segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Na mesma como a lesma


Se não cada vez pior. E tudo parte de uma educação que se descurou, se não mesmo, abandalhou, na insensatez atrevida de quem se está nas tintas para valores como o respeito, em defesa dos outros tais valores outrora alardeados da liberdade, igualdade e fraternidade, de aparência ideológica bonita mas falsa, como todos intimamente sabem, fingindo aceitar, em falso altruísmo, pois que mais nos convém o parasitismo em que actualmente vegetamos. Para Portugal, sentimos que só um PEDRO PASSOS COELHO poderia impor uma certa ordem e seriedade, rodeado pelos que escolheria, de idêntico carisma moral. Mas ele não quer sacrificar-se, e tem todo o direito, atraiçoado que foi quando ganhou em vão, na cobardia do chefe de então. Não, entre nós, que não desejamos a ordem mas a liberdade traiçoeira e ignara, os 25 anos que seguem, serão do mesmo cariz dos 50 que passaram, feita a redução mentirosa e lorpa que criou as avalanches dos fugitivos dessas terras que desprezámos, em favor, não desses, mas dos povos poderosos que têm a sua última palavra, depois da primeira, que também tiveram, defensora dos direitos daqueles, em altruísmo de aparência, em avidez de autenticidade – e que hoje acorrem, em prestimoso auxílio piedoso e suave, de uma realidade já avidamente – e desmascaradamente – interesseira, como os próximos 25 anos demonstrarão sem rebuço.

Portugal daqui a 25 anos

É importante fazer esta análise no momento em que entramos no último ano do primeiro quartel do século pois, nestes últimos 25 anos, não fizemos mais que correr atrás do prejuízo.

ANDRÉ ABRANTES AMARAL Colunista do OBSERVADOR

OBSERVADOR, 29 dez. 2025, 00:1830

É um erro assumir que os políticos e governantes que marcaram gerações não tinham uma visão do futuro que gostariam de alcançar e que se limitaram a seguir os eventos do dia-a-dia. Adaptaram-se, não haja dúvidas, ou seriam trucidados pelos acontecimentos. Mas fizeram-no com algo superior em vista. De Gaulle afastou-se da Quarta República porque a considerava disfuncional e não quis a sua imagem política agastada com o que entendia ser um fracasso anunciado. Churchill colocou-se à margem da narrativa que, no seu país, prevaleceu nos anos 30. Thatcher observou e analisou os erros dos governos conservadores de Macmillan e de Heath (principalmente deste último) para abraçar novas soluções para problemas que também eram novos. Entre nós, Mário Soares desejou ser a charneira do sistema que ligasse direita e esquerda, mas não deixou de ter (e de referir) uma visão para o país: liberto da ditadura de extrema-direita, livre da opressão da extrema-esquerda, inserido na comunidade europeia, uma democracia ocidental e moderna.

Que Portugal vamos ter em 2050? É uma pergunta cuja resposta implica saber como será o mundo daqui a 25 anos. É uma pergunta à qual não conseguimos responder porque parte de pressupostos que não controlamos. Mas que não nos impede que coloquemos a questão de outra forma: que Portugal gostaríamos que existisse em 2050? É uma pergunta legítima e necessária. Legítima porque se trata do nosso país, do legado que pretendemos deixar aos que vão ser portugueses na segunda metade deste século. Necessária, porque se apenas pensarmos antecipadamente somos capazes agir de modo consequente. É importante que façamos esta análise no momento que entramos no último ano do primeiro quartel do século pois, nestes últimos 25 anos, não fizemos mais que correr atrás do prejuízo. O projecto saído do 25 de Abril (e consolidado com o 25 de Novembro), de uma democracia ocidental e uma economia inserida na Europa ficou-se pelos anos 90. Consumou-se nessa altura e desde então nada surgiu que o substituísse. Esta falta de visão foi fatal até para Passos Coelho, um primeiro-ministro que esteve à altura das dificuldades que o país enfrentou e foi capaz de levar por diante o mais difícil programa de recuperação económica que Portugal enfrentou nos últimos 50 anos. Mas Passos não tinha (ou se tinha não foi capaz de a transmitir) uma visão para o futuro. Talvez por isso, não conseguiu a necessária maioria absoluta para que continuasse no governo. Mas essa visão de longo prazo é também determinante para que um governo não fique enredado nas narrativas populistas de partidos que acabam por marcar a agenda política. Como vemos Portugal daqui a 25 anos? Um país inserido na comunidade de estados ocidentais, uma democracia capaz de alternar governos sem violência, um estado que seja um garante da ordem pública e saiba interagir com os diversos sectores da sociedade, com vista à prossecução dos serviços públicos. Uma economia capitalizada e aberta a investimentos de valor acrescentado que criem empregos que paguem salários altos. Um Portugal próximo dos países que falam português e que faça pontes entre estes e os EUA e a Europa. Com o fim da hegemonia ocidental, o mundo volta a ser o que era antes da globalização iniciada pelos portugueses e o centro das riquezas regressou ao Oriente, o local onde todos querem estar, onde todos precisamos de estar se não quisermos ficar para trás na inovação tecnológica, no acesso às fontes de conhecimento e no desenvolvimento das novas ideias. Seria errado pensar que Portugal não pode ter uma palavra a dizer nesta mudança estrutural do equilíbrio internacional, a maior desde a chegada de Vasco da Gama à Índia. Pensar o que pode vir a ser Portugal daqui a 25 anos não é uma perda de tempo. É uma antecipação de desafios e a construção de um fio condutor a que nos poderemos agarrar de cada vez que os imprevistos nos fizerem tremer mais que o normal.

CRESCIMENTO ECONÓMICO     ECONOMIA     FUTURO     TECNOLOGIA     POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 30):

José Martins de Carvalho: É injusto dizer que Passos Coelho não tinha uma visão para o futuro.

Não se pode dizer isso de um homem a quem foi dada a oportunidade de conduzir o país no período excepcional subsequente à bancarrota de Sócrates, em que a prioridade era apagar fogos. O eleitorado não lhe deu maioria absoluta porque não queria mais sacrifícios e, por isso, ficou sem conhecer a sua visão de futuro, que num segundo mandato já lhe seria possível evidenciar.

Rui Lima: Portugal daqui 25 anos estará em pleno 3.º mundo pela demografia os últimos portugueses terão fugido, os níveis de pobreza semelhantes aos de África que é a população majoritária no país que foi Portugal ,todas as nossas figuras históricas foram banidas mesmo o cozido à portuguesa , os monumentos demolidos os jardins foram ocupados , Lisboa é uma cidade de 8 milhões de habitantes .  PS. Pode demorar mais tempo mas o caminho esta traçado .

mais um > Maria Tubucci: Certo.

Maria Tubucci: Caro AAA, daqui a 25 anos em Portugal não haverá socialismo nem comunicação social tradicional. O ponto de inflexão já foi atingido, foi em 2010 com a queda do Sócrates, veio a troika repor a normalidade das contas certas e com muito sacrifício isso foi atingido. Depois veio 2015, o PS perverteu o sistema político ao aliar-se à extrema-esquerda, à viva força quis repor a anormalidade, como consequência surgiu o CH. Simultaneamente, continuaram a encobrir a sua bancarrota financeira e moral, culpando quem salvou o país de todos os males, invertendo reformas e abrindo as fronteiras, como consequência o CH subiu ainda mais. Tudo isto, sempre acompanhado de uma comunicação social canina e fiel ao dono, que transforma a mentira em verdade, que insulta os adversários com as mentiras que cria, perdendo cada vez mais credibilidade, porque a verdade é como o azeite vem sempre ao de cima. Resumindo, a resposta das pessoas ao socialismo cada vez será mais violenta, se eliminarem o CH, surgirá outro ainda pior, a maioria silenciosa começou a ter asco ao socialismo/esquerdismo/wokismo. Repare, até os imigrantes legais que estão integrados são contra a imigração ilegal descontrolada. A cada ajustamento forçado de um sistema, o sistema irá responder com cada vez mais violência. Não sei se o futuro será melhor ou pior, mas o socialismo vai desaparecer, o vento mudou, o bom-senso acabará por imperar. Pois é impossível que o dinheiro de poucos possa dar tudo a todos, e que esses todos só tenham direitos e nunca tenham deveres.

Jorge Frederico Cardoso  > Vieira Barbosa: É sempre um gosto ler qualquer artigo de AAA porque em meia dúzia de frases equacionando factos leva o leitor a uma ideia quase sempre nuclear para o entendimento não sectário da política que se faz (ou não faz) nesta nossa frágil democracia. É este artigo é excelente porque prima pela racionalidade OBRIGADO a AAA e ao OBSERVADOR aos quais desejo um bom 2025

João Floriano > Manuel Gonçalves: A associação entre Trump e Elon Musk poderá ser entre um avanço tecnológico sem precedentes, uma nova Revolução e um poder político muito mais musculado do que o que temos visto até agora. O futuro dirá se essa parceria se vai aguentar e durante quanto tempo. Trump vai a caminho dos 79 anos. Quanto à Gronelândia, uma zona autónoma da Dinamarca desde 1953, Trump tentou comprá-la à Dinamarca, como já o Alasca havia sido comprado ao czar Alexandre II a seguir à Guerra Civil Americana. A venda e compra decorreram de circunstâncias da época e da bancarrota do czar. É curioso que foi Seward (há uma cidade com o seu nome no Alaska) enfrentou resistência e ganhou a votação que permitiu comprar o Alaska a preço de super saldo apenas por um voto. Hoje Putin deve ter calafrios cada vez que pensa o que seria estar ali às portas dos Estados Unidos e do Canadá. Estrategicamente, a compra da Gronelândia traria vantagens defensivas para o Ocidente agora que russos e chineses aproveitam as alterações climáticas e têm cada vez mais barcos na área. Não se trata de andar distraído, nem tão pouco ser ingénuo. Portugal tem um raio de acção muito reduzido perante o mosaico geopolítico que já se observa, com os BRICS, o colonialismo chinês e russo em África e na América do Sul, o Médio Oriente, a importância do Pacífico, Trump que em relação à Europa tem a mesma atitude que os pais que pressionam os filhos a serem autónomos.

 

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