O coração tem razões que a razão desconhece, disse-o Pascal, o certo
é que nos afeiçoámos à COVID, puxando-a para nós com carinho, e ela
corresponde, amiga da projecção que tomou, de alastramento faseado. Alberto Gonçalves é que a repudia com todas as
veras, com o seu dedo crítico, e ficamos na dúvida sobre se se trata, ou não, de
uma mistificação, para que nos não invejem esses do leste que sofrem destruições
mais reais, nas pessoas, nos animais e nas coisas. Mas a crónica de AG é extraordinária, de densidade atacante –
aos que promovem ferozmente a COVID e aos que se lhe sujeitam, submissamente. E há os
que condescendem com ele e os mais críticos. Afinal, pandemias sempre as houve,
esta é a dos nossos tempos sofisticados, que, de vez em quando, volta à baila...
A Covid longa e sem fim
Afinal os "negacionistas" tinham razão. Mas enquanto teste
deliberado ou oportunista de engenharia social, a Covid resultou em cheio.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR,
dez. 2024, 00:202 Colunista do Observador
Isto devia ser relevante ou, como se diz em português de feira,
“impactante”. Criado há quatro anos no
Congresso americano, o Subcomité para a Pandemia do Coronavírus atravessou duas
legislaturas, envolveu trinta políticos de ambos os partidos e resmas de
conselheiros científicos, entrevistou e ouviu os depoimentos de uma data de
criaturas, realizou dezenas de reuniões e audições, analisou centenas de
milhares de documentos e produziu um relatório de quinhentas e tal páginas, o
maior e mais detalhado sobre o assunto.
O relatório, publicado esta semana, caiu que nem uma bomba, mas uma
bomba de escasso poder destrutivo. Na verdade, pareceu um explosivo caseiro,
fora do prazo e deixado à chuva. Por
cá, então, não chegou sequer a ser um daqueles estalinhos com que se brincava
no Carnaval e que, ao baterem no chão, soltavam um barulhinho discreto: “Pim!”.
É pouco e é pena, já que em teoria o
calhamaço tinha tudo para constituir um portentoso enxovalho dos maluquinhos
que contestavam as visões institucionais acerca da Covid e sobretudo
questionavam a inexcedível pertinência das respostas oficiais. Na
prática, reconheço, a coisa saiu um bocadinho ao lado.
Lembram-se, por exemplo,
dos tolinhos que atribuíam a origem do
vírus ao famoso Instituto de Virologia de Wuhan, China? Paranóicos,
evidentemente. Mas pelos
vistos os paranóicos tinham razão. O relatório conclui ser muito provável
que o bicho se engendrou ali por mão humana e
co-financiada pelos EUA (ao tempo de Obama). Depois, houve o zelo de autoridades sortidas,
incluindo o simpático dr. Fauci, para ceder às pressões do governo chinês e
difundir patranhas alternativas.
Lembram-se das figurinhas que criticavam os
“confinamentos” por julgá-los contraproducentes? Chalupas, claro. Mas pelos vistos os chalupas tinham razão.
O relatório decidiu que os “confinamentos”, decretados “sem fundamentos
científicos”, prejudicaram “desnecessariamente” a saúde física e mental dos
indivíduos, a economia e, de “modo irrecuperável”, o desenvolvimento das
crianças e dos jovens.
Lembram-se das cavalgaduras que desprezavam o
“distanciamento social”, a pretexto da respectiva inutilidade? Trogloditas, bem
se vê. Mas pelos vistos os trogloditas tinham razão. O relatório
recorda que o metro e meio de distância ao próximo (ou seis pés, cerca de
1,82m, nos EUA), conforme o próprio dr. Fauci admitiu em 2023 e em Junho
último, era um “número que apareceu”, um palpite aprovado sem debate
ou responsabilização, uma crendice privada de suporte factual que serviu para
encerrar lojas e impedir escolas de reabrir. E manter a ralé submissa,
acrescentam os trogloditas.
Lembram-se dos doidos varridos
que se revoltavam contra o uso de máscaras sob o argumento da inutilidade das
ditas? Negacionistas, sem dúvida. Mas pelos
vistos os negacionistas tinham razão. O relatório explica que a
imposição dos farrapos no rosto fora legitimada por “informação” distorcida e
estudos manipulados ou apenas inconclusivos, além de ser legalmente abusiva,
genericamente ineficaz em adultos e, nos atrasos na linguagem e distúrbios
comportamentais, adversa para crianças. O relatório compara os casos de
propagação nos estados em que se forçou o farrapo com os demais:
estatisticamente, as diferenças são nulas.
Lembram-se dos primitivos que
desconfiavam das virtudes miraculosas da vacina e protestavam a sua
obrigatoriedade? Terraplanistas, no mínimo. Mas pelos vistos os terraplanistas tinham razão. Embora
ressalve que a vacinação evitou muitas mortes por Covid, o relatório
é altamente céptico no que toca às pressas e aos prazos de aprovação
(subordinados a conveniências políticas), aos benefícios que se inventaram a
propósito (ao contrário da mitologia na altura em vigor, as vacinas não
impediam que se contagiasse ou se fosse contagiado), à exigência do
“passaporte” (na realidade um grotesco atestado de subalternidade), ao desprezo
pela imunidade natural (cuja simples menção habilitava um sujeito a
internamento na ala psiquiátrica), à desvalorização dos riscos colaterais (que
hoje aparecem aos pingos nos rodapés dos noticiários) e por aí fora.
O relatório é extenso e, do que li, trata destes e de outros
momentos da reacção à Covid. Porque
não li tudo, ignoro se trata com igual minúcia da erosão da confiança nos
“peritos” e na ciência. Ou do crescimento da pobreza, do consumo de drogas e
do crime. Ou do engajamento do jornalismo, das redes sociais e do
entretenimento para disseminação de propaganda e censura de dissidências.
Ou do brutal atropelo da democracia
que tamanha miséria, afinal, foi. O relatório não trata de certeza dos
pormenores alucinados que nem sei se aconteceram
na América ou eram um exotismo nosso: a impossibilidade de cruzar concelhos, as
multas por comer no carro, a detenção de transeuntes solitários, os semáforos
nas praias, os detalhes, enfim, de uma história triste de perversão e
desumanidade.
O
relatório adverte em suma que a cura não deve ser pior que a doença, e
confere-se o papel de evitar que semelhante assalto às liberdades básicas se
repita. Não partilho a esperança. Enquanto teste deliberado ou
oportunista de engenharia social, a Covid resultou em cheio. E quando à
impunidade de quem manda se junta o empenho de quem obedece, o desastre é
sempre iminente. “Vai ficar tudo bem” não era um desejo: era uma ameaça.
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COMENTÁRIOS
Maria Paula
Silva:
Excelente! Nunca
pensei que fosse escrever sobre isto. Também recebi o relatório de 520 páginas,
e hélas! para grande espanto meu,
a própria revista Science AAAS também o mencionou. Confesso que nunca pensei
que isto acontecesse. A experiência provou que é muito fácil manipular a
gente humana. Concordo consigo, e desde há 2 anos que estou à espera da
próxima, aquela foi um ensaio. Hoje ninguém
quer saber do Covid, há mesmo quem diga "O covid já acabou!", santa
ignorância..., como se alguma vez algum vírus acabe. Bom, mas isso é outra
conversa. Ele anda aí, como outros milhões de vírus, e ninguém quer saber. No
fundo, o único que estava certo era o Dr. Pedro Simas que logo no início
disse que era mais um vírus do foro respiratório, teria que circular e que em
breve se tornaria endémico. Tornou-se, com regras e sem regras, pois os
vírus estão-se nas tintas para as regras que os homens inventam. Existem
antes de nós, e continuarão a existir depois de nos extinguirmos. Aconselho
o visionamento de uma série documental, 3 ep., feita por cientistas
portugueses, muito boa e explica muito bem o que são vírus: "Vírus,
parasitas obrigatórios" (RTPPlay).
As economias arrebentaram, as depressões continuam e
ninguém fala dos suicídios porque é proibido por ser contagioso. Quem obedeceu
foi premiado, veja-se o que aconteceu aos políticos da altura. Temos o exemplo português do
dr. Costa. O "vai ficar tudo bem" era uma ameaça e muita gente não
ficou bem. Morreu quem tinha de morrer, os nºs de covid foram adulterados e
basta uma consulta aos nºs do site da DGS para verificar que os nºs de
infecções respiratórias e consequentes mortes são praticamente idênticos nos
anos anteriores e seguintes. Foi enganado quem quis ser enganado porque o
MEDO é uma arma eficaz, fatal e letal. Sempre estivemos de acordo e já o
confessei muitas vezes, e nunca é demais repetir: durante 2 anos AG foi
diariamente a minha terapia. Mesmo sendo uma pessoa muito grata, quando tenho que dizer que não gosto, digo, como foi
no caso do textinho rap sobre o 25 novembro. De si, espero sempre mais e
melhor! André
Ondine: Sinceramente, sempre gostei de
ler o Alberto Gonçalves, mas estou em total desacordo em relação à pandemia. Não
li este relatório, mas lendo este texto, parece que foi tudo uma brincadeira.
Um enorme exagero. Uma invenção chinesa e americana. Mas então, e os muitos
milhares de pessoas que morreram??? Também é invenção? Estão escondidos? Vão
voltar? É que me custa ler uma abordagem tão leviana a um tema que deixou atrás
de si um rasto de destruição e sofrimento tão grande. Muitas pessoas morreram.
Muitas famílias e amigos sofreram perdas. E isso foi tudo imaginação? Não
foi. Isso não é alternativo nem invenção. Foi real. E, já agora, o tal
relatório, e o Alberto, também se dignam a apresentar alternativas aos
disparates que dizem termos feito? Se tivéssemos feito tudo como antes e ignorado
os conselhos que as entidades de saúde nos deram, como o relatório e o Alberto
parecem defender, será que aqui estávamos sequer a discutir o tema ou éramos
ainda menos? Desculpe, mas parece-me imprudente e até desrespeitoso não falar sequer das
muitas pessoas que morreram devido a uma doença que esse tal relatório diz que,
afinal, não passou de uma patranha que foi alvo de cuidados exagerados. Maria
Paula Silva > André
Ondine: não foi uma patranha. Foi uma infecção respiratória, como há muitas. A patranha
foi a gestão da coisa. Não houve pandemia de vírus, consulte o site da DGS e
por exemplo o WEF onde pode ver um quadro com todas as pandemias que existiram
até agora e a do covid é ínfima, das mais pequenas, até a AIDS é muitíssimo
superior. Portanto, repito, não houve pandemia de vírus, houve pandemia mediática e política. Nunca a morte teve tanto
tempo d'antena, foi noticiada 24h sobre 24h durante 2 anos consecutivos. Só
isso, já é criminoso, as pessoas ficavam doentes só de verem televisão. Houve
milhares de suicídios de que ninguém fala porque é proibido porque é
contagioso. Acabou quando começou a Guerra da Ucrânia. Maria Tavares: Disparate completo. Os
milhares de mortos são tudo invenções, ou foi também especulação? As famílias
que perderam os entes queridos que digam, muitos porque ignorando as indicações
mantinham um estreito relacionamento avós/netos!!!
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