Não posso deixar de transferir - da
INTERNET - uns excertos da biografia de SIR WINSTON CHURCHILL, para este
texto, no rasto de alguns COMENTÁRIOS depreciativos que o paralelo daquele com
o nosso MÁRIO SOARES mereceu ao autor da crónica, JOÃO CARLOS ESPADA. E
usar o provérbio que me acode, justificativo da minha adesão ao protesto. Não
se trata, é certo, de negação das qualidades do nosso MÁRIO SOARES, de cujo
contributo para o repúdio governativo do 25 de abril de 1974, ele próprio protagonizara,
em termos, é certo, de uma leviandade de que não se podem queixar os Ingleses
relativamente a CHURCHILL – este, um verdadeiro herói mundial, para além de
nacional, a merecer a imortalidade, em caso de existência desta. Mas foi um
prazer a leitura de alguns dados sobre CHURCHILL, com as suas frases de humor
desinibido, que nos deixa sempre gratos – à INTERNET, ou às gentes que a
criaram, trazendo-nos, simplificados, tantos referentes de apreço.
Quanto às referências do texto a MÁRIO
SOARES, integradas
em feitos comezinhos inspirados na banalidade de conversações em espaços
gastronómicos tantas vezes alardeados na imprensa do nosso empenho governativo,
só me apetece, com tristeza, complementá-las, repondo o provérbio da nossa “trivialidade”
governativa, prazerosa: “CADA TERRA COM SEU USO, CADA ROCA COM SEU FUSO”…
Churchill, Soares e a Democracia Liberal
Sobre dois
heróis da democracia liberal — um de centro-direita, outro de centro-esquerda,
e ambos muito educados (gentlemen, ainda pode ser dito?)
JOÃO CARLOS ESPADA
OBSERVADOR, 09 dez. 2024, 00:1813
1Celebrámos no passado sábado, 7 de
Dezembro, os cem anos do nascimento de Mário Soares. Um pouco antes, a 30 de
Novembro, celebrámos os 150 anos do nascimento de Winston Churchill.
Tive o privilégio e o prazer de participar nas celebrações sobre
Churchill, em Londres. E tive o privilégio e o prazer de estar inscrito nas
celebrações sobre Soares, na Fundação Calouste Gulbenkian, no passado dia 7;
muito irritantemente, súbitos motivos de saúde impediram-me à última hora de
estar presente. Mas consegui acompanhar em quase ‘directo’ pela televisão e
comovi-me até às lágrimas recordando esse grande herói da nossa democracia
chamado Mário Soares.
2Gostaria de deixar claro e
vincado que partilho uma mútua profunda admiração por Winston Churchill, um
político do centro-direita, e por Mário Soares, um político do centro-esquerda
— e que a ambos admiro como, literalmente, heróis da democracia liberal.
E enfatizo esta comum admiração em intencional contraste com a
polarização tribal que hoje tende a crescer numa primitiva atmosfera política
que não distingue a concorrência civilizada entre a direita e a esquerda
civilizadas, por um lado, e a concorrência (ou, em rigor convergência)
populista entre a direita e a esquerda bárbaras, por outro.
3Lamento muito já não ter ido a tempo de
conhecer pessoalmente Winston (como a ele sempre se referia Margaret Thatcher).
Mas estou muito grato pelo privilégio de chegar a conhecer a sua filha mais
nova, Mary Soames, o seu neto Winston e o bisneto Randolph, além dos seus três
principais biógrafos (Sir Martin Gilbert, Lord Jenkins, Lord Roberts) — vários
dos quais tive o prazer de trazer a Portugal.
Tive ainda o privilégio e o prazer de fundar a Churchill Society of
Portugal e de ser membro do Academic Board da International Churchill Society.
4No caso de Mário Soares, tive o
imenso (e por mim totalmente imprevisto) privilégio de integrar a sua
Assessoria Política no primeiro mandato de Presidente da República (1986-1991).
É certo que apoiei com muita ênfase a sua candidatura presidencial desde os
tempos em que tinha 8% nas sondagens, mas não integrei nenhuma estrutura formal
da sua campanha (limitando-me a enviar uns textos, creio que manuscritos, nas
vésperas dos seus debates televisivos com os candidatos concorrentes).
Após a vitória presidencial de Mário Soares — que ele festejou, no
Saldanha (e onde eu fiz questão de estar, entre a multidão), como a de um
Presidente de todos os Portugueses, não um Presidente da esquerda contra a
direita — recebi um surpreendente telefonema do meu querido amigo Guilherme
d’Oliveira Martins (GOM, também antigo aluno do Liceu Normal de Pedro Nunes),
dizendo-me que o Presidente Mário Soares me convidava para a sua Assessoria
Política (liderada por GOM).
5Foram anos de inesquecível
profunda felicidade e estímulo intelectual. Almoçávamos todas as quintas-feiras
com o Presidente Soares em ‘petit comité’ de cerca de oito a dez comensais.
Soares gostava de começar por enumerar vários tópicos, amavelmente pedindo a
nossa opinião. Só no fim da volta à mesa (muitas vezes já na sala de estar
adjacente à sala onde tínhamos almoçado) é que Soares daria a sua opinião e a
conversação continuava.
Eu, em regra, procurava ficar para o fim da volta à mesa, sendo um dos
mais jovens do grupo (teria 30 anos nessa altura) e tendo sido educado em casa
de meus pais e minhas avós a respeitar os mais velhos e mais sabedores (mas não
a segui-los acriticamente, podendo discordar, desde que educadamente).
Julgo recordar duas excepções à minha regra de ficar para o fim da
volta a mesa.
Uma primeira foi quando uma aliança de esquerda (PS+PRD+PCP) derrubou
no Parlamento o Governo do PSD de Cavaco Silva e queria que Soares lhes desse
um Governo “de esquerda” que não tinha concorrido às eleições com esse
programa. Tenho a vaga recordação de ter pedido a palavra em primeiro lugar e
de dizer algo do género: “O Presidente Soares não preside a uma república
jacobina — e por isso disse no Saldanha que era Presidente de todos os
Portugueses. Não deve agora dar o governo a uma coligação de esquerda que não foi
eleita com esse programa”. Creio recordar-me que Soares sorriu e nos disse
que estava de facto a pensar convocar eleições parlamentares — da qual viria a sair a primeira das duas
maiorias absolutas de Cavaco Silva.
Se não me falha a a memória, uma segunda ocasião em que me atrevi a
falar no início da volta à mesa terá sido a propósito do convite a Mário Soares
e Maria Barroso para estarem presentes no Mosteiro dos Jerónimos no casamento
real de D. Duarte de Bragança e Isabel de Herédia. Voltei a repetir o meu
argumento: “Não somos uma república
jacobina! Creio que o Presidente e a Primeira Dama devem estar na cerimónia e
na primeira fila”. Julgo recordar-me que Mário Soares terá dado uma das
suas sonoras gargalhadas e dito algo do género “era precisamente isso que eu já tencionava fazer”.
6Gostaria agora de concluir com breves
palavras do conservador-liberal Winston Churchill que estou certo seriam
apoiadas pelo socialista-liberal Mário Soares. Disse Churchill em Paris, num
discurso contra as tiranias comunista e nazi, em 1936:
“Entre
as doutrinas do Camarada Trotsky e as do Dr. Goebbels, deve haver espaço para
cada um de nós, e mais umas quantas pessoas, cultivarmos as nossas próprias
opiniões . […] Como poderemos nós tolerar ser amordaçados e silenciados; ter
espiões, bisbilhoteiros e delatores a cada esquina; deixar que até as nossas
conversas privadas sejam escutadas e usadas contra nós pela polícia secreta e
todos os seus agentes e sequazes; ser detidos e levados para a prisão sem
julgamento; […] Pois eu afirmo que devemos fazer tudo o que estiver ao nosso
alcance para não termos de nos submeter a tal opressão”.
HISTÓRIA CULTURA MÁRIO SOARES PAÍS
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COMENTÁRIOS (de 20):
Luis Santos: Comparar Soares a Churchil é simplesmente
ridículo.
