De “Coisas que terei pudor
De contar
seja a quem for…”
E não só em Portalegre cidade…
Lição sobre o nosso “SISTEMA ECONÓMICO”: de acusações graves, de informação precisa. Assim o quisessem reconhecer. E seguir quotidianamente…
Aníbal Cavaco
Silva e Carlos Tavares
Presidente
da República (2006-2016) e Primeiro Ministro (1985-1995); Ministro da Economia
do XV Governo
Está na hora, é urgente
Sem uma reforma estrutural do sistema
de impostos e outras, como a da administração pública e da justiça económica,
continuaremos a lamentar-nos de ver Portugal entre os países mais atrasados da
UE.
OBSERVADOR, 09 jan. 2025, 00:2349
1-1989 é um marco na história da
fiscalidade portuguesa.
Completaram-se em 2024 trinta e cinco anos sobre a entrada em vigor, em
1 de janeiro de 1989, da grande reforma fiscal que instituiu o imposto sobre o
rendimento das pessoas singulares (IRS)
e o imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas (IRC), de que muito
se tem falado nos últimos meses.
Substituíram
sete impostos então existentes. Seis
aplicáveis a cada um dos diferentes tipos de rendimento: os rendimentos do trabalho, dos prédios urbanos e
rústicos e da aplicação de capitais, os lucros das empresas comerciais e
industriais, os lucros das explorações agrícolas e as mais-valias. A estes impostos parcelares sobrepunha-se
um imposto complementar sobre o rendimento global das pessoas singulares e
sobre os lucros não distribuídos das sociedades.
Foi
criada, por outro lado, a contribuição
autárquica, incidindo
sobre o valor patrimonial dos prédios rústicos e urbanos, que entrou igualmente
em vigor em 1 de janeiro de 1989, constituindo uma receita municipal.
Esta
profunda mudança económica do quadro de vida da sociedade portuguesa resultou do
estudo sobre a reforma da tributação directa do rendimento realizado por
uma comissão especializada constituída por pessoas de reconhecida
competência técnica, nomeada em Julho de 1984 e presidida pelo professor
Paulo Pitta e Cunha, que apresentou o seu relatório no início de 1987,
a que se juntou uma capacidade de decisão esclarecida e corajosa por parte
do Governo.
Três anos antes, em 1 de
Janeiro de 1986, coincidindo
com a adesão de Portugal às Comunidades Europeias, na sequência dos estudos de
uma comissão presidida pelo professor da Universidade de Coimbra José
Xavier de Bastos, entrara em vigor o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), um imposto plurifásico sobre o consumo que substituiu
o imposto sobre as transações que incidia sobre as operações realizadas por
grossistas e retalhistas.
Portugal passou assim a ter um sistema fiscal do tipo dos que
vigoravam nos países da Comunidade Económica Europeia.
A
reforma de 1989 incluiu também a aprovação do Estatuto dos Benefícios
Fiscais que marcou o carácter excepcional
das situações de desagravamento no pagamento de impostos e extinguiu múltiplos
benefícios fiscais existentes destituídos de justificação económico-social.
Só
depois de o Governo do PSD de então ter passado a gozar de apoio maioritário na
Assembleia da República, na sequência das eleições legislativas antecipadas de
Julho de 1987, foi possível vencer os obstáculos à aprovação da legislação
exigida pela concretização de uma reforma fiscal, considerada indispensável à
modernização e desenvolvimento do país e aos desafios da integração europeia.
2- A
coerência do sistema fiscal português, presente na reforma de 1989, foi sendo
destruída ao longo dos últimos 30 anos
através da introdução de numerosas alterações avulsas aos códigos do IRS e do IRC e do Estatuto
dos Benefícios Fiscais, quase sempre ao sabor das circunstâncias conjunturais e
dos ciclos políticos.
A tributação das empresas assenta hoje num sistema de grande
complexidade que ignora a realidade económica dos tempos modernos.
O
IRC tem a invulgar característica de ser progressivo, o lucro tributável das
empresas afasta-se frequentemente do lucro contabilístico e a história da
derrama estadual que incide sobre o lucro é o exemplo de um grau de
instabilidade destrutiva da credibilidade do nosso sistema fiscal que raia o
absurdo.
A derrama foi introduzida em 2010,
com carácter transitório e excepcional, com o objectivo de reduzir o défice
orçamental excessivo que então se verificava, com a taxa de 2,5% sobre os
lucros superiores a 2 milhões de euros. Em 2011 a taxa passou a ser de 3% sobre
os lucros superiores a 1,5 milhões de euros e de 5% sobre os lucros acima de 10
milhões de euros. Em 2012 a taxa de 5% passou a aplicar-se aos lucros acima de
7,5 milhões de euros. Em 2014 uma nova taxa adicional de 7% passou a incidir
sobre os lucros superiores a 35 milhões de euros, prevendo a respetiva proposta
de lei a eliminação na derrama estadual em 2018. O orçamento do Estado para
2018 não só não a extinguiu como subiu a taxa de 7% para 9%.
A
mesma proposta de lei de 2014 estabelecia o objectivo de fixar a taxa de IRC
entre 17% e 19% em 2016. Dez anos depois, foi dificilmente aprovada a redução
para 20%.
É difícil encontrar nos países da União Europeia (UE) uma história
fiscal tão desfavorável à actividade e decisão de investimento das empresas.
Também
o IRS foi perdendo coerência e moderação e ganhando complexidade ao longo dos anos.
O
número de escalões de rendimento, que era inicialmente de cinco, foi
sucessivamente alterado, sendo de nove desde 2022, o segundo maior dos países
da UE.
Por
outro lado, em 2012 foi criada com carácter temporário uma taxa adicional de
solidariedade de 2,5% sobre o rendimento colectável superior a 153.000 euros.
Em 2013 essa taxa passou a aplicar-se aos rendimentos acima de 80.000 euros e
introduzida a taxa adicional de 5% para os rendimentos acima de 250.000 euros.
Passados mais de dez anos
sobre o programa de emergência financeira da “troika”, esta situação ainda se mantém, apesar da sua classificação como
“temporária”, o que significa que a taxa marginal do IRS é de 50,5% para
rendimentos acima de 80.000 euros e de 53,5% para rendimentos superiores a
250.000 euros, umas das mais elevadas dos países da UE.
O aumento da complexidade e imoderação do IRS ao longo dos anos
verificou-se igualmente no regime das deduções fiscais que passaram, em 1999, a
ser deduções à colecta, em lugar de deduções à matéria colectável, contribuindo
por essa via para o aumento da progressividade do imposto.
A complexidade e a perda de coerência
do sistema fiscal português ao longo dos anos está também presente no Estatuto
dos Benefícios Fiscais, como resulta claro do relatório de um grupo de trabalho
publicado em 2019. Nele se concluía pela existência de 542 tipos de benefícios,
dos quais 121 no âmbito do IRC.
Muitos deles são benefícios de
justificação duvidosa, criados sem uma cuidada avaliação prévia e sem função
económica ou social relevante, decididos ao sabor de pressões de grupos de
interesses ou do populismo de políticos.
No relatório do Orçamento do Estado para 2025 pode verificar-se que
a perda de receita resultante de benefícios fiscais estimada para 2024 ascende
a 16,2 mil milhões de euros, com destaque para as taxas reduzidas do IVA, sendo
de 4,25 mil milhões de euros no caso dos impostos sobre o rendimento. A perda
global de receita fiscal equivale a 5,5% do PIB, uma percentagem muito superior
à observada na larga maioria dos países europeus.
3-Cabe ao sistema fiscal gerar os recursos financeiros necessários
para financiar o nível de serviços públicos desejado pela comunidade.
Em resultado das alterações
introduzidas ao longo dos anos, o sistema fiscal português apresenta-se hoje,
35 anos depois da sua última reforma, como um conjunto caótico de impostos, uma
verdadeira manta de retalhos sem coerência e completamente desajustado à
situação económica e social do país e às realidades dos novos tempos.
Temos um sistema fiscal muito
complexo, obscuro e injusto, que trata de forma diferente, realidades
económicas semelhantes, contraditório com os objectivos da política económica,
penalizando o trabalho, a poupança, o investimento e a inovação, ao mesmo tempo
que desincentiva o crescimento e a capitalização das empresas. É um sistema que
se tem traduzido em custos elevados em termos dos grandes objectivos, que devia
promover: mais justiça social, mais crescimento económico e reforço da
eficiência na afectação de recursos.
Um sistema fiscal deve ser simples, transparente, compreensível para
os cidadãos, ter baixos custos de administração e de cumprimento das obrigações
fiscais e ser competitivo no plano internacional.
A
tributação deve ser equitativa e moderada, desincentivando a evasão e a fraude
fiscal. Deve favorecer o investimento produtivo, a poupança, a produtividade, o
progresso tecnológico e o aumento da dimensão média das empresas.
Sendo os impostos também um instrumento de correcção da distribuição
do rendimento, eles não devem pretender substituir as políticas de apoio
social, como aconteceu com muitas das alterações das últimas décadas, através
da concessão de benefícios e isenções sem justificação clara que estreitaram as
bases de tributação.
Os
impostos devem
também obedecer ao princípio geral da não
discriminação, aliás de
acordo com o texto constitucional. Eventuais desvios deste princípio
geral e a atribuição de privilégios fiscais deverão ser devidamente
fundamentados e delimitados no tempo.
Finalmente,
a estabilidade é um valor essencial de um sistema fiscal. Ninguém investe se tiver a noção de que
as regras fiscais podem, no futuro, ser facilmente alteradas em sentido
negativo. O recurso que se tem verificado a impostos extraordinários, ditos
temporários mas que depois se tornam permanentes, é um factor de desconfiança
que assusta e afasta os investidores.
Para
garantir a estabilidade, deve ser afastada a possibilidade de aprovação de
alterações estruturais dos códigos dos impostos e do Estatuto dos Benefícios
Fiscais através da Lei do Orçamento.
4Vários
autores e instituições, com destaque para a Sedes no documento “Por uma verdadeira reforma fiscal”, têm defendido
a urgência em promover uma reforma profunda do sistema fiscal. O mesmo acontece com o programa eleitoral
da Aliança Democrática e com o actual Ministro das Finanças, pessoa de
indiscutível competência, no seu livro “Portugal: Liberdade e Esperança”.
Apesar
deste amplo reconhecimento a nível técnico, é
improvável que a grande reforma fiscal de que o país precisa se possa
concretizar na presente legislatura. Tratando-se
de matéria da competência da Assembleia da República, a observação das posições
e atitudes que têm sido adoptadas pelas diferentes forças partidárias nos
primeiros nove meses de vida do actual Governo deixa poucas dúvidas quanto à
improbabilidade de ser alcançado um acordo político que possibilite a aprovação
da respectiva legislação.
Se
havia dúvidas, elas desapareceram no decurso do processo legislativo relativo
ao orçamento do Estado para 2025. Os
deputados propuseram mais de 2000 alterações ao orçamento apresentado pelo
Governo, cerca de 230 em matéria de impostos, a maioria sem qualquer
fundamentação credível e muitas delas impróprias de um documento que é,
basicamente, por definição, uma autorização do Parlamento para o Governo
arrecadar impostos e outras receitas e fazer despesas num determinado ano.
Matérias da maior relevância para as
gerações presentes e futuras, como a tributação do rendimento, do consumo e do
património, são tratadas por alguns deputados com a maior displicência. O que os livros nos ensinam sobre os
efeitos das alterações de impostos sobre o bem-estar dos cidadãos é totalmente
ignorado, assim como os riscos da complexa situação geopolítica e económica
internacional.
Ao longo dos primeiros nove meses da
legislatura ficou claro que é mais fácil formar na Assembleia da República
maiorias parlamentares de partidos opostos para aprovar alterações populistas
de impostos do que aprovar alterações estruturais indispensáveis para que
Portugal se aproxime dos níveis de vida dos países mais ricos da UE.
Neste contexto político, o que
o actual Governo pode, entretanto, fazer em matéria de impostos, é procurar
minorar os estragos e preparar o terreno para que uma verdadeira reforma fiscal
possa ser feita no futuro, quando as condições políticas o permitirem.
Nesse sentido, juntamo-nos àqueles
que têm defendido que está na hora de o Governo nomear a Comissão da Reforma
Fiscal, tal como foi feito em 1984 pelo IX Governo Constitucional, presidido
por Mário Soares, para preparar a reforma fiscal que viria a ser aprovada em
1988. Tal como então, deve ser uma comissão especializada, integrando pessoas
da mais elevada competência técnica, presidida por um professor universitário e
dispondo dos meios indispensáveis para realizar o seu trabalho. O relatório por
ela produzido será um ativo da maior importância para qualquer Governo. É
trabalho para um ano.
Sem
uma reforma estrutural do sistema de impostos e de outras, como a da
administração pública e a da justiça económica, que favoreçam o aumento do
crescimento económico, da produtividade e da competitividade, continuaremos a
lamentar-nos, ano após ano, como fez a comissária europeia Elisa Ferreira, em 2021, que “é penoso ver que Portugal ainda
está entre os países mais atrasados depois de tantos anos de apoios
comunitários”.
Fazemos
votos para que as restrições impostas a Portugal pela realidade dos factos
afastem as posições ideológicas dogmáticas que possam dificultar a
concretização, não daqui a muitos anos, da reforma fiscal.
Por
outro lado, esperamos que os decisores políticos portugueses tenham bem
presente que as despesas públicas são gastos do dinheiro dos cidadãos confiado
ao Estado pelos impostos e só se justificam enquanto e na medida em que da sua
aplicação resultar um benefício social líquido.
FISCALIDADE IMPOSTOS
ECONOMIA POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
JOHN MARTINS: A primeira
coisa que se devia fazer, era enviar esta lição a todos os deputados no
Parlamento, para aprenderem alguma coisa... Artigos
como este não são para irem somente para o arquivo!.. Fernando
ce: Grande Cavaco
Silva. Erros quem não os comete? Mas sem dúvida o maior PM do sec. XX. Carlos
Chaves: Que diferença abismal entre a esquerda trauliteira, e a educação e o saber
destes dois senhores. No fundo vieram-nos dizer o que todos sabemos, a esquerda
rebentou com o sistema fiscal que eles puseram em prática em 1989, e que
contribuiu decisivamente para a modernização e desenvolvimento da nossa
economia, ao mesmo tempo promovendo a justiça fiscal, apenas e só para
satisfazerem os interesses particulares de quem lhes garante os votos de acesso
ao poder. A nomeação de uma “Comissão da Reforma Fiscal”, e baseado no que
ambos escreveram, só fará sentido se o povo Português abrir os olhos, e não der
novamente o poder aos destruidores da esquerda. AL MA: Este artigo é radiografia da
nossa situação fiscal, apresentando as causas e consequências, o momento de
partida e o de chegada. É de leitura obrigatória em qualquer aula de Finanças
Publicas. O Observador deveria permitir
leitura aberta a qq cidadão, e sua réplica Joao Cadete: Belo artigo e boa
recomendação. O actual parlamento é um saco de gatos com a geringonça a ditar
as regras. José
Martins de Carvalho: Este artigo fazia falta, para pôr em equação a situação fiscal do País. Uma reforma fiscal é indispensável,
pelos motivos muito bem expostos, e que são evidentes e inegáveis. Mas a
reforma fiscal não será suficiente para resolver os sobrecustos do Estado. Ou
seja, podemos vir a ter um sistema fiscal justo, claro, eficiente, transparente
e estável, mas, enquanto o Estado não moderar os seus gastos, continuará a
asfixiar a economia, o crescimento, e a vida da gente. S N: Excelente, pertinente e actual
alerta sobre um sistema fiscal que se tornou obscuro e muito nocivo, exigindo
por isso uma reforma profunda urgente. Felicitações e gratidão aos autores. António
Rocha Obrigado professor.
Lamentavelmente percebemos que as dificuldades com a leitura e a compreensão da
matemática básica não é só na escola FE
Cascais: O exercício desta crónica é técnico. Não tenho dúvidas que uma reforma
fiscal é urgente. O Menos É Mais foi descoberto no Movimento Moderno, já lá vão
100 anos. O sistema fiscal em Portugal continua a apostar num livro de
instruções com mais de 1000 páginas. A complexidade é tão grande que a própria
IA já começou a queimar circuitos.Mas, se a componente técnica está muito bem
entregue aos Srs. Doutores que escreveram a crónica, com especial destaque pela
notoriedade do ex-PM e ex-PR Cavaco Silva, a componente política, se os
caríssimos não se importarem, fica da responsabilidade dos comentadores de
bancada como é o meu caso. Nesse caso, diria, que pedir ao governo minoritário
de Montenegro que tenha essa iniciativa é o mesmo que obrigar um elefante a
andar de bicicleta, mesmo que a bicicleta seja uma daquelas antigas feitas em
aço com rodas de chumbo. Mesmo que Montenegro acordasse um dia a pensar que a
Reforma Fiscal lhe pudesse angariar mais votos, bastava tomar o pulso a uma
sociedade toda ela com receio de sair da sua zona de conforto para voltar atrás
no dia seguinte com medo das próximas eleições. Caros excelsos cronistas,
avançar com uma reforma fiscal não é para qualquer um. A razão de muitas vezes
Cavaco Silva não ser identificado como político resultava precisamente de
colocar os objectivos técnicos da governação à frente dos interesses
partidários, se bem, que no final tudo é política. Se queremos realmente
que o país dê um salto nas suas políticas fiscais, é preciso que Cavaco Silva
escreva também uma crónica a pedir um primeiro-ministro não populista e sem
medo de eleições; Passos Coelho. GateKeeper: Urgente já foi. Agora é básica
e simplesmente crucial. Daniel
José: Foi o melhor PM que tivemos,
mesmo com muitos erros é incomparável a obra que deixou relativamente aos que lhe
sucederam. Mas a grande falha foi na educação, o povo continua burro, passado
50 anos ainda continua a não saber votar antonio
parada: Fantástico J. D.L.
> Nelson
Goncalves: Tem razão. Mas é uma bofetada maior nas caras do C&C.
Vítor Félix: A maioria dos portugueses de hoje não quer desafios ao
seu "ramerrame" na função pública e nas empresas. São como uma pessoa
raquítica que não quer tomar vitaminas...ou um doente que recusa a intervenção
cirúrgica que o curaria. É necessária uma
liderança competente, corajosa e mobilizadora para sairmos do caminho para
último dos 27 da UE. Tim do A: Volta Cavaco que Montenegro e
o PSD actual são socialistas. Nelson
Goncalves > J.
D.L.: Este artigo é
uma bofetada nas caras do Montenegro e do Miranda Sarmento.
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