sábado, 28 de dezembro de 2024

A questão eterna


Da expectativa do final, num universo de absoluta incompreensão a respeito da vida e da morte. Mas talvez isso seja supérfluo, num viver de surpresa – e ignorância. Contentemo-nos com o que de bom nos traz a vida, nós próprios seus criadores, para uma continuidade de harmonia e também de revolta e dor. Para além da incompreensão. De surpresa constante, é certo, se bem pensarmos. Tantas vezes de gratidão pelo que essa vida nos trouxe. E traz. Acabo de seguir o programa “Em Casa de Amália”, na RTP e a sensação é de beatitude grata. Pela beleza criada, num conjunto de simpatia e de excelência de vozes e pessoas do nosso encanto. Um pós Natal de excelência, após o dia em que aqui em casa nos reunimos – avós, pais, filhos e netos. E isso foi o nosso encanto natalício, fora tantos mais momentos de diferente carisma, ao longo da vida, de que desconhecemos a essência, afinal, por vezes mesmo, com a crença num espírito superior a comandar – esse mesmo Deus, Criador do Céu e da Terra – e das nossas afeições e aflições. Mesmo sem a humildade dos pastores, como pede o autor da crónica, BRUNO BOBONE, no seu simpático texto. Não precisamos de ser tão humildes assim, respeitemo-nos. Mas também sem a arrogância criminosa dos putins da nossa surpresa e rancor, que perturbam as consciências, com um poder destruidor a merecer retaliação, isso sim, com todas as veras do nosso desprezo impotente. E insciente.

Natal

Que bom seria que neste ano novo que começa fôssemos como os pastores – gente humilde, de trabalho e cheios de boa vontade – e que nos juntássemos no Mundo inteiro a adorar a Deus e fizéssemos a paz.

BRUNO BOBONE Presidente do Grupo Pinto Basto

OBSERVADOR. 27 DEZ. 2024, 00:156

O dia em que os anjos anunciaram aos pastores “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade!”

Que bom seria que neste ano novo que começa fôssemos como os pastores – gente humilde, de trabalho e cheios de boa vontade – a quem fosse anunciada esta boa nova e que nos juntássemos no Mundo inteiro a adorar a Deus e assim fizéssemos a paz.

Estamos num Mundo que se gaba de ser cada vez mais desenvolvido, que se gaba de ser cada vez mais soberano, perdemos o tempo a desdenhar a obra de Deus e a tentar convencer-nos de que é ao Homem que compete decidir as normas da vida e o seu destino, mas nada fazemos por aquilo que nos foi revelado há mais de dois mil anos e que apenas nos pede que nos amemos uns aos outros.

Que a solução da felicidade no Mundo está ao nosso lado e passa apenas e só por amar aquele que está próximo de nós.

Na verdade, na maioria das vezes, as guerras resultam mais da vontade específica de uma ou poucas pessoas, que vão construindo uma retórica, que vai levando toda uma população a se tornar disponível para aceitar esse enorme sacrifício, quase sempre por razões de um poder que apenas serve, caso ganhe, ao promotor dessa mesma guerra.

Quando termina a guerra, sofre o povo que ganha e sofre mais aquele que perde.

Mas aquilo que não acontece é que se encontre vantagem para se ter iniciado essa guerra.

E esta realidade aplica-se à realidade de todas as religiões e à realidade daqueles que não têm religião.

Deus desceu à terra neste Natal, acreditam os cristãos.

Jesus veio à terra, era um profeta, acreditam os muçulmanos.

Jesus veio à terra, confirmam os historiadores e foi um homem que foi muito especial, ao ponto de ter todo este reconhecimento.

E disse-nos com muita simplicidade “deixo-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei!”

E usou a saudação “a paz esteja convosco”, como aquilo que mais urgentemente serve à humanidade.

Se fizermos um exame de consciência verificamos que, de todos aqueles que vivem ao nosso redor, poucos são os que conhecemos com pormenor, poucos aqueles a quem estamos dispostos a tratar como a nós mesmos e, menos ainda, aqueles por quem nos prejudicaríamos para que vivessem melhor.

Os cristãos têm a fé, que lhes dá a consciência das suas fraquezas e têm a consciência de que o perdão lhes permite recomeçar e voltar a tentar fazer bem.

O Natal é um momento de reviver o nascimento de Jesus.

É um tempo em que os países em guerra anunciam tréguas para se viver uns poucos momentos de paz.

É importante aproveitarmos este tempo para pensar verdadeiramente naquilo que é importante.

Que apenas importa olhar o outro com amor e que a paz é a principal necessidade para que tenhamos felicidade.

O Mundo não muda pela mudança de cada um de nós, mas cada um de nós pode fazer a diferença junto de todos os que nos rodeiam e assim, acabaremos por mudar o Mundo.

CRÓNICA     PAZ      MUNDO     NATAL     SOCIEDADE

COMENTÁRIOS (DE 6)

Francisco Almeida: Nem a tradição da trégua de Natal escapou. A Rússia, cristã, fez um ataque aéreo na madrugada do dia de Natal.                      Tim do A: E se Deus não existir?       Carminda Damiao > Tim do A: E se Deus existir como Jesus nos Revelou?                      Tim do A > Carminda Damiao: E se Jesus foi apenas um ser humano normal que criou uma religião com sucesso?         Carminda Damiao >Tim do A: Eu acredito plenamente em Jesus e sou católica praticante. Mas vejamos as duas hipóteses anteriores. Se Deus não existe, a fé das pessoas crentes foi em vão. Mas estas pessoas de fé (apesar do engano), tiveram uma vida igual (ou muito melhor),que os não crentes, por isso não perderam, ou até ganharam com a sua crença. Agora na hipótese de Deus existir, verificamos que os não crentes não têm uma vida melhor cá na Terra e terão uma vida de sofrimento na eternidade. O que é que acha?               Tim do A > Carminda Damiao: Concordo com o que escreveu excepto com a parte final. Os não crentes não têm necessariamente de ter uma vida pior na Terra. E, adicionalmente, não têm esperança na eternidade e, portanto, nem sofrimento.

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