sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O sentimento do falhanço nacional


Até redundou em canção nacional, como Fado triste, que a nossa Amália fez transpor para as glórias de património cultural da Humanidade e é esse, definitivamente o sentido do nosso universo cultural de estimação – de resguardo contra interferências de uma responsabilidade ditada por uma razão que não nos tornasse vítimas constantes da tal definição imposta por Pascal em “Pensées” - “Le coeur a ses raisons que la raison ne connaît pas”. O coração, como órgão de sentimento, aparentemente aplicado nos malabarismos de uma actuação de impulsos, sem demasiada consistência, afinal, inscritos tantas vezes na indisciplina ou na febre repentina das relações e dos interesses pessoais. Daí que as pessoas de uma certa idade se confundam com as pessoas da idade certa no resultado “construtivo” da nação - as últimas, sobretudo preocupadas com as próprias vivências e interesses, indiferentes às razões pátrias, as primeiras, ainda que sintam mais profusamente o saudosismo por esse espaço que foi palco das suas existências, e mesmo que movidos por razões nacionalistas, não têm suficiente peso para contrariar a indiferença que grassa no país, para mais assaltado, como no resto do mundo, por ondas sucessivas e instáveis de povos que não sentem, naturalmente, por ele, o afecto de raiz. Mas… continuemos, como costumava proclamar o DR. SALLES, que hoje deseja respostas positivas para um povo desatento, e mais ainda desde uma revolução que se traduziu num despejar de valores, ultrapassados pelas amplas liberalidades de uma democracia "desligada".

LES GENS D’UN CERTAIN ÂGE»

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 26.12.24

Ou
«O LAGO DOS CISNES»

Ou ainda o

«CLICK QUE FALTA»

Era no intróito falado a uma das suas belíssimas canções que Aznavour nos deixava a pensar na diferença entre «les gens d’un âge certain et les gens d’un certain âge». E eu pensei que…

as pessoas numa idade certa têm que ganhar o pão de cada dia, trabalhando e pensando, furando na vida, «atirando» em todas as direcções, enquanto as pessoas de uma certa idade, já quase todas aposentadas, têm todo o tempo para pensar deixando a acção aos mais novos.
Daqui a diferença entre a
idade da acção e a da razão; os jovens militares e os «Conselhos dos Anciãos». À medida que a pessoa na idade certa vai «atirando» em todas as direcções, vai acertando a pontaria e desprezando os caminhos errados: vai apurando o seu poder selectivo e de sìntese. E aquilo que, na idade certa, lhe parecia um oceano de possibilidades vai-se reduzindo até ser um rio de plausibilidades desaguando, já com uma certa idade, no tranquilo lago das realidades. E, mesmo assim, oxalá que seja «O lago dos cisnes» e não «o charco dos marrecos». Aqui chegados, pergunto a quem já não tenha ilusões, mas que continue a sonhar: qual é o seu «click» para que Portugal «saia da cepa torta» e salte para o pelotão da frente do desenvolvimento. Aqui fica a sugestão ao «Forum para a Competitividade» no sentido de organizar o “Congresso do «click» para o Desenvolvimento”

Dezembro de 2024        HENRIQUE SALLES DA FONSECA

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