sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Não, não havia dúvidas

 

Os europeus, e não só os ledores da cartilha marxista, sofredores por conta de outrem, ignorantes e cobardes por conta própria, essencialmente amantes das doçuras existenciais, acomodaram-se bem aos novos ditames, com muitos cravos a definir-nos em explosão anualmente apregoada, pelo menos no nosso caso português, mas outros casos provando preocupações à Greta, acusatórias por pura pieguice exibicionista, na realidade esperando todos nós o desenrascanço ofertado pelos States, estes angariadores entusiásticos de poderes, e daí, por vezes, a participação nos espaços europeus, que estão mais à mão, sem tanta perda de tempo, pois, embora Trump prefira os espaços mais isolados groenlandeses, para começar a sua expansão menos trabalhosa, para já.

 

Não se queixem de Trump, a culpa é dos europeus

Silicon Valley está cheia de europeus. O problema é o ambiente de investimento na Europa. Os europeus preferem regular a arriscar, e preferem conservar a inovar.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador

OBSERVADOR, 23 jan. 2025, 00:2086

Quando olho para o mundo, o que mais me custa ver não é a expansão do poder da China, nem as guerras no Médio Oriente, nem sequer a guerra na Ucrânia. O que mais me custa ver é o declínio da Europa. Sou de um país europeu, trabalho noutro país europeu. Tenciono viver sempre na Europa. Estou convencido que os meus filhos viverão na Europa. Por isso, o futuro da Europa é o que mais me preocupa.

Neste momento, as lideranças políticas europeias, em Bruxelas e nas capitais nacionais, estão perdidas. Percebem que as suas ilusões, os seus erros, a maioria das suas políticas chocaram de frente contra um muro chamado realidade, e não sabem o que fazer. O antigo PM do Luxemburgo e Presidente da Comissão Europeia antecipou o fracasso europeu quando afirmou: “Nós sabemos o que havemos de fazer, só não sabemos como ganhar as eleições depois.” Juncker disse isto há mais de 15 anos. Continuamos exactamente na mesma. Os partidos políticos europeus, da esquerda à direita, continuam a colocar a vitória nas eleições à frente do que deve ser feito. Agora andam todos aflitos sem saber o que Trump vai fazer. Os países europeus dependem mais dos Estados Unidos, do que Musk depende de Trump, mas a maioria dos europeus só se preocupa com o dono do X. É patético.

A Europa depende dos Estados Unidos na defesa. Porquê? Porque os seus governos julgaram que os Estados Unidos estariam sempre disponíveis para defender a Europa e nunca investiram a sério na defesa. Ainda hoje muitos países europeus não cumprem os seus compromissos assumidos com a NATO, e investem menos de 2% do PIB na defesa (incluindo, infelizmente, Portugal). Trump disse aos europeus para gastarem mais dinheiro na defesa e cumprirem as suas obrigações. É lamentável que os governos europeus precisem que Trump lhes diga o óbvio.

Agora a Europa também depende dos Estados Unidos em relação à energia. Os Estados Unidos já são o segundo maior exportador de gás e o maior exportador de LNG para a Europa. Com Trump as exportações de gás dos Estados Unidos vão crescer, desde logo para tentar travar o aumento de tarifas comerciais pela administração norte americana, e a dependência energética também se vai agravar. Os Estados Unidos tornaram-se num dos maiores produtores de energia do mundo porque começaram a explorar o gás e o petróleo de xisto. Também há grandes reservas na Europa, mas os europeus não as exploram. Não o fazem por causa da oposição de dezenas de ONGs e movimentos políticos ambientais, e da natureza burocrática dos processos de licenciamento. As ONGs e as burocracias europeias preferem que a Europa dependa dos Estados Unidos e de Trump. E está a acontecer o mesmo com a exploração do lítio. O que significa que a dependência da Europa no sector dos carros elétricos em relação à China vai acentuar-se.

A Europa também está inteiramente dependente dos Estados Unidos no sector digital.

Podem os europeus viver sem o software produzido pela Microsoft? Não podem.

Podem os europeus viver sem o hardware produzido pela Apple? Não podem.

Podem os europeus viver sem a Google? Não podem.

Podem os europeus viver sem as redes sociais como o Facebook, o X e o Instragram? Podiam, mas detestariam.

Podem os europeus viver sem as compras na Amazon? Podiam, mas com a Amazon, a vida é muito mais fácil.

Na inteligência artificial, nos satélites, no cloud, nos semicondutores, as mesmas empresas americanas e outras vão continuar a estar muito mais avançadas do que as europeias. Ora, os europeus não são menos capazes do que os americanos. Aliás, Silicon Valley está cheia de europeus. O problema é o ambiente de investimento na Europa. Os europeus preferem regular a arriscar, e preferem conservar a inovar.

Nas últimas décadas, na Europa, a cultura socialista e social-democrata, que coloca a regulação legislativa e a intervenção do Estado acima da iniciativa privada, dos investimentos de risco, do empreendedorismo empresarial, triunfou sobre o verdadeiro espírito capitalista. A dependência em relação aos Estados Unidos é uma das consequências do triunfo desde consenso social-democrata na Europa. Voltando a Juncker, só pensaram em ganhar eleições, agora vão ter que agradar a Trump. É muito triste e dramático para os europeus.

PRESIDENTE TRUMP     ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA     AMÉRICA     MUNDO     EUROPA

COMENTÁRIOS (de 86)

Jorge Frederico Cardoso Vieira Barbosa: Mais um artigo excelente designadamente pela racionalidade com que JMA expõe a situação critiquíssina da UE (e daEuropa). A citada frase de Juncker diz tudo                       Carlos Chaves: Os grupelhos, ambientalistas, activistas, verdes… são nomes inventados para esconder o esquerdismo onde chafurdam, que pululam por esta Europa fora, falta de coragem dos políticos sérios e a expulsão dos sérios que tentaram mudar alguma coisa (Passos Coelho é um bom exemplo), sãos os principais factores responsáveis pelo desastre que se adivinha nesta velha e esclerosada Europa! Outro importante factor é o papel criminoso da esmagadora maioria da comunicação social, ver ontem novamente nos noticiários da noite o António Costa (um dos responsáveis da decadência neste cantinho Europeu exportado agora para ajudar no desastre global da Europa), a continuar a ser bajulado pela comunicação social, é de bradar aos céus, como continuam a insistir no caminho errado! Obrigado caro João Marques de Almeida, por continuar coerentemente do lado certo, confirmou-o no seu último parágrafo, bem-haja.                             Luis Santos: Muito bom . E os políticos portugueses nada fazem para alterar este tipo de coisas,  antes pelo contrário. Basta ver a IDIOTICE do aumento das 320 freguesias, quando se devia ir em sentido contrário. Ou por exemplo o fim dos carros a combustão que já está a causar inúmeros problemas à indústria automóvel.                     Pedro Correia: Como de costume, muito bom. Infelizmente, é a triste realidade europeia. Não se fazem políticas sérias e necessárias porque não se querem perder eleições/poder. Não há por aí muitos "Passos Coelho".                 João Diogo: Finalmente, alguém com bom senso e racionalidade, põe os pontos nos iii , esta europa não cria, não inova , só se preocupa com politicas de género, com uma politica ambiental que é um desastre, o fecho do nuclear na Alemanha é uma das piores decisões energéticas de sempre. excelente crónica.          Armindo Alves: Há muito que a Europa começou a cavar a sua tumba. A regulamentação excessiva e burocracia asfixiante rebentam com qualquer ideia de investimento na área produtiva. Nas questões ambientais então, é o supra sumo da hipocrisia. Tudo o que pudesse deitar algum fumo, cheiro ou barulho mandou-se para a China, Índia e outros que agradeceram. Hoje importamos de lá os produtos feitos por mão de obra escrava e sem as mínimas preocupações com o ambiente, como se o planeta tivesse barreiras ambientais. Enfim, nós por cá vamos continuar muito limpinhos, só que estamos quase a ser apanhados na curva.                         Tim do A: Muito certo. Os europeus tornaram-se socialistas. Por isso vão continuar a empobrecer. A UE é uma organização socialista. Bom der Leyen é socialista. O socialismo empobrece. Pode ser que Trump faça sair a UE do socialismo.              José B Dias: Verdades incómodas para muita gente que se recusa a abrir os olhos ...                Pedro Campos: Quando a UE tem como presidente do Concelho Europeu um politico como António Costa está tudo dito sobre a UE!!! Apesar da função não ter qualquer utilidade e ser meramente de mestre de cerimónias!!!                     António Antunes: Vai ser deprimente ver a economia americana a disparar e nós europeus a ficarmos ainda mais para trás. O que mais me custa é ver os jovens europeus a emigrarem em massa para os EUA substituídos por imigrantes com qualificações muito inferiores, que supostamente iriam ajudar a resolver o problema da segurança social. Qualquer um percebe que nem o problema da segurança social fica resolvido (fica até pior) nem a Europa fica com quaisquer perspectivas de progresso técnico. A transição demográfica e baixa fertilidade são geríveis; o declínio tecnológico é difícil de reverter.                    Vitor Batista: Só falta o JMA nomear os cromos que elegemos para o parlamento europeu. Isto é deveras surreal para não dizer anedótico, e a Europa caminha a passos largos para se tornar irrelevante.               afonso moreira: Obrigado pela reflexão. Como sair deste redemoinho que afunda a Europa? Os eleitores querem o imediato que melhore as suas vidas; os políticos e o marketing político tudo fazem para angariarem clientes suficientes para irem para o poder; a CS entra no jogo porque tem de sobreviver; as redes sociais são promovidas a fontes de informação única para várias tribos. Como será possível ter um projecto de longo prazo, sentido como comum e aglutinador numa sociedade fragmentada e em que as suas elites vivem em função de si próprias e dos seus projectos pessoais ou projectos comunitários utópicos e desligados da realidade do tempo que se vive e do que poderá vir? Assim, as sociedades europeias não terão condições para se criarem líderes, muito diferentes do exemplo que tivemos e temos entre nós: António Costa, um mau governante, que deixou atrás de si um sem número de problemas para o cidadão comum em Portugal, focado que estava no seu projecto pessoal e sem projecto para o país que governava. Neste caldo europeu é hoje um líder desta Europa! Uma Europa que produz assim líderes que futuro poderá ter? Ontem, no seu primeiro discurso no parlamento europeu, mesmo com manipulação das imagens pela CS, não estavam lá quase nenhuns deputados para o ouvir. Se nem os representantes dos europeus estão mobilizados para o quer que seja como podem os cidadãos não terem sentimento semelhante?                         Carlos Ferreira: Verdades dolorosas!               Vítor Araújo: Vivemos em negação.                  Pedro Afonso: Excelente! É triste a nossa realidade! Este artigo devia ser lido por todos os políticos europeus! E em especial por todos os jornalistas, comentadores, analistas e "comentadeiros" de Portugal!                    José Paulo Castro: Correcto. Só faltou dizer a verdade definitiva: o modelo social europeu (saúde e educação universais e gratuitas, bem como as pensões de todo o tipo e não apenas de velhice) é inviável. Só existe na Europa daquela forma e com aquelas garantias. Não é sustentável há décadas, com a inversão demográfica, e tornou-se um factor de peso no declínio europeu. Os outros blocos não vão imitar a receita e assim evitam o desastre. Os políticos europeus comprometeram-se com a utopia. Agora, vão pela pia...              Madalena Magalhães Colaço: Ursula e Biden/Kamala entenderam-se às mil maravilhas. Ursula fechou os olhos à política externa dos EUA em relação à Europa que consiste: Não permitir que a Rússia fornecesse gás abundante e barato à Europa. Provas, 3 meses antes da invasão russa Biden numa entrevista diz à jornalista que o Nordstream II vai ser destruído, resposta que espantou a jornalista e que lhe pergunta como é possível isso. Biden, percebendo que divulgou algo que não podia diz-lhe : vai ver, vai ver. No documentário sobre o luso-descendente Jack Teixeira, que passou na RTP, preso por divulgar informação confidencial dos EUA, entre a informação divulgada está a divulgação de que os russos vão entrar em guerra, isto uns meses antes de começar a guerra. Privados do gás russo barato, as consequências estão à vista, uma Alemanha que se afunda pois o seu tecido industrial não consegue pagar a energia comprada aos  EUA. Melloni, que não dorme em serviço, e o que a preocupa é o povo italiano, já veio dizer que quer o gás russo. Quem está a destruir a Europa é a elite que nos governa na União Europeia.                 Gabriel Madeira > observador censurado: Esqueceu-se de outras pérolas: Ana Catarina Mendes e Catarina Martins. O Sebastião, mesmo assim, ainda tem outro discurso.                 Rui Carvalho: Excelente texto... devia ser entregue a todos os politoos que nos governam na Europa, incluindo Montenegro e PNS para ver se abrem os olhos, mas infelizmente continuamos a votar nos mesmos que nos trouxeram até aqui. Somos um povo pouco inteligente, socialismo e social democracia se não forem travados vão destruir a Europa.             Ana Maria Caldeira: Isso. Excelente!! Como habitualmente.               