Um
historial profundamente objectivo segundo uma visão honesta – e séria – de uma
realidade que só não aceitam os da parcialidade “devotamente” perversa. Também
fico grata ao Coronel Comando JOSÉ ANTÓNIO
RODRIGUES DO CARMO, pela sua coragem e lucidez crítica, de um português
de lei.
Balanço em Gaza
A cobertura mediática foi, é e será hostil a Israel. A maioria dos
jornalistas está formatada na ideologia do marxismo cultural e tende a aderir
às narrativas maniqueístas típicas dessa visão do mundo
JOSÉ ANTÓNIO
RODRIGUES DO CARMO Coronel "Comando"
OBSERVADOR, 18 jan. 2025, 00:1321
A 15 de Janeiro a SIC Notícias
juntou num painel de comentadores, a propósito das notícias de um cessar-fogo
em Gaza, Maria João Tomás, Henrique Cymerman
e Rui Cardoso.
Maria João Tomás e Rui Cardoso não
disfarçavam a profunda hostilidade a Israel, centrada
no “Netaniau”, como balbuciava MJT, entre um elogio ao Hamas e a culpa do
“Netaniau”. Rui Cardoso, que
parece gostar tanto de Israel como de Trump, negava até que este tivesse algum
mérito no acordo, o que está a léguas da verdade.
Mas enfim, trata-se da SIC Notícias
que, no campeonato do comentário sectário e medíocre, compete taco a taco com a
CNN Portugal.
Relativamente ao assunto em si o que
se me oferece dizer é que o acordo, por aquilo que se conhece, é francamente
mau para Israel, a saber:
1Aceitar
trocar reféns por milhares de criminosos e prisioneiros de guerra, é obsceno Obsceno
porque os reféns são civis raptados das suas casas e tem efeitos perversos. Não
estão no mesmo plano legal e ético que os criminosos e prisioneiros de guerra. Além
disso, a libertação dos reféns a conta-gotas, ao longo de mais de um mês, e sem
se saber quem são, ou se estão vivos ou mortos, é uma crueldade sem nome para
as famílias.
Perverso porque o facto de esta barganha acontecer
diz ao Hamas que a táctica de raptar civis funciona cada vez melhor e o crime
de guerra compensa. Há uns anos, Israel trocou 1000 jihadistas, entre os
quais Sinwar, por 1 soldado israelita. O resultado do negócio foi a morte de
milhares de israelitas e o rapto de mais de 200.
Numa próxima oportunidade, o Hamas
irá raptar duas vezes mais pessoas. E irá haver próxima oportunidade, se o
acordo fizer o seu caminho.
Ontem
mesmo Khalil al-Hayya, o principal negociador do Hamas, elogiou o massacre de 7
de outubro como uma “conquista militar” e “uma fonte de orgulho para o nosso
povo para ser transmitido de geração em geração”. E reiterou que o Hamas
continuará a ter como objectivo a destruição de Israel. Ou seja,
se depender do Hamas, o jogo recomeçará assim que possível.
2Israel abdica formalmente da
destruição do Hamas, justamente no momento em que este estava reduzido a um
ajuntamento de homens armados, escondidos e apenas com capacidade para pequenas
acções de flagelação. É
como, numa luta de rua, ter o adversário a cambalear sob o efeito de um golpe e
dar-lhe tempo e espaço para se reequilibrar. Se o acordo fizer o seu caminho, o
mais provável é que o Hamas se reorganize e se prepare para o próximo round que irá implicar os habituais lançamento de
mísseis, a construção de túneis, e o reforço das tácticas “vencedoras”, como o
rapto de civis, a utilização ainda mais intensiva de escolas, hospitais e
mesquitas, e a produção cénica do caos, para insuflar o sentimento antissemita
no Ocidente.
A população de Gaza será mais uma vez usada como carne para canhão e
escudo humano, e Guterres voltará a
agarrar o microfone para produzir as suas platitudes antissemitas.
Israel conduziu em Gaza uma operação
notável. Combatendo numa área de grande densidade urbana, com o
inimigo entrincheirado em túneis, casas e estruturas civis, conseguiu neutralizar
as unidades operacionais do Hamas com perdas mínimas. Para se ter uma ideia, a Rússia perde num
único dia de combates na Ucrânia quatro vezes mais soldados do que Israel
perdeu desde que entrou em Gaza.
As baixas civis foram também
minimizadas para um ratio que demonstra por si só a intenção israelita de fazer
a guerra com o maior respeito possível pelo jus in belo.
3Apesar disto tudo o Hamas continua a
ser capaz de lançar alguns mísseis. Era algo esperado. Há ainda lançadores
enterrados e accionados à distância. Descobri-los todos é como procurar agulhas
em palheiros, ou seja, é um processo moroso que agora se interrompe. Se os
dirigentes do Hamas e os outros jihadistas do bairro, face à devastação de
Gaza, perdessem a ligeireza com que puxam os gatilhos, seria possível construir
um futuro pacífico, mas não creio que tal vá acontecer para já, porque o
fanatismo religioso não se detêm frente à razão.
Em termos puramente racionais, a
estratégia do Hamas não levou a nada de palpável, excepto a libertação de uns
milhares de jihadistas, a maioria dos quais capturados neste mesma guerra. Não
“libertou” território, não destruiu Israel, levou à desarticulação da sua
organização militar, à morte de vários líderes, à devastação do seu território,
ao sofrimento da sua população. Não há instituições que possam cuidar das
populações e a única autoridade visível é representada pelos canos das
espingardas dos terroristas que de vez em quando se mostram nas ruas.
