Um texto chegado por email, de
Salles da Fonseca, que me fez procurar
a informação necessária à minha parca percepção política e filosófica. De
facto, tornou-se um prazer tal pesquisa, naturalmente incompleta e, por isso,
laracheira: continuo sem conseguir obter a resposta à questão posta por Salles da Fonseca, por não compreender o
conceito de Rosa Luxemburgo, por ele citado: «Pior que ser explorado por um
capitalista, é não haver um capitalista que nos queira explorar». É que sempre pensei que as pessoas
filosoficamente e enternecedoramente formalizadas com as desigualdades sociais,
como são essencialmente os chamados partidos da dita, ou antes, ditosa,
Esquerda nossa, filha da outra, da criatividade alheia, pretendessem eliminar da face da terra o tal
capitalismo, em função do nivelamento do seu agrado, - muito embora o que se
verifica no mundo com cada vez maior arreganho, sejam os desníveis sociais, (apesar
desse princípio tão cristão), pela busca desenfreada, pelos buscadores usuais,
do “rico bago” da subsistência pessoal, e das sobras, quer para satisfação das
extravagâncias auto promocionais, quer para sentir o doce brilho do papel das
notas - sobretudo das de maior cotação - como fazia o sr. Grandet extasiado com
o ouro – real - daquele seu tempo balzaquiano, quer para o transferir para
outras partes do Globo, mais sedutoras em termos de arrecadação.
Que os capitalistas “exploram”, é um dado
adquirido, e por isso custa-me a crer que a tal Rosa Luxemburgo, que, além de
bem informada, parece ter sido bem formada, não pretendesse ver os capitalistas
riscados da face da Terra, para que as tais igualdades do seu apelo (e de
tantas outras “rosas” deste mundo de hoje, tão nossas também), sejam realizáveis.
A extinção dos capitalismos, sejam ou não exploradores – (as generalizações
falseiam sempre as teorias, penso, todavia) conduziria, sem dúvida, mais, às igualdades
- e também às amorfias sociais – por falta do desenvolvimento económico que o
capitalismo gera, o que pressupõe que a tese da Rosa Luxemburgo, expressa na
sua frase, para mim intrigante, pelo motivo apontado de contra-senso
ideológico, recai antes sobre a necessidade da existência dos capitalistas, por
muito exploradores que sejam: -“ não
haver um capitalista que nos queira explorar é pior que ser explorado por um
capitalista”.
Daí eu não ter percebido a razão da premissa
de Salles da Fonseca sobre a relevância de Rosa do Luxemburgo na fundamentação
das teorias do Baader
Meinhof, que, por definição, visa destruir o bem-estar social, ao contrário da
teoria de Rosa Luxemburgo, que parece defender, com esta sua frase, os
capitalistas, ainda que sejam diferentes as suas intenções, segundo os dados
colhidos na Internet.
O erro deve ser meu, que não entendi. Mas gostei de conhecer esta
Rosa e o resto veiculado no texto de Salles da Fonseca, complementado com o
saber colhido na Internet, fonte de tanto conhecimento à mão de semear.
Texto
de HENRIQUE SALLES DA FONSECA:
A BEM DA NAÇÃO, 01.11.18
«Pior
que ser explorado por um capitalista, é não haver um capitalista que nos queira
explorar».
FOTOGRAFIA DE Rosa Luxemburgo, seguida
de dados biográficos: Filósofa marxista polaco-alemã. Tornou-se
mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à
Social-Democracia da Polónia, ao Partido Social-Democrata da Alemanha e ao
Partido Social-Democrata Independente da Alemanha.
Nascimento: 5 de Março de 1871, Zamość,
Polónia
Falecimento: Assassinada em 15 de Janeiro de
1919, Berlim, Alemanha
Cônjuge: Gustav Lübeck (desde 1898)
Formação: Universidade de Zurique
Ao fim de muitos anos, ainda hoje me pergunto se não terá sido Rosa
Luxemburgo a sugerir os fundamentos do Baader Meinhof.
Que acham os meus leitores?»
Textos e notas que extraí da Internet
(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
I - Fracção do Exército Vermelho:
Fracção do Exército
Vermelho alemão: Rote Armee Fraktion ou RAF), também conhecida como Grupo
Baader-Meinhof, (alemão: Baader-Meinhof-Gruppe) foi uma organização guerrilheira alemã de extrema-esquerda, fundada em 1970, na antiga Alemanha Ocidental, e dissolvida em 1998. Um
dos mais proeminentes grupos extremistas da Europa pós-Segunda Guerra Mundial,
seus integrantes se autodescreviam como um movimento de guerrilha urbana comunista e anti-imperialista, engajado numa luta armada contra o que definiam como um "Estado fascista".
A RAF foi formada no início dos anos 70 por
Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof e Horst Mahler. Durante os seus 28 anos de existência, nos quais contou
com três gerações diferentes de
integrantes, o popularmente assim chamado Grupo Baader-Meinhof foi responsável por inúmeras operações de
guerrilha e atentados na Alemanha, especialmente os cometidos no segundo semestre de 1977, já por sua segunda geração de
militantes, que levou a uma crise institucional
no país conhecida como Outono Alemão. Durante
três décadas de
operações, o grupo foi responsabilizado por 34 mortes, incluindo alvos
secundários como motoristas e guarda-costas, e
centenas de ferimentos em civis e militares, nacionais e estrangeiros
em território alemão,
além de milhões de marcos em
danos ao patrimônio público
e privado.
A organização sempre se referiu
a si própria como Fracção do Exército
Vermelho. Os termos Grupo Baader-Meinhof ou Bando Baader-Meinhof,
pelos quais ficaram popularmente conhecidos e temidos, vem da designação dada a
eles pela mídia alemã,
como maneira de evitar a legitimização do movimento como organização
política verdadeira, tratando-os apenas como uma associação criminosa comum.
Apesar de Ulrike Meinhof, uma de suas fundadoras, não ter tido verdadeiramente
uma posição de liderança intelectual dentro
da cúpula da organização, papel este exercido por Gudrum Ensslin, ela passou a
ser designada como Baader-Meinhof após o resgate de Andreas Baader da
prisão onde se encontrava, em maio de 1970, por um comando liderado por Meinhof, já uma nacionalmente conhecida
jornalista, escritora, documentarista e militante radical
de esquerda, que a partir dali entrou na clandestinidade e
na luta armada. A organização teve três encarnações sucessivas, a primeira consistindo de Andreas
Baader e seus associados, quase todos mortos ou presos já na segunda metade dos
anos 70; a segunda, que
operou a partir da prisão dos principais líderes e fundadores até o fim da década,
formada por ex-integrantes de grupos de militância estudantil radical como
o SPK (Sozialistisches Patientenkollektiv),
nascido na Universidade de Heidelberg em
1970, que se juntaram aos remanescentes do grupo original; e
a terceira geração, que operou nos
anos 80 e 90.
Em 28 de abril de 1998, uma carta de oito páginas,
dactilografada em alemão, foi enviada à agência de notícias Reuters,
assinada com o logotipo da RAF - com
a metralhadora MP5 sobre a estrela vermelha -
comunicando o fim das actividades do
grupo, depois de 28 anos de existência como organização. Em 2008, dez anos
após sua extinção, o filme alemão Der Baader Meinhof
Komplex foi lançado mundialmente - e concorreu ao
Oscar e ao Globo de Ouro
de melhor filme em língua estrangeira - pretendendo jogar luzes sobre o grupo e sua história para as gerações
presentes e futuras.
II- Ideias defendidas por Rosa Luxemburgo:
Rosa Luxemburgo defendeu o materialismo dialéctico (1) de Marx e a concepção de história. O que o revisionismo
(2) tem a dizer sobre o desenvolvimento objectivo do capitalismo? Karl Kautsky,
o socialista ético, rejeitou os argumentos neokantianos em favor do darwinismo social. O proletariado teve que ser reorganizado em 1893, e antes em
1910-1911, o que era uma pré-condição para poderem agir. Formaram a estrutura
substantiva de argumentos com Rosa Luxemburgo em 1911, quando se afastaram
seriamente. Mas para Kautsky, o
que Luxemburgo entendia ser apropriado para os radicais, Lenine e Parvus na
Rússia, não era necessariamente tão
verdadeiro na Alemanha. Kautsky era mais velho do que ela, mais
cauteloso, considerando greves em massa como aventureirismo. Mas a
mudança qualitativa radical para a classe trabalhadora conduziria Luxemburgo em
uma época de revolução, que ela pensou que tinha chegado. Estava determinada a levar o capitalismo a
seus limites para desenvolver a consciência de classe. A fim de obter
organização e essa consciência, os trabalhadores tinham que ir à greve para
testar a resistência à exploração; isso não seria exequível através de adesão
cega à organização de um partido.
Uma característica peculiar do pensamento de Rosa é o seu
posicionamento em relação ao cristianismo. Rosa escreveu um opúsculo denominado "O Socialismo e as Igrejas" (1905), onde, embora fosse ateia, atacou
menos a religião enquanto tal e mais a política reaccionária da Igreja.
Nessa obra afirmou que os socialistas eram mais fiéis aos preceitos
originais do cristianismo do que o clero conservador da época, pois os socialistas lutavam por uma
ordem social de igualdade, liberdade e fraternidade, e, portanto, os padres
deveriam acolher favoravelmente o socialismo, se quisessem honestamente aplicar
o preceito cristão de "amar o próximo, como a si mesmo".
Além disso, denunciava o clero
que apoiava os ricos, que exploram e
oprimem os pobres, afirmando que ele estaria em contradição explícita
com os ensinamentos cristãos, tal clero não serviria a Cristo, mas ao dinheiro.
Segundo Rosa, os primeiros cristãos
seriam comunistas apaixonados e denunciavam a injustiça social.
Entretanto, essa causa seria, em sua época, do movimento socialista que traria
aos pobres o Evangelho da fraternidade e da igualdade, chamando o povo para
estabelecer na terra o Reino da liberdade e do amor pelo próximo. Em vez de se
envolver em uma batalha filosófica, em nome do materialismo, Rosa procurava salvar a dimensão social
da tradição cristã para a transmitir ao movimento operário.
II- Notas:
1 - Materialismo dialéctico: defende
que o ambiente, o organismo e os fenómenos físicos tanto modelam animais
irracionais e racionais, a sua sociedade e cultura quanto são modelados por
eles, ou seja, que a matéria está em uma relação dialéctica com o psicológico e
o social. Opõe-se ao idealismo,
cujos pensadores acreditam que o ambiente e a sociedade, com base no mundo das
ideias, são criações divinas seguindo as vontades das divindades ou por outra
força sobrenatural. No século XIX, houve a efectivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial. Da crítica à sociedade capitalista,
destacam-se dois pensadores, quais sejam: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova
concepção filosófica do mundo, o “materialismo
histórico e dialéctico”, e, ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem,
apresentam propostas para sua transformação, a saber: o socialismo científico (3).
2-
Revisionismo - Revisionismo é
o acto de se reanalisar algo (por exemplo, um facto, doutrina, valor, livro etc.), gerando modificações
em relação à interpretação original
que se tinha do objecto analisado
Um dos primeiros e mais importantes revisionismos foi a revisão da
doutrina marxista elaborada por Eduard Bernstein e Karl Kautsky no fim do século XIX, revisionismo este frequentemente associado
à social-democracia.
Também há uma iniciativa
de pesquisadores independentes que tem, por
objectivo, incluir e até mesmo ressaltar uma maior participação do mundo
oriental na história mundial.
Segundo estes pesquisadores, teria havido, durante a Inquisição e
após a Primeira e Segunda Guerra Mundial, parcialidade por
parte dos historiadores.
Em alguns casos, o revisionismo confunde-se com o negacionismo, como na
expressão revisionismo do Holocausto, também chamado de negacionismo
do Holocausto
3 - Socialismo científico: O Socialismo científico foi originado por Karl Marx (1818 até 1883) e
Friedrich Engels (1820 até 1895), quando estes desenvolveram a teoria
socialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo.
Ao contrário dos utópicos, Marx e Engels não se preocuparam em
pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se,
em primeiro lugar, em compreender a dinâmica do capitalismo e para tal estudaram
a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da
produção capitalista e, mais importante, suas contradições. Eles
acreditavam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. E,
para eles, isso ocorreria na medida em que, na sua dinâmica evolutiva, o
capitalismo, necessariamente, geraria os elementos que acabariam por destruí-lo
e que determinariam sua superação. Entenderam,
que a classe trabalhadora agora completamente expropriada dos meios de
subsistência, ao desenvolver sua consciência histórica e entender-se como uma
classe revolucionária, teria um papel decisivo na destruição da ordem
capitalista e burguesa. Apesar dele defender a ciência, ele criticava o
cientificismo e alegava que método científico não era neutro nem estava isento
de dogmas.
Marx e Engels afirmaram,
também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém,
necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Esta representaria o momento máximo da evolução histórica do homem, momento
em que a sociedade já não mais estaria dividida em classes, não haveria a
propriedade privada e o Estado, entendido como um instrumento da classe
dominante, uma vez que no comunismo não existiriam classes sociais. Chegar-se-ia
portanto, à mais completa igualdade entre os homens. Para eles isso não era um
sonho, mas, uma realidade concreta e inevitável. Para se alcançar tais
objetivos o primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora.
A teoria marxista, expressa em dezenas de obras, foi
claramente apresentada no pequeno livro publicado em 1848, O Manifesto Comunista. Posteriormente, a partir de 1867, foi publicada a obra básica para o entendimento
do pensamento marxista: O Capital, de
autoria de Marx. Os demais volumes, graças ao esforço de Engels, foram
publicados após a morte de Marx.
Os princípios básicos que fundamentam o socialismo marxista podem
ser sintetizados em quatro teorias centrais:
A teoria da mais-valia, na qual o trabalhador seria explorado na
produção capitalista;
A teoria do materialismo
histórico, onde se supõe que os
acontecimentos históricos são determinados pelas condições materiais (económicas)
da sociedade;
A teoria da luta de classes, onde se afirma que a história da sociedade
humana é a história da luta de classes, ou do conflito permanente entre
exploradores e explorados;
A teoria do materialismo dialéctico, onde
Marx e Engels tentam compreender a dinâmica das transformações históricas.
Assim como, por exemplo, a morte é a negação da vida e está contida na própria
vida, toda formação social (escravatura, feudalismo, capitalismo) encerra em si
os germes de sua própria destruição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário