sábado, 11 de janeiro de 2025

A babugem da hipocrisia

 

Exemplarmente desmascarada por alguém inteligente e sábio, que não vai nas cantigas do artificialismo falsamente piedoso desses tolos verdadeiramente exemplares na sua toleima hipócrita e maldosa.

Os lugares importam bem

Era encostar-nos todos à parede

Chegamos a um tempo em que discordar da violação em massa e impune de crianças e adolescentes é ser de “extrema-direita”, logo “racista”.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 11 jan. 2025, 00:227

Escrevo na sexta. No Sábado de tarde haverá uma manifestação no Martim Moniz. O lema da manifestação, organizada e participada exactamente por quem vocês estão a pensar, é “Não nos encostem à parede”. Julgo que alguns dos manifestantes nem precisarão de se deslocar até ao Martim Moniz: aparentemente, ainda não saíram de lá desde que, em 19 de Dezembro, um grupo de polícias encostou de facto duas dúzias de sujeitos à parede e apreendeu uma pequena quantidade de armas, drogas, produtos roubados e artigos contrafeitos, além de um par de cidadãos procurados ou suspeitos.

Políticos de esquerda, “jornalistas” de esquerda e outras criaturas naturalmente de esquerda e relativamente públicas andam há quase um mês a divulgar nas “redes sociais” fotografias deles próprios em visita turística à popular praça, incluindo “selfies” junto da população residente, assaz evocativas dos retratos em que os colonos de África posavam ao lado dos nativos. Uns tantos, a fim de exibir propensão extra pela multiculturalidade, mostram-se a sorrir de inexcedível satisfação nos restaurantes locais. E se é agradável descobrir parceiros de devoção pelo caril e pelo piripíri, as especiarias supremas, receio que nem todos possuam estômagos habilitados.

Os multiculturalistas que, por dificuldades de agenda, geografia, vontade ou digestão, não foram ao Martim Moniz em carne e osso, pairam por lá em espírito. o ao Holocausto, que como se sabe consistiu em averiguar se os judeus da Europa ocupada traziam navalhas e haxixe.

É interessante notar que a sensibilidade dessas almas não se manifestou, literal e figurativamente, aquando de operações similares, no Martim Moniz e onde calhou, sob a vigência de governos socialistas. Decerto, e para citar a sempre pertinente Mariana Mortágua, as operações em causa não se enquadravam na corrente “campanha racista” e “de ódio”. Só o racismo e o ódio justificam que as autoridades provoquem semelhante alarido numa zona que, ao longo de dois anos inteirinhos, apenas testemunhou 52 crimes violentos, centenas de casos de desordem e, as fontes variam, talvez um homicídio. Ou seja, uma manhã sossegada nos melhores bairros de Caracas. “Não há associação entre criminalidade e imigração”, diz a dra. Mariana.

O que às vezes parece haver, e a dra. Mariana não diz, é uma associação entre criminalidade e determinadas ruas cujos transeuntes e habitantes são, em razoável medida, imigrantes. Admito que se trate de acaso. A realidade é fértil em acasos. No Reino Unido, e sem dúvida casualmente, pelo menos entre 1997 e 2013 gangues traficaram, torturaram e violaram milhares e milhares de meninas “brancas” nascidas no que antigamente se chamava as classes baixas. Por acaso, os gangues eram compostos quase na totalidade por paquistaneses e na totalidade por muçulmanos. Por acaso, polícias, juízes, administração pública, políticos e “media” desvalorizaram o assunto, abafaram o assunto e conspiraram para intimidar os escassos excêntricos que achavam o assunto relevante, incluindo, com cínica frequência, as vítimas. Por acaso, sucessivos relatórios e inquéritos oficiais foram iniciados e concluídos sem consequências notórias, excepto a noção de que as atrocidades ficariam na vasta maioria sem castigo. Por acaso, somente uma percentagem residual dos criminosos foi condenada, poucos aqueceram uma cela prisional e, ao que consta, nenhum acabou extraditado. Por acaso, por boa parte do período em questão o responsável pela investigação dos crimes públicos era Keir Starmer, entretanto promovido a primeiro-ministro de um governo que prende perpetradores de frases “ofensivas” na internet. Por acaso, a portentosa miséria moral de tudo isto, que a lenda do convívio harmonioso de culturas distintas esmagou e esqueceu, regressou à actualidade após uns “tweets” recentes de Elon Musk, que o sr. Starmer se apressou a integrar na “extrema-direita”. Por acaso, chegamos a um tempo em que discordar da violação em massa e impune de crianças e adolescentes é ser de “extrema-direita”, logo “racista”, logo “fascista”, logo – cá vai – “Hitler”, o exacto “Hitler” que apoia o aumento da segurança no Martim Moniz.

Mas não é por acaso que misturo ambos os temas. Nos últimos dias, muitos dos cavalheiros e das senhoras que daqui a horas se manifestarão em Lisboa não deixaram, nos intervalos do kebab, de repescar o escândalo britânico para reproduzir – nos jornais, nas televisões, nas “redes sociais” – os argumentos (digamos assim) dos trabalhistas: o problema não é a violação social e racialmente selectiva de menores de idade e a respectiva cumplicidade dos diversos poderes, e sim o “aproveitamento” que Musk e a “extrema-direita” fazem de tal insignificância. É essa gente que hoje vai desfilar a partir da Almirante Reis, a soltar guinchos alusivos à “injustiça” e à “discriminação”, ao “medo” e à “vergonha”,  ao “racismo” e aos “direitos humanos”.

Não vale a pena notar que essa gente, cá e lá, é doentiamente hipócrita e, suspeito, sinceramente doente. Vale a pena notar que essa gente, que escorre virtude postiça e desumanidade autêntica, despreza por cálculo as infelizes estupradas como, se lhes convier, despreza os imigrantes decentes ou os demais objectos da sua oportunista atenção. O apreço dessa gente esgota-se naqueles, e naquilo, que ajudem a destruir a sociedade que temos, a vida que levamos, as pessoas que somos. O sonho deles é encostar o nosso mundo à parede, e disparar de seguida. A fúria “inclusiva” não nos inclui.

ALERTAS ACTIVOS     IMIGRAÇÃO     MUNDO     EXTREMISMO     SOCIEDADE     CRIME

COMENTÁRIOS (de 11): (de

André Ondine: Não há socialista ou membro da bolha comentadora que não tenha nascido no Martim Moniz ou que não o frequente desde que nasceu. Mafalda Anjos, ex-Directora da quase extinta Visão, que comparou a acção do Martim Moniz ao Holocausto, mostra-nos fotos dela e da filha a almoçar no Martim Moniz, com a filha ao colo de um indiano que a serve com honra. Enfim, downton abbey chique a valer e multicultural para o povo ver. Miguel Prata Roque mostra fotos a passear no Martim, pleno de confiança (até porque rodeado de do inevitável aparelho e da insuportável JS) também ele frequentador assíduo desde petiz. Ana Gomes, ainda não gritava estridentemente e já andava pelo Benformoso. Vejam as fotos. Isabel Moreira, PNS, Mortáguas, Inês Pedrosa, Ana Catarina Mendes, a deputada Leitão, tudo gente que só não vota no Martim Moniz porque a lei é injusta. Quase que lá nasceram. Nem vale a pena falar dos senadores. Os chocados Cabrita, César, Ferro (talvez depois de inadvertidamente se deparar com a sua imagem ao espelho) e o exército das cartas abertas . Esses chocam-se sempre que o PS não está no poder… Hoje à tarde lá estarão, na manifestação dos que não querem ser encostados à parede durante governos de direita. Se for de esquerda, não há problema, vai de encostar que nem se fala disso. Quanto à bolha comentadora Marques Lopes Anjos Oliveira Jonet etc, esses, os que olham a realidade do quentinho das suas lareiras e do alto do seu saber, lá nos virão com as suas lições de moral sobre a justiça elementar desta manifestação onde só não puderam estar porque estavam no Lux a preparar a cartilha da lição desta semana.

Maria Paula Silva > André Ondine: Excelente, o seu comentário! Um excelente complemento ao artigo!

Eduardo Cunha: Excelente crónica. Parabéns. 

Maria Paula Silva: Mas que tempos loucos e doentios vivemos. E o ano promete. Como dizem alguns bons astrólogos para 2025: "apertem os cintos, que isto vai redemoinhar!" Muito boa crónica, AG!

José Paulo Castro: Os ataque da esquerda é à direita, especialmente à que a incomoda mais. Não lhe interessam os imigrantes, tal como as mulheres que abortam - tema desta semana - e os pobres que usam para justificar aumento de impostos. O que interessa é usar essas pessoas para atacar a direita. São pretextos escolhidos a dedo para justificar as políticas opostas às da direita. E fingirem que as soluções de esquerda funcionam...

F. Mendes: Excelente artigo. Do melhor que tenho lido por aqui. O último parágrafo diz tudo; de forma muito simples, põe a nu esta ameaça: a esquerda finge-se tão preocupada em defender minorias, supostamente inofensivas, que abre caminho à discriminação lesiva e à diabolização dos Europeus, nos seus próprios países, e sem direito a protestar o que lhes vai na alma. Quem perde, em primeira linha, é quem vive fora das bolhas urbanas ou suburbanas. O caso Britânico é absolutamente chocante, porque mostra bem como ser branco e Cristão se está a tornar um estigma e factor de vulnerabilidade, em várias zonas da Europa. Ou o combate firme a esta praga é tomado a sério pelos partidos tradicionais, ou a democracia vai ao fundo.

observador censurado: Algum jornalista perguntou à sra. Mariana ou a um dos seus principais seguidores o que tem a dizer às raparigas que foram violadas por imigrantes da "religião da paz"? Esse jornalista existe ou não existe porque seria despedido?

Carlos L > André Ondine: Concordo. Muito bom

Nenhum comentário: