guerra Mundial, parcialidade por parte dos historiadores.
Em alguns casos, o revisionismo confunde-se com o negacionismo, como na expressão revisionismo do Holocausto, também chamado de negacionismo do Holocausto
3 - Socialismo científico: O Socialismo científico foi originado por Karl Marx (1818 até 1883) e Friedrich Engels (1820 até 1895), quando estes desenvolveram a teoria socialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo.
Ao contrário dos utópicos, Marx e Engels não se preocuparam em pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se, em primeiro lugar, em compreender a dinâmica do capitalismo e para tal estudaram a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da produção capitalista e, mais importante, suas contradições. Eles acreditavam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. E, para eles, isso ocorreria na medida em que, na sua dinâmica evolutiva, o capitalismo, necessariamente, geraria os elementos que acabariam por destruí-lo e que determinariam sua superação. Entenderam, que a classe trabalhadora agora completamente expropriada dos meios de subsistência, ao desenvolver sua consciência histórica e entender-se como uma classe revolucionária, teria um papel decisivo na destruição da ordem capitalista e burguesa. Apesar dele defender a ciência, ele criticava o cientificismo e alegava que método científico não era neutro nem estava isento de dogmas.
Marx e Engels afirmaram, também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Esta representaria o momento máximo da evolução histórica do homem, momento em que a sociedade já não mais estaria dividida em classes, não haveria a propriedade privada e o Estado, entendido como um instrumento da classe dominante, uma vez que no comunismo não existiriam classes sociais. Chegar-se-ia portanto, à mais completa igualdade entre os homens. Para eles isso não era um sonho, mas, uma realidade concreta e inevitável. Para se alcançar tais objetivos o primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora.
A teoria marxista, expressa em dezenas de obras, foi claramente apresentada no pequeno livro publicado em 1848, O Manifesto Comunista. Posteriormente, a partir de 1867, foi publicada a obra básica para o entendimento do pensamento marxista: O Capital, de autoria de Marx. Os demais volumes, graças ao esforço de Engels, foram publicados após a morte de Marx.
Os princípios básicos que fundamentam o socialismo marxista podem ser sintetizados em quatro teorias centrais:
A teoria da mais-valia, na qual o trabalhador seria explorado na produção capitalista;
A teoria do materialismo histórico, onde se supõe que os acontecimentos históricos são determinados pelas condições materiais (económicas) da sociedade;
A teoria da luta de classes, onde se afirma que a história da sociedade humana é a história da luta de classes, ou do conflito permanente entre exploradores e explorados;
A teoria do materialismo dialéctico, onde Marx e Engels tentam compreender a dinâmica das transformações históricas. Assim como, por exemplo, a morte é a negação da vida e está contida na própria vida, toda formação social (escravatura, feudalismo, capitalismo) encerra em si os germes de sua própria destruição.



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