No porquê dos ódios, que implica o primeiro texto. No porquê de certos
silêncios, que revela o segundo.
I TEXTO: Referências passadistas a
que tive acesso, que agradeço, sobretudo por constatar a constância no conceito
de Igualdade entre os Homens, nas suas acções e reacções que a todos irmanam,
em actualidade perene, quer no caso de ambições frustradas, como motivos das
desavenças ou ódios, quer nas reacções de grosseria verbal em situações
humilhantes, como se comprova com o primeiro texto, que põe em confronto
Humberto Delgado e Salazar, justificando-se o motivo do anti salazarismo daquele
por motivos pessoais de ambições frustradas.
Publicações do Feed de Notícias
As verdadeiras
razões que levaram alguns personagens a odiar Salazar, neste caso, apenas mais
um, o General Coca-Cola!!!
A questão do ódio visceral contra Salazar também foi, por
motivações diversas, característica comum a outras figuras previamente
conotadas com o regime salazarista, nomeadamente Henrique Galvão e Humberto
Delgado. Sobre este último, diz-nos o embaixador Carlos Fernandes que o seu
ultra-salazarismo extinguiu-se por questões de ambição pessoal, já que lhe fora
sucessivamente recusado o Governo de Angola, a administração dos Caminhos-de-Ferro
e o Banco Nacional Ultramarino. Daí ter-se apresentado, em 1958, como candidato
a Presidente da República pela oposição, passando então a apregoar-se como
democrata por ressentimento ou simples oportunismo político. E quem «diria que,
chegado ao Brasil em 1961, Delgado haveria de proclamar o seu visceral
anticolonialismo, aliado ao anti-salazarismo!» (op. cit., pp. 202-204).
De resto, as veleidades teatrais de Humberto Delgado
foram tantas, que não nos coibimos de transcrever este trecho deveras caricato
no âmbito do assalto ao paquete Santa Maria por Henrique Galvão:
«Ao anoitecer,
a bordo de um pequeno barco de pesca alugado pelos repórteres das revistas Life
e Time, Humberto Delgado consegue encontrar o Santa Maria. “Bem-vindo, meu
general”, recebe-o Miguel Urbano Rodrigues. Dezenas de turistas fotografam o
momento. Mas quando Humberto Delgado sobe a bordo, o gancho de uma grua do
navio solta-se, acerta-lhe nas costas e fica preso ao seu cinto elevando-o um
pouco e tirando-lhe os pés do chão. O general, vestido de fato e gravata,
agarra-se à escada e ameaça cair ao mar. Mas consegue recuperar o equilíbrio,
solta um palavrão e põe as culpas no jornalista que o recebe: “Vou
destruí-lo!”» (in Pedro Jorge Castro, O Inimigo
n.º 1 de Salazar. Henrique Galvão, o líder do assalto ao Santa Maria e do
sequestro de um avião da TAP, A Esfera dos Livros, 2010, pp. 175-176).
II Texto: (em Apoiantes de
Pedro Passos Coelho):
Sobre as reacções de jornalistas ou governantes em caso de assassínios
de diferente proveniência social – o termo “racismo” valorizado em função da
pele, num malabarismo anti-racista de bom tom e conveniência receosa, jamais se
admitindo tal designativo no caso da inversão colorida dos participantes
assassinos.
Por VÍTOR RAINHO... "(...)Da mesma forma que
adoro os mercados, também gosto muito de frequentar restaurantes ou bares, dos
mais caros, excluindo a nouvelle cuisine, aos mais baratos. Gosto de ver o
mundo tal como ele é. Vem esta conversa a propósito do que vejo ‘passar’ na
comunicação social, seja pela boca de políticos, seja pela de comentadores e
jornalistas supostamente isentos. A narrativa, uma palavra que detesto, mas
dá jeito nestes momentos, parece saída de alguma república soviética ou de
algum discípulo de Enver Hoxha. Vamos a dois casos concretos. Os jornalistas e comentadores, e não são
todos, como é óbvio, adoram questionar o primeiro-ministro sobre a razão de
ainda não ter ido à Cova da Moura visitar a família de Odair Moniz. Ontem, o forrobodó ainda foi maior, pois
o Presidente – após ter ‘perdido’ o funeral do homem que enfrentou a Polícia e
que acabou por morrer depois de um agente ter disparado dois tiros fatais –
foi, finalmente, visitar o bairro e a família da vítima.
Por coincidência, alguns meios
de comunicação social começaram a entrevistar o motorista, que só não morreu
por acaso, depois de ter sido atacado por jovens ‘revoltados’ com a morte de
Odair Moniz. Não sei se foi à TVI ou à TSF ou a outro meio,
mas o motorista disse com todas as
letras que o quiseram matar por ser branco. «Aos outros motoristas, que são
negros, ninguém atacou». O homem, que ficou com queimaduras graves para
sempre, confessou ainda que teve uma arma apontada à cabeça e que os selvagens
não o queriam deixar sair, pois desejavam
que morresse queimado. Seria de esperar que o SOS Racismo fizesse logo
um comunicado, que os colectivos realizassem manifestações contra o racismo,
que o Presidente, e todos os partidos, e não estamos a falar do Chega, fizessem declarações emotivas, de apoio ao
profissional de transportes públicos.
Não vi se o Chega já disse alguma coisa, mas calculo que sim, pois todos os
outros lhe estendem uma passadeira para poder aparecer a exigir justiça para o
motorista.
E aqui vai a segunda pergunta:
alguém perguntou ao Presidente da República – que já falou com a mãe do
profissional da Carris – ao primeiro-ministro e aos líderes parlamentares se já
foram visitar o motorista e a sua família? Não me parece. Alguém falou de
racismo? Também não me parece. Mas voltemos à morte de Odair
Moniz. Os protestos selvagens que se seguiram e que não mereceram a
reprovação dos partidos e colectivos de extrema-esquerda, ficaram a dever-se à
luta contra o acto racista do agente da PSP. Todos sabemos que a vida tem muitas ironias, mas o que dizer da
‘coincidência’ de o advogado do polícia que matou Odair ser o mesmo da família
do agente que morreu à porta de uma discoteca na 24 de Julho, assassinado por
três homens: um negro, um cigano e um estrangeiro? Alguém na altura disse
que o agente foi morto por questões racistas? Alguém foi visitar a família do
agente morto? Não seria de os políticos ganharem juízo e de deixarem-se de
populismos? Eu acho que era uma boa ideia…(...)"
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