BOSS sa: Que esperar da Europa que nomeia para presidente do conselho europeu o António Costa? Apenas esperar que se engasgue com espinha no croquete                 Coxinho: Se a democracia permite a ascensão de manhosos incompetentes como é o caso de Costa e o socialismo implica o embrutecimento e o empobrecimento da população, parece que estamos colocados entre a espada e a parede. Como sair desta ??            Manuel Magalhaes: A UE é um saco cheio de ego e de directivas a maioria das quais inúteis, o resultado está à vista mas pelos vistos assim iremos continuar, não temos políticos à altura para darem uma chicotada nisto tudo…                        Carlos Dias: Excelente texto como é habitual. Ver o nosso País de fora para dentro é uma visão muito mais completa. E ver a Europa de outro continente mostra-nos como realmente somos em termos de desenvolvimento. Há 500 anos tínhamos governantes que pensavam o nosso País a muitos anos de distância. Hoje parece-me que só pensam como manter-se no poder ou na crista da onda. E a escolha de António Costa para o cargo que está deixou-me estupefacto. Na nossa Europa não havia melhor?                   josé cortes: Cristalino. Venha um Milei!!! Ouvir Milei em Davos 2024                     Lourenço de Almeida > Carlos Chaves: A culpa é nossa! O Costa foi lá posto por nós, tal como as máscaras na tromba das crianças fomos nós que pusemos. Fomos nós que lhes fechámos as escolas durante mais de um ano e fomos nós que votámos naqueles que acabaram com as parcerias como o Hospital de Braga e um monte de outros que funcionavam melhor e com menos custos para os contribuintes do que os hospitais geridos pelo Estado. Tal como somos nós que aceitamos que os americanos andem a ver como vão ter energia mais barata, como viver melhor e como chegar a Marte, enquanto os nossos representantes se entretêm a legislar sobre as tampinhas de plástico dos refrigerantes e sobre a forma de tratar adolescentes que para além de não saberem ler ou escrever, também não sabem se são homens ou mulheres.                Américo Silva: A Europa está em declínio porque é governada por uma tralha elitista antidemocrática tutelada pelos USA que não usa os recursos energéticos e minerais que lhe são oferecidos pela Rússia a baixo preço; anões políticos, como Hollande, Barroso, Merkel e outros, destruíram a capacidade industrial, nuclear e digital europeia; e o feminismo é estéril.            Antonio Rodrigues: Uma feliz síntese do resultado de um século woke e governo socialista Europeu.                Lourenço de Almeida > Rui Carvalho: O problema não é dos políticos que não são uma raça distinta dos cidadãos. O problema é dos cidadãos que elegem esses políticos. Foram os cidadãos que incentivaram e apoiaram a pouca vergonha das limitações impostas a propósito do covid, como são os cidadãos que não votam nos políticos que fizerem o que tem que ser feito, como refere o artigo. A culpa de tudo ser do Dr. Salazar já lá vai. É nossa mesmo!           GateKeeper: Correcto e afirmativo, à excepção, na minha opinião, do "atraso" na inovação e "tecnologias virtu-artificiais", que eu, pessoalmente até acho benéfico. Mas, a "acomodação" aos "regimes caducos de clientela", prepara, "em grande", o nosso "funeral" económico-social-politico; casadinhos de fresco com o miserável /pobre imediatismo mental d'ecrã vigente, temos à nossa frente um futuro "buraco negro". Por mim, já pouca coisa me preocupa, mas pelos meus filhos e netos... Receio o futuro.        AFJ: Os políticos já bateram contra a parede, mas a população ainda não. Só quando isso acontecer é que a população vai exigir outras políticas. É igual em todo o lado.                   João Floriano: Mas preocupações para quê? Temos António Costa no comando. Durante anos Costa falou-nos de um Portugal que só existia na sua imaginação. Agora é só aplicar a mesma técnica no Parlamento e Conselho Europeu com doses elevadas de optimismo irritante. Afinal não há grande diferença entre o Parlamento Europeu e o Parlamento em S. Bento. Pode ser mais numeroso em Bruxelas (720) quando em S. Bento são 230, mas não são muito diferentes e se procurarmos bem até lá vamos encontrar o mesmo tipo de mentalidade como prova Junckers citado por JMAlmeida: o que interessa é não perder eleições mesmo que se perca a Europa. Amanhã como habitualmente vou ver o Contrapoder.           Lourenço de Almeida > Tim do A: Porque é que o Trump há-de fazer isso?! Enquanto a Europa for socialista, os USA terão sempre um manancial inesgotável de compradores acéfalos e de imigrantes inteligentes e com iniciativa cujas entradas passarão a filtrar de acordo com o que lhes fizer falta.             GateKeeper > Vitor Batista: A Europa /, UE/EU, actualmente, já é Irrelevante.

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