sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

A cartilha paternal

 

Oxalá resultasse. Mas as opiniões não são todas convergentes, que nós somos, acima do mais, uns laracheiros de primeira apanha, de exibicionismo palavroso egocêntrico e rebarbativo, mais do que de esforço operoso em prol da nação, os egrégios avós salientes por vezes apenas como figuras de retórica, hoje imperando os filhos da nação a impor o seu credo de pura melodia faceta e farsante, por muito que as vozes mais comedidas dos “BRUNOS BOBONES” se esforcem por reverter uma situação há muito desastrosa:

Aqui estás tu, jovem atento
Acordado neste fim do século
À espera de um lugar
Difícil de encontrar
No canudo vive a esperança
Atrás das luzes em vertigem
Ao medo da noite recente
Que tens de conquistar
Que tens de conquistar

Ai, estes são os filhos da nação
Adultos para sempre
Ansiosos por saber
Se a cruz é salvação

Depois acenas, sem nada pra temer
Velho cúmplice da decisão
Preso a uma ordem
Que não podes quebrar
Ouves fascinado, o ofício da vitória
A fobia de um monólogo
Que insistes em partilhar
Mas não entendes porquê
Mas não entendes porquê

Ai, estes são os filhos da nação
Adultos para sempre
Ansiosos por saber
Se a cruz é salvação

O Martim Moniz e a política

É fundamental deixarmos de ter políticos que se sentem mais sabedores do que todos os seus concidadãos. É tempo de servir, mais do que ser servido. É tempo de nos unirmos e não de nos radicalizarmos.

BRUNO BOBONE Presidente do Grupo Pinto Basto

OBSERVADOR, 02 jan. 2025, 00:1517

O ano de 2024 caracterizou-se, em Portugal, por uma mudança política que, apesar de parecer que seria pouco fracturante, se manifestou muito mais radical do que era esperado.

A transferência de poder de uma governação socialista para uma coligação entre sociais democratas e democratas cristãos foi muito menos uma transição entre ideologias, que têm sido tradicionalmente moderadas e centralistas, e muito mais uma mudança radical de comportamentos que alinha pela radicalização a que temos assistido por esse Mundo fora.

Ainda que seja notória a abertura à integração de serviços privados no apoio aos sectores da saúde e da educação, que haja uma maior abertura à privatização de algumas funções, é na forma como se enfrentam os problemas que assistimos a uma clara mudança de comportamento e que, acredito eu, se vai focar o combate político do ano de 2025.

Enquanto que a governação socialista optava por disfarçar os problemas, tentando esconder os seus resultados, esta nova governação, e na minha opinião, por uma influência importante da participação do CDS nesta solução governativa, tem optado por uma frontalidade na resolução dos problemas.

Esta frontalidade, que resolve, está a assustar a esquerda em geral e o partido socialista, em especial, pois isso poderá vir a ser aquilo que pode despoletar o crescimento da votação deste governo junto dos eleitores.

A questão da saúde, que apesar de ter tido um problema grande de comunicação, se começa a solucionar, a colocação de professores, também com um problema de comunicação inicial, está consideravelmente melhor do que na governação anterior, a questão da imigração, da segurança, das questões salariais das forças de segurança e outras, têm surgido junto do público com uma imagem de que há uma vontade de fazer avançar este país e isso terá inevitavelmente repercussões na aceitação desta solução governativa por parte da população.

Ora, para a oposição, isto é claramente uma ameaça que tem tentado evitar, tanto a esquerda como a direita.

Se por um lado a direita do governo se vê ameaçada por atitudes que resolvem os problemas que foram a sua bandeira nas últimas eleições, por outro a esquerda sente-se ameaçada por ser cada vez mais evidente, que os problemas que o seu governo afirmava não existirem estão cada vez mais reconhecidos pela própria população.

Bom exemplo desta esquizofrenia política foi a reacção da oposição ao que se passou no Martim Moniz.

Uma operação policial de rotina, que nunca foi alvo de comentário político nas vezes anteriores em que foi levada a cabo e que não resulta de qualquer influência da governação, porque preocupa excepcionalmente aquelas duas oposições, foi alvo de um debate político, que acredito ter resultado num reforço da apreciação positiva do governo e da noção clara de fragilidade da oposição.

Por um lado André Ventura, para reforçar a sua posição de preocupação com a segurança dos portugueses veio afirmar que o seu partido, se governasse, faria operações destas, naquele local todos os dias.

Isto é, não só, uma impossibilidade, pois seria impraticável ter capacidade para que isso fosse realizável, como é algo que poucos portugueses considerariam como adequado a uma vida em democracia que tanto lhes custou a conseguir.

Por outro lado, a esquerda tenta, através de uma insistente batalha pela manutenção do sistema da avestruz, de esconder a cabeça para não reconhecer o desastre, continuar com a ideia de que esta decisão mostra que o governo está a forçar um aumento do controlo da segurança sobre zonas e pessoas que a polícia considera serem de risco, e que a maioria da população concorda.

Toda esta luta, a que pretendem chamar de política, mas que é essencialmente de contrariação de atitudes, acabará, na minha opinião, por nos levar a uma situação semelhante à que se vive em França e que resulta do desaparecimento de um partido de esquerda central e moderado como foi tradicionalmente o PS, tenderá a radicalizar ainda mais as opções dos eleitores e haverá, durante algum tempo uma força central que manterá o poder, sem que seja verdadeiramente uma solução para o futuro do país.

A única alternativa será um governo que se mantenha firme nas suas convicções sobre a vida em democracia e sobre a forma de trazer desenvolvimento a Portugal, assumindo o compromisso de que, em todas as restantes matérias relacionadas com a vida da população, esta será sempre escutado e as medidas serão tomadas no sentido de lhe dar o maior conforto na sua vida.

É fundamental deixarmos de ter políticos que se sentem mais sabedores do que todos os seus concidadãos.

É tempo de servir, mais do que ser servido.

É tempo de nos unirmos e não de nos radicalizarmos.

POLÍTICA       GOVERNO

COMENTÁRIOS

Tim do A: A partir do momento em que Montenegro traçou as suas linhas vermelhas, não há mais entendimento nem união possível em Portugal. Montenegro, com isso, desgraçou o futuro de Portugal.               Tim do A > Maria Tavares: Pois então Montenegro está a negociar com o PS, o partido anti reformas. É inútil. Vão ser mais 4 anos de socialismo, de estagnação e de empobrecimento. Foi isso que tragicamente Montenegro escolheu. Os portugueses que façam então bom proveito da continuação do socialismo. Realmente, Portugal e os portugueses são, infelizmente, na sua essência e mentes, socialistas. Por isso são pobres e gostam de subsídios.                  Jorge Tavares: Não discordo da opinião do autor, de este governo está a esforçar-se mais do que os governos de António Costa (também não era difícil!). Esses governos, no início de mandato, só se preocuparam em reverter. Mesmo assim, pergunto-me se este artigo não será mais um exercício de wishful thinking do que uma análise da realidade. Não sei a tal frontalidade é assim tão proeminente - e não sei se está a assustar a esquerda. Para começar, a frontalidade não se observa em tudo. Por exemplo, não se verificou na nomeação de Hélder Rosalinho. A esquerda parece estar um pouco mais fragilizada do que quando estavam no poder, mas isso era de esperar. Elas devem achar que é só uma má fase. Continuam a ter apoio descarado da comunicação social, o que lhes dá uma vantagem tremenda. A CM está permanentemente em campanha contra o actual governo - por pancada ideológica e por falta de profissionalismo. Por exemplo, apesar da diferença de votos e deputados, Mariana Mortágua e outros extremistas continuam a ter muito mais tempo nas TVs do que Rui Rocha e outros moderados.                    Maria Tavares > Tim do A: Ainda bem que que Luís Montenegro assim definiu pois não é possível estabelecer estratégias e acordos com quem desconhece a própria índole. Só pretendem protagonismo, vaidade oca, os interesses do País não são sequer uma preocupação                     Maria Tavares: Análise perfeita obrigada. Governo deve manter o rumo que traçou assim como manter a serenidade, tentando responder aos histerismos da esquerda, e à inconsciente demagogia do ch. Ambos estão em rota de colisão. Não entendo como o ps permite que um partido fundador da democracia, venha nesta queda vertiginosa de degradação, como acolhem os que percebendo que não conseguem poleiro nos partidos extrema-esquerda 'aninham-se' no ps, ver leitoa, pns, temido. É penoso ver e perigoso. França devia servir-nos de exemplo.

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