É
verdade que o “Eixo da Resistência” clama vitória, desde o aiatola Khamenei aos
Houthis, passando por uma parte significativa da “rua muçulmana”. Mas para além da retórica destinada a dourar a pílula,
os aiatolas têm plena consciência de que o Grande Plano de Qasem Soleimani, de
cercar e atacar Israel em múltiplas frentes, não só falhou como fez ricochete e
destruiu o dispendioso dispositivo que levou tantos anos a instalar. O
Hezbollah foi derrotado, o Líbano está no caminho certo para se libertar do
abraço iraniano, a Síria já não é um peão e os Houthis enfrentam agora uma
conjuntura na qual a nova Administração americana não deverá arrastar os pés
face às diatribes comandadas de Teerão. O regime dos aiatolas está num dos seus
momentos de maior fraqueza, perdeu prestígio e força, e não controla os
acontecimentos.
4A única verdadeira vitória do Hamas
foi, em termos práticos, o fenómeno das manifestações contra Israel,
desencadeadas por grupelhos de extrema-esquerda, grupos neonazis e
simpatizantes do islamofascismo, um pouco por todo o mundo. Apesar de serem comportamentos pavlovianos
esperados, que ocorrem sempre em resposta ao estímulo certo, em indivíduos
condicionados a tal, como por exemplo a Srª Mortágua,
a sua inusitada virulência pôs a nu uma preocupante fraqueza das democracias
liberais: a estupidez militante à solta, ao serviço do velho
demónio do antissemitismo.
5De um modo geral a cobertura
mediática foi, é e será hostil a Israel, o que também não constitui novidade. A maioria dos jornalistas está formatada
nas ignaras ideologias do marxismo cultural e tende a aderir em rebanho às
narrativas maniqueístas e moralizadoras típicas destas visões do mundo,
resistindo bastante a equacionar o problema tal qual ele é: um país a exercer o
seu legítimo direito de autodefesa perante uma continuada agressão
de um grupo terrorista que actua às ordens do Irão.
6O que terá levado Israel a aceitar
este acordo nesta altura, terá sido, a meu ver, a pressão diplomática,
particularmente a intervenção de Trump. Este acordo, no seguimento da publicitada ameaça ao Hamas, reforça a
sua credibilidade no plano das relações internacionais e permite-lhe o seu
“momento Reagan”, quando este sucedeu a Carter e obteve, no dia anterior a
libertação dos reféns americanos em Teerão.
Creio que o governo israelita, apesar de
uma apurada noção de que as suas necessidades de segurança não são salvaguardadas
neste acordo, considerou vantajoso dar esta “prenda” ao novo Presidente
americano, eventualmente em troca de um maior apoio ou liberdade de acção para
futuras operações relacionadas com as ameaças existenciais que continuam a
pairar sobre a região. De
qualquer modo o acordo parece preso por arames e a sua implementação suscita
diversas questões que irão, a meu ver, propiciar de imediato miríades de
violações e interpretações.
Para já, em concreto ficam ainda mais de
60 cidadãos israelitas em mãos do Hamas, milhares de jihadistas sairão
das prisões e voltarão ao seu “trabalho”, o Hamas continuará a controlar a
população de Gaza à coronhada e a tiro, os comentadores da SIC N e da CNN
Portugal continuarão a balbuciar inanidades, o Exército israelita permanecerá
dentro do território e olhos de Israel estarão permanentemente a perscrutar o
que acontece, na postura “deixa-os poisar”.
Não
sou profeta, mas a linha que separa o sucesso do insucesso é muito ténue e
creio que não passará muito tempo até que as espingardas voltem a fazer-se
ouvir. E dessa vez não haverá contemplações, porque a prova “real” estará
feita, mesmo que Guterres persista no uso da picareta falante que empunha
quando Israel lhe aparece no círculo etéreo da sinalização de virtude.
CONFLITO
ISRAELO-PALESTINIANO MUNDO MÉDIO ORIENTE
COMENTÁRIOS (de 21)
Rui Lima: As democracias são sempre obrigadas a ceder a sua 5.ª
coluna trabalha contra os interesses da nação, com Israel é pior: além do
interior tem o ódio da esquerda mundial . Os defensores de Israel são os
últimos heróis do Ocidente.
Abilio Silva: Obrigado Snr Coronel. Mais uma vez muito assertivo
neste assunto do médio oriente. Aguardemos pelos próximos capítulos que serão
certamente ditados pelo próximo Presidente dos Usa que neste particular do
médio oriente terá uma importância fulcral tal e qual como o Reagan resolveu o
problema dos reféns americanos mesmo antes de tomar posse. Lily Lx: Long
live Israel. Jose Carmo > João Cunha-Rêgo: Este "Novo Assinante" é provavelmente um bot
automático. Surge em certos artigos e agrega automaticamente dezenas de
"likes". A fraseologia é sempre igual. José B Dias: Mas enfim, trata-se da SIC Notícias que, no campeonato
do comentário sectário e medíocre, compete taco a taco com a CNN Portugal. Uma enorme verdade ... tal como o facto de o Acordo
não ser mesmo grande coisa para Israel e assim apenas vir a servir de pausa e
não término.
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