sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

É um bem


Que surjam escritas ou vozes de gente jovem que se atrevam a erguer conceitos de honradez, denunciando, simultaneamente, os malabarismos usuais que seria conveniente reprimir. A Pátria, pequena que seja, merece respeito, nos valores seguidos pelas suas gentes, que a fabricação de artifícios nas negociatas naturalmente envilece. As vozes jovens defendendo a honestidade, entre os mais conceitos, dão-nos a esperança num futuro, embora não já o nosso, mas dos nossos. Daí, que também agradeço este valioso texto de MARGARIDA BENTES PENEDO, bem de raça e de coragem.

Menos burocracia, menos corrupção

A corrupção está na burocracia: mais burocracia, mais corrupção, mais decisões viciadas, mais erros políticos e administrativos. Esta lei dos solos aboliu uma camada burocrática acima dos municípios.

MARGARIDA BENTES PENEDO Arquitecta e deputada municipal

OBSERVADOR, 30 jan. 2025, 00:1840

O Expresso, que antigamente era um jornal, publicou uma espécie de notícia sobre a alteração ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a famosa “lei dos solos”. Para dar à coisa um aspecto credível ou “isento”, revestiu-se de especialistas. Perguntou-lhes umas coisas, tomou nota de outras, no fim vale a pena basearmo-nos naquilo para desfazer uma série de mitos.

Foi publicado no dia 23 de Janeiro, com o título: “Casas, hotéis, piscinas: 94% dos projectos urbanísticos inspeccionados tinham ilegalidades”. O corpo do texto informava-nos que a Inspecção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT) investigou 1.312 operações urbanísticas entre 2020 e 2024. Identificou ilegalidades em 94% delas, distribuídas por 59 concelhos (o Expresso dizia “municípios”).

A primeira coisa a perceber é que a alegada notícia do Expresso é enganadora. E demagógica. O título, e os primeiros parágrafos, insinuam que as câmaras andam pela paisagem a aprovar obras ilegais. Afinal, das 1.312 obras inspeccionadas pelo IGAMAOT, 1.118 são obras clandestinas. Por outras palavras, uma maioria esmagadora, superior a 85% das obras inspeccionadas, não é da responsabilidade das câmaras. É da responsabilidade dos autores da obras, que fogem dos licenciamentos porque sabem que se metem num inferno burocrático do qual trazem atrasos garantidos e preços de obras estratosféricos. Os processos de licenciamento estão submetidos a regras impossíveis de cumprir; e a arbitrariedade desta circunstância leva a que nenhum técnico de nenhuma câmara se responsabilize de coração leve pela aprovação rápida dos pedidos.

E o mais importante: quem eram as “entidades externas” que emitiam e deixaram de emitir um parecer decisivo? Eram as CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional), entendidas como delegações da administração central nas várias regiões do país. Mas suavemente, em pequenos passos de alteração estatutária, as CCDR foram convertidas em Institutos Públicos, com regime especial, integrados na administração indirecta do Estado; com personalidade jurídica própria, e com autonomia administrativa, financeira, e patrimonial.

Os especialistas não se alarmam com esta opacidade? Não apresentam queixa no Expresso? No fim de contas, as CCDR são organismos públicos, com dinheiros públicos, com poderes públicos, e direito privado. São os organismos menos escrutináveis, mais protegidos, mais permeáveis à corrupção. Quem é que se lembra de escrutinar um Instituto Público? Quais são os mecanismos desse escrutínio? Quem é que sabe como isso se faz? Onde andam os especialistas? Não querem contar ao Expresso, ou a um jornal, o que se passa nos institutos deles?

Os especialistas usaram estas informações deturpadas do Expresso  (a que chamam “brutais”, mas deviam chamar manhosas) para se oporem à nova “lei dos solos”. Que alteração é esta? Em que consiste, principalmente, a nova “lei dos solos”? Ela permite converter solos rústicos em urbanos para construir habitação. A ideia é aumentar a quantidade de terrenos urbanos disponíveis para se construírem mais casas e, com isso, fazer descer o preço da habitação. A básica lei da oferta e da procura. Em havendo mais casas, e mantendo-se o número de compradores, elas serão vendidas mais baratas.

Segundo a nova “lei dos solos”, para decidir esta conversão de terrenos rústicos em urbanos basta a vontade dos executivos camarários e a aprovação das assembleias municipais, sem necessidade de pareceres vinculativos por parte de entidades externas. Os especialistas alarmados dizem que isto vai favorecer a corrupção porque as câmaras e assembleias municipais “podem deliberar a favor dos seus próprios terrenos ou dos correligionários políticos”. Não compreendem, os tais especialistas, que a corrupção raramente vai ao encontro de correligionários políticos, e frequentemente vai direitinha aos potenciais adversários e a quem quer que tenha poder para se opor aos decisores.

De maneira que não é verdade, nada indica que a nova “lei dos solos” vá favorecer a corrupção. Pelo contrário. Tudo indica que ela vai reduzir a corrupção, sobretudo a grande corrupção.

A corrupção está na burocracia. Quanto mais burocracia, mais corrupção; e quanto mais corrupção, mais decisões viciadas, mais erros políticos e administrativos. A nova “lei dos solos” aboliu uma camada burocrática acima dos municípios. Quanto mais alta for a camada burocrática, mais altos são os valores envolvidos e mais alta é a corrupção. A grande corrupção está próxima do Estado central, a pequena e média corrupção está sobretudo junto às autarquias. Era bom que o Expresso e os especialistas transmitissem aos leitores esta verdade simples: o pior da corrupção não está no deslize de dinheiros imorais para o bolso dos políticos; está na quantidade e qualidade de erros que os poderes públicos impõem ao país em troca desses dinheiros. Sobretudo os poderes públicos protegidos pelo direito privado.