GateKeeper: Misturar Winston
Churchill com MS num mesmo "têxtil" só pode ser uma afronta/atentado
à nossa inteligência. JCE bem pode "viver na sua utópica wonderland,
juntamente com a Alice"; mas ninguém tem que acreditar nas suas balelas.
afonso moreira: Por vezes, ou melhor,
ultimamente muitas vezes, fico com a sensação de estar a pagar a assinatura do
jornal "Acção Socialista". Avaliem os méritos dos governantes pela
obra material e imaterial que deixaram ao povo e ao país. O povo não vive de
mitos.
José Rego: Tenha juízo
NOTAS DA INTERNET:
Sir Winston Leonard Spencer Churchill (Woodstock,
Oxfordshire,
Inglaterra; 30 de
novembro de 1874
–Londres,
24 de janeiro
de 1965)
foi um militar, estadista e escritor britânico que serviu como primeiro-ministro
do Reino Unido de 1940 a 1945, durante
a Segunda Guerra
Mundial, e novamente de 1951 a 1955. Além de dois anos entre 1922 e
1924, foi membro
do Parlamento (MP) de 1900 a 1964 e representou um total de cinco
círculos eleitorais. Ideologicamente liberal económico
e imperialista,
foi durante a maior parte de sua carreira um membro do Partido
Conservador, que liderou de 1940 a 1955. Também foi membro do Partido
Liberal de 1904 a 1924.
De ascendência inglesa e americana
mista, Churchill nasceu em Oxfordshire
em uma família rica e aristocrática. Juntou-se ao Exército Britânico em 1895 e viu acção na Índia britânica,
a Guerra Madista e a Segunda Guerra
dos Bôeres, ganhando fama como correspondente
de guerra e escrevendo livros sobre as suas campanhas.
Eleito deputado conservador em 1900, desertou para os liberais em 1904. No
governo liberal de Herbert Henry Asquith, Churchill serviu
como presidente da Junta de Comércio e Secretário de Assuntos Internos,
defendendo a reforma prisional e a
previdência social dos trabalhadores. Como Primeiro Lorde do Almirantado durante a Primeira Guerra Mundial supervisionou a Campanha de
Galípoli, mas depois que se provou um desastre, foi rebaixado a Chanceler
do Ducado de Lancaster. Renunciou em novembro de 1915 e juntou-se aos Fuzileiros Escoceses Reais
na Frente
Ocidental por seis meses. Em 1917 retornou sob o governo de David Lloyd George
e serviu sucessivamente como Ministro de Munições, Secretário
de Estado da Guerra, Estado do Ar e Estado das Colónias,
supervisionando o Tratado
Anglo-Irlandês e política externa britânica no Oriente Médio.
Depois de dois anos fora do
Parlamento, serviu como Chanceler do
Tesouro no governo conservador de Stanley Baldwin, retornando a libra esterlina em 1925 ao padrão-ouro em sua paridade pré-guerra, um
movimento amplamente visto como criando pressão deflacionária e deprimindo a
economia do Reino Unido.
Fora do governo durante os seus chamados "anos selvagens"
na década de 1930, Churchill assumiu a liderança ao pedir o rearmamento
britânico para combater a crescente ameaça do militarismo na Alemanha Nazista. Com a
eclosão da Segunda Guerra Mundial, ele foi renomeado Primeiro Lorde do Almirantado. Em maio de 1940, tornou-se primeiro-ministro, substituindo Neville Chamberlain.
Churchill formou um governo nacional e supervisionou o envolvimento
britânico no esforço de guerra dos Aliados
contra as Potências do Eixo,
resultando na vitória
de 1945. Após a derrota dos conservadores nas eleições gerais de 1945,
tornou-se líder da oposição. Em meio ao desenvolvimento da Guerra Fria
com a União Soviética, alertou publicamente sobre uma "Cortina de
Ferro" da influência soviética na Europa e promoveu a
unidade europeia. Entre
seus mandatos como primeiro-ministro, ele escreveu
vários livros contando a sua experiência durante a guerra pela qual
foi premiado com o Prémio Nobel de Literatura
em 1953. Perdeu a eleição
de 1950, mas voltou ao cargo em 1951. No seu segundo mandato
preocupou-se com as relações exteriores, especialmente
as relações
anglo-americanas e a preservação do Império Britânico. Internamente,
o seu governo enfatizou a construção de
casas e completou o desenvolvimento de uma arma nuclear iniciada pelo seu
antecessor. Com a saúde
em declínio, Churchill renunciou ao cargo de primeiro-ministro em 1955, embora
permanecesse como deputado até 1964. Após sua morte em 1965, recebeu um funeral
de estado.
Amplamente
considerado uma das figuras mais significativas do século XX, Churchill
continua popular na anglosfera, onde é visto como um líder vitorioso em tempos de
guerra que desempenhou um papel importante na defesa da democracia liberal
da Europa contra a disseminação do fascismo.
Por outro lado, foi criticado por alguns eventos de guerra e também por
suas visões imperialistas, comentários racistas
e a sua alegada aprovação de violações de direitos
humanos, nomeadamente na Índia.
………………….
13
frases de Winston Churchill:
O líder britânico que resistiu
a Hitler e mudou a história
Nesses tempos em que tanto se tem falado
de Margaret Thatcher, morta esta semana ao 87 anos, é bom lembrar o
primeiro-ministro que a inspirou, o grande líder britânico da Segunda Guerra,
Winston Churchill, que ergueu a resistência ao ditador alemão Adolf Hitler.
Churchill conheceu como poucos
o vício e a
virtude, a popularidade e o desprezo. Era um exímio frasista, irónico, sagaz,
sucinto a ponto de algumas de suas construções terem entrado para a história –
foi ele, por exemplo, o primeiro a definir os países comunistas como aqueles
por trás de uma "cortina de ferro".A
sua frase mais famosa é o apelo para os britânicos resistirem aos nazistas, em
que ele dizia não ter nada a oferecer, a não ser sangue, suor e lágrimas
(uma frase com ressonâncias bíblicas).
A seguir, algumas de suas frases mais notáveis:
+ Você
tem inimigos? Bom. Significa que você brigou por algo, alguma vez na vida.
+ Os
problemas da vitória são mais agradáveis que os problemas da derrota, mas não
menos difíceis.
+
Fanático é aquele que não consegue mudar de opinião e não aceita mudar de
assunto.
+ Da deputada Nancy Astor, para ele: Se o senhor
fosse meu marido, eu lhe daria veneno.
Resposta de Churchill: Se eu fosse seu marido, eu tomaria.
+ Se
você vai passar pelo inferno, não pare de andar.
+ Se
você tem dez mil regras, destrói todo o respeito pela lei.
+ As árvores solitárias, quando conseguem crescer, crescem fortes.
+ O sucesso consiste em ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo.
+ A história será gentil comigo, já que eu pretendo escrevê-la.
+ A política é a habilidade de prever o que vai acontecer amanhã, na semana
que vem, no mês que vem e no ano que vem. E ter a habilidade de explicar depois
por que nada daquilo aconteceu.
+ Se Hitler invadisse o inferno, eu faria pelo menos uma referência
favorável ao diabo na Câmara dos Deputados.
+ Toda a história do mundo pode ser resumida pelo facto de que, quando as
nações são fortes, nem sempre são justas, e quando elas querem ser justas já
não são mais fortes.
Num de seus discursos durante a guerra:
Hitler sabe que terá de nos
vencer nesta ilha ou perder a guerra. Se pudermos resistir-lhe, toda a Europa
poderá ser livre e a vida no planeta poderá seguir adiante para horizontes
abertos e ensolarados. Mas, se nós cairmos, então o mundo inteiro, incluindo os
Estados Unidos, incluindo tudo o que conhecemos e do que gostamos, vai afundar
no abismo de uma nova Idade das Trevas, ainda mais sinistra e talvez mais
prolongada pelo uso de uma ciência pervertida.
Que nós nos unamos para
cumprir o nosso dever, e desta forma nos elevemos de tal forma que, se o
Império Britânico e a sua comunidade britânica durarem mil anos, as pessoas
ainda digam: “aquele foi seu melhor momento!”
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