quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O Costa não se importa

 

Ele está noutra onda, praticando o seu próprio surf. Sem medos. Quanto aos no poder de cá, veremos como descalçarão essa bota da imigração em tropel. E em tropelia, fenómeno universal que só os Trumps sem escrúpulos descalçam rapidamente e em força.

Alguma coisa está fora da ordem

Costa foi-se embora e deixou uma verdadeira bomba-relógio para quem lhe sucedesse. A situação é muito delicada e arrisca-se a ajudar o Chega, o partido que percebeu que a imigração é um filão político

JORGE FERNANDES Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu, Florença, Investigador Ramón y Cajal no Conselho Superior de Investigação Científica, Madrid

OBSERVADOR, 29 jan. 2025, 00:2031

Semana após semana, vai ficando cada vez mais claro, para quem ainda tivesse quaisquer dúvidas, que o consulado de António Costa em São Bento representou uma oportunidade perdida para o país – numa fase de juros historicamente baixos, de crescimento económico na Europa e no qual a ordem mundial ainda estava, relativamente, estabilizada, mais uma vez, o Partido Socialista esteve no poder e não fez as reformas indispensáveis. Na verdade, estou a mentir. O Partido Socialista fez uma reforma. A dada altura, pressionado por lóbis económicos, que necessitam de força de trabalho em quantidade e barata, António Costa decidiu alterar o regime de entrada de estrangeiros, exigindo apenas a chamada manifestação de interesses. Naturalmente, com a economia Portuguesa a crescer, não tardou até que houvesse um enorme crescimento no número de imigrantes.

Até aqui o problema não seria de maior, se o Estado Português tivesse as estruturas institucionais para lidar com a mole de gente que acudiu ao país e, num período razoável, tratar da sua situação, ora legalizando-os, ora deportando-os conforme fosse o caso. No momento em que precisava de uma agência com capacidade logística, de pessoal e com um conhecimento do terreno para lidar com este grande afluxo, o que decidiu esse génio consumado que agora pastoreia os destinos Europeus? Acabou com o SEF, naturalmente. Cumprindo um velho sonho que vem de uma certa franja socialista, já desde os tempos de Costa na Administração Interna, o SEF foi extinto quando o seu conhecimento acumulado mais era necessário. Foi então criada a AIMA, sem recursos, sem pessoas, a começar do zero, com uma pressão insuportável de centenas de milhares de imigrantes que desejam ver o seu problema resolvido, como é da mais elementar justiça. De resto, o respeito genuíno pelos imigrantes vê-se nestas decisões e não na mera retórica política ou na distribuição de cravos para sinalizar a virtude, a qual, de resto, bem sabemos que, em Portugal, é um exclusivo do lado esquerda do espectro.

Costa foi-se embora e deixou uma verdadeira bomba-relógio para ser resolvida por quem lhe sucedesse. A situação é muito delicada e arrisca-se a ajudar o Chega, o partido que percebeu que a imigração é um filão político por explorar em Portugal. Na última semana, Pedro Nuno Santos tomou, provavelmente, a decisão mais inteligente e, acima de tudo, corajosa do seu mandato, ao reconhecer que a “política de imigração” de Costa tinha sido um erro. Ao mesmo tempo mostrou firmeza ao dizer o óbvio ululante: que os imigrantes necessitam de cumprir as leis da República para viverem em Portugal. Deixem-me dizer que, muito provavelmente, esta mudança de posição é meramente estratégica e nem o próprio líder do PS acredita nela. Há imensos exemplos na ciência política sobre os efeitos eleitorais das mudanças posicionais, dependendo do grau de sinceridade. Simplesmente, Pedro Nuno Santos olhou para a distribuição de preferências dos eleitores, das quais, de resto, falei aqui no meu último artigo, e percebeu que a posição do PS já não era sustentável do ponto de vista estratégico. Ao fazer esta mudança, e ao arriscar a ira da esquerda, Pedro Nuno Santos mostrou coragem.

Em primeiro lugar, para o PS esta mudança de posição é absolutamente fundamental para que as autárquicas sejam bem-sucedidas. Nos últimos meses, temos assistido a autarcas de todo o país a tomarem posições fortemente anti-imigração, incluindo vários do PS. Havia também pressões dentro do próprio PS para que o líder tomasse uma posição neste sentido, para eliminar a disjunção entre o discurso autárquico e da liderança nacional. O motivo é simples: num momento em que a saliência política da imigração é altíssima e em que o eleitor médio tem posições anti-imigração, os candidatos autárquicos do PS partiriam em desvantagem se estivessem presos ao discurso da liderança nacional. Ao dar a entrevista ao Expresso, Pedro Nuno Santos libertou os candidatos do PS para tomarem posições que mais facilmente se adaptem ao contexto onde concorrem.

Em segundo lugar, se é verdade que esta tomada de posição facilitará a vida da esmagadora maioria dos autarcas, tornará, muito possivelmente, a vida bem mais complicada a Alexandra Leitão em Lisboa. Sendo um dos concelhos do país com mais imigração, certamente que Leitão contava em utilizar o tema da imigração para puxar pela esquerda e atacar Moedas, colando-o ao Chega. Com esta tomada de posição de Pedro Nuno Santos, a margem de manobra da candidata Socialista à capital ficou muito mais estreita. Em última análise, a importância da imigração será muito menor na campanha eleitoral ou, eventualmente, abrir-se-á uma clivagem entre Chega e os restantes partidos.

Por último, deixem-me tecer um comentário mais genérico sobre a politização da imigração em Portugal. Muita gente, especialmente à esquerda, faz uma ligação entre o aparecimento do Chega e o seu sucesso eleitoral com o aumento da saliência da imigração no debate político. Ora, a relação é exactamente a inversa. Na verdade, os dados de inquéritos disponíveis mostram que a posição dos eleitores sobre imigração mantém-se razoavelmente estável ao longo dos últimos vinte anos. O sucesso do Chega deve-se a uma inteligente percepção por parte de Ventura de que havia uma falha no mercado político: havia procura por um partido com uma posição mais fortemente anti-imigrante e não havia oferta. Não foi o Chega que trouxe o tema da imigração aos eleitores, foram os eleitores que pediam, e receberam, um partido que falasse desse tema. A esquerda que está preocupada com o tema da imigração, talvez devesse começar por olhar-se ao espelho e perceber como os muitos erros cometidos a gerir esta matéria nos últimos oito anos causaram a tempestade perfeita.

IMIGRANTES      MUNDO      IMIGRAÇÃO

COMENTÁRIOS (de 31)

Luis Tovar: Imigração não é nenhum filão. É um problema muito grave.                 Carlos Chaves: Mas porque é que ainda leio as balelas deste arrogante cronista, estava a ir tão bem a desmascarar o Costa (coisa rara) e esbarro no elogio à coragem de PNS, quando esta espécie socialista de extrema-esquerda, apenas está a cuidar dos tachos para ele e para os seu camaradas, Portugal que se lixe, mas ainda não aprendeu como funciona o PS?     “A esquerda que está preocupada com o tema da imigração, talvez devesse começar por olhar-se ao espelho e perceber como os muitos erros cometidos a gerir esta matéria nos últimos oito anos causaram a tempestade perfeita.” Não foram erros caro Jorge Fernandes, foi e é estratégia, os estudos também mostram que os imigrantes votam esmagadora e maioritariamente à esquerda, estranho que um investigador omita este pequeno pormenor!                           Filipe F: Para a esquerda radical tudo o que enfraquecer a cultura ocidental é apoiado. A imigração descontrolada serve bem este propósito. Mas vão pagar por isto, tanto ou mais do que os outros.                   Filipe Costa: Mais tarde ou mais cedo a esquerda vai ter que desaparecer, já não acompanha os tempos, não se actualizou, ficou perdida em 1917, ou em alguns casos em 1968. A esquerda já não presta para nada no séc. XXI. Vai ser a agonia lenta do PCP (que já foi), do BE e livre (que está quase) e do PS (que está no inicio da derrocada). O mundo mudou, a esquerda paralisou, quando a geração dos boomers com 70 e 80 anos falecerem, adeus esquerdalha.                      Joaquim Rodrigues: Na verdade, o Costa e seus acólitos, amigos e influenciadores, o que queriam, era transformar Portugal num País "aculturado" para "aculturados".

Escancaram as portas aos de fora e escorraçam os que por cá estavam, de cá eram e de cá são, com ligações ancestrais e culturais profundas às suas gentes, às suas terras, às suas tradições, aos seus valores e à sua cultura. Eles, na verdade, nunca gostaram do verdadeiro Portugal, do Portugal profundo que tínhamos e ainda vamos tendo, do "Portugal real" o dos "portugueses reais," mas sim de uma "bolha" que alimentam na sua imaginação com raízes nos tempos da “capital do império”.

