quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Abandonados

 

Primeiro por Passos Coelho, que condenamos por egoísmo, e falha ao dever pátrio, como não o fez nos tempos de Primeiro-Ministro - necessário, sine qua non. Se Portas não se sacrificar também, hoje, como principal figura representativa da Nação Portuguesa, sentimo-nos, de facto, arrumados, na torpeza do saguão. Condenamos o PSD pela falta de gosto e de respeito pela representatividade do seu país, Luís Montenegro, como sempre, fabricando o seu percurso governativo, sem jamais se justificar perante a Nação, que devia respeitar mais, em vez de impor o seu sorriso de eficiência, sem “água vai”. Paulo Portas tem o dever moral de nobremente se propor como Presidente desta pobre REPÚBLICA, que merece não ser joguete de mercenarismos toscos ou de vaidades ocasTenho a certeza de que nenhum desses factores pesará na decisão de Paulo Portas.

Portas continua em ponderação TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Atentos a Mendes, apoiantes de Portas ainda acreditam em janela de oportunidade para Belém

Portas continua em ponderação. Apoiantes admitem que apoios do PSD a Marques Mendes afunilam o cenário, mas desaconselham pressa. E acreditam que Portas ainda pode ter espaço para ser via alternativa.

MARIANA LIMA CUNHA: TEXTO

OBSERVADOR, 22 jan. 2025, 19:4615

O tabuleiro presidencial parece começar a arrumar-se, mas há quem deixe um aviso à navegação: é cedo para dar as contas aos candidatos a Belém por encerradas. Entre portistas, e com Paulo Portas a manter-se calado e em fase de ponderação, a convicção é essa: não só as hipótese de o antigo líder do CDS vir a ser candidato presidencial não estão esgotadas como existe uma possibilidade de que ainda possa vir a aparecer daqui a uns meses como uma via alternativa para a direita, caso os primeiros candidatos desiludam.

A dificuldade para que um nome alternativo no espaço à direita surja é óbvia: nesta altura, as fileiras do PSD cerram-se cada vez mais à volta de Luís Marques Mendes. Se há meses já se calculava que o antigo líder social-democrata fosse o preferido da linha oficial do PSD, nos últimos tempos os sinais têm sido claros e passam uma mensagem evidente ao partido e ao país: em pouco mais de uma semana, Marques Mendes foi aclamado num evento com autarcas onde apareceu ao lado de Luís Montenegro, recebeu um apoio expresso do secretário-geral do partido, Hugo Soares, e somou outro do autarca de Lisboa, Carlos Moedas.

A primeira conclusão é fácil de tirar: o espaço à direita apertou e não é favorável a que mais candidatos — e logo um do CDS, que faz parte da coligação que governa com o PSD — entrem na corrida. Mas, com Portas a ponderar, o portismo pede calma. E paciência. Nem tudo está perdido, acredita-se entre os fiéis de Portas, e a precipitação dos primeiros possíveis candidatos — Marques Mendes e Gouveia e Melo parecem mais adiantados — pode ser má conselheira.

“De repente os partidos é que escolhem os candidatos? Não é assim que se faz uma eleição presidencial”, atira fonte próxima de Portas. Aliás, neste círculo tem-se insistido sempre que as eleições presidenciais não são partidárias e dependem muito mais do carisma e do élan da figura do que do peso do partido que tem por trás — uma ideia particularmente importante para quem apoia Portas, tendo em conta o diminuto peso eleitoral do CDS, conjugado com a convicção de que o ex-líder do partido conseguiria chegar bem além das fronteiras dos democratas-cristãos.

Foi, aliás, por isso que no CDS não demoraram a surgir críticas à pressa do PSD em definir, na moção estratégica apresentada por Luís Montenegro, que o partido deveria apoiar um militante, excluindo à partida opções fora das fileiras sociais-democratas. E é aqui que se volta a insistir: um apoio apressado e quase oficial de um partido a um candidato que ainda não está apresentado “é um erro” — “torna-o o um candidato desse partido, e não desse espaço político”, dificultando a tarefa de alargar o respectivo espaço eleitoral e conquistar novos adeptos no eleitorado.

Por isso, a ideia é que Portas faz bem em resguardar-se. E esperar com atenção, olhando para a performance dos primeiros rivais no terreno. “Podemos chegar a abril e ter eleitores que se sentem órfãos…”, sugere um fã de Portas, frisando que será importante avaliar primeiro como se portam figuras como Marques Mendes ou Gouveia e Melo na corrida presidencial em que deverão entrar, antes de entrar em precipitações. Ou seja, não é de aconselhar que Portas se auto-exclua sem ter a certeza de que não pode fazer parte da corrida como uma espécie de alternativa para eleitores de direita.

Além disso, as contas também são feitas tendo em conta o perfil dos potenciais rivais. Por um lado, existe o principal adversário neste espaço político, Marques Mendes, que já é bem conhecido do público e já vive um pico de notoriedade há longos anos — ou seja, deste lado acredita-se que terá mais dificuldades em crescer além dos números apontados pelas sondagens. Na última, da CNN, os dois não apareciam em posições muito distantes — Marques Mendes tinha 15% na categoria de respostas “votava de certeza”, Paulo Portas chegava aos 12%; ainda assim, Portas tinha uma percentagem de rejeição maior.

Marques Mendes soma cada vez mais apoios de figuras de relevo dentro do PSD - DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Além disso, quem defende uma candidatura de Portas também olha com algum cepticismo para os números bem adiantados de Gouveia e Melo (que nesta sondagem, como nas anteriores, aparece à frente e com 28% de intenções de voto “certas”), lembrando que o almirante ainda não começou a ser seriamente escrutinado nem questionado sobre o seu pensamento para o país — e que, assim sendo, partindo à frente ainda pode enfrentar uma queda considerável nas intenções de voto. “Nunca vi um candidato que ganhasse um ano antes das eleições…”, sugere uma fonte já citada.

No CDS já houve vozes que defenderam em público, como foi o caso de Diogo Feio, que o partido não teria hipótese se não apoiar o mesmo candidato que o PSD, sobretudo num momento em que ambos formam a Aliança Democrática. Mas mesmo entre quem tem essa opinião mantém-se o desejo de que Portas acabe por avançar e portanto esse dilema nem chegue a colocar-se. E as dúvidas sobre Mendes continuam a ouvir-se entre democratas-cristãos e portistas, que garantem que o apoio evidente da direcção do PSD ao antigo líder pode mostrar alguma “dessintonia” com o “PSD real”.

Além disso, será preciso que se definam outras variáveis à direita para perceber qual é o cenário real para as próximas presidenciais, avisa-se. Serão mesmo estes os nomes que avançarão para uma corrida a Belém? Que estragos poderá fazer André Ventura? Uma candidatura dos liberais poderá ‘roubar’ voto jovem? A exclusão de Mário Centeno da corrida, o nome que aparecia mais bem colocado nas sondagens na área do PS (fora António Costa e António Guterres), deixará mais espaço aos candidatos do centro para irem buscar votos (sendo que existem casos de portistas que até teriam admitido votar Centeno)?

Ainda falta muito tempo”, vai ouvindo o Observador. “Queimar tempo só vai dar mau resultado”. Gelo nos pulsos, confiança na ideia de que à direita as contas não estão fechadas. É isso que aconselham os mais próximos de Portas, que garantem que quem avançar já comete um “erro” — como se o primeiro milho fosse para os pardais e importasse guardar trunfos que podem ser importantes mais tarde, evitando um desgaste inicial desnecessário. Afinal, apesar de a bolha política e mediática se agitar fervorosamente quando se fala em Belém, falta um ano para as eleições. E quem quiser ser candidato tem de fazer contas à vida — sem precipitações.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS      ELEIÇÕES      POLÍTICA      PAULO PORTAS

COMENTÁRIOS (de 15)

Jorge Tavares: Intelectualmente, Portas é muito, melhor que Marques Mendes.

Ana Dias: Sem dúvida nenhuma, seria a pessoa mais inteligente e mais bem preparada para esse cargo. Estou convicta que o exerceria com muita dignidade e sabedoria.

P Ferreiro > Jorge Tavares: Portas assim como Vitorino são no campo democrático os presidenciáveis mais intelectualmente brilhantes e articulados. Portas tem carisma de sobra. Sabe estar. Tem educação de berço. Tem gosto impecável no vestir e nas artes. Não me envergonharia como Presidente. Apesar de alguns episódios que não são o melhor atestado de carácter e que só conheço da comunicação social teria o meu voto.

Nenhum comentário: