É como nos sentimos, no conjunto. Salvam-se
as Helenas Garridos e C.ia, do
conhecimento e reflexão que apetecemos.
O Martim Moniz e a falta de bom-senso
Em que mundo vivem algumas pessoas da
classe política? Não enfrentam seguramente a realidade da maioria dos cidadãos.
Os erros de diagnóstico político e social podem sair caros. Infelizmente.
HELENA GARRIDO, Colunista
OBSERVADOR, 24
dez. 2024, 00:2058
Há muitos pedidos que podemos fazer
nesta época, em que as crianças escrevem ao Pai Natal. O
regresso da paz na Europa e no Médio Oriente é sem dúvida o mais importante. Por aqui, na Europa da União e especialmente
no país em que vivemos é preciso pedir, com muito empenho, que seja concedido
algum bom senso a alguma classe política, e mais trabalho de memória e
informação a alguns analistas antes de se precipitarem nos comentários. Não foi o
Governo que usou a polícia, é alguma classe política que está a usar as forças
de segurança para fazer oposição.
Como descreve muito bem a SIC, operações policiais no Martim Moniz
acontecem praticamente todos os anos pelo menos desde 2007. E as citadas são apenas as mais
mediáticas. Argumente-se então, como acontecimento único, o facto de as pessoas
terem sido encostadas à parede para serem revistadas. Também não
corresponde à realidade. Em 2008, no
Porto, era José Sócrates primeiro-ministro, confirma o Polígrafo a partir de
uma notícia da TVI, três bairros do Porto foram alvo de uma operação policial
especial também de “prevenção da criminalidade” e há fotos de pessoas
encostadas a um muro para serem revistadas.
Argumenta-se
então que a diferença é que nesta operação policial no Martim Moniz a
esmagadora maioria eram imigrantes ou pessoas não brancas. Mas como poderia ser de outra maneira se
essa zona é, desde há anos, multicultural? Ou pretendemos menorizar os
imigrantes numa espécie de racismo ao contrário – temos de tratar de maneira
diferente quem tem uma cor de pele diferente da maioria dos portugueses? E qual
é a diferença face a uma operação, por exemplo de 2007, que tinha como objectivo
o controlo de imigrantes ilegais?
Vale a pena ler o que diz o
Observatório de Segurança Interna, que
nada encontrou de ilegal na operação realizada no Martim Moniz, recordando
ainda que a actuação foi acompanhada pelo Ministério Público e segue os
procedimentos da Interpol, Europol e FBI. Ou perceber que nada de diferente
aconteceu no Martim Moniz lendo na CNN
Portugal o que dizem Paulo Macedo, presidente do SPP-PSP, e o comissário Bruno
Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia.
O que fez a polícia está aliás
enquadrado publicamente pelas queixas feitas pelo próprio presidente da Junta
de Santa Maria Maior. Em Julho, Miguel Coelho fez uma reunião no Hotel Mundial
onde se ouviram os testemunhos de quem vive na zona – o que aliás também
aconteceu agora, em algumas reportagens. Nesse encontro, que
encontramos online, podemos ler a denúncia de “assaltos com recurso a armas
brancas e de fogo, vandalismo nas ruas e nos edifícios, ocupações ilegais de
imóveis, tráfico e consumo de droga na via pública, agressões, violações e até
homicídios”, afirmando-se inclusivamente que tudo isto se repete. O mesmo presidente, do PS, diz agora que não
é este o tipo de intervenção que defende, que quer é polícia de proximidade. Um
polícia para cada cidadão? Como se combate este tipo de criminalidade se não
for também desta forma?
Com todo este contexto, só não vê quem não quer ver, que nada de
diferente aconteceu e que a polícia usou a técnica mais adequada para aquele
tipo de situação. E que, como diz Helena Matos, podemos estar perante um caso em que se condena as
operações policiais em função da cor de quem está a ser alvo dessa acção e da
cor do Governo que está em funções. E isso é tudo o que não pode acontecer,
em termos gerais e especialmente em matéria de segurança.
Usar a segurança e o combate à
imigração ilegal para fazer combate político-partidário é um grave erro. Primeiro porque a segurança é um dos mais importantes
bens de uma comunidade, constitui um património do qual Portugal tem retirado
benefícios e não existe nenhuma razão para acreditar que as forças de segurança
estão a abusar do seu poder.
Em segundo lugar, porque alguns dos protagonistas políticos,
quer os que têm feito afirmações nos ecrãs das televisões, quer alguns dos que
subscreveram a carta aberta ao primeiro-ministro, tiveram responsabilidades
políticas recentes.
Depois porque se cometeram óbvios exageros, comparando uma operação
policial que, como vimos, nada tem de anormal, com a forma de atuar de
ditaduras. Assim o disse, por exemplo, o presidente da Junta de
Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, o mesmo que apelava, meses antes, à
actuação do Governo. “Típico de uma
ditadura islâmica ou de uma ditadura da América Latina”, afirmou.
Vale a pena recorrer ao que afirmou Luís Marques
Mendes. Fazendo um apelo à moderação
política, afirmou que as forças de segurança“não devem ser saco de boxe da luta
política, têm de estar fora da luta política entre oposição e governo.”
Percebe-se que a estratégia possa ser
alargar a base eleitoral do Chega para que o PSD nunca mais tenha hipóteses de
ter uma maioria confortável para governar o país e o PS se vá perpetuando directa
ou indirectamente no poder. Temos
todas as razões para admitir que essa foi a táctica usada nos últimos anos do
Governo PS liderado por António Costa e que, como está à vista, teve o
resultado que os socialistas desejaram: o Chega tem hoje 50 deputados, o PSD
com a AD governa em minoria e não consegue nem quer estar ao lado de André
Ventura. Mas cuidado com o que desejamos, porque a realidade
pode ultrapassar os nossos desejos e aquela que é uma táctica para diminuir o
PSD pode acabar por conduzir o Chega ao poder.
O mundo em que vive boa parte
dos portugueses sente-se menos seguro e está a responsabilizar em parte a
imigração por isso. Não corresponde à realidade? Sem dúvida que não, pelo menos
em algumas zonas. Mas nenhum Governo responsável pode ficar parado à espera que
a errada percepção de insegurança se transforme em realidade e que os
portugueses continuem a alimentar o já preocupante sentimento anti-imigração.
A oposição, principalmente alguns
militantes do PS com responsabilidades, tem a obrigação de sair do seu mundo,
descer à realidade e ganhar algum bom senso. Esta campanha contra a acção da
polícia, desmentida pelos factos, em nada contribui para se acabar com a percepção
de insegurança e criar um sentimento mais amigo da imigração. Os erros de
diagnóstico político e social, ditados por um tipo de oposição destrutiva,
podem sair bastante caros.
POLÍCIA SEGURANÇA SOCIEDADE POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 58)
Pedro Abreu: Alguém com lucidez. O PS está tornado em esquerda woke
bloquista. Não se pode esperar o que quer que seja daquela turba que vive numa
bolha de realidade paralela. João
Floriano: Inicialmente
parece ter havido um certo pudor e hesitação por parte de vários analistas
sobre o que se passou no Martim Moniz. A esquerda ficou assanhadíssima e fez
eco da indignação e do «sobressalto cívico» na CS, os do costume escreveram um
carta aberta a alertar para o ataque ao estado de direito e ao estado social, o
que também não é novidade e sem dúvida alguma que o acontecimento foi
politizado até ao extremo. Um dos argumentos que ouvi foi que a AD se tinha
ligado ao CHEGA para apoiarem a acção policial. Gostei particularmente desse
comentário, porque pela primeira vez, finalmente acontece o que os portugueses
desejaram a 10 de março: a actuação de um governo à direita do PS, o que não é
bem a mesma coisa que um governo de direita. Sobre a direita em Portugal recomendo
a excelente crónica de Luis Cabral de Moncada que combina perfeitamente com
este artigo de Helena Garrido. E já que a cronista cita várias opiniões que não
hesitam em apontar os dislates da esquerda, o ridículo de que se cobriram neste
caso e noutros e que provem do desconhecimento que têm do português comum e dos
seus problemas diários, direi que gostei de ver Miguel Pinheiro responder a
Margarida Davim, ontem na CNN, quando a loira comentadora lançou a bojarda de
que estas acções atingiam em particular gente pobre e racializada (agora está
na moda). A esquerda está de cabeça perdida e saiu-se muito mal no retrato de
família. Quando ouvimos Anselmo Crespo dizer que a mensagem de Natal de Pedro
Nuno Santos carece de conteúdo e fica-se pelo teórico, quando questiona quais
as políticas do PS para lidar com o problema, então é caso para perceber que as
coisas correram muito mal para a esquerda. Mas também não exageremos como André
Ventura quando fala em genocídio policial. Estamos muito longe disso,
felizmente. André Ventura fez o certo quando em vez de visitar uma esquadra da
polícia visitou o Marim Moniz. Não vi agitação, nem demonstrações de indignação
perante o lider do CHEGA. A esquerda que gosta muito de organizar espectáculos
como o que foi andar a dar cravos aos imigrantes, desta vez achou que
era melhor não dar mais barraca do que já deu e não mandou para o local a
brigada habitual que serve para tudo. Climáximo, Palestina, fim do AL, dos
senhorios, etc, etc, etc. A todos um Bom Natal. Mário
Silva: Recordo estas
palavras de Bernardo Serrão no Expresso: "Atrás
do palco, montado na praça do Giraldo, era um corrupio. Todos queriam agarrar
os pequenos sacos de plástico com um lanche que estavam a ser distribuídos.
“Porque é que veio?”, pergunta um jornalista. “Não 'ter' documentos”, responde,
num português mal-amanhado, um dos imigrantes que, naquele dia, além da
refeição grátis - e muitos deles confessaram que não tinham o que comer –
recebera também uma t-shirt do PS com a irónica inscrição - slogan da campanha
- “Defender Portugal.” Vinham de Lisboa, de Corroios, de Odivelas. Uns da
construção civil, outros das lojas do Martim Moniz. Indianos, paquistaneses,
chineses (e até moçambicanos que confessaram ter sido “convidados pela
embaixada”) “contratados” para agitar bandeiras e perseguir a caravana socialista
nos autocarros do partido. Além de Évora, há relatos da sua passagem por Beja e
Coimbra. Sem papéis, e por isso sem direito de voto, à procura dos tão sonhados
documentos da legalização. Naquela tarde de 22 de maio de 2011, não se falou de
outra coisa. As televisões emitiam em directo longas reportagens sobre o que se
estava a passar. A presença dos imigrantes sobrepunha-se à mensagem política
que Sócrates queria passar no comício. Numa das muitas entrevistas que se
fizeram aos homens dos turbantes, ficou tudo dito: “Sócrates é muito boa
pessoa, tratou de dar nacionalidade, tratou de tudo” (jornal “i”).A direcção
socialista, claramente atrapalhada com a situação, garantia que os imigrantes
“não eram pagos” e que faziam parte da “estrutura voluntária da campanha.” Até
Francisco Assis, o então líder da bancada parlamentar socialista, teve de
arranjar uma desculpa. No fórum da TSF explicou assim o sucedido: “Eu conheço a
secção da Almirante Reis e sei que esses cidadãos têm uma importante actividade
política lá”, justificando desta forma a presença indiana e paquistanesa no
comício." Joao
Cadete: Finalmente um
artigo decente... Abilio Silva: Muito bem Dª Helena Garrido. João
Floriano > F. Mendes: Bom dia F. Mendes. Meta cretinice à vontade. Pedro
Nuno Santos não convence e ideias não há. Alexandra Leitão está radicalizada,
igual ou pior que Mariana Mortágua e afasta as pessoas que não suportam tanta
agressividade. jose
maria cunha: Ainda ontem
Ana Catarina Mendes na RTP2 repetia à exaustão tudo o que tem sido dito pela
esquerda radical. Não ouvi o jornalista da 2 confrontá-la com o facto de se
tratar de uma operação que todos os anos tem sido efectuada pelos governos PS.
Vergonha de classe política e de jornalistas de vão de escada. Futari
Gake: O normal é
que Miguel Coelho e outros autarcas deveriam ser investigados pelo MP por
cumplicidade na ajuda a emigração ilegal e crime doloso de falsificação de
documentos. Esta gente não pode nem deve ficar na impunidade. F. Mendes: O artigo até seria merecedor de elogio, se não tivesse
referido o sentimento anti imigração como algo de negativo. Com esta imigração
e respectiva descendência que temos, a colunista estava à espera de quê?
Obviamente, o indesejável é a imigração descontrolada, não qualificada, e
inintegrável; não são os sentimentos de rejeição de fenómenos que nada
beneficiam o cidadão comum, muito pelo contrário. Acresce que a HG tem toda
a razão quando afirma que o CH tem sido propositada e cinicamente promovido
pelo PS. Mas, neste episódio, o PS, a meu ver, enganou-se, pois chegou-se
(Ooops!) à extrema-esquerda e deixa o espaço do centro-direita moderada ao PSD.
Além do mais, as intervenções dos socialistas são de uma imensa cretinice.
Vamos esperar que os socialistas se não apercebam da asneira que estão a
cometer. Manuel Magalhaes: O PS mais parece um bando de idiotas, ou talvez sejam
mesmo, uma vez que com estas irresponsáveis atitudes apenas viram a maioria da
população contra eles, a população prefere a segurança como um dos bens
principais e nunca o histerismo bacoco de gente irresponsável !!! João
Floriano > Mário Silva: Que bom que é recordar o que muitos já esqueceram. Eu
também recordo os autocarros das autarquias comunistas que eram cheios com
manifestantes espontâneos para virem a Lisboa desfilar nas ruas e agitar
bandeiras. No fundo o que vinham fazer era passear. Moises
Almeida: Ainda bem que
vai havendo artigos como este, quem ligar a TV só vê baboseiras, como se a
maioria dos Portugueses estivessem escandalizados ou contra este tipo de
operação da polícia. Ruço
Cascais > Pedra Nussapato: Porque é parvo. Não o Pedra, o primeiro-ministro, que
ao perceber que não sai da cepa torta, ou seja dos 28%, lembrou-se de atacar o
eleitorado do Chega para ver se cresce. A comunicação dele ao país foi
totalmente descabida. Se tivesse falado agora ainda se compreendia, mas ter
sido logo o primeiro a falar é jogo político, é populismo. É um filho do PSD
que nasceu e gosta do jogo político. No fundo é mais um António Costa agarrado
ao cargo como uma lapa. Governaria com um OE do BE se fosse necessário para se
manter no cargo. Não me interprete mal, caro Pedra, eu sou da opinião que
existia uma maioria de direita qualificada na AR para tentar cortar de vez com
o socialismo vigente, não obstante, ser um eleitor da IL, se bem que em
desacordo com a última posição da IL quanto às restrições no SNS por imigrantes
ilegais, como pode ser o caso, por exemplo, de terroristas do Estado Islâmico
que aproveitam o nosso SNS para tratamentos gratuitos. Já agora, quanto aos
médicos revoltados de ontem, importa lembrar que o SNS não é o quintal deles
para fazerem o que muito bem quiserem e lhes apetecer. Eles são funcionários
públicos que seguem uma hierarquia do Estado. Porque é que os médicos do
privado não vieram para a rua dizer o mesmo? Todos sabemos a resposta. Cada vez
sou mais da opinião que a administração dos hospitais e escolas públicas deve
ser autónoma com uma componente privada (PPP) para que cada um perceba o seu
lugar. O SNS serve os contribuintes portugueses e estrangeiros que se encontrem
de forma legal em Portugal. Não podemos deixar cair o SNS numa bandalheira
total. Tim do A: Para a esquerda só os portugueses é que podem ser
revistados. A esquerda é anti portugueses Rui
Pessoa: Muito bem ! antonyo
antonyo > jose maria cunha: Mas já ouviu algum jornalista interpelar
ostensivamente um político de esquerda ?
Pertinaz: O
que se passa é a politiquice mais rasca e rasteira que só a escumalha de
esquerda ditatorial sabe praticar…!!! João
Sousa > Futari Gake: Nem mais. E investigar quem passa certificados de
residência para a mesma morada a dezenas de pessoas....segundo consta!! F. Mendes
> João Floriano: Não posso escrever como quero. Digo-lhe o que
aconteceu ao meu comentário ao artigo do AG: mandado para moderação, há quase 3
dias, sem que eu tivesse escrito nada de minimamente censurável. Este jornal
vai de mal a pior. antonyo antonyo: Excelente
comentário . Ainda existem pessoas sérias e sensatas ! Paulo Doutel: Análise sensata da situação. Americo Magalhaes: Portugal é e será nos próximos 50 anos um país
socialista/marxista, por conseguinte pobre e miserável, que apenas sobrevive
com a esmola dos Alemães e Nórdicos, devido à classe politica rasca e rasteira que
a maioria do povo elege. Temos uma CS
doida, com os nossos valores tradicionais completamente invertidos
......completamente subsidiada e subserviente ao poder político
socialista/marxista. Qual é a
diferença do agora PS-2 em relação actual PS marxista/woke?
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