São a versão pimba, ao vivo e a cores, desse grande grupo musical que eram os "Loucos de Lisboa". Jorge Frederico Cardoso  > Vieira Barbosa: O partido que percebeu que a imigração é um filão politico"? ou o partido que mais cedo, quebrando com o politicamente correcto, acordou para a já gigante problemática da imigração em Portugal? A perseguição insultuosa que todo o centralão FAZ ao CHEGA, designadamente através da SIC e a CNN é já PATOLOGICA. Porque será que o centralão - por exemplo - nunca afirma o seguinte : Que a esquerda, ( PCP, BE etc) desde sempre perceberam que a farsa de se prometer uma sociedade sem classes, uma suposta "igualdade" aos ricos ou prometerem melhores salários e direitos sem fim, são estes sim um filão político                      Sérgio Rodrigues: Este Doutor é outro que descobriu a pólvora recentemente. Enquanto o PS manteve a política de “portas escancaradas” só atacava o CHEGA, agora descobriu o “filão”.                 Fala Barato: Não, não, PNS não tem coragem, tem lata e desplante. As pessoas verdadeiramente corajosas têm consciência. E, quem tenha participado da desgovernação Xuxa, que deixou miséria e descalabro, incluindo na imigração, se tiver consciência e coragem, o que tem a fazer é remeter-se a um silêncio prudente e, melhor ainda, abandonar a política e ir fazer algo de útil na vida.                 Carlos Real: Ainda bem que os líderes do centrão perceberam que a emigração é o tema da década. Por isso tem sido decisiva a força que o Chega tem. O problema é como resolver e ter emigrantes que não sejam pedintes, sem abrigo, violadores e abusadores do nosso Estado social. Precisamos de ter emigrantes para fazerem os trabalhos que os portugueses não querem fazer. Mas das duas uma. Os ilegais que tiverem trabalho concreto são legalizados na hora, ou são ilegais sem trabalho e o caminho é fora de Portugal. Se tivéssemos governantes com a fibra de um Trump as coisas aconteciam. Como aturamos Montenegro e PNSantos temos as falsas soluções dos paninhos quentes. Fingimos que tomamos medidas. Os ilegais e as redes de tráfico continuam a rir e a gozar connosco. Pessoas como eu, somos apelidados de radicais porque propõem soluções. Continuar sem fazer nada, significa barracas de cabo-verdianos recém chegados. O Estado limita-se a deitar abaixo as que estão a ser construídas. As que estão habitadas (a grande maioria) continuam na mesma. Já são centenas, por exemplo junto ao hospital Garcia da Orta em Almada. Assobiamos para o lado, incentivando a vinda dos povos irmãos. A câmara diz nada poder fazer. O Estado apenas trabalha para a fotografia. Estamos entregues à bicharada.                   Paulo Silva: O articulista parece que teve uma epifania. Disse ontem o jornalista Ricardo Costa que o maior problema do país é demográfico... À escala macro tem muita razão. E para esse problema em muito têm contribuído as políticas do aborto livre, do gayzismo e da imigração sem freio que o cínico radicalismo de esquerda tem vindo paulatinamente a promover no seio de sucessivos governos. Está tudo ligado. Aqui há uns anos num trabalho jornalístico sobre o fenómeno da imigração em Portugal uma jornalista perguntava a uma imigrante, (penso que de leste), qual a razão de ter escolhido Portugal, ao que esta lhe respondeu sem rodeios num português macarrónico: «Los papeles, sinhora!». PNS denunciou o “efeito de chamada” associado à Lei da “manifestação de interesse”, mas esse não vem apenas daí. Ao fim de cinco anos os imigrantes obtêm a nacionalidade. Vir culpar os empresários pela falta de mão-de-obra, como faz o autor do artigo e outros que tais, são desculpas de mau pagador. A verdade é que Portugal, país com 900 anos, ao cabo de sucessivas políticas irresponsáveis vê a paisagem humana das suas cidades e vilas, (e até do campo), transformar-se como nunca. Entre a população autóctone vão proliferando as bengalas e os andarilhos, e os poucos jovens são forçados a emigrar… ao mesmo tempo que hordas de gentes com aspecto, língua e costumes estranhos vão-se espalhando como uma mancha de óleo. Esses vêm supostamente para trabalhar e não para roubar, mas se o nível de criminalidade nesse sector se aproxima do da restante população, então algo está errado… Os políticos responsáveis deveriam repensar as suas políticas, porque do lado mais à esquerda do espectro político só se pode esperar propaganda e demagogia ao serviço das agendas do multiculturalismo ideológico.              