 JUSTIÇA      HABITAÇÃO E URBANISMO      PAÍS      POLÍTICA      SOCIEDADE

COMENTÁRIOS (de 40)

J. D.L.: Excelente artigo! Que vem dizer alto e a boa voz o que toda a gente ligada à construção, por esse país fora, não só sabe como experimenta diariamente na pele. Mas com os procuradores todos ocupados com o caso Sócrates não há tempo nem vontade para investigar e pôr cobro à presente vergonha.                      José B Dias: Verdades incómodas ... PS: O Expresso já há muito tempo que deixou de ser um jornal.                     Maria Paula Silva: Parabéns pela assertividade. Não sei como está a burocracia nos países africanos, ex-colónias... há 50 anos que lá não vou, mas imagino que deve ser "pesada". Dos países que conheço, só há um país que supera Portugal em termos de burocracia: o Brasil. É um inferno. Tirem-se as ilações. Obrigada, MBP (continuo sempre a aprender muito consigo lol)                    SDC Cruz: Mais uma excelente crónica. É por estas e por outras inverdades que há muito deixei de ser assinante do Expresso.                Eduardo Cunha: Excelente crónica. Parabéns.        Carlos Chaves:  “O Expresso, que antigamente era um jornal,(…)” Obrigado Margarida Bentes Penedo, por denunciar estes pasquins que outrora já foram jornais de referência, mas tal como as prostitutas, venderam-se a outros interesses neste caso à esquerda mentirosa. Tenha cuidado, pois escreve num que também vai pelo mesmo caminho, a não ser que o efeito Trump, lhes venha abrir os olhos!                             Paulo Almeida: Muito bom, como explicar algo complexo de forma tão simples. Parabéns Margarida pelo serviço que presta à sociedade. Se um sistema tem pouca complexidade, poucos intervenientes, pouca burocracia, não se consegue instalar tanta corrupção. E se as regras forem claras e os prazos escrutinados, isto flui. Mas muita gente não quer isso, são os parasitas da sociedade.

Idem, aspas

 

Eu também preciso do CDS, apesar da descrença do comentador JOÃO FLORIANO na positividade do discurso de BRUNO BOBONE, a respeito dos valores morais defendidos pelo CDS, sigo o mesmo percurso de crença nas ideologias de um partido que surgiu em tempos de um perfeito aniquilamento moral, a quando de um 25 de Abril destruidor dos conceitos – e dos espaços - que aprendi a respeitar nos tais tempos ditatoriais que esse Abril arrogantemente, desdenhou.

Eu preciso do CDS

O CDS tem a oportunidade de afirmar a sua convicção de que a liberdade, a verdade e a justiça são os valores fundamentais para o desenvolvimento da sociedade.

BRUNO BOBONE Presidente do Grupo Pinto Basto

OBSERVADOR, 30 jan. 2025, 00:1629

Neste domingo, na cidade do Porto, o CDS relembrou o seu congresso de há 50 anos, em que foi maltratado por uma esquerda que dominava então o país e que pretendia que este partido fosse eliminado e proibido de existir.

Então, como agora, este partido defendia valores e princípios de vida cristãos, que não são mais do que os princípios e valores da humanidade e que, curiosamente, deverão ser os princípios e valores que definem uma enorme maioria dos portugueses, como se verificou no último censo em Portugal – em que 70% se quiseram afirmar católicos, numa pergunta de resposta voluntária.

A esquerda de então, mais do que a de hoje, sabia que a maior resistência à imposição de um regime político marxista viria sempre de uma convicção forte nos valores da pessoa humana e que o colectivismo apenas seria combatido pelos princípios da do humanismo que são o que defendeu sempre o CDS.

Foi por isso um tempo de grande desafio aquele que se viveu em 1975 e que, como costuma acontecer, reforçou a estrutura base de um partido que, tendo sido confrontado com enormes dificuldades ao longo dos tempos, alguma externas e outras internas, dando-lhe uma resiliência que lhe permitiu ultrapassar circunstâncias que para outros teria significado o seu desaparecimento do espectro político português.

Chegados aqui, eis que surge neste momento uma enorme oportunidade para este partido que sempre soube guardar as suas ideias de origem e que tão importantes se tornam para o Mundo que estamos a viver.

Todos já nos demos conta de que as populações estão à procura de novos valores, desiludidas pelos resultados do politicamente correcto, da pouca seriedade dos nossos eleitos, da mentiras políticas e sociais que nos pretendem obrigar a viver e, por isso, têm procurado votar em partidos que lhes apresentam soluções fáceis mas pouco estruturadas que pretendem ser a panaceia de todas as dificuldades sentidas, mas que sempre terminam em soluções falsas que não promovem a liberdade nem a justiça ou a verdade.

A pouca vergonha a que assistimos esta semana tanto por parte de um deputado do Chega, como do comportamento do BE relativamente aos seus funcionários, mostram a fragilidade das convicções que afirmam ser as suas e que lhes servem de factor de atracção de votos e não podem nunca ser garantia dos valores e princípios que procuram os portugueses.

Por isso, a proposta de valores que apresenta o CDS é, sem qualquer dúvida, aquela que melhor garante o tipo de sociedade que procuram os portugueses, e aquilo que se torna fundamental a este partido é assumir publicamente a defesa destes valores, sempre com uma postura de compromisso com a sua prática seja no desempenho das funções públicas seja na sua vida pessoal.

Os princípios e os valores não podem ser questionados por aqueles que os defendem. Apenas a sua implementação através das normas poderá ser sujeita a essa discussão.

Acreditar nos princípios e nos valores não nos obriga a concordar com a forma da sua aplicação, mas esta não pode nunca ser a causa de contrariar esses mesmos princípios e valores.

O CDS tem a oportunidade de oferecer aos portugueses a sua profunda crença no primado da pessoa humana, na convicção de que a liberdade, a verdade e a justiça são os valores fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, afirmar a sua convicção de que somos liberais na criação de riqueza e sociais na sua distribuição, que devemos ajudar os que mais necessitam e que devemos ser responsáveis e inclusivos com todos os que nos rodeiam e que defendemos a vida.

Para tudo isto, eu preciso do CDS.

CDS-PP      POLÍTICA

 COMENTÁRIOS (de 29)

João Floriano: O CDS perde muito quando tudo faz para dividir a direita e tentar compor a sua carteira eleitoral à custa do CHEGA. E por falar em eleitores: afinal quantos portugueses votam mesmo no CDS? Uma pergunta muito oportuna, porque nas recentes legislativas o CDS diluiu-se na AD. E ainda outra questão igualmente muito oportuna: dizendo-se de direita, o que tem feito o CDS a não ser indirectamente apoiar o PS, já que Montenegro escolheu PNS como seu interlocutor principal e com o seu Não é Não , tem apoiado uma estratégia que vai contra a vontade dos portugueses expressa a 10 de março. Cuidado com os telhados de vidro porque nenhum partido está isento de um mau elemento como o deputado do CHEGA. É desonestidade querer tomar um caso isolado pelo todo e não está certamente de acordo com o impecável código de conduta que aqui se apregoa. Costuma-se dizer: Cresce e Aparece. Neste caso será: Vai a votos e Aparece.

 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O Costa não se importa

 

Ele está noutra onda, praticando o seu próprio surf. Sem medos. Quanto aos no poder de cá, veremos como descalçarão essa bota da imigração em tropel. E em tropelia, fenómeno universal que só os Trumps sem escrúpulos descalçam rapidamente e em força.

Alguma coisa está fora da ordem

Costa foi-se embora e deixou uma verdadeira bomba-relógio para quem lhe sucedesse. A situação é muito delicada e arrisca-se a ajudar o Chega, o partido que percebeu que a imigração é um filão político

JORGE FERNANDES Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu, Florença, Investigador Ramón y Cajal no Conselho Superior de Investigação Científica, Madrid

OBSERVADOR, 29 jan. 2025, 00:2031

Semana após semana, vai ficando cada vez mais claro, para quem ainda tivesse quaisquer dúvidas, que o consulado de António Costa em São Bento representou uma oportunidade perdida para o país – numa fase de juros historicamente baixos, de crescimento económico na Europa e no qual a ordem mundial ainda estava, relativamente, estabilizada, mais uma vez, o Partido Socialista esteve no poder e não fez as reformas indispensáveis. Na verdade, estou a mentir. O Partido Socialista fez uma reforma. A dada altura, pressionado por lóbis económicos, que necessitam de força de trabalho em quantidade e barata, António Costa decidiu alterar o regime de entrada de estrangeiros, exigindo apenas a chamada manifestação de interesses. Naturalmente, com a economia Portuguesa a crescer, não tardou até que houvesse um enorme crescimento no número de imigrantes.

Até aqui o problema não seria de maior, se o Estado Português tivesse as estruturas institucionais para lidar com a mole de gente que acudiu ao país e, num período razoável, tratar da sua situação, ora legalizando-os, ora deportando-os conforme fosse o caso. No momento em que precisava de uma agência com capacidade logística, de pessoal e com um conhecimento do terreno para lidar com este grande afluxo, o que decidiu esse génio consumado que agora pastoreia os destinos Europeus? Acabou com o SEF, naturalmente. Cumprindo um velho sonho que vem de uma certa franja socialista, já desde os tempos de Costa na Administração Interna, o SEF foi extinto quando o seu conhecimento acumulado mais era necessário. Foi então criada a AIMA, sem recursos, sem pessoas, a começar do zero, com uma pressão insuportável de centenas de milhares de imigrantes que desejam ver o seu problema resolvido, como é da mais elementar justiça. De resto, o respeito genuíno pelos imigrantes vê-se nestas decisões e não na mera retórica política ou na distribuição de cravos para sinalizar a virtude, a qual, de resto, bem sabemos que, em Portugal, é um exclusivo do lado esquerda do espectro.

Costa foi-se embora e deixou uma verdadeira bomba-relógio para ser resolvida por quem lhe sucedesse. A situação é muito delicada e arrisca-se a ajudar o Chega, o partido que percebeu que a imigração é um filão político por explorar em Portugal. Na última semana, Pedro Nuno Santos tomou, provavelmente, a decisão mais inteligente e, acima de tudo, corajosa do seu mandato, ao reconhecer que a “política de imigração” de Costa tinha sido um erro. Ao mesmo tempo mostrou firmeza ao dizer o óbvio ululante: que os imigrantes necessitam de cumprir as leis da República para viverem em Portugal. Deixem-me dizer que, muito provavelmente, esta mudança de posição é meramente estratégica e nem o próprio líder do PS acredita nela. Há imensos exemplos na ciência política sobre os efeitos eleitorais das mudanças posicionais, dependendo do grau de sinceridade. Simplesmente, Pedro Nuno Santos olhou para a distribuição de preferências dos eleitores, das quais, de resto, falei aqui no meu último artigo, e percebeu que a posição do PS já não era sustentável do ponto de vista estratégico. Ao fazer esta mudança, e ao arriscar a ira da esquerda, Pedro Nuno Santos mostrou coragem.

Em primeiro lugar, para o PS esta mudança de posição é absolutamente fundamental para que as autárquicas sejam bem-sucedidas. Nos últimos meses, temos assistido a autarcas de todo o país a tomarem posições fortemente anti-imigração, incluindo vários do PS. Havia também pressões dentro do próprio PS para que o líder tomasse uma posição neste sentido, para eliminar a disjunção entre o discurso autárquico e da liderança nacional. O motivo é simples: num momento em que a saliência política da imigração é altíssima e em que o eleitor médio tem posições anti-imigração, os candidatos autárquicos do PS partiriam em desvantagem se estivessem presos ao discurso da liderança nacional. Ao dar a entrevista ao Expresso, Pedro Nuno Santos libertou os candidatos do PS para tomarem posições que mais facilmente se adaptem ao contexto onde concorrem.

Em segundo lugar, se é verdade que esta tomada de posição facilitará a vida da esmagadora maioria dos autarcas, tornará, muito possivelmente, a vida bem mais complicada a Alexandra Leitão em Lisboa. Sendo um dos concelhos do país com mais imigração, certamente que Leitão contava em utilizar o tema da imigração para puxar pela esquerda e atacar Moedas, colando-o ao Chega. Com esta tomada de posição de Pedro Nuno Santos, a margem de manobra da candidata Socialista à capital ficou muito mais estreita. Em última análise, a importância da imigração será muito menor na campanha eleitoral ou, eventualmente, abrir-se-á uma clivagem entre Chega e os restantes partidos.

Por último, deixem-me tecer um comentário mais genérico sobre a politização da imigração em Portugal. Muita gente, especialmente à esquerda, faz uma ligação entre o aparecimento do Chega e o seu sucesso eleitoral com o aumento da saliência da imigração no debate político. Ora, a relação é exactamente a inversa. Na verdade, os dados de inquéritos disponíveis mostram que a posição dos eleitores sobre imigração mantém-se razoavelmente estável ao longo dos últimos vinte anos. O sucesso do Chega deve-se a uma inteligente percepção por parte de Ventura de que havia uma falha no mercado político: havia procura por um partido com uma posição mais fortemente anti-imigrante e não havia oferta. Não foi o Chega que trouxe o tema da imigração aos eleitores, foram os eleitores que pediam, e receberam, um partido que falasse desse tema. A esquerda que está preocupada com o tema da imigração, talvez devesse começar por olhar-se ao espelho e perceber como os muitos erros cometidos a gerir esta matéria nos últimos oito anos causaram a tempestade perfeita.

IMIGRANTES      MUNDO      IMIGRAÇÃO

COMENTÁRIOS (de 31)

Luis Tovar: Imigração não é nenhum filão. É um problema muito grave.                 Carlos Chaves: Mas porque é que ainda leio as balelas deste arrogante cronista, estava a ir tão bem a desmascarar o Costa (coisa rara) e esbarro no elogio à coragem de PNS, quando esta espécie socialista de extrema-esquerda, apenas está a cuidar dos tachos para ele e para os seu camaradas, Portugal que se lixe, mas ainda não aprendeu como funciona o PS?     “A esquerda que está preocupada com o tema da imigração, talvez devesse começar por olhar-se ao espelho e perceber como os muitos erros cometidos a gerir esta matéria nos últimos oito anos causaram a tempestade perfeita.” Não foram erros caro Jorge Fernandes, foi e é estratégia, os estudos também mostram que os imigrantes votam esmagadora e maioritariamente à esquerda, estranho que um investigador omita este pequeno pormenor!                           Filipe F: Para a esquerda radical tudo o que enfraquecer a cultura ocidental é apoiado. A imigração descontrolada serve bem este propósito. Mas vão pagar por isto, tanto ou mais do que os outros.                   Filipe Costa: Mais tarde ou mais cedo a esquerda vai ter que desaparecer, já não acompanha os tempos, não se actualizou, ficou perdida em 1917, ou em alguns casos em 1968. A esquerda já não presta para nada no séc. XXI. Vai ser a agonia lenta do PCP (que já foi), do BE e livre (que está quase) e do PS (que está no inicio da derrocada). O mundo mudou, a esquerda paralisou, quando a geração dos boomers com 70 e 80 anos falecerem, adeus esquerdalha.                      Joaquim Rodrigues: Na verdade, o Costa e seus acólitos, amigos e influenciadores, o que queriam, era transformar Portugal num País "aculturado" para "aculturados".

Escancaram as portas aos de fora e escorraçam os que por cá estavam, de cá eram e de cá são, com ligações ancestrais e culturais profundas às suas gentes, às suas terras, às suas tradições, aos seus valores e à sua cultura. Eles, na verdade, nunca gostaram do verdadeiro Portugal, do Portugal profundo que tínhamos e ainda vamos tendo, do "Portugal real" o dos "portugueses reais," mas sim de uma "bolha" que alimentam na sua imaginação com raízes nos tempos da “capital do império”.

São a versão pimba, ao vivo e a cores, desse grande grupo musical que eram os "Loucos de Lisboa". Jorge Frederico Cardoso  > Vieira Barbosa: O partido que percebeu que a imigração é um filão politico"? ou o partido que mais cedo, quebrando com o politicamente correcto, acordou para a já gigante problemática da imigração em Portugal? A perseguição insultuosa que todo o centralão FAZ ao CHEGA, designadamente através da SIC e a CNN é já PATOLOGICA. Porque será que o centralão - por exemplo - nunca afirma o seguinte : Que a esquerda, ( PCP, BE etc) desde sempre perceberam que a farsa de se prometer uma sociedade sem classes, uma suposta "igualdade" aos ricos ou prometerem melhores salários e direitos sem fim, são estes sim um filão político                      Sérgio Rodrigues: Este Doutor é outro que descobriu a pólvora recentemente. Enquanto o PS manteve a política de “portas escancaradas” só atacava o CHEGA, agora descobriu o “filão”.                 Fala Barato: Não, não, PNS não tem coragem, tem lata e desplante. As pessoas verdadeiramente corajosas têm consciência. E, quem tenha participado da desgovernação Xuxa, que deixou miséria e descalabro, incluindo na imigração, se tiver consciência e coragem, o que tem a fazer é remeter-se a um silêncio prudente e, melhor ainda, abandonar a política e ir fazer algo de útil na vida.                 Carlos Real: Ainda bem que os líderes do centrão perceberam que a emigração é o tema da década. Por isso tem sido decisiva a força que o Chega tem. O problema é como resolver e ter emigrantes que não sejam pedintes, sem abrigo, violadores e abusadores do nosso Estado social. Precisamos de ter emigrantes para fazerem os trabalhos que os portugueses não querem fazer. Mas das duas uma. Os ilegais que tiverem trabalho concreto são legalizados na hora, ou são ilegais sem trabalho e o caminho é fora de Portugal. Se tivéssemos governantes com a fibra de um Trump as coisas aconteciam. Como aturamos Montenegro e PNSantos temos as falsas soluções dos paninhos quentes. Fingimos que tomamos medidas. Os ilegais e as redes de tráfico continuam a rir e a gozar connosco. Pessoas como eu, somos apelidados de radicais porque propõem soluções. Continuar sem fazer nada, significa barracas de cabo-verdianos recém chegados. O Estado limita-se a deitar abaixo as que estão a ser construídas. As que estão habitadas (a grande maioria) continuam na mesma. Já são centenas, por exemplo junto ao hospital Garcia da Orta em Almada. Assobiamos para o lado, incentivando a vinda dos povos irmãos. A câmara diz nada poder fazer. O Estado apenas trabalha para a fotografia. Estamos entregues à bicharada.                   Paulo Silva: O articulista parece que teve uma epifania. Disse ontem o jornalista Ricardo Costa que o maior problema do país é demográfico... À escala macro tem muita razão. E para esse problema em muito têm contribuído as políticas do aborto livre, do gayzismo e da imigração sem freio que o cínico radicalismo de esquerda tem vindo paulatinamente a promover no seio de sucessivos governos. Está tudo ligado. Aqui há uns anos num trabalho jornalístico sobre o fenómeno da imigração em Portugal uma jornalista perguntava a uma imigrante, (penso que de leste), qual a razão de ter escolhido Portugal, ao que esta lhe respondeu sem rodeios num português macarrónico: «Los papeles, sinhora!». PNS denunciou o “efeito de chamada” associado à Lei da “manifestação de interesse”, mas esse não vem apenas daí. Ao fim de cinco anos os imigrantes obtêm a nacionalidade. Vir culpar os empresários pela falta de mão-de-obra, como faz o autor do artigo e outros que tais, são desculpas de mau pagador. A verdade é que Portugal, país com 900 anos, ao cabo de sucessivas políticas irresponsáveis vê a paisagem humana das suas cidades e vilas, (e até do campo), transformar-se como nunca. Entre a população autóctone vão proliferando as bengalas e os andarilhos, e os poucos jovens são forçados a emigrar… ao mesmo tempo que hordas de gentes com aspecto, língua e costumes estranhos vão-se espalhando como uma mancha de óleo. Esses vêm supostamente para trabalhar e não para roubar, mas se o nível de criminalidade nesse sector se aproxima do da restante população, então algo está errado… Os políticos responsáveis deveriam repensar as suas políticas, porque do lado mais à esquerda do espectro político só se pode esperar propaganda e demagogia ao serviço das agendas do multiculturalismo ideológico.              Nuno Borges: Se de início os imigrantes gerarão algum pouco cashflow a médio prazo irão afundar a SS. Não são uma boa opção.                  Francisco Almeida: PNS, a reboque das sondagens, falou de imigração. Mas não vejo ninguém a comentar o seu silêncio sobre segurança, bem evidenciado nas mesmas sondagens.                     Carminda Damiao: O Chega foi o único (realista), a ver o elefante na sala e todos os outros partidos negavam e troçavam dele. Agora como já não conseguem negar, já falam no assunto e pretendem receber os louros. Mas se não fosse o Chega, os outros partidos continuariam a esconder a cabeça na areia para não verem o problema. Neste e noutros temas, o Chega mostrará que a razão está do lado dele. Joaquim Almeida: Jorge Fernandes abre a dizer que é um "filão" político do Chega e passa a crónica a mostrar que esta imigração é um enorme problema político do País... E o filão jornalístico da opinião baratucha.?                     Joaquim Rodrigues > Luis Tovar: É por ser um problema grave, que passou a ser um "filão político". Mas é um problema grave, não pelas razões que têm vindo à tona, mas por razões mais profundas, que têm a ver com o "perfil" da economia portuguesa, das estratégias políticas postas no terreno para aproveitar (ou desaproveitar) o seu potencial, das características do tecido económico distribuído no território nacional e dos recursos humanos necessários ao seu desenvolvimento (ou sub-desenvolvimento) e ao desenvolvimento do país. Alguém conseguiu até hoje esclarecer quais eram os verdadeiros desígnios do Costa para o desenvolvimento do País? Para além dos "influencers" começamos agora a conhecer mais umas "pontas" que nos não permitir esclarecer quais os verdadeiros desígnios do Costa.                     Futari Gake: Um mercado, uma oportunidade de negócio, é assim o país político apoiado na Extrema esquerda? Depois de tudo o que o PS e a sua ala da Extrema-Esquerda aliada aos estalinistas do PCP e aos neo-marxistas gramscianos-woke do Livre e do BE (UDP/LCI/PRP-BR/FP25) que abriram fronteiras a "todos, todos" mesmo criminosos ao destruir o SEF e deixar entrar sem controlo? É esse o negócio? O PSD em vez de se lamentar, só tem que reverter o SEF, reverter as decisões tomadas com base em atestados de residência falsos ou então manter o que está e manter tudo como tem feito até hoje, culpando sempre os antecessores. Se é um negócio manter o poder a todo o custo é ser igual ao PS/PCP/BE, PNS não muda, apenas mudou a pele, como qualquer víbora.                José Paulo Castro: Quando não percebem a realidade, é normal que recuem depois. Mas isso não quer dizer que passaram a perceber a realidade. Continuam utópicos, como toda a esquerda o é. Acreditam em princípios irrealistas, em verdades relativas, numa espécie humana de natureza ideal, em discursos de fantasia. Estão fora da ordem natural.      maria santos: A imigração não é um filão político. Isso é o menos. A imigração de António Costa é um vulcão latente de choque cultural entre nós portugueses de antanho e os brasileiros, africanos e paquistaneses de religião e costumes muçulmanos HOSTIS da nossa cultura portuguesa judaico-cristã de 900 anos. As culturas judaico-cristã e muçulmana não dialogam, sabem que existem na diferença total e absoluta, mas não dialogam. Eles lá e nós cá, não existe aculturação possível. Esta imigração é um vulcão latente de criminalidade e alteração da ordem pública nas áreas suburbanas das grandes cidades e vilas de província. António Costa, Ana Mendes, Alexandra Leitão são profissionais da política socialista, oscilando entre a absoluta ignorância e o fanatismo partidário da seita de vão de escada. O PSD de Montenegro que tenha juizinho na sua idiotia do “não é não” e das percepções, porque a derrocada das Instituições Públicas começa sempre por um pormenor esquecido. A saturação com os magotes de imigrantes muçulmanos nas caves e andares pode criar metásteses de normalidade assumida de violência urbana, como já se está a ver no espancamento de um menor de 14 anos por outo e demais assistentes na escola pública da Moita. O Governo tem a obrigação de manter a ordem pública. Temos pena e temos tempo.        Joaquim Almeida > Francisco Almeida: Pois, a admirável coragem de ir de empurrão ou a reboque da opinião pública. Ou destes escribas que dão uma no cravo e outra na ferradura na pata da Esquerda.         vitor gonçalves > Carlos Chaves: E os ci@anos também já se organizaram para votar a esquerda. Já "perceberem" que é daí que vem a "mama".

Pareceres


Com mais ou menos pertinência, numa expressão não banal. De Maria João Avillez que nos faz bem sempre ler, na sua escrita elegante e sem azedume.

Aconteceu

O tique de recorrer à “extrema direita” sem sombra de racionalidade política ou de critério é tóxico para os seus praticantes. E transforma-os em dependentes de um tique tóxico.

MARIA JOÃO AVILLEZ Jornalista, colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 jan. 2025, 00:2233

1Vivo a dizer que não conheço maior fornecedora de surpresas do que a política por isso talvez me tenha espantado menos do que o comum dos mortais meus concidadãos: metade do país achou que líder do PS deu um aparatoso salto mortal com a sua (extraordinária, a vários títulos) entrevista de há dias; outros desconfiaram, indignaram-se, vilipendiaram-no. É indiferente. É mais importante o que disse do que as razões por que o disse, mesmo se, como ouvi, foram “oportunísticas”: más sondagens, ruidosos confrontos internos, distintas (opostas?) visões sobre a “natureza” do PS, incertezas quanto ao destino final do confronto. Isso. Sucede que o salto mortal serve o país muito mais que “ajudar” (!) o governo, a AD, a “extrema direita” (céus!) ou o próprio PS (e já repararam a pouca importância que se atribui ao país e ao seu interesse nacional no “ranking” das razões e argumentos? )

Claro que o salto mortal foi olímpico — quem não se lembra daquela acusação inclassificável na sua inverosimilhança do “governo mais extremista de sempre” feita há semanas por Pedro Nuno Santos a Luís Montenegro? Ou da manifestação contra a polícia participada por pesos pesados do PS — um partido pilar da democracia, um partido de poder, um partido de governo? — só para citar dois péssimos exemplos do duvidoso rumo socialista. Continuo porém a sustentar o que deve ser tido em conta: a mudança de posição do líder socialista revendo a matéria da crucialíssima questão da imigração pode fazer dele o bem-vindo parceiro no que há a fazer: que é muito e difícil e politicamente espinhoso mas que por isso mesmo tem de ser reflectido em comum. O país não o dispensa, a política reclama-o, política bem-feita é isso.

Se é possível, se foi “oportunismo” político do PS ou se será mera utopia, ninguém sabe, mas o primeiro passo foi dado — e que primeiro passo! Rezemos pelo segundo.

2Aprecio muito a fidelidade na política — e dou por ela — mas que confusão letal: como foi possível que por ser “costista” Ana Catarina Mendes considere que essa fidelidade a convida a patinar a alta velocidade sobre a realidade das coisas como estão e (nos) diga sem se embaraçar que “vê com pena a aproximação do PS à extrema-direita”? (cito de memória). O tique de recorrer à “extrema-direita” sem sombra de racionalidade política ou de critério está a revelar-se tóxico para os seus praticantes. Justamente surgem-nos como toxicodependentes do próprio tique.

3Ninguém parece muito surpreendido: Donald Trump está fazer o que prometeu, das tarifas às deportações, passando pela revisão das alianças geoestratégicas do seu país. A América” tem de ser grande outra vez”, primeiro mandamento que condicionará outros e perturbará o mundo (já começou). Trump tem pressa na concretização da sua nunca provada receita — e da mistura de ingredientes que escolheu para a produzir — e a pressa tem a marca da urgência: sabe que tem apenas dois anos para cumprir uma agenda de consequências imprevisíveis. Uma Europa aflita e indefesa hesita em como lidar com o encadeado dos desfechos que fatalmente se seguirão. Também não é novidade: há muito que a Europa sempre tão decididamente vivida e assumida como um todo e não como um puzzle de países “cada um na sua” encalhou em si mesma: burocratizando-se até ao sufoco, regulando-se obsessivamente e auto-anestesiando-se na capacidade de decisão e de vontade política. Qualquer dia é um continente caído em desuso, mas a “culpa” não é só do novo presidente que não a valoriza como interlocutora nem se comove com a nossa absoluta dependência de uma NATO que não pagamos. Tudo muito previsível, os sinais estavam há muito acesos.

Além de aflitos e indefesos nem a Europa nem os europeus estão de todo preparados : para a génese da mudança que já começou e para a dimensão que ela indiscutivelmente assumirá.

Pequena nota: apesar de tudo nunca poderia prever que cavalgada trumpiana fosse ampliada com a assinatura presidencial de indultos aos implicados na inesquecível “cena” do assalto ao Capitólio. (Há dois ou três dias um republicano com importância, o senador Tom Cotton, amigo e apoiante de Trump, manifestou com pública veemência a sua indignação. E os outros?)

É que se Biden “salvou” indecentemente a sua família&amigos da Justiça — vai morrer com essa vergonha –, o Capitólio não podia ter perdão. Não me lembro de tão deploravelmente acintoso uso do poder poder dito democrático.

Dias perigosos?

4Lembrei-me do que uma vez me disse alguém muito próximo do Presidente da República: “nas grandes alturas e nos momentos fulcrais pode sempre contar-se com ele. Há sempre sentido de Estado”.

Pude comprová-lo agora mais uma vez, tratava-se de um “desses” momentos. Em nome do país e com o sentido de Estado que lhe merecia um grande patriota, Marcelo despediu-se há dias do general Vasco Rocha Vieira. Cidadão cumpridor, militar servidor, homem de família devotado à Leonor e aos três filhos altos como ele, senhor de amigos, olhar claro, sorriso doce. Andou pelas sete partidas em serviço, era a “pátria” que lhe desenhava os itinerários e os mapas, e ele ia. Coube-lhe a “entrega” da diminuta última parcela de um Império que já não existia mas no qual acreditara e servira. Portugal reteve-lhe o gesto e o melancólico brio na postura com que o fez no tão longínquo Macau. (Não, não escrevo palavras de circunstância, alinhadas mecanicamente, escrevo intencionalmente em nome de um exemplo português e honrando a memória de um dos“melhores”.)

A dado passo não foi bem tratado, julgo que a ferida nunca cicatrizou por dentro, continuando por fora sempre o mesmo Vasco: na adversidade, direito como um cipreste, no resto, o tal inesquecível sorriso doce com que pontuava as conversas que adorava ter com os amigos, que eram muitos. E onde a caminhada do país e o seu destino tinham invariavelmente a parte de leão nesses cruzados diálogos entre diversas plateias. Conheci-o muito tempo antes de ele ser “conhecido”, era apenas nosso amigo, amizade nunca interrompida. Continuaremos a ver-nos, agora de outra maneira. A saudade encarregar-se-á desta minha certeza.

5Mesmo conhecendo bem o encenador e o seu trabalho, quem havia de dizer? Não eu, seguramente, mas La Feria disse-o e fê-lo: “Fátima-Opera Rock”?

Saí de casa na dúvida temendo alguma lamechice/beatice, bilhete postal com crianças e azinheiras. Dez minutos depois percebi que dizer surpresa era pouco. A prova, audaciosa, reclamava uma exigência de aço: investigação histórica, saber, seriedade, cor do tempo, justeza de tom, bom senso, bom gosto, castings perfeitos. Pois bem, está lá tudo, sobretudo essa difícil, delicada, “separação” de transmitir a partir de um palco que é a “diferença” entre “visões” e “aparições”. O ponto de partida não foi, como ele escreve no programa, “fazer apenas mais um espectáculo mas uma reflexão profunda sobre Portugal, a sua história, e a dimensão cultural, espiritual e humana que projectam o nosso país no mundo, tocando pessoas de todos os continentes e religiões. “

A este multi-talentos que produz, escolhe, encena, dirige, compõe, assina o guarda-roupa (e… arrisca qualquer polémica) devo acrescentar que desde o século passado nunca vi o seu talento deixar de surpreender, o que é uma forma de o fazer render.

Segredo? Talvez ambição do seu talento e o talento para servir essa ambição.

POLÍTICA      PEDRO NUNO SANTOS      IMIGRAÇÃO     MUNDO      MARCELO REBELO DE SOUSA      PRESIDENTE DA REPÚBLICA

COMENTÁRIOS (de 33)

Carlos Chaves: Cinjo-me ao ponto 1) Então a Maria João Avillez ao que chama “salto mortal”, acha que termos um candidato a PM e líder da oposição que não é uma pessoa séria, que mente com quantos dentes tem, que um dia diz uma coisa e no outro o seu contrário, que nos empobreceu por WhatsApp, que morre de amores pela extrema-esquerda, é normal e positivo para o país? Apesar de ter adorado um e continuar a promovê-lo, qual Marquês de Pombal, nunca se pode confiar num socialista!  Ou seja, o governo de que este gabiru político fez parte cometeu um crime político (o Costa e a Constança com ele a assistir), ao escancarar as portas à imigração sem controle, e agora basta vir dar o dito pelo não dito, e já é quase um herói nacional! Para além de um crime político há vitimas a sério, esta gente tem as mãos com sangue! É indefensável a sua defesa!                            JOHN MARTINS: Driblando a MALA que foi o grande produto tóxico da semana, MJ traz á discussão o salto olímpico de salvação de Pedro Nuno. Finalmente, a fazer o acto de contrição, do governo de que fez parte e reconhecer que foram um fracasso absoluto no difícil assunto da IMIGRAÇÃO; desde a entrada escancarada, para todos sem lei nem roque a culminar na extinção do SEF. Resultado: 400.000 ilegais que o Governo de Montenegro tem em mãos e que está a resolver. È disto que precisamos. RESOLVER.                   Rui Lima: PNS pode ter dado a entrevista depois de ter viajado ou lido sobre a situação em várias cidades desta Europa e pode ter ficado chocado com o que viu ou leu, não quer o mesmo para Portugal, ver grandes áreas onde não há espaço para europeus, ter zonas onde 100% dos habitantes praticam outros costumes pode não agradar ao líder do PS, considero esta entrevista um acto de amor por Portugal, outros dizem que é puro oportunismo político …aí as sondagens. Na verdade vejo ventos de pânico nos portugueses com a invasão, das aldeias a cidade, mas tem medo de falar quem não concorda é extrema direita , mas o povo comunista e socialista não gosta da situação. A esquerda valida as fronteiras abertas pela economia mas desde quando é que a esquerda quer os empresários e proprietários a ficarem mais ricos com a exploração de imigrantes? Obs. Lembro o que disse o 1.º ministro francês “Bay­rou afirmou que havia em França "um sen­ti­mento de opres­são migra­tó­ria". "As con­tri­bui­ções estran­gei­ras são posi­ti­vas para um povo, desde que não exce­dam uma certa pro­por­ção".                    João Floriano: Divido a crónica em duas partes. Na primeira Maria João Avillez  analisa correctamente o momento actual do PS e dos seus lideres. PNS pode ter dado o tal mortal encarpado, se bem que ouvindo ou lendo várias vezes a entrevista, não há nada de particularmente diferente. Certamente que o que irritou as sumidades socialistas foi Pedro Nuno ter dito que sempre tinha torcido o nariz à declaração de interesse. Ora foi isso precisamente que Ana Catarina Mendes andou a promover enquanto esteve no governo com os brilhantes resultados que conhecemos. PNS não tinha saída senão dar aquela entrevista. Conquistar a CMLisboa assim o exigiu, depois de Alexandra Leitão ter andado  a fazer tristes e ridículas figuras na rua do Benformoso. Mas todo o salto mortal exige uma aterragem suave. A de PNS foi tudo menos isso. Não convence os eleitores, clivou o partido ainda mais do que já está e a escolha do candidato a Belém promete partir de vez o que já está rachado. A partir daí a crónica deixa de ter interesse sobretudo quando mais uma vez elogia o pior presidente após o 25 de Abril. Maria João Avillez confunde amizade pessoal com competência na execução do cargo. Tem todo o direito de gostar de Marcelo, embora não lhe gabe o gosto. Mas vir-nos dizer que “nas grandes alturas e nos momentos fulcrais pode sempre contar-se com ele. Há sempre sentido de Estado”, é muitíssimo discutível. Quanto a La Feria, não sou particular admirador. De vez em quando oferecem-me bilhetes e aproveito. Dispenso Maria joão Avillez como crítica de Teatro.                     João Floriano > Filipe Costa: A propósito do Bloco. Vai ser interessante ver como é que a ala radical e pró Mortágua do PS, se vai conseguir demarcar do que já aqui vi qualificado como uma possível burla à Social por parte do Bloco.       maria santos: O tique tóxico reside no centro direita da social-democracia chique do Estado Novo e do 25 de Abril, que vê as populações no tempo e no modo de Pedro Homem de Melo no programa da TV que mostrava os ranchos folclóricos das Beiras e Ribatejo, a chula, o vira, o corridinho, tudo acompanhado à concertina, viola, adufe e mais os cantares das mulheres. Creio que era O Povo que Canta ou algo assim. Um programa muito interessante e muito chique, de alta cultura, mas a quilómetros do analfabetismo e pobreza a salto para as estranjas. Ao tempo do Estado Novo também tínhamos nos liceus das raparigas os nossos ranchos folclóricos nas aulas de ginástica. Tudo muito giro. Eu eduquei-me nesses tempos de faz-de-conta chique na Gulbenkian e no Coliseu dos Recreios da temporada de ópera (a noite do 24 para o 25 Abril com Joan Sutherland), vivo há 50 anos no faz-de-conta reles das esquerdas do PS e do PC e há muitos anos deixei de ter paciência cristã para estas hipocrisias de bem do PSD que não convive com o povo meio abrutalhado quando lhe salta a tampa (era só o que faltava !!!) nem sabe o que quer. Temos pena e temos tempo. João Floriano > Carlos Chaves: Subscrevo. Não acredito nesta mudança. É tudo oportunismo eleitoral.

 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Já lá vai o tempo

 

Em que não se punha em causa a necessidade da existência das Forças Armadas – Aéreas, Terrestres e Marítimas. Nem se pensava que um país poderia sobreviver sem elas, prontas para-o que desse e viesse. Mas fiquei muito feliz por o serviço militar não ser mais obrigatório, após o 25 de Abril, embora três filhos meus por lá tivessem andado, sem muito empenho, reconheço. E sobretudo por a guerra ter acabado em África. O certo é que pertencem a uma geração menos séria e compenetrada, tal como aquela a que pertenceu o Dr. Salles e vários dos seus amigos, mais circunspectos, julgo, – tal como o meu marido, que a cumpriu nos matos de Angola.

Não, esta gente de hoje não tem o carisma da compenetração e amor pátrio e o orgulho próprio que tal ofício favoreceu. Será que ainda é possível retomá-lo? Creio que o DR. SALLES não acredita mais nisso, apesar de haver ainda alguns resistentes, como nos mostra a Televisão.

ÀS ARMAS! ÀS ARMAS! – 3

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 29.01.25

Ainda há europeus que não estão mentalizados para a necessidade (imprescindibilidade) do rearmamento da Europa Ocidental. Ainda não estão nem nunca estarão porque são inimigos do actual modelo político-social-económico europeu. Por outras palavras, estão do lado de quem diz que:

“Se pensas por ti, pensas mal;

Quem pensa por ti é o Comité Central.”

…que quer destruir a União Europeia, a NATO, o humanismo, o liberalismo e a liberdade de opinião. Nem todos os inimigos do Modelo Ocidental são comunistas pois também há os que são «apenas» anti-democracia e, por isso, se revejam no modelo autocrático de Putin.

Todos, pois, com a característica comum de não reconhecerem a liberdade de pensamento como uma virtude civilizacional e, daí, poderem facilmente chegar ao extremo de serem contra o livre arbítrio, ou seja, poderem não reconhecer essa «particularidade» que a racionalidade humana valoriza.

E são estes «patriotas» que, pela via do Serviço Militar Obrigatório vamos meter nas nossas Forças Armadas? NÃO, certamente! É que nem a todos é devida a honra de servirem nas Forças Armadas.

Janeiro de 2025

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

COMENTÁRIO:

Adriano Miranda Lima 30.01.2025 00:01: Na verdade, são negacionistas, termo que se tornou corrente depois da COVID e passou a aplicar-se a todos os que rejeitam a evidência das coisas habitando um qualquer limbo que nem os próprios sabem definir. Não é a ideologia que os determina, e a prova disso é tanto pertencerem a certa esquerda como a certa direita. E aqui é que está o busílis do problema, porque só é possível derrotar uma ideia quando ela se estriba em algo de concreto e discernível. Infelizmente, as nossas sociedades de modelo ocidental são vítimas dos próprios princípios filosóficos e morais que as estruturam e sustentam. Sob pena de traírem a sua essência, concedem aos seus detractores e inimigos - autênticos Cavalos de Troia - a liberdade de atentar contra a sua integridade, precisamente a mesma liberdade que permitiu o seu florescimento e criou, até hoje, as melhores condições para a plena realização do ser humano. É a civilização ocidental que tememos possa estar em causa quando vemos tomar posse na América um presidente que, tudo o indica, quer emular os que presidem aos regimes que nos são adversos e não se importariam de apagar a nossa existência.
A dialéctica sobre a necessidade de investirmos na segurança e na defesa devia ser inspiradora e aglutinadora, comprometendo toda a sociedade. Mas, lamentavelmente, o que mais se vê é um incompreensível e inaceitável chutar para canto mesmo entre os que detêm responsabilidades. É simplesmente deprimente visitar as redes sociais e perceber o nível de degradação a que chegou a cidadania e a literacia cívica.

Ainda assim, Sr. Dr. Salles da Fonseca, embora compreenda o seu pessimismo, penso que o Serviço Militar Obrigatório muito ajudaria a transformar a mentalidade das camadas mais jovens da nossa sociedade. Podem chegar aos quartéis com vícios e mazelas mentais, mas não tardarão a acertar o passo. Não me arrependo de ter escrito 5 artigos seguidos sobre esta temática, mesmo que não tenha tido o feedback que esperava. Um abraço amigo ADRIANO LIMA