domingo, 19 de janeiro de 2025

Verdades como punhos


Um historial profundamente objectivo segundo uma visão honesta – e séria – de uma realidade que só não aceitam os da parcialidade “devotamente” perversa. Também fico grata ao Coronel Comando JOSÉ ANTÓNIO RODRIGUES DO CARMO, pela sua coragem e lucidez crítica, de um português de lei.

Balanço em Gaza

A cobertura mediática foi, é e será hostil a Israel. A maioria dos jornalistas está formatada na ideologia do marxismo cultural e tende a aderir às narrativas maniqueístas típicas dessa visão do mundo

JOSÉ ANTÓNIO RODRIGUES DO CARMO Coronel "Comando"

OBSERVADOR, 18 jan. 2025, 00:1321

A 15 de Janeiro a SIC Notícias juntou num painel de comentadores, a propósito das notícias de um cessar-fogo em Gaza, Maria João Tomás, Henrique Cymerman e Rui Cardoso.

Maria João Tomás e Rui Cardoso não disfarçavam a profunda hostilidade a Israel, centrada no “Netaniau”, como balbuciava MJT, entre um elogio ao Hamas e a culpa do “Netaniau”. Rui Cardoso, que parece gostar tanto de Israel como de Trump, negava até que este tivesse algum mérito no acordo, o que está a léguas da verdade.

Mas enfim, trata-se da SIC Notícias que, no campeonato do comentário sectário e medíocre, compete taco a taco com a CNN Portugal.

Relativamente ao assunto em si o que se me oferece dizer é que o acordo, por aquilo que se conhece, é francamente mau para Israel, a saber:

1Aceitar trocar reféns por milhares de criminosos e prisioneiros de guerra, é obsceno Obsceno porque os reféns são civis raptados das suas casas e tem efeitos perversos. Não estão no mesmo plano legal e ético que os criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, a libertação dos reféns a conta-gotas, ao longo de mais de um mês, e sem se saber quem são, ou se estão vivos ou mortos, é uma crueldade sem nome para as famílias.

Perverso porque o facto de esta barganha acontecer diz ao Hamas que a táctica de raptar civis funciona cada vez melhor e o crime de guerra compensa. Há uns anos, Israel trocou 1000 jihadistas, entre os quais Sinwar, por 1 soldado israelita. O resultado do negócio foi a morte de milhares de israelitas e o rapto de mais de 200.

Numa próxima oportunidade, o Hamas irá raptar duas vezes mais pessoas. E irá haver próxima oportunidade, se o acordo fizer o seu caminho.

Ontem mesmo Khalil al-Hayya, o principal negociador do Hamas, elogiou o massacre de 7 de outubro como uma “conquista militar” e “uma fonte de orgulho para o nosso povo para ser transmitido de geração em geração”. E reiterou que o Hamas continuará a ter como objectivo a destruição de Israel. Ou seja, se depender do Hamas, o jogo recomeçará assim que possível.

2Israel abdica formalmente da destruição do Hamas, justamente no momento em que este estava reduzido a um ajuntamento de homens armados, escondidos e apenas com capacidade para pequenas acções de flagelação. É como, numa luta de rua, ter o adversário a cambalear sob o efeito de um golpe e dar-lhe tempo e espaço para se reequilibrar. Se o acordo fizer o seu caminho, o mais provável é que o Hamas se reorganize e se prepare para o próximo round  que irá implicar os habituais lançamento de mísseis, a construção de túneis, e o reforço das tácticas “vencedoras”, como o rapto de civis, a utilização ainda mais intensiva de escolas, hospitais e mesquitas, e a produção cénica do caos, para insuflar o sentimento antissemita no Ocidente.

A população de Gaza será mais uma vez usada como carne para canhão e escudo humano, e Guterres voltará a agarrar o microfone para produzir as suas platitudes antissemitas.

Israel conduziu em Gaza uma operação notável. Combatendo numa área de grande densidade urbana, com o inimigo entrincheirado em túneis, casas e estruturas civis, conseguiu neutralizar as unidades operacionais do Hamas com perdas mínimas. Para se ter uma ideia, a Rússia perde num único dia de combates na Ucrânia quatro vezes mais soldados do que Israel perdeu desde que entrou em Gaza.

As baixas civis foram também minimizadas para um ratio que demonstra por si só a intenção israelita de fazer a guerra com o maior respeito possível pelo jus in belo.

3Apesar disto tudo o Hamas continua a ser capaz de lançar alguns mísseis. Era algo esperado. Há ainda lançadores enterrados e accionados à distância. Descobri-los todos é como procurar agulhas em palheiros, ou seja, é um processo moroso que agora se interrompe. Se os dirigentes do Hamas e os outros jihadistas do bairro, face à devastação de Gaza, perdessem a ligeireza com que puxam os gatilhos, seria possível construir um futuro pacífico, mas não creio que tal vá acontecer para já, porque o fanatismo religioso não se detêm frente à razão.

Em termos puramente racionais, a estratégia do Hamas não levou a nada de palpável, excepto a libertação de uns milhares de jihadistas, a maioria dos quais capturados neste mesma guerra. Não “libertou” território, não destruiu Israel, levou à desarticulação da sua organização militar, à morte de vários líderes, à devastação do seu território, ao sofrimento da sua população. Não há instituições que possam cuidar das populações e a única autoridade visível é representada pelos canos das espingardas dos terroristas que de vez em quando se mostram nas ruas.

É verdade que o “Eixo da Resistência” clama vitória, desde o aiatola Khamenei aos Houthis, passando por uma parte significativa da “rua muçulmana”. Mas para além da retórica destinada a dourar a pílula, os aiatolas têm plena consciência de que o Grande Plano de Qasem Soleimani, de cercar e atacar Israel em múltiplas frentes, não só falhou como fez ricochete e destruiu o dispendioso dispositivo que levou tantos anos a instalar. O Hezbollah foi derrotado, o Líbano está no caminho certo para se libertar do abraço iraniano, a Síria já não é um peão e os Houthis enfrentam agora uma conjuntura na qual a nova Administração americana não deverá arrastar os pés face às diatribes comandadas de Teerão. O regime dos aiatolas está num dos seus momentos de maior fraqueza, perdeu prestígio e força, e não controla os acontecimentos.

4A única verdadeira vitória do Hamas foi, em termos práticos, o fenómeno das manifestações contra Israel, desencadeadas por grupelhos de extrema-esquerda, grupos neonazis e simpatizantes do islamofascismo, um pouco por todo o mundo. Apesar de serem comportamentos pavlovianos esperados, que ocorrem sempre em resposta ao estímulo certo, em indivíduos condicionados a tal, como por exemplo a Srª Mortágua, a sua inusitada virulência pôs a nu uma preocupante fraqueza das democracias liberais: a estupidez militante à solta, ao serviço do velho demónio do antissemitismo.

5De um modo geral a cobertura mediática foi, é e será hostil a Israel, o que também não constitui novidade. A maioria dos jornalistas está formatada nas ignaras ideologias do marxismo cultural e tende a aderir em rebanho às narrativas maniqueístas e moralizadoras típicas destas visões do mundo, resistindo bastante a equacionar o problema tal qual ele é: um país a exercer o seu legítimo direito de autodefesa perante uma continuada agressão de um grupo terrorista que actua às ordens do Irão.

6O que terá levado Israel a aceitar este acordo nesta altura, terá sido, a meu ver, a pressão diplomática, particularmente a intervenção de Trump. Este acordo, no seguimento da publicitada ameaça ao Hamas, reforça a sua credibilidade no plano das relações internacionais e permite-lhe o seu “momento Reagan”, quando este sucedeu a Carter e obteve, no dia anterior a libertação dos reféns americanos em Teerão.

Creio que o governo israelita, apesar de uma apurada noção de que as suas necessidades de segurança não são salvaguardadas neste acordo, considerou vantajoso dar esta “prenda” ao novo Presidente americano, eventualmente em troca de um maior apoio ou liberdade de acção para futuras operações relacionadas com as ameaças existenciais que continuam a pairar sobre a região. De qualquer modo o acordo parece preso por arames e a sua implementação suscita diversas questões que irão, a meu ver, propiciar de imediato miríades de violações e interpretações.

Para já, em concreto ficam ainda mais de 60 cidadãos israelitas em mãos do Hamas, milhares de jihadistas sairão das prisões e voltarão ao seu “trabalho”, o Hamas continuará a controlar a população de Gaza à coronhada e a tiro, os comentadores da SIC N e da CNN Portugal continuarão a balbuciar inanidades, o Exército israelita permanecerá dentro do território e olhos de Israel estarão permanentemente a perscrutar o que acontece, na postura “deixa-os poisar”.

Não sou profeta, mas a linha que separa o sucesso do insucesso é muito ténue e creio que não passará muito tempo até que as espingardas voltem a fazer-se ouvir. E dessa vez não haverá contemplações, porque a prova “real” estará feita, mesmo que Guterres persista no uso da picareta falante que empunha quando Israel lhe aparece no círculo etéreo da sinalização de virtude.

CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO      MUNDO      MÉDIO ORIENTE

COMENTÁRIOS (de 21)

Rui Lima: As democracias são sempre obrigadas a ceder a sua 5.ª coluna trabalha contra os interesses da nação, com Israel é pior: além do interior tem o ódio da esquerda mundial . Os defensores de Israel são os últimos heróis do Ocidente.                 Abilio Silva: Obrigado Snr Coronel. Mais uma vez muito assertivo neste assunto do médio oriente. Aguardemos pelos próximos capítulos que serão certamente ditados pelo próximo Presidente dos Usa que neste particular do médio oriente terá uma importância fulcral tal e qual como o Reagan resolveu o problema dos reféns americanos mesmo antes de tomar posse.                Lily Lx:  Long live Israel.               Jose Carmo > João Cunha-Rêgo: Este "Novo Assinante" é provavelmente um bot automático. Surge em certos artigos e agrega automaticamente dezenas de "likes". A fraseologia é sempre igual.              José B Dias: Mas enfim, trata-se da SIC Notícias que, no campeonato do comentário sectário e medíocre, compete taco a taco com a CNN Portugal. Uma enorme verdade ... tal como o facto de o Acordo não ser mesmo grande coisa para Israel e assim apenas vir a servir de pausa e não término.

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