Nuno Borges: Se de início os imigrantes gerarão algum pouco cashflow a médio prazo irão afundar a SS. Não são uma boa opção.                  Francisco Almeida: PNS, a reboque das sondagens, falou de imigração. Mas não vejo ninguém a comentar o seu silêncio sobre segurança, bem evidenciado nas mesmas sondagens.                     Carminda Damiao: O Chega foi o único (realista), a ver o elefante na sala e todos os outros partidos negavam e troçavam dele. Agora como já não conseguem negar, já falam no assunto e pretendem receber os louros. Mas se não fosse o Chega, os outros partidos continuariam a esconder a cabeça na areia para não verem o problema. Neste e noutros temas, o Chega mostrará que a razão está do lado dele. Joaquim Almeida: Jorge Fernandes abre a dizer que é um "filão" político do Chega e passa a crónica a mostrar que esta imigração é um enorme problema político do País... E o filão jornalístico da opinião baratucha.?                     Joaquim Rodrigues > Luis Tovar: É por ser um problema grave, que passou a ser um "filão político". Mas é um problema grave, não pelas razões que têm vindo à tona, mas por razões mais profundas, que têm a ver com o "perfil" da economia portuguesa, das estratégias políticas postas no terreno para aproveitar (ou desaproveitar) o seu potencial, das características do tecido económico distribuído no território nacional e dos recursos humanos necessários ao seu desenvolvimento (ou sub-desenvolvimento) e ao desenvolvimento do país. Alguém conseguiu até hoje esclarecer quais eram os verdadeiros desígnios do Costa para o desenvolvimento do País? Para além dos "influencers" começamos agora a conhecer mais umas "pontas" que nos não permitir esclarecer quais os verdadeiros desígnios do Costa.                     Futari Gake: Um mercado, uma oportunidade de negócio, é assim o país político apoiado na Extrema esquerda? Depois de tudo o que o PS e a sua ala da Extrema-Esquerda aliada aos estalinistas do PCP e aos neo-marxistas gramscianos-woke do Livre e do BE (UDP/LCI/PRP-BR/FP25) que abriram fronteiras a "todos, todos" mesmo criminosos ao destruir o SEF e deixar entrar sem controlo? É esse o negócio? O PSD em vez de se lamentar, só tem que reverter o SEF, reverter as decisões tomadas com base em atestados de residência falsos ou então manter o que está e manter tudo como tem feito até hoje, culpando sempre os antecessores. Se é um negócio manter o poder a todo o custo é ser igual ao PS/PCP/BE, PNS não muda, apenas mudou a pele, como qualquer víbora.                José Paulo Castro: Quando não percebem a realidade, é normal que recuem depois. Mas isso não quer dizer que passaram a perceber a realidade. Continuam utópicos, como toda a esquerda o é. Acreditam em princípios irrealistas, em verdades relativas, numa espécie humana de natureza ideal, em discursos de fantasia. Estão fora da ordem natural.      maria santos: A imigração não é um filão político. Isso é o menos. A imigração de António Costa é um vulcão latente de choque cultural entre nós portugueses de antanho e os brasileiros, africanos e paquistaneses de religião e costumes muçulmanos HOSTIS da nossa cultura portuguesa judaico-cristã de 900 anos. As culturas judaico-cristã e muçulmana não dialogam, sabem que existem na diferença total e absoluta, mas não dialogam. Eles lá e nós cá, não existe aculturação possível. Esta imigração é um vulcão latente de criminalidade e alteração da ordem pública nas áreas suburbanas das grandes cidades e vilas de província. António Costa, Ana Mendes, Alexandra Leitão são profissionais da política socialista, oscilando entre a absoluta ignorância e o fanatismo partidário da seita de vão de escada. O PSD de Montenegro que tenha juizinho na sua idiotia do “não é não” e das percepções, porque a derrocada das Instituições Públicas começa sempre por um pormenor esquecido. A saturação com os magotes de imigrantes muçulmanos nas caves e andares pode criar metásteses de normalidade assumida de violência urbana, como já se está a ver no espancamento de um menor de 14 anos por outo e demais assistentes na escola pública da Moita. O Governo tem a obrigação de manter a ordem pública. Temos pena e temos tempo.        Joaquim Almeida > Francisco Almeida: Pois, a admirável coragem de ir de empurrão ou a reboque da opinião pública. Ou destes escribas que dão uma no cravo e outra na ferradura na pata da Esquerda.         vitor gonçalves > Carlos Chaves: E os ci@anos também já se organizaram para votar a esquerda. Já "perceberem" que é daí que vem a "mama".

Nenhum comentário: